ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DE ÓLEOS EXTRAÍDOS DAS SEMENTES DE ABÓBORAS (Cucurbita máxima e Cucurbita moschata)

Felismino Basílio 

Linda Salo João Buere 

Autor de correspondência. Felismino Basílio/[email protected]/+258849030856 

RESUMO

O presente estudo teve como objetivo analisar as propriedades físico-químicas dos óleos extraídos das sementes de duas variedades de abóboras (Cucurbita máxima e Cucurbita moschata), a fim de verificar a possibilidade de inserção na dieta alimentarAs variedades das frutas foram identificadas conforme o documento PELOTAS (2007), no qual identifica espécies de abóboras Cucurbita, Cucurbitaceae. A extração foi realizada pelo método de prensagem mecânica manual. O teor de humidade foi determinado pelo método se secagem com base em estufa com circulação forçada de ar à 130oC, densidade através do método volumétrico, conteúdo oleico através da destilação por soxhlet com hexano como reagente, índice de acidez através de titulação com (NaOH), índice de peróxido pela oxidação do iodeto de potássio em meio acético, proteínas pelo método Kjeldahl, e presença de vitamina A e D pelo complexo reagente utilizando o papel colorímetro para comparação através da observação directa. Os resultados foram submetidos a análise de variância (ANOVA) através do teste Tukey a nível de significância de 5%. Os mesmos mostraram que, os teóres de humidade, densidade, conteúdo oleico, índice de peróxido e proteína bruta para ambas amostras estão dentro dos parâmetros recomendados pela INNOQ e outras entidades científicas, com excepção do parâmetro índice de acidez que esteve acima do recomendado. Devido a este último factor, concluiu-se que o óleo extraído das sementes de abóbora Cucurbita máxima e Cucurbita moschata não pode ser inserido na dieta alimentar, porém, recomenda-se o estudo de refinação do mesmo para controlar o índice de acidez e posterior inclusão na alimentação humana.

 

Palavras-chave: Óleo vegetal, sementes de abóbora, Parâmetros fisico-químicos, Cucurbita máxima, Cucurbita moschata.

 

1. INTRODUÇÃO

As abóboras são classificadas na divisão Magnoliopyta, classe Magnoliopsida (Dicotiledôneas), subclasse Dilleniidae, ordem Violales, família Cucurbitaceae, tribo Cucurbiteae, gênero Cucurbita (GRIN, 2013). A família Cucurbitaceae inclui 119 géneros e 825 espécies, contudo, apenas alguns géneros compreendem espécies utilizadas para alimentação humana (ANDRES, 2004).

A Cucurbita máxima é uma espécie de abóbora nativa das áreas subtropicais da América do Sul (CORRÊA, 2016) e a Cucurbita moschata  é nativa da América Central e do norte da América do Sul (FILGUEIRA, 2008). Ambas espécies diferem-se quanto ao formato, tamanho, cor da casca, cor da polpa e da semente.

As sementes de abóbora possuem elevado valor nutritivo, devido ao alto teor protéico e oleaginoso, que varia de 30 a 50 %, dependendo da espécie, genótipo e do ambiente de cultivo (STEVENSON et al., 2007).

Na província de Tete-Moçambíque, pequena parte das sementes de abóbora é utilizada como um aditivo para enriquecer a sua dieta e o  prato é conhecido por chiombo. São igualmente tostadas e extraídas o óleo para o consumo.

O óleo vegetal é uma gordura obtido da planta, é extraído na maioria das vezes em sementes ou grãos destes vegetais conhecidos como oleaginosas, formados predominantemente por ésteres de triacilgliceróis, produtos resultantes da esterificação entre o glicerol e ácidos graxos. Quando estão sob forma sólida são chamados de gorduras e quando estão sob forma líquida são chamados de óleos (MORETTO et al., 1998) APUD (ALMEIDA, 2015).

Estudos feitos por APPLEQUIST et al. (2006) demonstraram que estas sementes podem ser consideradas fontes de lipídos, proteínas e fibras. Alguns pesquisadores encontraram de 31,2 a 39,3% e 24,2 a 42,3% de lipídicos em abóboras das espécies Cucurbita moschata e Cucurbita máxima respectivamentePorém, não é apenas a composição nutricional dessas sementes que as torna benéficas para o organismo humano. Os autores acima, afirmam ainda que, entre as substâncias constituintes da semente de abóbora, estão aquelas que a tornam um alimento funcional, ou seja, o consumo proporciona vários benefícios à saúde, pois influencia na funcionalidade do corpo humano nos seus variados níveis, reduzindo assim, o risco de doenças crónico degenerativas.

