2.1- Vestígios arqueológicos do paleolítico e do neolítico

Foram os arqueólogos da língua inglesa, que estudaram a arqueologia[1] da África Subequatorial, dividindo a Idade da Pedra em três grandes estádios: Paleolítico, Mesolítico e Neolítico[2].

2.1.1- Paleolítico[3]

Atmologicamente o Paleolítico vem do vocábulo grego que significa (paleos=antigo+litos=pedra), isto é, pedra antiga ou período da pedra lascada.

Este período abrange a Idade da Pedra Antiga, o Primeiro Período Intermédio, a Idade Média da Pedra e o Segundo Período Intermédio. Por outro lado, estas fases, podem ser traduzidas em: Paleolítico Inferior, Paleolítico Médio e o Paleolítico Superior.

O Paleolítico desenvolveu-se ao longo de 2 a 2,5 milhões de anos, as suas indústrias líticas apareceram confinadas às regiões de vegetação aberta, como estepes e savanas, o clima predominante era quente e húmido. Durante este período, a pedra constituiu a principal matéria-prima com que o homem pré-histórico[4] fabricava os seus instrumentos, tal como veremos nas subdivisões deste período. Porém, para além da pedra, utilizou-se também a madeira, os vegetais, as peles de animais, o osso e o marfim constituíram recursos para o fabrico de instrumentos.

  1. Paleolítico Inferior

Constitui a fase mais antiga da história dos instrumentos líticos, que corresponde ao período que vai de 1 milhão e 250.000 anos a 400.000 anos a.C.[5] , nesta fase encontramos as indústrias mais antigas, constituídas geralmente por instrumentos muito simples. Aqui, o homem preocupava-se em melhorar as suas técnicas, a fim de trabalhar devidamente as pedras e/ou instrumentos.

  1. Paleolítico Médio

Este período abrange aos períodos 400.000 e 40.000 a.C, são as mais “evoluídas”, constituídas por instrumentos obtidos através de uma técnica aperfeiçoada que consistia num trabalho de desbaste (corte),onde se verifica os seguintes instrumentos: pontas, raspadores, lâminas, esquilos de pequenas dimensões[6]. Em muitas estações desta fase, foram encontrados vestígios humanos da raça de Neandertal (na Alemanha

Ocidental).

  1. Paleolítico Superior

A fase situa-se sensivelmente entre 40.000 e 10.000 a.C., verifica-se um crescimento cultural em relação as fases anteriores. Outrossim, Assinalando a evolução do Homem e da técnica surgem os primeiros instrumentos compostos: arco e a flecha e o lançador de dardos. Com estes instrumentos foi possível ao Homem recolher e preparar os alimentos (vegetais e animais), confecionar o vestuário, construir habitações, defender-se de vários perigos, fabricar mais instrumentos e desenvolver técnicas mais evoluídas.

Estes dados, levam-nos a concluir que os homens do Paleolítico Superior dedicavam-se especialmente da Caça e a pesca e que sabiam utilizar muito melhor a matéria-prima como por exemplo: sílex, osso, madeira, que devidas as dificuldades de conservação não chegou até nós. Para atividades domésticas utilizavam: agulhas, pontas de flexas com cabo, espátulas, ceptros e arpões.

Os homens do Paleolítico deixaram alguns vestígios em Angola: na Lunda, no Congo, no Kwangar e no deserto do Namibe foram encontrados instrumentos de pedra e outros.

2.1.2 – Mesolítico

É o período de transição do Paleolítico para o Neolítico, surge cerca de 10.º milénio a.C. No fim do Paleolítico surgem modificações no clima. A temperatura sobe gradualmente e os gelos recuam para as regiões polares. Destas alterações, surgem as actuais zonas climáticas. Foi devido a estas alterações que desaparecem as seguintes espécies: mamutes e rena, que eram o alimento das antigas sociedades.

Faz-se sentir a presença da raça negroide nas regiões florestais e de savanas da África Ocidental.

Segundo Pedro (2006, p.40), foi a partir dos fins do Pleistocénico final e início do Holocénico que os arqueólogos começaram a verificar o aparecimento das raças africanas: a mediterrânica, a Norte do Deserto do Saara, a negroide e a bosquímano-hotentote[1], a Sul.

