PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Instituto de Ciências Econômicas e Gerenciais

 

 Moises Pereira Assis Silva 


Análise das Demonstrações Financeiras do ano de 2017 da empresa BR Foods S.A.

 

 

Belo Horizonte

2018

Moises Pereira Assis Silva 

 

Análise das Demonstrações Financeiras do ano de 2017 da empresa BR Foods S.A.

 

 

  Trabalho apresentado à disciplina Introdução à     Análise dos Demonstrativos Contábeis, Do Instituto de Ciências Econômicas e Gerencias da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, ministrada pelo professor Carlos Neri Brandão.

 

 

 

Belo Horizonte

2018

RESUMO

 

O presente trabalho tem como objetivo avaliar as Demonstrações Contábeis do Exercício 2017 da empresa brasileira multinacional BR Foods S.A. Mostrando a importâncias de tais documentos e como eles são utilizados pela gerência da companhia na tomada de decisões assim como para evidenciar a saúde financeira da organização.

 

 

SUMÁRIO

 

1     INTRODUÇÃO.. 6

2     OBJETIVOS GERAIS.. 8

3     OBJETIVOS ESPECÍFICOS.. 8

4     RESUMO DO PARECER DA AUDITORIA E RELATÓRIO DA DIRETORIA.. 9

4.1      Auditoria Independente. 9

4.2      DECLARAÇÃO DOS DIRETORES SOBRE AS DEMONTRAÇÕES FINANCEIRAS CONSOLIDADAS E RELATÓRIO DOS AUDITORES INDEPENDENTES.. 10

5     COMENTÁRIOS SOBRE AS NOTAS EXPLICATIVAS.. 10

5.1      Contexto Operacional 10

5.1.1      Operação Carne Fraca. 11

5.2      ESTOQUES.. 11

5.3      CONTAS A RECEBER DE CLIENTES E TÍTULOS A RECEBER.. 12

5.4      Imobilizado. 12

5.5      Partes relacionadas. 13

6     CÁLCULOS DA ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL. 16

6.1      Cálculos da Análise Vertical e Horizontal do Balanço Patrimonial 16

6.2      Cálculos da Análise Vertical e Horizontal das Demonstrações do Resultado. 18

7     CÁLCULO DOS ÍNDICES.. 18

7.1      Cálculo e interpretação dos índices de estrutura de capital 18

7.1.1      Participação de Capitais de Terceiros. 18

7.1.2      Imobilização do Patrimônio Líquido. 19

7.1.3      Composição de Endividamento. 20

7.1.4      Imobilização dos Recursos a Longo Prazo e do Patrimônio Líquido. 20

7.2      Cálculo e interpretação dos índices de liquidez. 21

7.2.1      Capacidade de pagamento a curto prazo. 21

7.2.2      Capacidade de pagamento a longo prazo. 25

7.2.3      Capacidade de pagamento em prazo imediato. 25

7.3      Cálculo e interpretação dos índices de rentabilidade. 26

7.3.1      Taxa de Retorno Sobre Investimentos. 26

7.3.2      Taxa de Retorno sobre o Patrimônio Líquido. 28

8     PRINCIPAIS ÍNDICES DA ANÁLISE DINÂMICA E SUAS APLICAÇÕES.. 28

8.1      O Modelo de Fleuriet 28

8.1.1      Capital de Giro Líquido – (CCL) 32

8.1.2      Necessidade de Capital de Giro – (NIG) 33

8.1.3      Saldo Disponível – (SD) 34

8.1.4      Necessidade de Investimento em Capital de Giro e Saldo Disponível 34

9     CONCLUSÃO.. 35

10       REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.. 36

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

1INTRODUÇÃO

 

Demonstrações contábeis ou também conhecido como demonstrações financeiras “são uma representação monetária estruturada da posição patrimonial e financeira em determinada data e das transações realizadas por uma entidade no período findo nessa data. O objetivo das demonstrações contábeis de uso geral é fornecer informações sobre a posição patrimonial e financeira, o resultado e o fluxo financeiro de uma entidade, que são úteis para uma ampla variedade de usuários na tomada de decisões. As demonstrações contábeis também mostram os resultados do gerenciamento, pela Administração, dos recursos que lhe são confiados." Segundo IBRACON (NPC 27).

