TEMA  - UM RELATO DA TRAJETÓRIA DA PSICANÁLISE

INTRODUÇÃO

Presente nos mais diversos momentos de tensão ou desprazer das pessoas, influenciando seus atos, a ansiedade se manifesta de várias maneiras. Serão abordados aqui alguns mecanismos de defesa da ansiedade. O tema continua sendo objeto de estudo, uma vez que suas consequências são ou não previsíveis.

DESENVOLVIMENTO

Ansiedade

Um estudo realizado por pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP e que integra uma base de dados internacional identificou que 19,9% da população da Grande São Paulo sofre de algum transtorno de ansiedade

Para Freud o principal problema da psique é encontrar maneiras de enfrentar a ansiedade. Esta é provocada por um aumento, esperado ou previsto, da tensão ou desprazer, podendo desenvolver-se em qualquer situação (real ou imaginária) quando a ameaça a alguma parte do corpo ou da psique é muito grande para ser ignorada, dominada, ou descarregada. As situações que causam ansiedade incluem as seguintes:

- Perda de um objeto desejado. Por exemplo,  uma criança privada de um dos pais, de um amigo íntimo ou de um animal de estimação.

- Perda de amor – A rejeição ou fracasso em reconquistar o amor, por exemplo, ou a desaprovação de alguém que lhe importa.

- Perda de identidade – É o caso, por exemplo, daquilo que Freud chama de medo de castração, da perda do prestígio, de ser ridicularizado em público.

- Perda da autoestima – Por exemplo, a desaprovação do superego, por atos ou situações que resultam em culpa ou ódio em reação a si mesmo.

A ameaça desses, ou de outros eventos, causa ansiedade e haveria, segundo Freud, dois modos de diminuir a ansiedade:

- O primeiro seria lidando diretamente com a situação:

Resolvendo problemas, superando obstáculos, enfrentando ou fugindo de ameaças chegando a termo de um problema, a fim de minimizar seu impacto. Lutando para eliminar dificuldades e diminuir probabilidades de repetição reduzindo assim as perspectivas de ansiedade adicional no futuro.

- O segundo modo de diminuir a ansiedade deforma ou nega a própria situação. O ego protege a personalidade contra a ameaça, falsificando a natureza. Os modos pelos quais se dão as distorções são denominados Mecanismos de Defesa.

As defesas do ego podem dividir-se em:

- Defesas bem sucedidas que geram a cessação daquilo que se rejeita

- Defesas ineficazes que exigem repetição ou perpetuação do processo de rejeição, a fim de impedir a erupção dos impulsos rejeitados.

Quando submetido a três forças distintas – o mundo exterior, a energia do id e o superego – o ego se sente ameaçado e com a ameaça surge a ansiedade.

A ansiedade como uma forma de reação emocional frente à impotência motora, ou frente a uma situação traumática, coloca o ego em alerta, pois representa um perigo para sua integridade.

De acordo com BECK “ansiedade é um sistema de resposta cognitiva, afetiva, fisiológica e comportamental complexo (isto é, modo de ameaça) que é ativado quando eventos ou circunstâncias são consideradas altamente aversivas, porque são percebidas como eventos imprevisíveis, incontroláveis que poderiam potencialmente ameaçar os interesses vitais de um indivíduo”.

Formas de  ansiedade - pode ser real, neurótica e complexo de culpa:.

- A ansiedade real ocorre quando  o ego se sente impotente frente a um objeto ou uma situação do mundo exterior que pode colocar em risco a sua sobrevivência ou a sua integridade psicológica.

- A ansiedade neurótica ocorre, quando o ego experiencía uma sensação dolorosa que não passa e a satisfação da necessidade pode por em risco o a integridade do aparato psicológico.

- A ansiedade de produzida pela consciência  moral – complexo de culpa, quando o superego é muito rígido.

Mecanismos de Defesa

Para fugir da ansiedade - estado doloroso que a pessoa não consegue suportar, o  ego protege toda a personalidade contra a ameaça, falsificando a natureza desta, desenvolvendo  Mecanismo de defesa. 

Principais Mecanismos de Defesa: Projeção, Repressão, Formação reativa, Isolamento, Sublimação.