O autor avança que, o grupo Khoisan distribuiu-se por vastas áreas da África Austral e Oriental, ocupando as savanas, instalando-se nos abrigos nas rochas onde deixou assinalada a sua passagem nas paredes que pintou[2].

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DESTAQUE: É de sublinhar que, surgiu neste período a indústria microlítica ao Sul da África Central, por volta do ano 1200 a.C. Os micrólitos são pequenas lâminas ou segmentos de Lâminas e lascas, muitas vezes de forma geométrica. Neste período as peças líticas atingem o seu alto nível grau de perfeição. Esta Indústria verificou-se no deserto do Namibe e na Namíbia (Viereck, 1967 apud Pedro, 2006).

2.1.3 – O Neolítico

Segundo Lemos (2001)[3], foi John Lubbock, em 1865 que atribuiu o nome Neolítico. Na Europa, começou cerca de 8000 anos a.C. e que se definia de acordo com um critério tecnológico que permitia distinguir vestígios mais antigos (o da pedra lascada ou Paleolítico) de outros mais modernos (o da pedra polida ou Neolítico).Várias são as ideias a respeito do paleolítico, tal como sustenta Almeida (2013),

O Neolítico teve início há cerca de 12.000 anos, com a invenção da agricultura e da criação de gado, o aparecimento das primeiras aldeias. Pela primeira vez, algumas comunidades viveram de modo sedentário (p.18).

Vale apena lembrar que, a palavra Neolítico significa: Neo=Novo+Lithus=Pedra. Porém, esta fase é a última etapa da evolução dos instrumentos líticos. Dada a importância e o lugar que o Neolítico ocupa na História, muitos estudiosos designam-no por Revolução Neolítica[4].

Em volta disso, prende-se a seguinte questão: Porque Revolução?

Revolução, porque este período transformou o Modus Vivendi dos homens, uma vez que a revolução pressupõe as transformações profundas que se operaram na sociedade.

Que transformações eram essas?

  • As alterações climáticas verificadas por volta do 10ºmilénio a.C., originaram a criação de condições favoráveis ao aparecimento da agricultura e a domesticação de animais. De caçador e pescador nómada, o Homem passa a pastor e agricultor sedentário.
  • A Sociedade recolectora do Paleolítico dava lugar à sociedade produtora da nova etapa da humanidade: Neolítico.
  • Em consequência do crescimento populacional e da sedentarização resultou a formação dos primeiros aldeamentos.
  • As novas necessidades de produção surgiu a divisão social do trabalho. Isto fez surgir à diferenciação racial.
  • A presença da economia de produção e à nova organização social surgem novas formas de culto e artísticas.

Porém, convém lembrar que este processo foi lento e gradual.

Agricultura

Cultivavam-se no 8.º milénio a.C. o trigo e a cevada. Nos grandes rios do Crescente Fértil, no Sudoeste Asiático, faziam-se as primeiras plantações de arroz, enquanto os da América Central e do Sul cultivavam o feijão e o milho. A partir deste marco esta prática difundiu-se pelo resto do mundo. No Norte de África os primeiros sinais do cultivo de plantas e da domesticação de animais datam de há 5000 anos a.C.

O Crescente Fértil

É uma região situada entre o rio Nilo[5] e os rios Tigre e Eufrates (Mesopotâmia)[6], passando por uma região intermediária do mediterrâneo oriental e a sul do mar Cáspio[7]. A palavra “crescente” deve-se à forma do arco lunar e o adjetivo “fértil” ao facto de que, a partir do 10 milénio a.C., essa região regista uma razoável precipitação pluvial.

 

2.1.3.1- Consequências do Neolítico

  • Agricultura e a Pecuária;
  • Sedentarização;
  • Aumento demográfico;
  • Surgimento de acampamentos;
  • Surgimento de novos instrumentos e técnicas;
  • Surgimento de excedente;
  • Surgimento da cerâmica;
  • Surgimento do artesanato.

