ANÁLISE DE DIÁLOGOS NOS CONTOS POPULARES MOÇAMBICANOS

Por João Samuel | 31/07/2024 | Contos

1 ANÁLISE DE DIÁLOGOS NOS CONTOS POPULARES MOÇAMBICANOS Por: João Samuel1 Introdução O presente trabalho visa fazer uma análise de diálogos nos contos populares moçambicanos; portanto, selecionamos aleatoriamente os seguintes contos: a esperteza do coelho; o burro, o leão e o coelho; e, a mulher e a hiena. O objectivo é analisar os diálogos e as relações de poder entre as várias personagens nos três contos selecionados. O método é bibliográfico que segundo Gil (2002:27) é desenvolvido com base no material já elaborado, principalmente de livros e artigos científicos. Neste contexto, os contos em alusão foram retirados do livro de contos populares moçambicanos organizado por Eduardo Medeiros. Importa salientar que os contos populares moçambicanos nas zonas sul, centro e norte de Moçambique são traduções literais de contos tradicionais na língua e dialecto de origem, isto é, o conto surge no campo semântico da língua bantu, com diferenças socioculturais. Os contos populares moçambicanos estão inseridos nos contos africanos da literatura oral que servem de guião de um contador para compor a sua versão de acordo com o público e com os objectivos a atingir. Os contos em análise (a esperteza do coelho: páginas 65-68; o burro, o leão e o coelho: páginas 77-82; e, a mulher e a hiena: páginas 83-90) são de tradição oral e assumem um papel estruturante de determinadas concepções culturais e ideológicas, com uma narração mais fixa, transmitida integralmente de geração para geração. Para além da introdução, o trabalho está dividido em: breve resenha, onde fazemos referência à síntese de aspectos essenciais ligados ao conteúdo; análise de diálogos construídos, onde referenciamos às conversações, relações de poder e marcadores nos três contos; considerações finais, onde trazemos todas as ilações sobre o desenrolar do trabalho; e, as referências bibliográficas, onde mencionamos todas as obras consultadas. 1PhD. em Línguas, Culturas e Sociedade, docente afecto à Faculdade de Educação na Universidade Licungo – Quelimane. 2 1.1. Breve resenha Em poucas palavras, Conto é um gênero textual marcado pela narrativa curta, escrita em prosa e de menor complexidade em relação aos romances. Segundo LEAL (1985:12) “O conto popular é uma expressão que pertence ao contexto de sonho e fantasia, de magia e de mistério; ele é parte da fala do povo, um canto harmonioso dirigido ao mistério das coisas”. Quando pretendemos analisar diálogos construídos, devemos ter sempre em mente que não se trata de diálogos naturais, mas sim de textos que, criados no campo da ficção, têm objetivos estéticos e buscam recriar a realidade oral. Uma obra de ficção é uma transposição da realidade, pois pode recriar no texto literário qualquer espécie ou modalidade linguística, porém sob o aspecto abrangente da intenção artística e estética. Sobre o caráter estético presente no texto literário, PRETI (2004), ao lembrar que se trata de uma manifestação escrita, salienta que há um processo de planeamento que poderia fazer com que o texto se tornasse distante das características de um texto oral. Para nós, também, há, na língua literária, um caráter estético. Todavia, essa artificialidade estética da língua literária não impede que, em algumas situações, o autor empregue, na elaboração artística, a naturalidade da língua comum, do cotidiano. Mesmo sendo de concepções diferentes, podemos falar, assim, de certa aproximação entre diálogo literário, que se encontra no campo da estética, e de diálogo oral, que se encontra no campo da língua em uso. São muitas as marcas do diálogo oral que podem ocorrer nos diálogos construídos. A título