Os óleos destinados ao consumo são submetidos ao processo de refino cuja finalidade é melhorar sua aparência, sabor, odor, e estabilidade por remoção de alguns componentes como ácido graxos livres, proteína, corante natural, humidade, e composto voláteis e inorgânico (MORETTO et al., 1998) apud (ALMEIDA, 2015).

Neste contexto, a extracção do óleo presente nas sementes de abóbora surge como alternativa viável para minimizar o desperdício e agregar valores económicos ao produto. Embora haja consumo das sementes em determinadas regiões do mundo, o aproveitamento destas corresponde a uma pequena parcela das sementes que são desperdiçadas no quotidiano. O presente trabalho teve por objectivo analisar composição físico-química do óleo extraído das sementes de abóbora cucurbita máxima e moschata, tendo como parâmetro de análise o teor de humidade no óleo, densidade, conteúdo oléico, índice de acidez, índice de peróxido, proteínas e presença de vitamina A e D, com vista a inseri-lo na dieta alimentar.

O processo de extracção de óleo vária de acordo com a matéria-prima processada. São dois métodos genéricos empregues na extracção de óleos vegetais: a prensagem e a extracção por solvente, ou ainda, uma combinação de ambos sendo que o primeiro mais utilizado para produção de pequena escala (RAMALHO, 2012).

2. MATERIAL E MÉTODO

2.1. Colecta e preparação da matéria-prima

A colecta das abóboras foi feita no mercado kuatchena, na cidade de Tete. As variedades das frutas foram identificadas, conforme o documento de PELOTAS (2007), onde identifica espécies de abóboras Cucurbita, Cucurbitaceae, e foram Seleccionadas frutas com ponto de maturação desejado. À posterior, as amostras foram submetidas aos seguintes tratamentos:

a) Corte e retirada das sementes na polpa: Foram utilizados materiais como a faca inoxidável, colher e bacia plástica de modo a garantir a inocuidade das sementes;

b) Limpeza e selecção das sementes: As sementes foram lavadas em água corrente e de seguida foram depositadas por cima de uma rede com objectivo de reduzir a água absorvida/adsorvida durante o processo de limpeza;

c) Secagem das sementes: Baseou-se em protocolo de secagem. Foi feita à  temperatura ambiente de 22-34 ˚C verificada na província de Tete;

d) Tostagem: As sementes foram tostadas em uma panela, cuja temperatura do fogão era de 80 ⁰C durante 10 minutos, com objectivo de eliminar substâncias nocivas ao organismo, existentes na semente, para além da redução dos caratenoides;

e) Trituração e peneiração: Foi utilizado um moinho de martelo (pilão e almofariz), no qual, as amostras de sementes foram trituradas até apresentar partículas granolepticas finas e peneiradas através da ceifa com diâmetro muito menor (ceifa de utilização caseira). Após a ceifa, voltou-se a colocar a farinha de semente de abóbora no martelo de moinho, de modo a obter a massa de farinha aglomerada;

f) Cozimento: Por meio de adição da água em uma panela contendo a farinha aglomerada, fez-se o cozimento à temperatura de 180 ˚C. O processo foi interrompido depois da verificação da presença de conteúdo oleico em maior volume na superfície do recipiente;

g) Extracção do óleo: Foi feita mediante a aplicação do método de prensagem mecânica manual, utilizando-se como filtro, um pano e papel de filtro comprimindo manualmente, que permitiram a filtração do óleo para o recipiente;

h) Branqueamento: Consistiu em remover humidade, bagaço e matéria estranha existente no óleo, colocando copo de vidro submerso em banho-maria, utilizando-se a temperatura 60 ˚C durante 2 horas e 30 minutos;

i) Armazenamento: Foi armazenado em recipientes poliméricos laboratoriais, previamente secos e dissecados.

2.2. Análise laboratorial

As amostras dos óleos foram analisadas no laboratório da empresa ALIF QUIMICAL, Na Província da Zambézia, especializada em produção e análise de óleos alimentares. Na ocasião, forma avaliados os seguintes parâmetros: Humidade, densidade relativa, conteúdo oleico, índice de acidez, índice de peróxido, proteínas e Vitamina A e D.

