Por: Detino Germano Saide Augusto ; Leonel Domingos Moiana 2 ; Fernando João Tanleque Alberto3 & Pompílio Armando Vintuar5.

1MsC em Nutrição e Segurança Alimentar/ Tecnologia de Alimentos, Faculdade de Ciências de Saúde, Universidade Lúrio, Moçambique. (Funcionário da UniRovuma, Nampula). [email protected].mz

2 Dr. em Genetíca de Melhoramento; Investigador Principal IAAM-Nampula. [email protected]

3 MsC, PhD, Professor Auxiliar, Faculdade de Ciências Alimentares e Agrárias , Universidade Rovuma, Moçambique[email protected]

4 MsC, PhD, Professor Auxiliar, Faculdade de Ciências Alimentares e Agrárias , Universidade Rovuma, Moçambique. [email protected].

RESUMO    

O presente trabalho foi realizado com objectivo de analisar a qualidade físico-química e microbiológica do mel extraído usando técnicas artesanais. Em Moçambique a produção e a tomada de decisão na área de apicultura é gerida pelo sector familiar e as técnicas de extracção de mel usadas são maioritariamente artesanais. Em Mecuburi dada a flora favorável para a prática da apicultura, existem muitos apicultores tradicionais que para terem o mel fazem extracção artesanal, o que despertou atenção para a realização do presente estudo. Foram adquiridas 18 amostras de mel e analisadas as suas qualidades Físico-químicas (Humidade, pH, Actividade de água e Açucares Totais) e microbiológicas (contagem de bolores e leveduras). As amostras foram submetidas a 3 tratamentos/técnicas de extração artesanal usados em Mecuburi (técnica de pano, técnica de fervura de favos e técnica de prensagem manual). Foi adoptado o delineamento completamente casualizado (DCC) paras as análises físico-químicas e microbiológicas com 6 repetições. Os resultados das análises físico-químicas e microbiológicas não mostraram diferenças significativas entre os tratamentos p> 0,05. Com relação aos parâmetros físico-químicos, os valores obtidos exceptuando da humidade atenderam os valores estabelecidos pelo Codex Alimentarius. Nas análises microbiológicas, para a contagem de bolores e leveduras, os valores obtidos estão em conformidade com os valores estabelecidos pelo Codex Alimentarius.

Palavras-chaves: Qualidade de Mel, Parâmetros físico-químicos, Características Microbiológicas, Extração Artesanal.


INTRODUÇÃO

A relação entre o homem e as abelhas é secular, prova disso são as pinturas primitivas encontradas na Espanha e na África (Filimão & Massango, 2001). Mas a história confere os Egípcios como os pioneiros na criação de abelhas (Wiese, 2000).

A apicultura ou simplesmente criação de abelhas é uma actividade que vem sendo praticada desde os tempos remotos, proporcionando receitas para quem a prática de forma racional. As abelhas habitam no planeta terra há milhões de anos, são descendentes de vespas que se alimentavam de pequenos insectos e passaram a se alimentar de pólen das flores (IsacMikail & Breno,2017).

A obtenção de mel de qualidade sob ponto de vista de higiene, aspectos físico, sabor, sempre constituiu preocupação para os consumidores remetendo neste contexto a procura de métodos e ou técnicas de extração que melhor preservam as suas propriedades por parte dos apicultores.

O mel é produto alimentício produzido pelas abelhas melíferas, a partir do néctar das flores ou das secreções procedentes de partes vivas das plantas, apresenta actividade anti-microbiana atribuída a factores físicos e químicos (Lazara,2017). Mesmo assim, ainda é possível encontrar uma série de microrganismos presentes neste produto e que servem como indicadores de qualidade

Sendo o mel um alimento é necessário que os apicultores adoptem medidas higiénicas desde a colheita no apiário. Para a colheita de mel os apicultores devem estar em boas condições de saúde e realizar procedimentos de higiene pessoal (Soares & Aroucha,2010).

Os equipamentos, utensílios e o vestuário devem estar limpos, com atenção especial para as luvas. Os favos com mel não podem ser colocados no chão e devem ser protegidos da contaminação de microrganismos e sujidades durante o manuseio e transporte para o local de extracção (Soares & Aroucha,2010).

A garantia de que o consumo de um determinado alimento não cause dano ao consumidor, quando preparado ou consumido de acordo com o seu uso intencional, constitui a segurança alimentar (FAO & Codex Alimentarius, 2019). Nesse contexto o alimento deve estar livre de contaminantes químicos, físicos e microbiológicos e o consumidor tem o direito de exigir a inspecção de qualidade organoléptica, fúngica, bacterial, viral e bioquímica do alimento de modo a ter essa segurança (Pajuelo & Miguel, 2004).

Em Moçambique a apicultura é praticada pelo sector familiar, de forma individual ou em associações, pese embora nos últimos anos estão se evidenciando alguns programas empresariais de criação de abelhas com fins de produção de mel (Alberto, 2019; Mungoi,2008 & Alcobia 1987).

Para a Província de Nampula segundo o departamento de Florestas e Fauna Bravia, esta actividade esta sendo levada a cabo pelo sector familiar em grande escala, facto que coloca este sector sem muita informação nesta componente, porque os que fazem na sua maioria são furtivos e não constam na base de dados do sector. Essa apicultura caracteriza-se pelo uso de técnicas artesanais de extracção do mel que culminam nalguns casos com a destruição de abelhas.

Mecuburi é um distrito com boa flora melífera e que existem muitos apicultores tradicionais que praticam essa actividade como sustento, mas que os métodos usados na extracção do mel são tradicionais o que remete suspeita sobre a qualidade e segurança nutricional desse produto, uma vez que é notória a presença de pedaços de favos, carvão, entre outros componentes indesejáveis no próprio mel. Esses pressupostos encorajaram o autor a fazer esta pesquisa com o tema: "Análise Físico-química e Microbiológica do Mel Extraído Utilizando Técnicas Artesanais", no distrito de Mecuburi, com o intuito de analisar a qualidade físico-química e microbiológica do mel de modo a determinar qual dos métodos artesanais oferece melhor qualidade e segurança do produto aos consumidores. [...]