de exemplificação, podemos citar, no nível do léxico, o uso de vocabulário popular ou gírio, muito comum na oralidade; no nível da sintaxe, os diálogos podem ser marcados por repetições, paráfrases, cortes, anacolutos e correções; no nível textual, há a construção de diálogos que reflectem, até certo ponto, a dinâmica e a organização dos turnos; no campo discursivo-interativo, é possível encontrar marcas de negociação entre os falantes, construção de focos comuns, marcas de atenção e de demonstração de interesse dos parceiros, expectativas, conhecimentos partilhados, estratégias conversacionais que podem denunciar, por exemplo, poder, agressão, humor, carinho, ironia, malícia. Essas marcas garantem ao texto o efeito de sentido pretendido a partir de certa “ilusão do oral”. 3 PRETI (2004), ao propor uma metodologia de análise para o diálogo construído em produções literárias, postula que uma investigação desse tipo de texto deve apresentar dois focos. No primeiro deles, intitulado pelo autor de “macroanálise da conversação literária”, o pesquisador deverá perceber, no diálogo construído, características que possam denunciar o contexto histórico e geográfico, além de especificidades socioculturais dos falantes personagens. Para um estudo do diálogo de ficção, devemos atentar para o que chamaríamos de uma “macroanálise da conversação literária” (contexto histórico e geográfico, fatores extralinguísticos e sua possível influência sobre as personagens e narrador de primeira pessoa, tais como grau de escolaridade, posição social, faixa etária, sexo dos falantes). Desse modo, por um lado, o preconceito, existente em outras perspectivas que tratam fala e escrita em posições dicotômicas, é eliminado, o que pode ser considerado, do ponto de vista científico, mais plausível. Por outro, mesmo livre do problema do preconceito, essa perspectiva traz em seu uma capacidade de baixo potencial explicativo e descritivo referente às questões sintáticofonológicas. Daí a necessidade de uma combinação com outras teorias, como a Linguística Textual, a Análise da Conversação, a Sociolinguística Interacional, além de uma possível fusão com alguns pressupostos da perspectiva variacionista, a qual está intimamente ligada à Sociolinguística. MARCUSCHI (2001), sobre isso, postula que tal combinação é fundamental quando se busca investigar as correlações entre forma, contexto, interação e cognição linguísticos; por isso, a proposta geral, se concebida na fusão com a visão variacionista e com os postulados da Análise da Conversação etnográfica aliados à Linguística de Texto, poderia dar resultados mais seguros e com maior adequação empírica e teórica. Talvez seja esse o caminho mais sensato no tratamento das correlações entre formas linguísticas (dimensão linguística), contextualidade (dimensão funcional), interação (dimensão interpessoal) e cognição no tratamento das semelhanças e diferenças entre fala e escrita nas atividades de formulação textual-discursiva. A análise que pretendemos realizar está em consonância com a posição de MARCUSCHI, já que, teoricamente, vamos trabalhar com os pressupostos da Análise da Conversação, da Sociolinguística Interacional e da Sociolinguística. Aqui, o binômio fala/escrita é tratado 4 “enquanto relação entre fatos linguísticos (relação fala/escrita) e enquanto relação entre práticas sociais (oralidade versus letramento). 