RESUMO: Objetivo: descrever através de análises sobre como se dá a utilização da sistematização da assistência de enfermagem como ferramenta de trabalho pelos enfermeiros dos centros de atenção psicossocial. Método: revisão integrativa da literatura de artigos completos, publica dos no período entre 2013 a 2017 e disponíveis no idioma português.

Resultados: Os benefícios incluem inúmeros parâmetros e podem ser incluídos tanto os pacientes/usuários dos CAPS como tanto os enfermeiros que atuam na unidade. Conclusão: Diante da carência de estudos na área de saúde mental, o enfermeiro deve fazer uso da ferramenta que possui para que continue desmistificando a área em questão e cada vez mais distribuindo vantagens a todos os envolvidos. 

Descritores: Enfermeiro, Sistematização da Assistência de Enfermagem, Benefícios, Centro de Atenção Psicossocial.

 

  1. INTRODUÇÃO

 

Houve um tempo em que os indivíduos com qualquer tipo de transtorno mental e/ou sujeitos que não se adequassem ao que o sistema lhe impunha, eram banidos da sociedade de maneira impiedosa e insolente, prejudicando o bem estar e favorecendo o agravamento e adoecimento geral destes indivíduos (TENÓRIO, 2002).

Em meados de 1970 a psiquiatria foi colocada em pauta após varias denuncias por parte dos trabalhadores da área da saúde e também após sucessivos movimentos reivindicando uma reorganização do modelo de privatização existente na época. Modelo este, que até então, consistia em uma atenção manicomial, método proposto no século XVII por Phillippe Pinel, que consistia em uma instituição onde somente eram admitidos portadores de distúrbios mentais. (BEZERRA, 2007).

A partir da década de 70, vários episódios aconteceram a fim de eliminar a cultura dos manicômios. Em 1987 aconteceu a I Conferência Nacional de Saúde Mental, com a intenção de melhor adequar os recursos investidos em serviços extra hospitalares, bem como opor-se a cultura hospitalocêntrica. Ainda no mesmo ano, realizou-se o II Congresso Nacional do Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM), que atuou com o lema “Por uma sociedade sem manicômios”.

Mesquita et al (2010) afirma que o processo da Reforma Psiquiátrica divide-se em duas fases: a primeira de 1978 a 1991 que compreende uma crítica ao modelo  hospitalocêntrico, enquanto a segunda, de 1992 aos dias atuais destaca-se pela implantação de uma rede de serviços extra hospitalares.

Foram vários movimentos e manifestações que ocorreram com o mesmo intuito, dentre eles destacam-se, a VIII Conferência Nacional de Saúde em 1986, a 1ª Conferência Nacional de Saúde Mental em 1987, a 2ª Conferência Nacional de Saúde Mental em 1992, culminando na 3ª Conferência Nacional de Saúde Mental no ano de 2001. Porém, somente em 1989, um ano após a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) os propósitos ganharam engajamento maior quando o deputado Paulo Delgado (PT/MG) deu entrada em um Projeto de Lei no Congresso Nacional Brasileiro (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015).

Após doze anos da representação do projeto, e muita luta, a Lei nº 10.2016 passou a ser vigorada no ano de 2001, sendo a responsável pela reforma psiquiátrica em âmbito nacional. A Luta Antimanicomial possibilitou o desenvolvimento de pontos extremamente importantes para a desinstitucionalização da loucura (MESQUITA et al, 2010).

De acordo com a Lei nº 10.2016 de 6 de abril de 2001, a assistência em saúde mental teve um novo redirecionamento onde, os pacientes com transtornos mentais puderam ter um melhor acompanhamento, porém ainda não extinguia completamente os manicômios. Visto de outra forma, a regularização impulsionou o cenário atual de maneira significativa, pois a partir de então foram desenvolvidos e executados vários outros projetos de atenção ao paciente psiquiátrico. Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) constituem a principal estratégia do processo de Reforma Psiquiátrica (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015).

