José R. Silva; Jamil F. H. Guedes; Jean Gualberto; Roberto R. Sobreira;

Introdução
As aves são máquinas voadoras tendo uma estrutura anatômica diferente dos outros animais. Por exemplo, a ave tem várias adaptações únicas que lhe permite voar, incluindo penas, espaços de ar nos ossos, um bico no lugar dos dentes e dos lábios e os ossos da mão fundidos para apoiar vôo. O vôo também é usado como uma forma de escapar de seus predadores. Características como estrutura óssea em viga falsa, vértebras fundidas no dorso, foram desenvolvidas para dar suporte aos músculos do vôo, seus sistemas digestivo e respiratório, também foram modificações feitas para manter o vôo. A pena é uma estrutura exclusivamente das aves. Essas penas formam a primeira barreira de proteção e auxilia na termorregulação, ajudam na aerodinâmica do corpo, favorecendo o vôo.
Na classificação das aves, encontramos cerca de 9.000 espécies, divididas em dois grandes grupos, as ratitas que apresentam asas atrofiadas ou ausentes e osso esterno sem quilha. E as carinatas de asas bem desenvolvidas e esterno com quilha.
As aves originaram-se a partir dos répteis, o que fica evidenciado através das escamas que recobrem as pernas, do crânio com um côndilo occipital, dos mesmos anexos embrionários e da excreção do ácido úrico. A mais antiga ave conhecida é a ave-lagarto (Archaeopteryx lithographica), animal do tamanho de uma pomba. O fóssil encontrado na Baviera (Alemanha), em 1861, permitiu reconhecer nessa ave a presença de bico com dentes e cauda longa. Viveu no período Jurássico, há cerca de aproximadamente 150 milhões de anos atrás.
As aves modernas são fáceis de reconhecer, elas têm penas e a maioria delas pode voar. Uma característica das aves menos visível, mas igualmente importante, elas têm altas taxas metabólicas e altas temperaturas corpóreas, isto é, elas são endotermas. Estas três características estão intimamente associadas ás aves modernas. A alta taxa metabólica estimulada os músculos potentes necessário para voar e durante o vôo, as penas fornecem ascensão, propulsão ( SILVA, et al, 2010).

Sistema reprodutivo da fêmea
O aparelho genital da galinha é composto por um ovário e um oviduto, que se localizam do lado esquerdo da cavidade abdominal da ave. Durante o período embrionário, o oviduto e o ovário do lado direito estão inicialmente presentes. Entretanto, a produção de substâncias inibidoras do ducto de Müller (origem do oviduto) pelo ovário resulta em regressão do ducto direito e do ovário direito, mas não do esquerdo. O ducto esquerdo é aparentemente protegido por apresentar maior número de receptores para estrogênio, sendo assim, mais sensível ao estrogênio que o ducto direito. Aparentemente o estrogênio impede a ação de substâncias inibidoras do ducto de Müller (BAHR E JOHNSON, 1991).
O ovário de mamíferos e de aves difere. Em mamíferos, diversos folículos podem ovular em um determinado momento dentro de um intervalo de vários dias ou semanas, enquanto que em aves um único folículo ovula e o óvulo (gema) é liberado, mas dentro de um intervalo mais curto (preferencialmente todos os dias). Além disso, tendo em vista que o embrião deve obter todos os nutrientes para o desenvolvimento embrionário, o óvulo maturo de aves é muito maior que o de mamíferos. Nas aves, os folículos grandes e amarelos, destinados a ovulação estão organizados dentro de uma hierarquia (RUTZ et al, 2007).
Podemos ver que também estão presentes as estruturas, magno, istmo, útero e vagina, sendo que, cada uma dessas estruturas são responsáveis pela formação das estruturas presentes no ovo. Os embriões das aves têm diversos envoltórios (ou anexos) embrionários que os protegem contra a dessecação e choques. Servem para a respiração, excreção e outras funções necessárias durante a vida embrionária. São o âmnio, o córion, o saco vitelino e o alantóide (RUTZ et al, 2007).