5 1.2. Análise de diálogos construídos nos três contos Os diálogos de ficção, aqui chamados de diálogos construídos, não são, obviamente, reais. Contudo, a partir dos esquemas de conhecimentos orais do autor e leitor é possível que o texto seja elaborado a partir de certas estratégias conversacionais, comuns na conversação face a face. Nesses casos, a construção dos sentidos do texto literário é auxiliada por efeitos conversacionais, por meio do uso de estratégias discursivas empregadas no diálogo a dois. O narrador dos textos, nos moldes de um diálogo, é heterodiegético, segundo as seguintes passagens: “Aproximou-se do poço…O coelho teve sede…” no conto a esperteza do coelho; “Numa linda manhã fresca, estava o leão sentado…” no conto o burro, o leão e o coelho; “O sol preparava-se para viajar…” no conto A mulher e a hiena. Mas a maior parte das informações a respeito do contexto, das personagens e da narrativa são inferidas a partir dos diálogos construídos. 1.2.1. Corpus para análise dos contos Corpus do 1º Conto: a esperteza do coelho - Com licença. - Quem é? E o que é que quer? - Oh! Afinal é a amiga gazela? Trago aqui boas coisas para si, comadre gazela. Prove um pouco só. - Olhe, comadre gazela, se quiser que eu lhe dê todo o mel, terá de me dar um pouco de água. - Está bem, está bem, compadre coelho; - Tu, cágado, tão lento que és, como vais apanhar o coelho? - Eu garanto-vos que hei-de apanhá-lo. - Está bem! Já que queres, ficas aqui de guarda, mas não faças o que a gazela fez. - Dá-me licença? Com licença. Não está ninguém?! «pensavam que eu não havia de voltar!» - Ah! Ah! Que guarda és tu? Não ouviste pedir licença? Por que é que não respondes?! - Ah! Ah! Ah! Larga-me antes que te bata mais! Larga-me, porque se bato com a mão direita será o teu fim; - Ah, amigo!...Agarraste-me as duas mãos?! Se eu te der um pontapé, voarás. Larga-me antes que… Corpus do 2º Conto: O burro, o leão e o coelho - Bom dia, senhor leão. Está com um ar doente. Que se passa?! 6 - Bom dia, amigo coelho. Realmente, a coisa não anda bem por estes lados. - Como o amigo coelho vê, esta idade já não me permite fazer muito. - Não se preocupe, senhor leão. Eu conheço aqui um burro bem gordinho. - Ficar-lhe-ia eternamente agradecido, amigo coelho, se fizesse o que diz - Compadre burro! Dá-me licença, compadre burro? Posso entrar? - Entre, entre, compadre coelho. Sente-se. Está em sua casa. - Como vão as coisas, compadre coelho? - As mil maravilhas, compadre burro. - Quando é que posso lá ir, compadre coelho? - Logo que queira, compadre burro. - Que tal estou, compadre coelho? - Muito bem, compadre! - Bom dia, sua majestade. - Bom dia, amigo coelho - Não se preocupe, senhor leão. - Tem a certeza de que virá novamente? - Deixe estar e verá, majestade. - Pensei que ele me ia comer. - Ouvir um pedido de desculpas de sua majestade… - Sim!, Sim! Sempre nos tornamos mais famosos, compadre burro. Corpus do 3º Conto: a mulher e a hiena - Quem está ai? 7 - Sou eu; - Ajude-me a pôr a lata na cabeça! Quando eu tiver o bebé, dar-lho-ei como presente. - Bom dia…venho saber se já teve o bebé. - Oh, hiena! Não vê que esta barriga é a mesma de ontem? - Boa tarde, desta vez não quero ouvir estórias; - Por favor, hiena tenha dó de mim. Amanhã terá o seu presente; - Bem, vou-me embora, mas amanhã… - Boa tarde. Estou com sorte? - Mas que azar! Kalakamake acaba de sair para a pastorícia. Ele leva consigo um lenço vermelho. - Quem tem um lenço vermelho? - Eu, eu, eu… - Enganou-me. Todos os miúdos têm lenços vermelhos. Agora vou comê-la a si. 1.2.2. Análise das conversações (diálogos) 8 O início de cada um dos três contos difere um do outro; por exemplo, o conto “a esperteza do coelho” inicia por uma sugestão de que a conversa é construída a partir de um nível de linguagem formal (- Com licença; - Quem é? E o que é que quer?). O conto “O burro, o leão e o coelho” inicia com clarividência duma relação de poder implícita (- Bom dia, senhor leão. Está com um ar doente. Que se passa?! - Bom dia, amigo coelho. Realmente, a coisa não anda bem por estes