Autor: JOSÉ RIBEIRO DOS SANTOS Mestrando em Ciências da Educação pela Universidad Politécnica y Artística Del Paraguay. Professor dos cursos de pós-graduação da Faculdade Associada Brasil. Contato: e-mail:[email protected]

ANÁLISE DO TEXTO DISSERTATIVO DO DOCUMENTÁRIO “PRO DIA NASCER FELIZ”

São Paulo,

2016.

1 INTRODUÇÃO

O documentário "Pro Dia Nascer Feliz", dirigido por João Jardim, aborda temas relevantes como as desigualdades na educação brasileira, mostrando os dramas e as dificuldades dos professores e jovens de algumas regiões do Brasil. É alarmante e assombroso a realidade que todos negam ver.  O documentário traz a grande ideia de mostrar os relatos de alunos e educadores de como é a realidade das escolas públicas e privadas que existem nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco.

 Os professores das escolas públicas são sujeitos a educar em condições precárias desde falta de água; de segurança; transporte; falta de verbas; até casos de violência.     Apesar de inúmeros problemas, existem pessoas que acreditam e lutam por um futuro melhor por exemplo Douglas, que encontrou no grupo de música (iniciativa de uma professora), uma ocupação para se distanciar das más influências.

A sabotagem educacional, é outro fator retratado ao longo do documentário o conselho aprovava alunos que não estariam em condições de seguir em séries seguintes, é o caso do aluno Douglas, alguns professores queriam aprovação do aluno alegando que uma reprovação seria ariscado pois o aluno entraria de vez no mundo da marginalização, e que ele estava indo bem no grupo de música, por outro lado alguns professores alegavam quem não tinham condições de aprova-lo pois seu rendimento era insatisfatório para seguir adiante.

 A falta da participação familiar e o desinteresse dos alunos também é constante, eles usam o ambiente escolar como lugar para seus interesses, tais como: namoricos, conhecer novas pessoas, marginalização, passando maior parte do tempo fora da sala de aula, o que é claramente prejudicial ao seu desenvolvimento.    

 Uma das cenas mais marcantes é a entrevista realizada com uma das alunas da escola do estado de Pernambuco a aluna de grande potencial, pois tem o hábito de ler grandes escritores e a própria produz magníficos  poemas, mas quando chega à escola não tem o seu talento reconhecido pelos professores por que os professores achavam que não era obra de sua autoria e sem falar, da grande dificuldade que não só ela, mas, como  todos os estudantes daquela cidade enfrentam todos os dias, pois a escola é distante muitos estudantes teriam que pegar ônibus para irem a Escola e a maioria das

 Vezes o ônibus disponibilizado pela prefeitura vivia quebrado e a infra-estrutura do prédio da escola em condições precária.

Professores e alunos desinteressados e faltosos.  havia uma excessiva falta de professores, que resultava diversas vezes em que os alunos eram liberados mais cedo, porque não teriam mais professores para dar aula. Uma funcionária da escola desabafa diante das filmadoras que não acreditava mais na educação. Relato de uma coordenadora de que nas sextas-feira dificilmente teriam professores na escola e que as aulas seriam eventualmente substituída por professores eventuais e mesmo assim não tinham os tais professores e os alunos eram dispensados mais uma vez, os relatos de alunos mostram seus medos e até sues envolvimentos com o crime e drogas.

Ao desenrolar das tramas, percebemos também que os problemas estão presentes em todos os lugares, nas diversas regiões do país eles se diferenciam  um pouco um do outro, devido às oportunidades que cada um tem, mas no final o problema de todos leva a um só destino o macabro insucesso escolar.

Os professores também em suas entrevistam relatam seus receios à falta de respeito por parte dos alunos, a falta de interesse dos próprios alunos. Os excessos, xingamentos e deboches. O Documentário focaliza o aluno e mostra o professor tal qual ele é: na escola dos pobres, um trabalhador na vida precária tão vitimada quanto os alunos e impotente diante do caos em que se vê imerso.

Já em uma Escola privada em São Paulo a realidade é outra, uma escola para jovens da elite mostra também depoimentos de alunos falando da ideia que tem sobre pobreza, seus objetivos na escola e na vida. O filme mostra explicitamente o abismo existente na educação brasileira, mostrando as diferenças existentes em cada região do país e cada classe social.  Em um dos depoimentos de uma estudante de classe média ela desabava em choro que dizia estar sofrendo porque muitos a julgam de estudiosa demais, e com isso ela nem namora mais.

Veja está aí a grande diferença entre pobres e ricos, enquanto o pobre tem que se preocupar com o que vai comer mais tarde, com que dinheiro vai tirar Xerox para o trabalho que o professor passou em sala de aula ou como vai embora para casa se não tem o dinheiro da condução e a violência predomina no bairro onde ele mora.

Enquanto isto um estudante de classe média alta fica se lamentando por preocupações supérfluas, como o que as pessoas dizem sobre ele, qual status deve ter quando formar. Mesmo assim o problema do insucesso da educação não some nestes lugares privilegiados, onde não faltam recursos materiais para uma excelente educação tão almejada, as notas continuam sendo baixas porque os alunos se interessam por outras coisas, não por estudar.

Vários alunos dessa escola justificam suas notas ruins, por problemas familiares, como carência, falta de um abraço dos pais, ou até mesmo o fato de seus pais não morarem juntos mais. Outros dizem ficar perturbados com o processo de estudo, por se sentirem pressionados ou cobrados excessivamente pelos pais ou por si próprios, causando uma série de perturbações e prejudicando suas notas.

No inicio do documentário ao fundo ouvimos uma funcionária da escola do estado de Pernambuco falando da verba que o governo manda, metade são para pagar impostos. Em destaque na tela alguns dados estatísticos que entre outras, nos traz a informação de que 97% do jovem brasileiro hoje estão na escola, mas  poucos conseguem o diploma do 2° grau e menos ainda, poucos conseguem entrar numa faculdade. O governo não tem interesse na qualidade e sim na quantidade de alunos aprovados. O documentário deixa claro que existe uma maquiação dos dados, onde os professores se veêm obrigados a aprovar o aluno sem o devido mérito. Evitando assim o preenchimento de relatório justificando o por que reprovou o aluno em sua disciplina, é mais cômodo para o professor passar o aluno sem saber, do que justificar o não saber do aluno que levou a sua reprovação.

 Enquanto o Brasil não adotar políticas públicas educacionais e não criar um vínculo entre a aptidão do professor e a sociedade em que ele está inserido (isto é a sua realidade), o comprometimento do governo e a responsabilidade dos pais, não poderá se pensar em um ensino de qualidade, é preciso promover debates que envolva toda a sociedade.