APARENTE
Por Maria Estela Ximenes | 09/08/2013 | CrônicasAPARENTE
Não fique assombrado se você deparar com agitação na esquina de uma rua qualquer; pode ser uma peleja entre vizinhos cujo principal protagonista é o filho desocupado que emaranhou os fios do telefone alheio empinando pipa.
Se percebeu a crescente audiência de um determinado programa de televisão cujo assunto em destaque é a divulgação de um novo método de aplicação de silicone na região glútea de uma aspirante a cantora – ou que a mesma, por sorte, conseguiu encher uma casa noturna com fãs ávidos para assistirem o show de atributos artificias em detrimento à falta de talento musical.
As aparências enganam - os cômodos da casa podem parecer limpos, mas conter traças embaixo do tapete. Você pode caminhar por horas - suas pernas não dirão que estão cansadas da longa caminhada; o coração pode pulsar como um relógio, mesmo sendo artificial, transplantado por necessidade. A rua da sua casa pode não ter saneamento básico, mas o gramado do estádio de futebol está impecável; existem hospitais com padrão de excelência no país, mas não é para atendê-lo.
Aparentemente, tudo está nos eixos: o discurso político, o salário, os preços e os juros. Só falta concretizar.