Andarilho urbano... Esquadrinhei minha cidade muitas vezes, No alvorecer e no entardecer. Antes não existiam calçadas para pedestres. As laterais das ruas eram carcomidas, De meio fio, totalmente desprovidas. Avenidas só a Getúlio Vargas, a Ceará e a Marechal Deodoro, mal cuidadas, posto que a Epaminondas Jácome deixaram o rio levar. Pontes só existiam duas, A Metálica, construída na era das catraias, E a mais moderna, em vãos de ferro e concreto, Construída no Governo Dantinha. O Centro da cidade era meio fantasmagórico, Com prédios envelhecidos, trincados, igual ao Palácio das Secretarias. O Palácio do Governo e o Prédio do Banacre estavam em ruínas. Empresas Estatais foram sucateadas, sepultadas... BanAcre, Cila, ColonAcre, CageAcre, Acredata e CeagAcre, Jazem na entrada principal do Distrito Industrial, Com lápides expostas, Empresas que chegaram a ser prósperas, mas que, num passado não muito distante, Viraram pastos de bandoleiros... Tínhamos até esquadrão da morte, principalmente de pretos pobres, Mas também matavam gente importante... Ciclovias e Parques Urbanos não existiam, A desertificação tomava conta das vias. Escolas sucateadas, Delegacias deterioradas, Hospitais sem remédios e com instalações precárias, No principal da cidade, o chamado Hospital de Base, ratos roíam dedos de hansenianos. Servidores públicos passavam até cinco meses sem receber. Então... Digam o que quiserem dizer. Mintam até, se quiserem, Mas, “puraamordedeusu”, não me venham tentar dizer, Que o Acre não melhorou. Se duvidar, ande, Do Sobral ao Cadeia Velha, Cruzem o rio pela terceira e quarta pontes, Enquanto a quinta não vem. Visitem os muitos conjuntos, E esnobem o velho tempo das bodegas, Visitando a Rede Araújo, Passeando no Via Verde Shopping, Deem também um pulinho no Makro, No Atacadão Goiano, Passeiem de carro nas avenidas de pistas duplicadas, bem sinalizadas, Arborizadas, Apreciem a beleza do rio, do calçadão da Gameleira, Tomem um Tacacá na Praça da Revolução, E aproveitem pra ir ao Triângulo, Saborear um gostoso sorvete, de frutas regionais. Depois contem tudinho aqui, Pra ver se, assim, despertem a visão dos céticos, Dissipando a ira... Que ensoberbece as mentes, E destrói sorrisos...