 

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VALE LEMBRAR: que os processos técnicos do neolítico, no âmbito da actividade agrícola foram:

  • O machado;
  • A enxada;
  • A faca;
  • O martelo;
  • O arado;
  • A roda (carro);
  • O triturador;
  • A utilização de Lã- Fibras de linho.

A Cestaria e a Cerâmica surge devido aos problemas em armazenar os alimentos.

Os animais foram crescendo, adaptaram-se ao regime alimentar próximo dos homens multiplicavam-se e, com este acontecimento surgiu a Pecuária. A Criação do gado bovino ajudou ao fornecimento do leite, carne, pele, chifres, etc. O primeiro animal a ser domesticado foi o Cão.

Surgimento da troca de produtos (permuta) e/ou o comércio activo, onde os homens do Neolítico percorriam Terras longínquas, em busca de clientes e negócios.

As palafitas são construções assentes em estacas, construídas sobre a superfície das águas dos rios ou dos lagos.

 

2.2- AS COMUNIDADES HUMANAS DO TERRITÓRIO: OS KHOISAN E OUTROS[8]

Angola possui uma superfície territorial de 1.246.700 km2. Possuindo populações(com línguas e culturas) diversas. Existem testemunhos que sustentam a presença de populações[9] antes da presença dos grupos Bantu. Dentre as populações mais antigas do território angolano temos:

  1. Pigmeus

Habitam na zona limitada da floresta da África Central (RDC)[10] e zona tropical.

Os dados da Antropologia, da História das culturas e da Língua comprovam a existência de Pigmeus recolectores nomeadamente: Khoisan, Hotentotes, Bosquímanos, em vastas regiões ao Sul do Equador.

  1. Khoisan[11]

Generalizou-se o uso da expressão khoisan, para designar o grupo étnico formado de Hotentotes (Khoi) e Bosquímanos (San), este último é algo humilhante pois os Khoi denominam-se de homens dos homens e mais civilizados do que os San. Os Bochimanes[12] de Angola são conhecidos sob o nome de Mucuancalas ou Camussequéles[13] conforme se vive a oeste ou a leste do rio Cubango (Kuando Kubango e Cunene), Huíla, e que os próprios se definem como os Kung[14].

Conhecidos também pelos seus vizinhos bantu de Bosquímanos, termo prejorativo pore les rejeitado porque significa “homem da selva ou do bosque” (Pedro, 2006). Os Bosquímanos não falam uma língua bantu; falam uma língua dos grupos Khoisan. Nunca formaram em Angola reinos ou estados. Viveram sempre em tribos, dependendo das ofertas da natureza, comendo frutas e raízes das árvores e caçando. São de cor acastanhada, grandes caçadores e trocam a carne por outros produtos e utensílios. As suas armas são pequenos arcos e flexas envenenadas.

Além destes grupos temos a sublinhar outros tais como: Strand-Lopers (ocupavam uma estreita feixa do Deserto do Namibe) são também conhecidos por “Vadios do Deserto”.

Vátua (grupo Pré-Bantu), de origem obscura até o momento. Habitam nas margens do rio Curoca e uma estreita faixa do Deserto do Namibe é constituido por Cuepe e Cuissi.

Para Simão (2011),os Vátua, praticam a poligamia, a circuncisão e a arte cerimonial feminina. Veneram o ser supremo e cultuam os espíritos dos antepassados. Têm em média seis filhos no agregado familiar. Seus abrigos são da maior simplicidade, reduzindo-se muitas vezes a fogueiras à volta das quais se acolhem, ou utilizando abrigos naturais, como cavernas e furnas.

Mucuíssi ou Cuíssis- Povo não Bantu do sul de Angola, vivendo na Província do Namibe, Cunene (ao Sul) conhecidos também por Kwisis ou, na sua própria língua por Ova-Kwissi. Este povo faz parte do grupo étnico Ovatwa, termo que serve para denominar povos de raça negra que se encontram ao grau mais primitivo da civilização, dito de outra maneira que pertencem ao ciclo cultural da caça e da colheita. Estes povos do Sul de Angola, foram eles que passaram por algumas cavernas e deixavam aí os seus problemas diários nas paredes das mesmas. Simão (2011) ao tartar destas populações salienta que,

Entre os grupos não Bantu de menor representatividade os Cuepe ou Mucuepe e os Cuissis ou Mucuissis, são chamados pelos povos vizinhos de os Curoca ou Mucuroca (no caso dos Cuepe), grupo semi-nómada. Os Cuissis subdividem-se em função do local de residência, em dois grupos: Cuissis da beira-mar, com permanência fixa ao longo da costa e os Cuissis do interior, estabelecidos nas montanhas (pp. 22-23).