A definição dos parâmetros, baseou-se nas condições técnico-laboratoriais, assim como da pertinência do significado dos mesmos em óleos.

a) Teor de humidade

A humidade do óleo foi determinada de acordo com o método gravimétrico descrito por RUBEN (2010). E posterior aplicação da equação 1.

  eq. (1)

Onde:

= Massa da placa de petri vazia;

= Massa da placa de petri com amostra, antes de ser aquecida em estufa;

= Massa da placa de petri depois de ser aquecida em estufa.

b) Densidade relativa

Este método determina a razão da massa da amostra em relação a água por unidade de volume à 20 °C. A mediação da densidade do óleo de cozinha (ou qualquer outro tipo de óleo) pode ser realizada via sua definição padrão, ou seja, a medida de sua massa dividida pelo seu volume. RUBEN, 2010). Foi aplicada a equação 2 para o cálculo da densidade relativa.

    Eq. (2)

Onde:

 = Massa do recipiente contendo óleo;

= Massa do recipiente vazio;

V = Volume do óleo em ml.

c) Conteúdo oléico

O conteúdo oleico foi determinado com base no extractor Soxhlet, cuja metodologia é descrita por ZENEBON, et al. (2008), e posterior utilização da equação 3.

Conteúdo oléico =    Eq. (3)

Onde:

 : massa da amostra;

: massa de balão Vazio ;

: massa do balão com o conteúdo de óleo após a destilação.

d) Índice de acidez

A determinação da acidez visa quantificar os ácidos gordos livres presente no óleo a ser produzido. Foi determinado com base na metodologia descrita pela  AOCS (1998) e foi utilizada a equação 4 para o cálcluo final.

     Eq. (4)

Onde:

28,2: Massa molecular do acido oleico;

V: Volume do mol de solução de hidróxido de sódio a 0,1Mol gasto na titulação (mol);

n: Concentração da solução de hidróxido de sódio (mol);

m: Massa da amostra em (grama).

e) Índice de peróxido

Utilizou-se o método descrito por ZENEBON, et al. (2008), no qual foram determinadas todas substâncias, em termos de equivalentes de peróxido por 1000 gramas de amostra, que oxidam o iodeto de potássio nas condições dos testes analíticos, mediante a utilização da equação 5.

  Eq. (5)

Onde: 

T: quantidade gasta na titulada do branco (ml);

N: quantidade da solução de tiossulfato de sódio  (0,01N).

P: quantidade da amostra (g).

f) Proteínas bruta

A proteína bruta foi determinada pelo médodo kjeldahl, na presença dos Reagentes ácido sulfúrico, mistura catalítica (selénio), hidróxido de sódio 36%, solução de ácido bórico, solução de ácido clorídrico 0,02N solução indicadora: vermelho de metila mais verde bromocosol, cujo procedimento metodológico é descrito por CAMPOS, et al. (2004). Foi utilizado 6.25 como factor de conversão de Nitrogénio em Proteína bruta, com forme ilustra a equação seguinte.

 Eq. (6)

Onde:

% Pb = percentage de proteína bruta;

% N = percentagem de nitrogénio total;

6, 25 = factor de conversão.

g) Vitamina A e D

A sua determinação foi com base no método qualitativo, o qual baseia-se na medida da coloração azul instável, resultante da reacção da vitamina A e D com reagente Carr Price  ZENEBON (2008).

2.3. Análise estatística

Todos os ensaios foram realizados em triplicata, com excepção da análise de vitaminas. Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) para comparação, e avaliados pelo teste de Tukey com diferença significativa (p < 0,05). O programa estatístico utilizado foi SPSS (v.20)

  1. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados das análises laboratoriais dos parâmetros: humidade, densidade, conteúdo oléico, índice de acidez e proteína bruta em percentagem e índice de peróxido em miliequivalente, relativos ao óleo extraído das sementes de abóboras (Cucurbita máxima e Cucurbita moschata) constam do gráfico seguinte.

 

O Instituto de Normalização e Qualidade (2012) descreve as quantidades de nutrientes exigidas em óleos alimentares, a saber: humidade 0,2% (máximo), densidade 0,92% (máximo), conteúdo oléico 25% (mínimo), proteína bruta 12% (mínimo) e índice de peróxido 10meq (máximo).

a) Em relação a humidade: a percentagem obtida nesta pesquisa para os óleos das sementes de ambas espécies (0,146% e 0,130%) encontram-se dentro dos limites recomendados pelo INNOQ, que é de 0,2% (máximo) para humidade em óleos. Igualmente, SOUSA (2012) ao analisar a humidade em óleo extraído à frio em sementes de abóboras Cucurbita máxima, obteve um percentual de 0,165%, este valor coroborra com os obtidos na presente pesquisa.