Sistema Reprodutor dos Machos
Os machos apresentam um sistema reprodutor localizado totalmente dentro de uma cavidade, sem a existência de um pênis verdadeiro. O sistema genital dos machos é composto por testículos, epidídimos, canais deferentes e órgão copulador. O testículo é um órgão duplo e simétrico com formato de feijão, de coloração amarelada nos jovens e branco puro nos adultos. Apresenta localização intracavitária e cranioventral aos rins, estando aderido à parede dorsal do corpo (RUTZ et al. 2007). São revestidos por uma túnica albugínea e constituídos pelos túbulos seminíferos e pelo interstício. Os testículos nunca descem para uma bolsa escrotal externa, como é o caso da maioria dos outros animais (MORENG; AVENS, 1990). O epidídimo é muito curto, de forma tubular simples e discreta nas aves, e não possui importância para maturação dos espermatozóides, que geralmente ocorre entre 24 horas. O ducto deferente é longo e sinuoso, termina em duas aberturas ou papilas na cloaca para ejeção do sêmen (MORENG; AVENS, 1990).
O aparelho copulatório está localizado na extremidade caudal da cloaca onde se encontra escondido por uma prega ventral no ânus em animais fora da excitação. Consiste de um par de papilas dos ductos deferentes, um par de corpos vasculares, um par de pregas linfáticas, um corpo fálico dividido em uma porção mediana e duas laterais (direita e esquerda). O falo de muitas aves é pequeno, logo não serve como órgão penetrante, já em outras aves (patos e gansos p.ex.) é grande e penetra na fêmea durante o ato sexual. O corpo fálico mediano do galo mede cerca de 1 a 3 mm e no pato mede cerca de 5cm (ROBERT GETTY, 1986).

Sistema Respiratório
O sistema respiratório começa com o bico e a cavidade oral. O ar é conduzido através das narinas no bico superior. As aves normais têm uma fenda palatina no céu da boca. Por causa dela, pode entrar às vezes um pouco de água na cavidade nasal enquanto as aves bebem, dando a impressão de terem uma secreção aquosa nasal, que é um dos primeiros sinais de doenças respiratórias. É preciso verificar os olhos e o resto do sistema para evitar má interpretação.
As passagens nasais são ligadas a grandes sinus na cabeça da ave. O maior sinus localiza-se sob o olho e é chamado de sinus infra-orbital. A cavidade oral comunica-se ao fundo com a faringe e esta conduz a laringe. A laringe é ponto no qual o esôfago se ramifica para servir ao aparelho gastrointestinal e a traquéia se ramifica para o resto do aparelho respiratório. A estrutura de onde se ramifica é uma abertura em forma de fenda chamada glote. Nos mamíferos, uma camada de tecido chamada epiglote cobre a glote. (FORT DODGE, 2010).
As aves não têm epiglote. A área acima da glote recebe o nome de sistema respiratório superior. A traquéia conduz o sistema respiratório inferior. A traquéia desce pelo pescoço até a cavidade torácica (peito). Perto do coração ela se estreita em uma estrutura de paredes finas que recebe o nome de trompa de Eustáquio. Após a trompa de Eustáquio, a traquéia ramifica-se em dois troncos primários. O brônquio esquerdo conduz ao tecido do pulmão esquerdo e o brônquio direito ao pulmão direito. Quando comparada a capacidade do pulmão de um mamífero de mesmo tamanho, a capacidade do pulmão de uma ave é aproximadamente a metade. O pulmão adere à cavidade da costela. Esta adesão é anormal nos mamíferos. Ao contrário dos mamíferos, nas aves não existe diafragma separando a cavidade torácica da cavidade abdominal. Os pulmões das aves são fixos; não expandem-se nem contraem-se em passagens menores chamadas mesobrônquios, que, por sua vez, ramificam-se em corredores microscópicos que passam pelos tecidos do pulmão (FORT DODGE, 2010).
Os sacos aéreos comunicam-se com o tecido pulmonar e com os mesobrônquios. Existem nove sacos aéreos, e podem ser considerados como dois grupos os sacos aéreos torácicos e os sacos aéreos abdominais. As aves inspiram, expandem sua cavidade abdominal. O ar que entra é desviado ao tecido pulmonar e conduzido aos sacos aéreos abdominais. O ar fresco não dirige-se diretamente aos pulmões, e sim ao abdômen. Ao mesmo tempo, os sacos aéreos torácicos se expandem e puxam uma parte do ar através dos pulmões, vindos da extremidade abdominal em direção à extremidade torácica. Enquanto a maior parte do ar fresco enche os sacos aéreos abdominais, uma parte é puxada através dos pulmões. Quando a ave expira, os sacos aéreos abdominais e empurram o ar fresco através dos pulmões vindo da extremidade abdominal em direção à extremidade torácica. Os sacos aéreos se expandem e se contraem de modo que os pulmões não precisam fazer tais movimentos. Esta é uma maneira mais eficiente de se obter ar fresco para os pulmões. É por esta razão que os pulmões das aves são menores, não se expandem e são fixos à cavidade da costela (FORT DODGE, 2010).
Uma particularidade das aves é a siringe, que se localiza na bifurcação da traquéia, órgão responsável pela fonação nas aves e apresenta diferentes formatos que permitem notáveis modificações na vocalização nas diferentes espécies. Ela é sustentada por um arcabouço esquelético modificado, geralmente para dar suporte às membranas que vibram com a passagem do ar, produzindo os sons e para servir de apoio à origem e à inserção da musculatura (SISSON & GROSSMAN, 1986).
As duas principais funções do canto são a delimitação de território e a atração da fêmea pelo macho, uma vez que, na maior parte das espécies, o canto é atributo do macho (SISSON & GROSSMAN, 1986).