Estes grupos estão em via de extinção, segundo os seguintes fatores:

  • Desagregação gradual do seu modo de vida;
  • Hostilidade do meio ambiente (criaram uma certa fragilidade em relação aos outros grupos-Bantu).

Mais tarde, com a finalidade de melhores condições de vida e outros motivos, surgem os Bantu, que podem ser considerados como autores do recuo dos primeiros grupos já existentes em Angola. Detentores de técnicas rudimentares agrícolas e do fabrico do ferro, que provocou não só o aumento demográfico, como também permitiu-lhes a superioridade no domínio militar.

 

 

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NOTA: Hoje os Bosquímanos estão localizados na região do Sudoeste Africano, no Deserto do Kalahari e na extremidade sul de Angola. Os Hotentotes estão localizados no Sudoeste Africano.

2.3- AS Migrações[15] Bantu[16]

O termo Bantu designa os povos da África meridional pertencente ao mesmo conjunto linguístico e que são praticamente todos, com exceção, dos Pigmeus, dos Bosquímanos, e dos Hotentotes. Supõe-se que a língua banta original tenha surgido no leste da África Ocidental de onde se terá espelhado para leste, sul e oeste. Pelo número de falantes e pela sua extensão geográfica constitui a mais importante das famílias linguísticas africanas (Lemos, 2001).

Por outra parte, o termo Bantu é o conjunto de povos melano africanos que utiliza a raiz natural “NTU”-substantivo e que designa Homem/ser Humano nas diferentes línguas nacionais. A este radical, associa-se ao prefixo BA (classificação plural) forma o conjunto BANTU. Repare que aplicamos a palavra sem o “S” (plural) porque o termo original Bantu já significa um colectivo de seres humanos.

Exemplos:

Kimbundo (Mutu)

Kikongo (Muntu)

Tchokwe (Muthu)

Umbundu (Munu)

O termo foi descoberto pelo Alemão Wilhem Bleek em 1851, através da comparação de quatro línguas localizadas no Sul de África, a saber: o Herero, Sotho, Tswana e Whosa.

A descoberta dos metais nos primeiros 500 anos da nossa era e a fabricação de instrumentos em metal provocou o desenvolvimento da agricultura e da caça e, consequentemente, os grupos tornaram-se numerosos. Mas a produção era insuficiente, o que provocou conflitos entre os diferentes grupos, razão pela qual alguns grupos deslocaram-se em busca de outras regiões com melhores condições de vida.

Daí terem migrado para o vale Médio do rio Benué, na Nigéria, dirigindo-se para o Leste e o Sul, atingindo a região dos Grandes Lagos e a Bacia do Zaire, Planalto Luba no primeiro milénio da n.e., formando os primeiros estados na região Austral. Nestas deslocações, fixaram-se em regiões que eram habitadas por outros povos caçadores, recolectores- os Pigmeus, na zona equatorial de África e os Khoisan, mais para Sul. Em suma a presença dos Bantu obrigou os Khoisan a abandonarem as regiões em que habitavam.

Estas deslocações deram origem à formação dos povos que habitam Angola e outros países de África. Um desses povos no século XIII, formaram o grupo Kikongo (rio Zaire-Noroeste de Angola) e outros passaram para a região dos Grandes Lagos e mais tarde no século XVII, passaram para o Cunene, formando o grupo Ngangula.

2.3.1- Distribuição Territorial dos Povos de Angola

Os Bantu de Angola são classificados como pertencentes ao grupo Ocidental. Estes formam uma dezena de variantes com mais de uma centena de subgrupos. Os Bantu de Angola são:

  1. Os Bakongo

   No século XIII, os Bakongos (Kikongo), passaram para o Sul do rio Zaire e foram instalar-se em áreas já ocupadas pelos Kimbundo.