Em outro estudo feito por NAVES, et al. (2010) ao analisar o mesmo parâmetro em óleo das sementes da Cucurbita máxima obtido pela extração mecânica pela prensagem à frio encontrou 0,56%. Este percentual encontra-se acima do obtido neste estudo e do recomendado para humidade em óleos alimentares. As diferenças nas medias podem ser explicadas provavelmente devido ao método diferenciado de extração.

b) Em relação a densidade:  obteve-se para os óleos das sementes da Cucurbita máxima e Cucurbita moschata 0,843% e 0,853% respectivamente, estes valores assemelham-se aos encontrados por AZEVEDO (2007), aquando da realização de um estudo sobre o óleo extraído das sementes de Cucurbita máxima e Cucurbita moschata onde obteve para densidade 0,918% e 0,917% respectivamente. Em adição, SOUZA (2012) encontrou 0,919% de densidade em óleo extraído das sementes da Cucurbita máxima. 

Apesar da ligeira diferença das médias em relação aos resultados da presente e de outras pesquisas, ambas estão dentro do limite recomendado   pela INNOQ, que é de 0,92% (máximo),  permitindo assim que o óleo seja considerado alimentar quanto ao parâmetro em referência .

c) Sobre o conteúdo oléico: corresponde ao rendimento do óleo extraído das sementes, VEROZONI & JORGE (2012) afirmam que para um grão ser considerado apto para a extração de óleo comercial deve apresentar mais de 25% de conteúdo oléico. Por isso, os resultados do presente estudo encontram-se dentro destas exigências, uma vez que as sementes das duas variedades apresentaram o conteúdo oléico de 34,183% para Cucurbita máxima e 38,326% para Cucurbita moschata.

Por outro lado, MURKOVIC et al. (2004) ao fazerem vários estudos sobre rendimento oleico em sementes de Cucurbita máxima utilizando como solvente extrator o hexano comprovaram haver uma variação entre 42-54%.

SANTOS et al. (2014) ao extrairem o óleo em sementes de abóbora pelo método convencional de soxhlet obteve 34,340,37%. SOUZA (2012) aplicando o mesmo método encontrou 47,81,16%.

As diferenças nas médias do conteúdo oléico pode ser justificada provavelmente por vários factores, nomeadamente: grau de maturação, métodos de extração e granometria das sementes. Contudo, tanto os valores de conteúdo oléico obtido neste estudo assim como em outros estudos estão em conformidade por apresentarem um percentual acima de 25% que é o limite mínimo estabelecido pelas entidades científicas.

d) Sobre o índice de peróxido: obteve-se para Curcubita máxima 3,193 meq e 2,030 meq para Curcubita moschata. Estes valores são inferiores dos encontrados por SOUZA (2012), que obteve 19,0081,71 meq.

AZEVEDO (2007) obteve 12,91 meq para Curcubita máxima e 10,73 meq para Cucurbita moschata, em uma análise dos resultados obtidos, sugere que ocorreram reacções de oxidação no óleo, o que é mais propício para aceleração crescente dos factores como temperatura, enzimas, luz e iões metálicos, podendo influenciar na formação de radicais livres, fazendo com que o nível de peróxido aumente.

Conforme ALFAWAZ (2014), valores do índice de peróxido encontrados pelos autores mencionados acima, são discrepantes de muitos encontrados por outros autores, incluindo os do presente estudo, que normalmente se encontram em sementes de abóbora em 0,850,45 meq à 8,500,09 meq.

Assim, o teores do índice de peróxido encontrados nesta pesquisa enquadram-se no intervalo recomendado pela INNOQ e outras entidades científicas, permitindo assim que o óleo seja inserido na dieta alimentar quanto ao parâmetro em destaque.

e) Em relação a proteína bruta: obteve-se 30,140% para Cucurbita máxima e 31,387% para Curcubita moschata. CERQUEIRA et al. (2008) estudando a composição centesimal de semente crua de abóboras obtiveram 30,9%. NAVES et al. (2010) ao fazerem estudo de nutrientes e propriedades funcionis em sementes de abóbora (Cucurbita máxima) submetidas em diferentes processamentos obtiveram 29,54%.

No parágrafo acima é notória a comparação do teor protéico de sementes de outros estudos com óleo de sementes do presente estudo. O facto deve-se à escassez de referências teóricas que relatem a componente protéica em óleos de sementes de abóboras.