Com as mudanças propostas pela Reforma Psiquiátrica, o enfermeiro, se vê diante da necessidade de constante atualização e aprimoramento de suas habilidades técnicas e teóricas. O cuidado em Saúde Mental exige um olhar diferenciado aos sujeitos, compreendendo o sofrimento psíquico como um processo composto por fatores subjetivos, os quais são individuais e influenciados pelos contextos sociais em que os indivíduos encontram-se inseridos: tradições familiares, hábitos, costumes e crenças (SILVEIRA et al, 2011).

Com a reforma psiquiátrica, o objetivo de promover mais comodidade ao paciente e reinseri-lo na sociedade, ganhou cada vez mais espaço na sociedade. Assim, inúmeros projetos foram desenvolvidos, resultando no maior êxito até o momento, a estruturação dos Centros de Atenção Psicossociais - CAPS (TENÓRIO, 2002).

Os CAPS nas suas diferentes modalidades são pontos de atenção estratégicos da Rede de Atenção Psicosocial (RAPS): serviços de saúde de caráter aberto e comunitário constituídos por equipe multiprofissional que atua sob a ótica interdisciplinar e realiza prioritariamente atendimento às pessoas com sofrimento ou transtorno mental, incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, em sua área territorial, seja em situações de crise ou nos processos de reabilitação psicossocial e são substitutos ao modelo asilar (BRASIL, 2015)

Diante desse contexto o enfermeiro é um dos profissionais da equipe multidisciplinar que realiza as atribuições mais operacionais: o processo de enfermagem, que consiste na Sistematização da Assistência de Enfermage (SAE) (SILVEIRA et al, 2011). A SAE é o modelo metodológico ideal para que o enfermeiro aplique seus conhecimentos técnico-científicos na prática assistencial, favorecendo o cuidado e a organização das condições necessárias para que ele seja realizado (MATOS, 2012).

O processo de enfermagem é elaborado com conhecimento técnico e prático, de maneira que contenha todas as informações a fim de aprimorar o cuidado do paciente e também, organizar as atividades do enfermeiro. O Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), através da Resolução nº 358 de 2009 regularizou a implementação da utilização da SAE em ambientes onde exista a prestação de cuidados de enfermagem. O processo se constitui de cinco etapas inter-relacionadas, interdependentes e recorrentes: Coleta de dados de Enfermagem,  Diagnóstico de Enfermagem, Planejamento de Enfermagem, Implementação e  Avaliação de Enfermagem.

Apesar de alguns profissionais serem resistentes diante da sua execução, este deve ser um processo executado, pois aperfeiçoa o tempo de serviço da equipe, garante um atendimento holístico ao paciente e também assegura toda a equipe de possíveis intercorrências. Julga-se o profissional de enfermagem como sendo aquele quem possui maior contato com a classe de pacientes portadores de algum tipo de distúrbio psíquico, sendo assim, será o mais capacitado para diagnosticar possíveis avanços e regressos na recuperação dos indivíduos assistidos (SILVEIRA et al, 2011).

Essa assistência na maioria das vezes é realizada em CAPS, onde o paciente não possuirá uma internação fixa, mas sim um acompanhamento por equipe multidisciplinar, pela qual realizará uma continua avaliação do estado de saúde desse paciente, e irá elaborar um plano de cuidados baseados nas principais necessidades do usuário (SILVEIRA et al, 2011).

Nesse contexto, o enfermeiro possui um papel fundamental na promoção da saúde e prevenção de doenças, como educador, para orientação da comunidade sobre os problemas de saúde que mais afetam cada tipo de população. Segundo a Lei n° 7.498 de 25 de junho de 1986, art. 11, inciso II, alínea “j”, compete privativamente ao enfermeiro como integrante da equipe de saúde a educação visando à melhoria de saúde da população. Sabe-se também que compete ao enfermeiro a consulta de enfermagem, a prescrição da assistência de enfermagem e os cuidados diretos ao paciente (BRASIL, 1986).

Diante da importância de se oferecer aos pacientes em tratamento de algum tipo de transtorno mental, uma assistência sistematizada, pautando-se nos princípios do processo de enfermagem, entende-se ser importante identificar diagnósticos de enfermagem nestes pacientes em tratamento, como subsídios para a elaboração de planos de cuidados e, assim, contribuir para um melhor atendimento das necessidades dos mesmos em relação aos cuidados recebidos nas instituições.