Sistema Cardiovascular
É formado pelo coração, artérias, veias, capilares e sangue. O coração apresenta quatro câmaras não ocorrendo o contato com a circulação venosa com arterial. Uma das principais características e a artéria aorta voltada para o lado direito do corpo do animal. Outra característica é o núcleo nas hemácias. Os leucócitos são de tamanhos maiores em compensação um numero menor em comparação aos eritrócitos.

Sistema Digestório
Os órgãos que compreendem o aparelho digestório são responsáveis pela preensão, mastigação, deglutição, digestão e absorção dos alimentos, e pela expulsão dos resíduos, eliminados sob a forma de fezes (GOMES et al, 2001). Os dentes estão ausentes. O esôfago é longo e apresenta uma dilatação para armazenamento e umedecimento dos alimentos, o papo. O esôfago conduz o alimento ao estômago químico ou pró ventrículo, que secreta enzimas digestivas. Segue-se a moela, cujas paredes musculares trituram o seu conteúdo com o auxílio de pequenas pedras que nelas são mantidas, semelhante à nossa mastigação. O intestino delgado apresenta um formato de "U" e possui uma série de dobras e vilosidades que aumentam a sua superfície de absorção. Localizados na junção dos intestinos grosso e delgado estão os cecos que, nos galináceos são em número par, ao contrário dos mamíferos, que é único. O intestino grosso das aves é relativamente curto e não bem demarcado e reto e cólon. O fígado e o pâncreas constituem glândulas anexas ao aparelho digestório e suas secreções são conduzidas para o duodeno. A vesícula biliar está presente. O pâncreas está situado entre os ramos da alça duodenal. Segue-se a cloaca que, além da função de eliminar fezes e a urina, está relacionada com o aparelho reprodutor das aves (LANA, 2000).