O Art. 176 da lei 6.404, obriga as empresas, no final de cada exercício social, a elaborar as seguintes demonstrações financeiras:

I.          balanço patrimonial;

II.         demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados;

III.        demonstração do resultado do exercício;

IV.       demonstração dos fluxos de caixa; (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007)

V.        se companhia aberta, demonstração do valor adicionado.

As demonstrações deverão ser complementadas por notas explicativas e outros quadros analíticos ou demonstrações contábeis necessários para esclarecimento da situação patrimonial e dos resultados do exercício.

Para compreender a real situação das empresas, ter um direcionamento na tomada de decisão ou ate mesmo avaliar se seria interessante investir e em quanto tempo teria um retorno desse investimento, são feitas algumas analises em cima dos demonstrativos contábeis. Na sua maioria, não se deve utilizar apenas um tipo de analise para entender a situação financeira, mas sim a analise completa de todos os quocientes encontrados relacionados a cada analise individual.

Deve-se analisar e interpretar os índices de estrutura de capital, os índices de liquidez e os índices de rentabilidade.

Muito se ouve falar em Contabilidade e Demonstrações Financeiras porém, nem sempre se tem noção da importância de tal área do conhecimento e de tais documentos. O presente trabalho tem como objetivo focar na importância das Demonstrações Contábeis das organizações e mostrar como são importantes na tomada de decisões e também como diagnóstico da situação financeira e estrutural da empresa. Para isso foram analisadas as Demonstrações Contábeis da multinacional Brasileira BR Foods S.A. Através do Balanço Patrimonial, Demonstrativo de Resultado, Notas Explicativas e outras demonstrações contábeis que são publicadas ao final do exercício, procurou-se levantar índices e analisar a situação financeira da empresa bem como as políticas de gestão dos anos 2016 e 2017.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

2OBJETIVOS GERAIS

Compreender através de um exemplo prático do mundo real a importância dos Demonstrativos Contábeis de uma empresa e como são utilizados na gerência e tomada de decisões, assim como mostrar como é possível verificar a situação financeira da organização através de tais documentos. Para isso foram utilizados as Demonstrações Contábeis da empresa multinacional brasileira BR Foods S.A, publicadas pela própria ao final do exercício de 2017.

3OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Verificar a situação financeira da empresa multinacional brasileira BR Foods S.A. através da análise de suas Demonstrações Contábeis do ano de 2017, levantar dados sobre a situação financeira da empresa e comparar seu desempenho entre os anos 2016 e 2017 através do cálculo de índices que fornecem informações sobre a estrutura de capital, endividamento, rentabilidade dentre outros. Também, emitir opinião sobre as Notas Explicativas e Declarações da diretoria sobre a gestão da empresa e sua situação econômica.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

4RESUMO DO PARECER DA AUDITORIA E RELATÓRIO DA DIRETORIA

4.1Auditoria Independente

Os auditores independentes trataram as demonstrações contábeis da BRF S/A como adequados, em todos os aspectos relevantes, a posição patrimonial e financeira, individual e consolidada da empresa em 31 de dezembro de 2017, o desempenho individual e consolidado de suas operações e os seus respectivos fluxos de caixa individuais e consolidados para o exercício findo nessa data.

Um dos principais assuntos levantados foi sobre o Reconhecimento de receita com vendas de produto, no qual conduziram esse assunto levando em consideração que

“A receita com vendas de produtos é reconhecida no momento em que os riscos e benefícios significativos de propriedade são transferidos para o cliente, e é mensurada líquida dos descontos comerciais acordados. A determinação do momento e do valor de reconhecimento da receita envolve análise criteriosa das condições comerciais, que podem variar, principalmente entre as vendas para o mercado interno e para o mercado externo. A receita é um importante indicador de performance da Companhia e de sua Administração, o que pode criar um incentivo de reconhecimento da receita antes da transferência dos riscos e benefícios, especialmente no período que antecede o fechamento do exercício (“corte das vendas”).” Pág. 3 do material analisado.

Na qual analisaram e avaliaram o comportamento da Organização perante aos desafios enfrentados nos dois anos (2016 e 2017), em especial as vendas no período de corte ao final do exercício.