É curioso saber que…

No século XVI, no ano de 1568, chegaram a região da Lunda povos caçadores vindos do Planalto Luba que aí se fixaram e desenvolveram rapidamente a produção agrícola. Tendo daí partido novos grupos para Leste, que de forma violenta entraram no reino do Congo, combateram os (Bakongo), que os empurraram para o Sul (Kassanje). Os Jagas realizaram uma longa migração e formaram estados     como os de Ambaca, Kassange, Bié e Huambo até ao Cunene.

Hoje, ocupam maioritariamente a zona Norte entre o mar e o rio Kwanza, concretamente a província de Cabinda, Zaire e Uíge.

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Os Bakongos são agricultores na estação chuvosa e afirmaram-se com uma capacidade notável para a escultura, incluindo o talhe de máscaras coloridas entre os Bayaka, seu subgrupo, hábeis na confecção da chamada arte sacra e mestres na sua manufatura de mabula (tecidos de ráfia executados no tear vertical.

São tidos como sendo propensos para o misticismo particular, sobretudo na criação de instituições de carácter religioso e secreto, tendência que se mantém até aos nossos dias, com o surgimento de associações profético-messiânicas que assumem o carácter de seitas religiosas.

Os Zombo e Solongo (subgrupos Bakongo) são peritos aos negócios em quitandas e mercados.

Na Organização social destaca-se a Kanda ou clã, ligado ao terreno agrário sob protecção dos antepassados, aos quais pertence, restando aos vivos o direito de usufruto do mesmo.

  1. Os Kimbundu

É curioso saber que…

No século XVII, os Nganguela, atravessando o alto Zambeze, chegaram as Terras baixas do Leste.

Os Kimbundu estão repartidos numa grande extensão entre o mar e o rio Kwanza e excedendo para Leste e transpondo para Sul o médio Kwanza, que envolve as províncias da Lunda, Bengo, Kwanza Norte, Malange e partes do Kwanza Sul.

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Os Kimbundo, tanto os do Norte como os do Sul do rio Kwanza, são bons agricultores de subsistência. Entre os Ngola e os Zinga, manifesta-se o talento musical expresso em xilofones (marimba) curvos de doze e trinta e duas teclas e cujas caixas-de-ressonância são constituídas por cabaças. Os Kimbundu são igualmente dedicados ao artesanato, agricultura, arquitectura tumular de pedra[1].

Na ilha do Cabo, Luanda, dedicam-se à atividade de pesca, associada a crença de uma padroeira do mar, conhecida por Kyanda ou Sereia. Foram notáveis guerreiros e organizadores de grandes estados.

  1. Os Lunda-Tchokwe

No século XVIII, este grupo, abandonaram o Catanga, atravessaram o rio Cassai, instalaram-se inicialmente na Lunda, no Nordeste de Angola, emigrando depois para o Sul.

Todavia, Pedro (2006), acrescenta que,

Estão localizados numa vasta zona que vai desde o ângulo reto superior do quadrante Nordeste até alcançar a fronteira Sul, no local em que o rio Kubangu (…) atravessa, envolvendo as províncias da Lunda Norte e Sul, Moxico e partes do Kwando Kubango (p.51).

 

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O grupo, oriundos de uma velha cultura de caçadores savânicos, revelam-se peritos e hábeis nas técnicas siderúrgicas, na escultura, em várias espécies de artesanato e na construção de habitação. As suas instituições de educação tradicional, como a Mukanda para os rapazes e a Cikumbi para as raparigas, constituem a base de transmissão e manutenção da cultura e da tradição ancestrais. Os cultos à caça e aos antigos caçadores, seus padroeiros por excelência, predominam.

Os Lunda Tchokwé guardam traços vivos do regime social de matriarcado[1].

A sua economia é baseada a troca e a fortes viagens comerciais em diversas partes do litoral (Benguela e Luanda). Atualmente, a forte economia está assente na extração artesanal de diamantes, a pesca nas chuvas e a caça são as suas principais atividades.