É preciso que o enfermeiro esteja disposto a aprimorar todo o conhecimento que lhe for oferecido, de modo á estar sempre se atualizando. Os usos de alguns instrumentos corroboram de maneira significativa para a melhoria da assistência prestada. Vale ressaltar que a enfermagem possui fatores que visam à melhoria da assistência, como a sistematização da assistência de enfermagem, sua utilização é notável as potencialidades do enfermeiro e também são melhores compreendidas, há uma apropriação de qual é realmente seu papel, já que se trata de uma atuação não submissa à de outros profissionais.

Trata-se necessário descrever através de análises sobre como se dá a utilização da Sistematização da Assistência de Enfermagem como ferramenta de trabalho pelos enfermeiros dos centros de atenção psicossocial.

 

           

  1. DESENVOLVIMENTO

 

A competência da liderança do enfermeiro é fundamental para o processo da assistência, pois o sucesso das organizações relaciona-se com a capacidade do líder em influenciar as pessoas, a fim de possibilitar o trabalho de maneira coletiva, no intuito de alcançar a implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE).

 

  1. A liderança do enfermeiro e suas implicações

 

O enfermeiro, inevitavelmente, desenvolverá a habilidade de liderança, independentemente de suas características pessoais, afinal desde o período de sua graduação, o ele é treinado e orientado para ser um líder nato. Porém liderança é algo mais afundo do que simples explicações (GOIS, 2015).

Influenciar pessoas é um fator que deve estar nitidamente no papel do enfermeiro, seja ele de assistência, gerencia ou em qualquer outro cargo ou função. O intuito dessa liderança deve ter sempre em mente o produto final que é o bem estar do paciente, família e coletividade.

O trabalho do enfermeiro está submetido ao resultado de toda uma equipe multiprofissional, não somente a equipe de enfermagem. Esse fator resulta em dedicação exclusiva ao papel de líder.

Uma boa liderança deve construir situações favoráveis aos colaboradores da equipe visando o bem estar final do paciente, para isso o enfermeiro deve ter pulso firme em momentos que condizem e por outro lado deve ser maleável a ponto de usar da empatia para solucionar problemas eventuais. A equipe de trabalho deve contar sempre com fatores estimulantes, ambiente agradável para que a finalidade de seu trabalho seja alcançado.

Uma liderança desempenhada de forma inadequada, ou não efetiva resulta em danos diretos ao paciente. Afinal a equipe não cumprirá as solicitações do líder, não terá comprometimento com a assistência adequada, e por fim resultará em situação alarmante criada em cadeia.

O enfermeiro deve firme e direto em suas solicitações, tratando todos com respeito e dignidade, fazendo isso será possível desenvolver a enfermagem com amor e pautado no respeito buscando sempre, e fazendo uso de técnicas disponíveis para aprimorar, agilizar e aperfeiçoar a assistência direta ao paciente.

Diante da necessidade de uma boa liderança para excelência no cuidado ao paciente através de meios para melhorar esta assistência, surge o interesse em identificar através de evidencias cientificas quais os benefícios para profissionais e pacientes identificados através da utilização da Sistematização da assistência de enfermagem nos Centro de Atenção Psicossocial.

 

 

 

 

  1. MATERIAIS E MÉTODOS

 

 

Trata-se de uma revisão bibliográfica, cuja coleta de dados ocorreu em fontes disponíveis online. A busca foi realizada, durante os meses de Novembro de 2017 a Fevereiro de 2018.

Segundo Engel 2009 a revisão bibliográfica busca expor resumidamente as principais ideias já discutidas por outros autores que trataram do problema, levantando críticas e dúvidas, quando for o caso. Ainda conceituando a metodologia a autora afirma que  é um método amplo que permite a inclusão de literatura teórica e empírica, bem como outros estudos com abordagens quantitativas e/ou qualitativas. Em outras palavras, o referido método permite atualizar as discussões relacionadas a um tema específico, a partir da síntese de estudos publicados.