Assim, com os resultados da pesquisa, pode-se concluir que o óleo das sementes de aboboras em estudo, são ricos em proteínas, permitindo a sua inserção na dieta alimentar quanto ao parâmetro protéico.

f) Sobre o índice de acidez: o índice de acidez do óleo cru obtido nesta pesquisa foi de 1,446% e 1,466% para a Cucurbita máxima e Cucurbita moschata respectivamente. Estes valores estão acima do máximo recomendado pelas entidades regulamentares que é de 0,6%. Em análise semelhante feitas por AZEVEDO (2007) sobre o óleo das sementes de abóboras das espécies Cucurbita máxima e Cucurbita moschata obteve igualmente valores acima do recomendado para este parâmetro que foi de 1,63 e 2,47 % respectivamente. 

De acordo com NAKAVOUA (2011), o índice de acidez indica a qualidade do óleo, já que valores de acidez total elevados podem indiciar uma alteração destes produtos pela formação de ácidos gordos livres, de cadeia longa, bem como de ácidos orgânicos de cadeia curta e seus aldeídos e cetonas, por acções enzimática e bacteriana, ou por alterações químicas de hidrólise ou oxidação dos acilgliceróis, conducentes à ramificação e consequente degradação do óleo.  

Com base nos resultados do índice de acidez obtidos nesta pesquisa, o óleo cru extraído das sementes de abóboras em referência torna-se impróprio para o consumo humano, havendo necessidade de refina-lo para torná-lo apropriado ao consumo. Seundo (MORETTO et al., 1998) apud (ALMEIDA, 2015), os óleos destinados ao consumo são submetidos ao processo de refino cuja finalidade é melhorar sua aparência, sabor, odor, e estabilidade por remoção de alguns componentes como ácido graxos livres, proteína, corante natural, humidade, e compostos voláteis e inorgânico

g) Em relação à vitamina A e D: A tabela abaixo ilustra os resultados qualitativos da presença de vitaminas A e D nos óleos analisados.

 

A análise qualitativa da presença de vitamina A e D no óleo das duas variedades foi determinada pela comparação da solução nos primeiros 5 segundo através do papel colorímetro que indicou para a Curcubita máxima a cor azul médio e azul carregado para Curcubita moschata significando assim a média e alta concentração respectivamente da vitamina A e D.   

O INNOQ estabece requisitos para fortificação do óleo com adição das referidas vitaminas. Entretanto, com base nos resultados desta pesquisa percebe-se que, apenas o óleo das sementes da Curcubita máxima carece desta fortificação, ao passo que para o das sementes da Cucurbita moschata não há necessidade de fortificação das vitaminas em referência. 

3.1. Análise Estatística  

Embora todos os parâmetros avaliados com excepção do índice de acídez estejam dentro dos limites indicados pela INNOQ e outras entidades científicas, houve a pertinência de avaliar a existência ou não da diferença estatística entre as médias dos parâmetros dos óleos. A valiação foi feita pela análise de variância (ANOVA) através do teste Tukey a nível de significância de 5%.

Os resultados da referida análise contam da tabela abaixo. Segundo os quais, observou-se não existir diferença significativa para os parâmetros: humidade, densidade e índice de acidez. Assim mostrando existência de diferença significativa para os parâmetros: conteúdo oleico, índice de peróxido e proteína bruta.

 

4. CONCLUSÃO

  • Óleo crú extraído das sementes de abóboras Cucurbita máxima e Cucurbita moschata, apresentou 83,3% dos parâmetros avaliados dentro dos limites recomendados pela INNOQ e outras entidades científicas, nomeadamente: humidade, densidade, conteúdo oléico, índice de peróxido e proteína bruta. Porém, o índice de acidez cituou-se acima dos limites, fazendo com que o óleo não se considere próprio para o consumo humano antes da refinação;
  • A comparação das médias dos parâmetros nos óleos das duas variedades monstrou exitência de diferença significativa em relação ao conteúdo oleico, índice de peróxido e proteína bruta. Igualmente, monstrou a inexistência de diferença significativa entre os parâmetros humidade, densidade e índice de acidez.
  • O óleo das sementes da Cucurbita máxima carece da fortificação de vitaminas A  e D e o de Cucurbita moschata apresenta níveis aceitáveis destes componentes.

5. RECOMENDAÇÕES

  • Que as entidades de pesquisa façam estudos de refinação do óleo extraído das sementes de abóbooras Cucurbita máxima e Cucurbita moschata, com vista a reduzir o índice de acidez e quiça torna-lo apto para o consumo humano;
  • Que se se desenvolvam pesquisas ligadas a identificação de outras vitaminas e quantificação das vitaminas A e D presentes no óleo das sementes de abóboras Cucurbita máxima e Cucurbita moschata.

6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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