Todos esses mecanismos possuem duas características comuns: distorcem ou negam a realidade e operam inconscientemente, de modo que a pessoas não sabe as verdadeiras causas de seu comportamento

- Projeção – Na projeção o aspecto essencial é a atribuição a outra pessoas de uma caraterística indesejável  ou de um impulso perigoso. Um dos exemplos é a crença, de uma pessoa pudica, de que as outras estejam excessivamente interessadas em sexo, ou sejam sexualmente incontroláveis. Subjante a essa crença, existe o impulso libidinoso que aparece na preocupação com o comportamento sexual dos outros. Como a sexualidade é atribuída a e  acompanhada de reprovação, acaba tendo acesso à consciência, embora na forma de um sentimento hostil. Nesse caso, portanto grande parte das ações do ego estão a serviço da libido.

- Repressão -  O pensamento, idéias ou desejo que causam ansiedade são colocados fora da consciência. A pessoa oferece resistência quando alguém tenta falar sobre o assunto. Comumente a repressão atinge todas as ideias que tenham qualquer elo associativo com o impulso repremido. Está presente em todos os mecanismos de defesa.

- Formação reativa -  O indivíduo reconhece a existência de um impulso indesejável, mas impede sua expressão, liberando energia de impulso diametralmente oposto ao primeiro. Essa estratégia defensiva geralmente está presente em comportamento sociais que, embora desejáveis, são exagerados e rígidos. A pessoa que utiliza esse mecanismo procura não admitir  outro sentimento ao não ser aquele exageradamente  manifestado. Esse é o caso de mães superprotetoras, que não podem permitir que venham à consciência sentimentos de hostilidade contra seus filhos. A formação reativa fica mais evidente quando as defesas rompem, como quando uma pessoa que, aparentemente era incapaz de fazer mal a uma mosca, comete um assassinato violento. Algumas vezes, a bondade pode ser uma formação reativa contra a maldade. Exemplo atos filantrópicos exagerado impedindo que venha à tona o prazer frente a vulnerabilidade dos outros.

- Isolamento – O conteúdo do impulso vem à consciência, mas o sentimento associado a ele é reprimido. Algumas pessoas parecem impermeáveis quando são insultadas. Agem como se não tivessem percebendo o que está acontecendo. Estão conscientes da intenção da outra pessoa, contudo, não se sentem encolerizadas, não deixam vir à tona seus sentimentos de cólera. Tais pessoas agem friamente, dando a impressão de que não há sentimentos a serem controlados.’É um modo de separar as partes, da situação provocadora da ansiedade, do resto da psique. É o ato de dividir a situação, de modo a  restar pouca ou nenhuma reação emocional ligada ao acontecimento. O resultado é que quando uma pessoa discute problemas que foram isolados do resto da personalidade, os fatos são relatados sem sentimento, como se tivessem acontecido a um terceiro. Essa abordagem árida pode tornar-se uma maneira dominante de enfrentar situações .Uma pessoa pode isolar-se, cada vez mais, em ideias e ter contato, cada vez mais com seus próprios sentimentos.  O isolamento é um mecanismo de defesa, somente quando usado para proteger o ego de aceitar  aspectos de situações, ou relacionamentos, dominados pela ansiedade.

- Sublimação – O objeto original de gratificação do instinto é substituída por uma cultura, A energia originalmente dirigida para propósitos sexuais ou agressivos, é direcionada para novas finalidades com frequência meta artísticas ou culturais. É considerada uma defesa bem sucedida, ela é a construção de canais alternativos.  É responsável pelo que se denomina civilização  e reduz as pulsões originais.

CONCLUSÃO

A ansiedade, pode estar  presente dentro do apresentado aqui, no dia a dia das pessoas e há necessidade de mais conhecimento de suas causas e consequências, e recursos humanos para enfrentamento da situação e termos de pesquisa, mão de obra especializada e centros de acolhimento e grupo de apoio.

O conhecimento dos mecanismos de defesa favorece o enfrentamento e o papel de cada um, favorecendo atitudes na  busca de soluções

As defesas descritas são formas que a psique tem de se proteger da tensão interna ou externa.

As defesas evitam a realidade (repressão), excluem a realidade (negação), redefinem a realidade (racionalização) ou a invertem (formação reativa). Elas colocam sentimentos internos no mundo externo (projeção), dividem a realidade (isolamento) ou dela escapam (regressão).

Em todos os casos a energia libidinal é necessária para manter a defesa, limitando efetivamente a flexibilidade e a força do ego. Interrompem a energia psíquica que poderia ser usada para atividades mais eficientes do ego.

Quando uma defesa se torna muito influente, domina o ego e restringe sua flexibilidade e adaptabilidade. Finalmente se as defesas se quebrarem, ele não terá a que recorrer e será dominado pela ANSIEDADE.