Ética 

Há uma mútua relação entre sociedade e ética (Maria Jacques). O quadro político ao qual a sociedade está inserida clareia a necessidade e urgência de falar e expor a ética de forma mais precisa. Por esse motivo é que avaliar se a moral possui um significativo valor ético (em relação a colaborar igualmente a toda sociedade), torna-se imprescindível.

A ética é tradicionalmente conceituada como o estudo ou reflexão dos costumes e ações humanas (Álvaro L.M Valls, pág. 27). Apesar de ser muito destacada nos discursos denominados “éticos”, a ética em si é pouco aplicada no cenário socioeconômico atual.

A obra “ O que é ética “, discutida em aula aborda pontos e questões importantes apontadas por Álvaro Valls. Algumas delas, além das que surgem instantaneamente ao término da obra, devem ser realmente discutidas, por exemplo: “ Se num país capitalista, o princípio do lucro poderia ou deveria situar-se acima ou abaixo das leis da ética.” Ou : “Se uma lei injusta de um Estado autoritário precisa ou não ser obedecida.” E ainda: “ Quando estamos com sentimento de culpa, se torna importante saber se este sentimento corresponde de fato a uma culpa real’’.

Outro grande colaborador para a definição refinada de ética foi Sócrates. Ele foi o primeiro grande maior pensador a falar sobre subjetividade, questionava questões da sociedade em que estava inserido e incomodava os que possuíam ou melhor, tomavam níveis hierárquicos grandes. Sócrates questionava, principalmente se as leis eram justas, em consequência disso o conservadorismo grego se irava, eles defendiam a ideologia de que as leis existiam para serem obedecidas e não para serem justificadas.

Interessante que a ética assumida por Sócrates ou ética socratiana não só baseava-se nos costumes do povo e ancestrais, mas na convicção pessoal, convicção que só se adquiria através de consulta ao “demônio interior” de cada indivíduo, com intuito de entender a justiça das leis. O filósofo também focava e ocupar-se consigo mesmo e nas suas atitudes, o posicionamento levantado por Sócrates serve como modelo para uma sociedade que anseia por soluções e dispense a moral como instrumento principal para moldar comportamentos.

É de extrema importância diferenciar aqui o conceito de moral e ética, onde o primeiro está ligado aos comportamentos adquiridos pelos indivíduos e a outra a base teórica de comportamentos considerados corretos. A moral é, infelizmente, perpassada pela sociedade. A aceitação de atitudes tomadas por um todo, mesmo que essa não seja estimuladora se igualdade, supera os princípios éticos e, a grosso modo, regride a população. Deve-se ainda, como Sócrates, pergunta-se se as leis são definitivamente éticas, ou se seguem esse padrão tradicional da moral. Segundo Álvaro Valls: “ Legalidade e moralidade se tornam extremos opostos.” Algumas discussões efetuadas em sala faz com que a problemática da justiça se aguce, no artigo “ Relações sociais e éticas “, mais precisamente apontado no segundo tópico, questões ligadas a desigualdade, fome e favorecimento de uma pequena parte da população estimulam uma questão a ser discutida: A justiça é ética ?

Se a ética não permite e nem se liga a desigualdade, um país “ justo” que tem maioria da população sofrendo com desigualdade então qual seria a melhor definição para justiça?

Segundo Kant, a ética deve ser universal e necessária, sua ideologia sempre esteve voltada a contribuição da amenização de desigualdades sociais, por isso, a ética apontada por Kant é adquirida filosoficamente por grande parte dos estudiosos. Ainda baseado nessa perspectiva, Álvaro L.M Valls afirma que uma boa teoria ética deve : “ atender a pretensão de universalidade bem como explicar as variações de comportamentos e costumes das diferentes formações culturais e históricas.”

Segundo a obra “Relações sociais e éticas”, mais precisamente no primeiro discurso, Guareschi faz uma ligação entre- ser humana, ética, justiça- o tripé deve ser sempre abordado/considerado quando o assunto for ética e sua relação com a sociedade. O ser humano é resultado de relações, onde tais ligações devem ser compostas por ações corretas (éticas), por esse motivo o tripé é, na verdade, inseparável. Guareschi ainda enfatiza o vinculo estabelecido entre justiça e ética, e a reprodução de comportamentos justos, porém não éticos.

Deve ainda ser questionado o fato de que “domesticar” seres humanos, por a moral como solução para a situação politica e comportamental (com a ética apenas exercida como medicamento), não salvará a sociedade. A ética deve se adaptar também as mudanças da população, como afirma Valls: “ Não apenas os costumes que variam,

mas também os valores que os acompanham, as próprias normas comcretast, os próprios ideais, a própria sabedoria, de um povo a outro.”

As soluções propostas para a fixação de uma ética libertadora e de caráter transformador é a reavaliação do conceito de democracia ao qual a comunidade está inserida até então. A “soberania da classe popular” como sugere a obra “Relações sociais e éticas” , o prazer da democracia, a convivência com ideias revolucionarias e a satisfação da sede libertadora fará com que a humanidade se encha de esperança voltada a mudanças sociais. A ética conecta comunicação, participação, justiça, igualdade e mudança, aperfeiçoá-la contribuirá não só para moldar comportamentos antiéticos da atualidade, mas para diminuir a classe alienada e formar verdadeiros críticos e participadores ativos na sociedade. Deve- se considerar também, a implantação de estudos voltados a ética discutida por filósofos tanto da antiguidade quanto contemporâneos, para que tais noções sejam adquiridas o mais cedo possível.

 

Referência bibliográfica:

VALLS, Álvaro L. M. O QUE É ÉTICA. São Paulo: Brasiliense, 2005 (Coleção Primeiros Passos).

JACQUES, Maria da Graça Correa et al. Relações sociais e ética. In: V ENCONTRO DE ABRAPSO, 2008, Ipanema. Relações Sociais e ética. Rio de Janeiro: Cesp, 1995. p. 6 - 25.