lados). O terceiro conto, o último “a mulher e a hiena” inicia por uma pergunta (- Quem está ai?), mostrando claramente que o diálogo entre as personagens é directa. Notamos que as estratégias usadas no início dos três contos garantem uma maior aproximação com a realidade oral, em que conhecimentos compartilhados e implícitos são comuns entre personagens: - Oh! Afinal é a amiga gazela? Trago aqui boas coisas para si, comadre gazela. Prove um pouco só. - Compadre burro! Dá-me licença, compadre burro? Posso entrar? - Entre, entre, compadre coelho. Sente-se. Está em sua casa. Outro item que merece destaque nesta análise é a estruturação do diálogo construído nos três contos. Por um lado, percebe-se a ausência de pares adjacentes do tipo pergunta-resposta; muitas perguntas levantadas não tiveram respostas: - Ah! Ah! Que guarda és tu? Não ouviste pedir licença? Por que é que não respondes?! - Ah, amigo!...Agarraste-me as duas mãos?! Se eu te der um pontapé, voarás. Larga-me antes que… É muito difícil imaginar uma conversação que não comece ou termine sem que contenha perguntas e respostas. A presença de pares adjacentes do tipo pergunta-resposta é fundamental na composição organizacional na conversação. Com relação aos objectivos dos interlocutores, há, pelo lado das personagens, o interesse de dialogar directamente. Esse objectivo faz com que o diálogo tenha muitos pares adjacentes do tipo pergunta/resposta, com forte ideia de interação entre os falantes. A título de exemplificação, podemos destacar, nos diálogos dos três contos, essa dinâmica: - Tu, cágado, tão lento que és, como vais apanhar o coelho? - Eu garanto-vos que hei-de apanhá-lo. - Quem está ai? - Sou eu; - Quem tem um lenço vermelho? - Eu, eu, eu… 9 De acordo com MARCUSCHI (1986:34), a conversação consiste normalmente numa série de turnos alternados, que compõem sequências em movimentos coordenados e cooperativos. A forte interação demonstrada pelo uso dos pares adjacentes cria vínculos de proximidade entre as personagens. O diálogo, assim, é construído a partir de duas vozes de “personagens interagentes”, facto que é também um índice de oralidade. 1.2.2.1. Relações de poder Nos três contos encontramos evidências de relação de poder, isto é temos a relação de dependência em que é sempre o poderoso a dominar. No conto “a esperteza do coelho” notamos a supremacia do coelho em relação à gazela e ao cágado nos diálogos construídos: - Está bem, está bem, compadre coelho; - Tu, cágado, tão lento que és, como vais apanhar o coelho? - Eu garanto-vos que hei-de apanhá-lo. - Está bem! Já que queres, ficas aqui de guarda, mas não faças o que a gazela fez. No conto “o burro, o leão e o coelho” notamos que o coelho venera a sua majestade leão, o rei da selva, que apesar de estar velhinho, é sempre respeitado e o burro obedece sempre ao coelho: - Bom dia, senhor leão. Está com um ar doente. Que se passa?! - Bom dia, amigo coelho. Realmente, a coisa não anda bem por estes lados. - Como o amigo coelho vê, esta idade já não me permite fazer muito. - Não se preocupe, senhor leão. Eu conheço aqui um burro bem gordinho. - Ficar-lhe-ia eternamente agradecido, amigo coelho, se fizesse o que diz. - Ouvir um pedido de desculpas de sua majestade… - Sim!, Sim! Sempre nos tornamos mais famosos, compadre burro. No último conto “a mulher e a hiena”, a mãe de kalakamake é dominada pela hiena, isto é, depois da promessa feita em troca de uma ajudinha (pôr a lata na cabeça), a mulher passou a se submeter à hiena: - Ajude-me a pôr a lata na cabeça! Quando eu tiver o bebé, dar-lho-ei como presente. - Bom dia…venho saber se já teve o bebé. - Oh, hiena! Não vê que esta barriga é a mesma de ontem? - Boa tarde, desta vez não quero ouvir