 

 

 

  1. RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

  1. Perfil dos estudos

 

 

Dos 10 (dez) artigos encontrados e utilizados para a construção dos resultados, todos foram divulgados em diferentes periódicos nacionais. Todos são específicos da enfermagem. Os periódicos com maiores números de publicações foram as Revista Brasileira de Enfermagem e a Revista latino-americana de enfermagem, o período com maior número de publicação foi aquele compreendido entre 2014 e 2015 (seis artigos). Em relação à autoria dos estudos todos são exclusivamente de enfermeiros.

 

 

  1.  

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Benefícios voltados aos profissionais

 

Quadro 01: Benefícios existentes aos profissionais ao utilizarem a SAE.

Referência

Objetivo

Tipos de estudo

Resultado

Oficinas Educativas e a Sistematização da Assistência de Enfermagem

em Saúde Mental.

 

PAULA, NATÁLIA; GONÇALVES, ALDA (2013).

 

  5.

Apresentar os resultados da investigação sobre a aplicação dessas oficinas educativas, destacando a sua aplicabilidade na implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) em saúde mental.

Investigação baseada na análise de registros.

Oficinas educativas fazem parte de uma lista das mais variadas estratégias terapêuticas que podem ser incluídas

nas intervenções de Enfermagem, pois possibilitam o atendimento de demandas gerais ou específicas de um ou mais diagnósticos de Enfermagem definidos de acordo com a SAE.

Sistematização da assistência de enfermagem em unidade de internação psiquiátrica.

 

TOLEDO, VANESSA ET AL (2015).

 

 

Objetivou-se elaborar um instrumento para sistematizar a assistência de enfermagem numa unidade de internação psiquiátrica de um hospital geral.

Relato de experiência.

A utilização de um instrumento para sistematizar a assistência de enfermagem numa unidade de internação psiquiátrica permite à enfermeira a tomada de decisões, bem como oferece subsídios para o estabelecimento dos diagnósticos, resultados esperados e ações de enfermagem que sustentam a avaliação do cuidado integral.

Proce’sso de Enfermagem no cotidiano do enfermeiro nos Centros de

Atenção Psicossocial.

 

LOPES, PAULA (2014).

 

 

Objetivou-se compreender a realização do processo de Enfermagem no cotidiano do enfermeiro que atua em Centros de

Atenção Psicossocial.

Estudo qualitativo com dados coletados por meio de entrevistas semiestruturadas.

A sistematização da assis­tência de Enfermagem organiza o trabalho profissio­nal, tornando possível a implementação do processo de Enfermagem; são

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complementos e não sinônimos perfeitos.

Resgatando ações de enfermagem psiquiátrica e saúde mental na

Produção científica.

 

Kantorski, Luciane (2012).

.

Conhecer algumas ações de enfermagem psiquiátrica e saúde mental a partir de um resgate da produção científica da área.

Estudo bibliográfico.

Já nos CAPS, embora ainda permeados de contradições por serem serviços relativamente

recentes no contexto brasileiro, há uma teia de

possibilidades de atuação do profissional de enfermagem, que vai desde o acolhimento até a participação política nas decisões que envolvam o campo da saúde mental.

O Processo de Trabalho da

Enfermagem no CAPS III de Campinas a partir da Clínica Ampliada e

Compartilhada.

 

MATTOS, NARA (2016).

 

 

Identificar as ações e práticas que caracterizam o trabalho desenvolvido pelas Enfermeiras que atuam nos Centros de Apoio

Psicossocial.

Abordagem qualitativa de caráter exploratório.

O campo permite que a enfermeira se coloque na assistência, na articulação dos casos, em contato com o território, em contato com outros setores sociais, na gestão da clínica quando desenvolve a função de referência dos casos, quando constrói e consolida os projetos terapêuticos.

Fonte: Autoras (2018).

 

Em conformidade com as afirmações das autoras Natália & Gonçalves (2013) é possível identificar que as ações por elas realizadas em suas oficinas favoreceram um novo olhar para as atitudes que estavam sendo impostas mediantes estratégias de cuidados. Ficou reforçada a necessidade constante de aperfeiçoamento para que, de maneira segura e integra a assistência ao paciente seja eficaz e efetiva. A Sistematização da Assistencia de Enfermagem vinha sendo desenvolvida de maneira indiscriminada e sem fundamentação cientifica, após a discussão esboçando os resultados obtidos os enfermeiros se reafirmaram e se estimularam a comprometer-se, pois compreenderam que aperfeiçoa o tempo e facilita ações de assistência.

