Andarilho urbano...
Publicado em 23 de agosto de 2014 por Francisco Antônio Saraiva de Farias
Andarilho urbano...
Esquadrinhei minha cidade muitas vezes,
No alvorecer e no entardecer.
Antes não existiam calçadas para pedestres.
As laterais das ruas eram carcomidas,
De meio fio, totalmente desprovidas.
Avenidas só a Getúlio Vargas, a Ceará e a Marechal Deodoro, mal cuidadas, posto que a Epaminondas Jácome deixaram o rio levar.
Pontes só existiam duas,
A Metálica, construída na era das catraias,
E a mais moderna, em vãos de ferro e concreto,
Construída no Governo Dantinha.
O Centro da cidade era meio fantasmagórico,
Com prédios envelhecidos, trincados, igual ao Palácio das Secretarias.
O Palácio do Governo e o Prédio do Banacre estavam em ruínas.
Empresas Estatais foram sucateadas, sepultadas...
BanAcre, Cila, ColonAcre, CageAcre, Acredata e CeagAcre,
Jazem na entrada principal do Distrito Industrial,
Com lápides expostas,
Empresas que chegaram a ser prósperas, mas que, num passado não muito distante,
Viraram pastos de bandoleiros...
Tínhamos até esquadrão da morte, principalmente de pretos pobres,
Mas também matavam gente importante...
Ciclovias e Parques Urbanos não existiam,
A desertificação tomava conta das vias.
Escolas sucateadas, Delegacias deterioradas,
Hospitais sem remédios e com instalações precárias,
No principal da cidade, o chamado Hospital de Base, ratos roíam dedos de hansenianos.
Servidores públicos passavam até cinco meses sem receber.
Então...
Digam o que quiserem dizer.
Mintam até, se quiserem,
Mas, puraamordedeusu, não me venham tentar dizer,
Que o Acre não melhorou.
Se duvidar, ande,
Do Sobral ao Cadeia Velha,
Cruzem o rio pela terceira e quarta pontes,
Enquanto a quinta não vem.
Visitem os muitos conjuntos,
E esnobem o velho tempo das bodegas,
Visitando a Rede Araújo,
Passeando no Via Verde Shopping,
Deem também um pulinho no Makro,
No Atacadão Goiano,
Passeiem de carro nas avenidas de pistas duplicadas, bem sinalizadas,
Arborizadas,
Apreciem a beleza do rio, do calçadão da Gameleira,
Tomem um Tacacá na Praça da Revolução,
E aproveitem pra ir ao Triângulo,
Saborear um gostoso sorvete, de frutas regionais.
Depois contem tudinho aqui,
Pra ver se, assim, despertem a visão dos céticos,
Dissipando a ira...
Que ensoberbece as mentes,
E destrói sorrisos...