estórias; - Por favor, hiena tenha dó de mim. Amanhã terá o seu presente; 1.2.2.2 Marcadores 10 O corpus em análise nos três contos é caracterizado por marcadores conversacionais. Esses recursos desempenham, em uma conversação real, funções tanto textuais quanto interacionais: “como o texto oral é planeiado e verbalizado ao mesmo tempo, os interlocutores podem empregar marcadores conversacionais em qualquer ponto da interação, desempenhando funções conversacionais e sintáticas” (DIONÍSIO, 2001:88). No diálogo construído, o emprego dos marcadores conversacionais, da mesma forma, é um recurso apropriado na busca da aproximação com o oral. Esses marcadores, além de serem marcas de atenção dos falantes, demonstram que há interesses partilhados entre os dois falantes: - Ah! Ah! Que guarda és tu? Não ouviste pedir licença? Porque é que não respondes?! - Ah! Ah! Ah! Larga-me antes que te bata mais! Larga-me, porque se bato com a mão direita será o teu fim; - Ah, amigo!...Agarraste-me as duas mãos?! Se eu te der um pontapé, voarás. Larga-me antes que… - Bom dia, sua majestade. - Bom dia, amigo coelho Considerações Finais 11 Ao analisarmos o corpus dos três contos, chegamos à algumas considerações a respeito do diálogo desenvolvido por várias personagens. Todavia, o diálogo de ficção não equivale à transcrição de uma interação verbal face a face. Há diferenças, que não precisam aqui serem apresentadas, entre uma interação oral e um diálogo construído. Na verdade, o emprego dessas marcas orais pode ser uma estratégia intencional do escritor para dar ao diálogo construído uma maior proximidade com a realidade. Os sentidos do diálogo são produzidos a partir de muitas marcas comuns em um diálogo real, ou seja, é possível afirmar que os efeitos de sentido produzidos nos textos em análise, são, muitas vezes, originários dos recursos discursivos usados na conversação diária, daí a presença da oralidade nos textos. Nos diálogos, notamos que as estratégias usadas no início dos três contos garantem uma maior aproximação com a realidade oral, em que conhecimentos compartilhados e implícitos são comuns entre personagens. Na estruturação do diálogo construído nos três contos, por um lado, percebe-se a ausência de pares adjacentes do tipo pergunta-resposta; muitas perguntas levantadas não tiveram respostas e, por outro lado, temos a presença de pares adjacentes do tipo pergunta-resposta, fundamentais na composição organizacional na conversação. Nos três contos analisados são notáveis relações de poder em que no conto “a esperteza do coelho” verifica-se a supremacia do coelho em relação à gazela e ao cágado; no conto “o burro, o leão e o coelho” notamos que o coelho venera o leão, o rei da selva, que apesar de estar velhinho, é sempre respeitado e o burro obedece sempre ao coelho, e, no último conto “a mulher e a hiena”, a mulher, mãe de kalakamake é dominada pela hiena. Em suma, os contos populares moçambicanos são traduções literais de contos tradicionais em que os diálogos neles construídos são marcados por relações de poder. Referências Bibliográficas 12 DIONÍSIO, A. P. Análise da Conversação. In: MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Anna Christina. Introdução à linguística: domínios e fronteiras. v. 2. São Paulo: Cortez, 2001. GIL, A. C. Como elaborar Projecto de Pesquisa, 4ª Ed. São Paulo, Atlas S.A.2002. LEAL, J. C. A natureza do conto popular. Rio de Janeiro: Conquista, 1985. MARCUSCHI, L. A. Análise da Conversação. São Paulo: Ática, 1986. MEDEIROS, E. Contos Populares Moçambicanos. Editorial Ndjira, Maputo, S/ano. PRETI, Dino. Estudos de língua oral e escrita. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004.

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