 

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Por mais deliberado e organizado que se possa parecer o processo de enfermagem, a sobrecarga de trabalho e casos novos a todo instante resultam em dificuldade em interpretar os dados e determinar as ações necessárias. As autoras Toledo et al (2015) identificaram fatores que culminam para esse ponto crucial. Para elas a elaboração de um material previamente elaborado pensando nas necessidades comuns dos pacientes que frequentam os CAPS seria a resolução de grande parte das dificuldades dos enfermeiros. Ao realizar a SAE o enfermeiro requer de tempo e habilidade, porém com esse método criado por elas – um instrumento de coleta, resultou em otimização do tempo sem deixar de realizar nenhuma parte da SAE, realizando assim o processo adequado para a assistência de maneira integra.

Lopes (2014) afirma que a SAE é “um conjunto de ações executadas face ao julgamento sobre as necessidades do paciente, família ou coletividade humana” em conformidade com essa afirmação o autor julga ser necessário a separação entre processo de enfermagem e SAE, onde cada uma das ações tem sua utilidade dentro da assistência prestada ao paciente. Sabendo reconhecer e fazer uso da forma adequada, a SAE é grande aliada e importante para solucionar e evoluir positivamente os casos existentes sob supervisão do enfermeiro em questão.

Desde a reforma sanitária o enfermeiro vem assunto papel fundamental na assistência ao paciente psiquiátrico, diante disso alguns autores estão sempre a reforçar o quão importante se faz um instrumento de trabalho, esta afirmação é reforçada pela autora Kantorski (2012), que ainda classifica as atividades dos CAPS mais complexas e intensas do que as próprias realizadas em grandes hospitais psiquiátricos.

Para uma assistência adequada a SAE em todas as suas etapas deve ser feita minuciosamente e com dedicação, porem alguns pacientes devido a agitação ou demais intercorrências existentes impossibilitam a realização de alguma etapa pela enfermeira. A situação encontrada pela autora Mattos (2016) foi que apesar de todas as dificuldades encontradas ao implementar e fazer uso da SAE, elas ainda à utilizavam devido a qualidade no atendimento que ela proporcionava, pois com seu uso conseguiam organizar suas ações e planejar seus planos terapêuticos de maneira individualizada, com respeito e equidade.

 

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O desfecho dos benefícios voltados aos profissionais se dá, quando é possível depararmos-nos com a persistência de profissionais que mesmo diante das dificuldades encontradas no dia a dia não desistem de fazer uso desse instrumento de trabalho. A SAE é exclusivamente da enfermagem com partes exclusivas do enfermeiro, é um direito que foi conquistado ao longo de muitos anos, por isso, de maneira imprescindível ela deve deixar de ser realizada.

 

  1. Benefícios voltados aos pacientes

 

Quadro 02: Benefícios existentes aos pacientes ao utilizarem a SAE.

Referência

Objetivo

Tipo de estudo

Resultado

Sistematização da assistência de enfermagem à criança e ao adolescente em sofrimento psíquico.

 

MONTEIRO, ANA ET AL. (2015)

 

 

Elencar cuidados baseados na SAE para crianças e adolescentes em sofrimento psíquico, fundamentados na teoria da recuperação em saúde.

Estudo descritivo exploratório, com abordagem qualitativa.

Com a aplicação da sistematização da assistência de enfermagem (SAE), os enfermeiros vêm, de forma singular e diferenciada, buscando promover uma reintegração dessas pessoas com transtornos mentais na sua própria família e sociedade

Sistematização da assistência de enfermagem psiquiátrica em um serviço de reabilitação psicossial.

 

TOLEDO, VANESSA (2014).

 

 

Enfatizar a importância da SAE, também na área de saúde mental, como um recurso a mais para aprofundar o conhecimento das condições físicas  e emocional do paciente em busca de reabilitação social.

Abordagem qualitativa.

A SAE e o modelo de abordagem do paciente adequado para os padrões humanos têm se mostrados positivos, dai a necessidade de utilizar cada vez mais dessa ferramenta.