  1. Os Ovimbundu

Localizados em um vasto espaço subrectangular a meio da metade Oeste de Angola, Huambo, Bié e parte Norte da Huíla.

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São caçadores savânicos, criadores de gado, que acima de tudo herdaram a vocação agrícola, cuja técnica, apresenta uma laboriosa agricultura cuidada, regada e estrumada, empregando na generalidade as charruas puxadas por tracção de bois. Praticam a siderurgia caracterizada por aspectos originais na construção de fornos, explorando e fundindo malaquites de cobre, sobretudo na zona de Benguela.

No aspecto artístico, mantiveram uma escola de escultura animalista e de uma variedade de máscaras, tidas como padroeiras da iniciação masculina, evamba ou circuncisão.

Foram grandes construtores de fortes nas embalas ou muralhas defensivas.

  1. Os Ngangela

Repartiram-se em dois domínios territoriais, ocupando com maior incidência a província do Kuando Kubango:

  • Na fronteira, desde a bacia do Zambeze;
  • Nos lados superiores do rio Kubangu.

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Oriundos dos antigos caçadores, os Ngangela praticam hoje a agricultura na estação chuvosa e a pecuária[2], como principais atividades económicas. A extração do mel, a cera e a pesca lacustre e fluvial fazem igualmente parte da sua economia. Os Ngangela são hábeis na fundição de ferro e na confeção de admirável cerâmica negra, polida e às vezes modelada artisticamente.

Os ritos de iniciação ou de passagem masculina, fazem-se sentir, pois, sem os quais o Homem não tem realmente o estatuto de Homem.

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ATENÇÃO: No século XVI, um grupo abandona a sua região (Grandes Lagos, no Centro de África) e se instalou em terras de Angola. Eram os Herero e/ou Ovahelelo, um povo de pastores. Este grupo tomam o Leste de Angola, e atravessaram a região planáltica do Bié ocuparam as zonas de pastorícia da Huíla (Serra da Chela) e depois foram-se instalar no Deserto do Namibe até ao mar.

Outro grupo foram os Nhaneca-Humbi, vindos do Sul, também pastores e agricultores, fixaram-se nas terras altas da Huíla, onde os Jaga os encontraram no século XVI.

Portanto, já no século XIX, apareceram os Kuangari e/ou Ovakwangali. Estes vieram da África do Sul, em 1840, chefiados por Sebituane Macololo e, foram-se instalar primeiro no Alto Zambeze. Então chamavam-se de Macololos. Do Alto Zambeze alguns passaram para o Cuangar, no extremo Sudeste angolano, onde estão hoje, entre os rios Cubango e Cuando.

O senário destes povos, que formaram grandes reinos em Angola, mudou parcialmente com a chegada dos Portugueses em Angola em 1483.

Causas e consequências das migrações Bantu

  1. Causas

As causas directas desta migração foram:

  • A escassez de terras para as suas atividades;
  • A descoberta dos metais (principalmente do ferro);
  • O aumento da população;
  • A necessidade do aumento da população;
  • As guerras entre povos vizinhos;
  • Os conflitos entre povos de diferentes regiões.
  1. Consequências

Permitiu:

  • A difusão da metalurgia;
  • A ocupação de terras de outros povos (Pigmeus e Khoisan);
  • A formação de grandes estados ao Sul do Equador;
  • A expansão da agricultura e da domesticação.

CURIOSIDADES

Sabias que…

Há provas de que a presença humana em Catar data dos séculos V e VII a.C. O historiador grego Heródoto refere-se aos navegantes cananeus como os primeiros habitantes de Catar. O geógrafo Ptolomeu indicou em seu mapa do mundo árabe uma cidade, Zubarah, que se acredita ser a atual Catar. Catar é um dos países do mundo que não dispõe de água potável, porque em seu território não há nenhum rio. Em compensação, tem petróleo (Otero, 2006).

REFERÊNCIAS

 

ALMEIDA, A.

1994, Os Bosquimanes de Angola, ed. Ministério do planeamento e da administração do território, Secretaria do estado da ciência e tecnologia, Instituto de investigação científica tropical, Lisboa.