Sistema Urinário
É formado por dois rins trilobados situados dorsalmente na pelve. Cada rim e constituído por três lóbulos de cor marrom avermelhado. Uma pecularidade da aves e a inexistência da bexiga urinaria. A urina é passada dos ureteres para a cloaca, é de consistência pastosa, pois o nitrogênio e eliminado na forma de ácido úrico.
Sistema Nervoso
O sistema nervoso divide em: nervoso central, neurovegetativo. Sistema nervoso central é constituído pelo cérebro e medula espinhal além das ramificações nervosas. Sistema nervoso neurovegetativo é constituído pelo sistema simpático e parassimpático, esses nervos tem a função de transmitir impulso involuntário para diversos órgão (LANA, 2000). O encéfalo apresenta cerebelo bem desenvolvido, pois necessitam de muito equilíbrio para o vôo. Têm visão bem desenvolvida. Percebem cores nitidamente, pois a retina contém muitos cones com gotículas de óleo. Apresentam membrana nicitante revestindo os olhos no sentido horizontal, como uma cortina. O olfato e a audição são muito apurados. O seu ouvido é dividido em ouvido externo, médio e interno.
Sistema Esquelético
A estrutura esquelética das aves foi feita para fazer manobras e ganhar velocidade sobre a terra e voar no ar, essas aves conseguem suportar seu peso graças a suas pernas e asas. Seu esqueleto tem aproximadamente 150 ossos fundidos, que formam uma estrutura rígida onde se localiza seus principais músculos, por isso seu esqueleto é resistente e leve.
As aves possuem uma estrutura muito peculiar, pertencente a galinha doméstica que é a quilha que protege o sistema digestivo e reprodutor. Outros órgãos vitais, mas as principais mudanças adaptativas no esqueleto das aves, que as difere dos demais animais, são ossos, fundidos uns aos outros, aumento de minerais nos ossos, e osso pneumáticos preenchidos com ar em vez de medula óssea.

Sistema Muscular
Esta ligada a estrutura óssea das aves, é responsável por 75% do seu peso. Os músculos dão origem e locomoção e a resistência, e estes funcionam em pares, e visivelmente pode-se notar que os músculos em sua grande maioria estão localizados na região do peito e coxa das aves, pois é onde estão inseridas as asas e as pernas, e são esses músculos que movimentam as asas pra o vôo e das pernas para locomoção do animal.
Como a criação de aves foi intensificada para a produção de carne, houve uma procura maior por cortes de carnes nobres, com isso ocorreu um aumento em sua massa muscular através do melhoramento genético, o que privou a habilidade de vôo das galinhas domésticas.



REFERÊNCIAS
BAHR JM, JOHNSON PA. 1991. Reproduction in poultry. In: Cupps PT (Ed.). Reproduction in domestic animals. 3rd ed. New York: Academic Press, 1991. p. 555-575.
DODGE FORT, 2010. 14º Curso de Sanidade Avícola.
GOMES. A. S. et al, 2001. ANATOMO FISIOLOGIA DO APARELHO DIGESTÓRIO DAS AVES DOMÉSTICAS DA ESPÉCIE Gallus gallus. UNIVAG ? Centro Universitário.
LANA, G. R. Q. Anatomia e fisiologia das aves. In: ____. Avicultura. Campinas, livraria e editora rural ltda, cap. 3, pag. 20-40.
MORENG, R. E.; AVENS, J. S. Ciência e produção de aves. 1 ed. São Paulo: Roca, 1990.
ROBERT GETTY, D. V. M. Anatomia dos animais domésticos. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1986.
RUTZ F. et al. Avanços na fisiologia e desempenho reprodutivo de aves domésticas. Revista Brasileira Reprodução Animal, Belo Horizonte, v.31, n.3, p.307-317, jul./set. 2007.
SILVA, DA J. D.; et al. X JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO ? JEPEX 2010 ? UFRPE: Recife, 18 a 22 de outubro.
SISSON, S.; GROSSMAN, J.D. Anatomia dos animais domésticos. 5.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1986.p.2000.