Ações realizadas pelo enfermeiro em Centros de Atenção Psicossocial.

 

LUZ, VERA (2014)

 

 

Identificar e discutir as ações realizadas pelo enfermeiro em Centros de Atenção Psicossocial.

Estudo qualitativo.

Evidenciou-se que a atuação do enfermeiro é fundamental no serviço, pois contribui para melhorar a qualidade da assistência,

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oferecendo atendimento diferenciado com acolhimento, cidadania e respeito a sua individualidade.

Assistência de enfermagem na saúde mental com elaboração de um plano de cuidados.

 

MESQUITA, KEYSSE (2015).

 

Evidencia 5.

Identificar diagnósticos de enfermagem de uma pessoa com transtorno mental atendida num Centro de Atenção Psicossocial.

Levantamento de dados primários.

A ação do enfermeiro deve ser deliberada e sistemática, com o intuito de promover o autocuidado para os clientes de todas as idades.

Assistência de enfermagem às pessoas com transtorno

Psicótico.

 

ZAPPATERRA, FERNANDA (2012).

 

 

Analisar o que a literatura descreve acerca da

assistência de enfermagem às pessoas portadoras de transtorno psicótico.

Pesquisa bibliográfica, realizada por meio do levantamento da produção científica.

Levando em conta que os CAPS são os serviços estratégicos na rede de atenção à saúde mental para implementação das novas propostas de assistência psiquiátrica, observa-se que é vasta a literatura sobre a atuação das

equipes dos CAPS, que contempla o profissional enfermeiro.

Fonte: Autora (2018).

 

Em conformidade com a afirmação da autora Monteiro et al (2015) a qualidade da assistência de enfermagem é eficaz quando em consonância com medidas adequadas que visem a promoção da saúde do cliente em questão. Os pacientes vêm se beneficiando com o método de julgamento clínico voltado individualmente para cada paciente, isso favorece a atenção ao mesmo e previne futuros agravos visto que já se conhece os fatores intervenientes ao adoecimento.

As informações adquiridas do paciente por meio de uma das etapas da SAE caracteriza uma fonte de informações que direciona e individualiza as ações voltadas ao cuidado do paciente (TOLEDO, VANESSA 2014). Esse critério favorece, estimula e orienta o enfermeiro em uma assistência mais segura e livre de danos.

 

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A sociedade vive em um meio onde tudo deve ser realizado com agilidade e excelência, o atendimento ao paciente com transtorno mental deve atender rigorosamente à esses critérios devido a urgência de sua assistência, como tentativa de obter tal fato, a reforma psiquiátrica buscou agilidade no atendimento para melhor acolher o paciente, o CAPS sendo reflexo dessa desinstitucionalização pode atuar com ferramentas que visam essa agilidade. Para Vera (2014) a SAE deve ser implantada em todas as unidades conforme rege a resolução COFEN 358/2009, os pacientes adquirem mais individualidade e respeito, visando à melhora e estagnação do seu quadro clinico.

Sintetizando o relato de Keysse (2015) a valorização da pessoa humana deve estar acima de qualquer outro valor institucional. Para tanto as medidas devem ser estimuladas e aprimoradas pela equipe, pois somente assim o paciente será o centro do cuidado, deixando de lado todos os demais fatores intervenientes quando ao sucesso do seu tratamento.

Aspecto relevante para o tratamento do paciente psiquiátrico no CAPS é o poder, a autonomia do enfermeiro, segundo Zappaterra (2012) as margens de melhora quando a equipe favorece e executa as ações determinada pelo enfermeiro, são enormes. Isso reflui na assistência prestada ao paciente de maneira eficaz.

O paciente psiquiátrico requer atenção individualizada e de maneira desistitucionalizada, o CAPS favorece esses requisitos, e juntamente com a execução da SAE o paciente se beneficia com o tratamento individualizado, criterioso e adequado ao seu quadro clínico.