ALMEIDA, Guilherme de (coord.) 2013, Atlas Básico das Religiões. Didáticas editora. Lisboa.

CAMACHO, Alfredo; TAVARES, António

2008, O Nosso Dicionário: Dicionário da Língua Portuguesa. Didáctica editora.

CHICOLASSANHI, Mateus; BARTOLOMEU, F. de Azevedo S.

2007, Texto de apoio de História Universal para a 10ªClasse, Reforma Educativa.

LEMOS, Mário Matos e.

2001, Dicionário de História Universal. Editorial Inquérito.

OTERO, Edgardo

2006, A Origem dos Nomes dos Países. São Paulo: Panda Books. 1ª ed.

SIMÃO, Santos Garcia. 2011, Reflexões sobre a arte rupestre encontradas na Província do Namibe (Caraculo) e a sua importância para a construção da História de Angola. Tese de Licenciatura. ISCED. Lubango. Huíla.

[1] Nota-se que a maioria da população bantu de Angola é de regime de filiação matrilinear.

[2] Arte de criar e/ou tratar Gado (Camacho; Tavares, 2008).

[1] Sobre tudo nas campas dos seus soberanos.

[1] Raça Khoisan

[2] Chama-se arte rupestre às pinturas realizadas nas rochas pelos homens Pré-Históricos. Curiosamente, foram encontrados em todo mundo cerca de 70.000 sítios com pinturas, algumas das quais com 50.000 anos de idade.

[3] LEMOS, Mário Matos e (2001). Dicionário de História Universal. Editorial Inquérito.

[4] Conjunto de Transformações que, tendo começado pelo 8º milénio a.C., vieram a modificar profundamente a vida da humanidade.

[5] Egipto

[6] Região que hoje compreende o Iraque

[7] Território onde se encontraram as mais antigas povoações neolíticas, vindo também a constituir o berço das primeiras civilizações.

[8] Consultar a obra de SIMÃO, Santos Garcia (2011). Reflexões sobre a arte rupestre encontradas na Província do Namibe (Caraculo) e a sua importância para a construção da História de Angola. Tese de Licenciatura. ISCED. Lubango. Huíla.

[9] FAPA (Fundo Antigo do Povoamento Africano/Angolano).

[10] República Democrática do Congo.

[11] Atualmente vivem, no Sul de Angola, Namíbia, África do Sul e Botswana.

[12] As expressões Bosquímanos e Hotentotes são de origem holandesa, traduzidas respectivamente por homens dos bosques e gagos ou tartamudos (Almeida, 1994: 335).

[13]  A primeira expressão significa: Os de Caranguejo ou água pura (Huíla), a segunda, são chamados assim pelos Bantu da região do Cuando Cubango, que significa: homens comedores de Porco-espinho.

[14] Os Kung são facilmente identificados, não só pelas suas características somáticas (tez da pele com tonalidades amareladas, estatura baixa, cabelos encaracolados, olhos com uma pálpebra que cobre o ângulo interno: o epicanto) mas e sobretudo, pelos estalidos da língua que se produzem na região dental, labial e palatal. Os Bosquímanos amarelos denominam-se assim, na sua língua primitiva.

[15] Deslocações feitas por um povo inteiro de uma região para a outra, em busca de melhores condições de vida.

[16] Uma outra fonte aponta a sua origem na região situada entre o Rio Níger e o Lago Tchad.

[1] Ciência auxiliar da História que estuda o passado através da pesquisa e interpretação de vestígios materiais (fósseis, restos, ossos, monumentos, instrumentos e outros documentos).

[2] Podem chamar-se também de etapas dos instrumentos líticos e/ou da pedra.

[3] Pode ser designado de período da Pedra Lascada e/ou idade da Pedra antiga.

[4] Segundo a Atlas Básico das Religiões, com a coordenação de Guilherme de Almeida, a Pré-História, se estende desde os primeiros hominídeos até à invenção da escrita, cobre vários milhões de anos. Divide-se em Paleolítico e Neolítico.

[5] Antes de Cristo

[6] Ângulos de cruzamento de duas pedras.