 

 

  1. CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Considerando os limites desse estudo, a complexidade e a relevância do tema, acredita-se que é necessário maior aprofundamento no assunto. Contudo, conclui-se que a assistência de enfermagem aos pacientes psicóticos é uma via de benefícios para todos os envolvidos, pois não somente o profissional enfermeiro se favorece de meios onde a agilidade  e a complexidade podem caminhar juntos, mas também os pacientes que buscam o atendimento nos CAPS pois é possível receber um atendimento individualizado e integro, livre de intercorrências.

Existe apenas uma ressalva que afirma que é  necessário que o enfermeiro esteja em constante aperfeiçoamento para que seja viável a utilização dessa ferramenta de trabalho,

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pois somente diante do empoderamento do enfermeiro é que a assistência de enfermagem será executada corretamente.

  1.  

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REFERÊNCIAS

 

ABREU M.; BAPTSTA P.; BORGES E.; FELLI V. QUEIRÓS C.; SILVA.  Relação entre resiliência e burnout: promoção da saúde mental e ocupacional dos enfermeiros. Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental. Porto-Portugal. n. 16, dez. 2016. Disponível em: <  http://www.scielo.mec.pt/pdf/rpesm/n16/n16a06.pdf >. Acesso em: 17 nov. 2017.

 

BECK C. L. C.; LAUTERT L.; MAGNAGO T. S. B. S.; PRESTES F. C.; SILVA R. M.; TAVARES J.P.  Prevalência de distúrbios psíquicos menores em
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BEZERRA, JRB. Desafios da reforma psiquiátrica no Brasil. Rev. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 17(2):243-250, 2007.

 

BRAGA A.L.S; CORTEZ E.A; DUTRA V.F.D; PAULA G.S; REIS J.F; SILVINO, Z.R.O sofrimento psíquico do profissional de enfermagem. Revista online de pesquisa: Cuidado é fundamental. Rio de Janeiro, Ed. Supl., jan/mar p. 33-36, 2012. Disponível em: < http://www.seer.unirio.br/index.php/cuidadofundamental/article/view/1664>. Acesso em: 22 set. 2017.

 

BRASIL. LEI 10.216 DE 6 DE ABRIL DE 2001. Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. [legislação da internet]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10216.htm Acesso 30 de outubro de 2017.

BRASIL. LEI 10.216 DE 6 DE ABRIL DE 2001. Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. [legislação da internet]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10216.htm Acesso 30 de outubro de 2016.

 

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CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Atualiza e estabelece parâmetros para o Dimensionamento do Quadro de Profissionais de Enfermagem nos serviços/locais em que são realizadas atividades de enfermagem. Resolução COFEN 543/2017. Disponível em: < http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-5432017_51440.html > Acesso em 14 de agosto de 2017.

 

CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Dispõe sobre a sistematização da assistência de enfermagem e a implementação do processo de enfermagem em ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de enfermagem, e dá outras providências. Resolução n° 358, de 15 de outubro de 2009. In: Conselho Federal de Enfermagem [legislação na internet]. Brasília; 2009. [citado 2009 out 15]. Disponível em: < http: // www.portalcofen.gov >. Acesso em: 26 de setembro de 2017.

 

CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Dispõe sobre a sistematização da assistência de enfermagem e a implementação do processo de enfermagem em ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de enfermagem, e dá outras providências. Resolução n° 358, de 15 de outubro de 2009. In: Conselho Federal de Enfermagem [legislação na internet]. Brasília; 2009. [citado 2009 out 15]. Disponível em: < http: // www.portalcofen.gov >. Acesso em: 26 de setembro de 2016.

 

ENGEL, Tatiana. Métodos de pesquisa - UAB/UFRGS e pelo Curso de Graduação Tecnológica – Planejamento e Gestão para o Desenvolvimento Rural da SEAD/UFRGS. – Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009.  Disponível em < http://www.ufrgs.br/cursopgdr/downloadsSerie/derad005.pdf > Acesso em 27 de janeiro de 2018.

 

 

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MATOS MESQUITA, J.F.; NOVELLINO, M. S. F.; CAVALCANTI, M. T. A reforma psiquiátrica no Brasil: um novo olhar sobre o paradigma da saúde mental. Anais XVII Encontro Nacional de Estudos Populacionais. MG – Brasil, 2010.

 

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[1]Enfermeira. Email: [email protected]