Outros assuntos foram trabalhados no parecer da auditoria de grande relevância para o atual cenário da gestão da BRF S/A;

  • Valorização dos instrumentos financeiros derivativos e designação de contabilidade de proteção (“hedge accounting”);
  • Avaliação do valor recuperável de ágios por expectativa de rentabilidade futura originados em combinações de negócios;
  • Demonstrações do valor adicionado;
  • Determinação da probabilidade de perda das contingências tributárias.

Nos quais deixam claro que não houve situações de divergências significativas entre a Administração da Companhia, os auditores independentes e o Comitê de Auditoria em relação às Demonstrações Financeiras da Companhia.

 

4.2DECLARAÇÃO DOS DIRETORES SOBRE AS DEMONTRAÇÕES FINANCEIRAS CONSOLIDADAS E RELATÓRIO DOS AUDITORES INDEPENDENTES

 

Em atendimento ao disposto nos incisos V e VI do artigo 25 da Instrução CVM nº 480/09, a diretoria executiva da BRF S.A., declarou que revisaram, discutiram e concordavam com as demonstrações financeiras da Companhia do exercício social findo em 31.12.17; e com as opiniões expressas no relatório da KPMG Auditores Independentes, relativamente às demonstrações financeiras da Companhia do exercício social findo em 31.12.17.

 

5COMENTÁRIOS SOBRE AS NOTAS EXPLICATIVAS

5.1Contexto Operacional

A BRF S/A, em parceria com suas subsidiarias, é uma multinacional brasileira, detentora de um portfolio abrangente e diversificado de produtos, que atua mundialmente como uma das maiores produtoras de alimentos. Destacam-se:

  • Frangos e perus inteiros, cortes de frangos, perus e suínos congelados;
  • Presuntos, mortadelas, salsichas, linguiças e outros produtos defumados;
  •  Hambúrgueres, empanados, kibes e almôndegas;
  •  Lasanhas, pizzas, pão de queijo, tortas e vegetais congelados;
  • Margarinas, molhos e maioneses; e
  • Farelo de soja e farinha de soja refinada, bem como ração animal.

O modelo de negocio da Companhia ocorre por meio de um sistema de produção verticalizado e integrado, distribuído por uma ampla rede que visa atender supermercados, lojas de varejos e outros clientes institucionais.

Houve integralização a base societária da empresa em 2017 e combinações de negócios com: Qatar Investment Authority (“QIA”) na Turquia, Reorganização societária One Foods Holdings Ltd. (“One Foods”) Em 11.01.17, a BRF constituiu uma nova subsidiária, com sede em Dubai, a qual terá foco em mercados predominantemente muçulmanos e Combinação de negócios com Banvit Bandirma Vitaminli Yem Sanayii Anonim Sirketi (“Banvit”).

 

5.1.1Operação Carne Fraca

A empresa em 2017 passou a ser investigada pelas autoridades brasileiras no processamento das carnes na chamada “Operação Carne Fraca”, na qual dois funcionários foram presos e três chamados para prestar depoimento. As principais alegações na primeira fase era a conduta irregular relacionadas com ofertas e/ou promessas improprias a fiscais governamentais.

A repercussão da Operação Carne Fraca trouxe consequências operacionais para a Companhia, que incorreu em gastos no montante de R$157.502 registrados em outros resultados operacionais, sendo R$80.286 (nota 33) em razão de gastos com mídia e comunicação, serviços advocatícios, fretes, armazenagem, entre outros e de perdas de R$77.216 com estoques, provenientes de mercados externos fechados e/ou produtos bloqueados, registrados no segundo trimestre. Adicionalmente, no quarto trimestre, a Companhia ainda redirecionou estoques de produtos acabados para utilização como matéria-prima, gerando uma provisão complementar para ajuste a valor realizável no montante de R$205.873, registrado na rubrica de outros resultados operacionais.

 

5.2ESTOQUES

As baixas de estoques reconhecidas no custo dos produtos vendidos no exercício findo em 31.12.17 totalizaram R$20.476.768 na controladora e R$26.565.346 no consolidado (R$22.389.681 na controladora e R$26.206.447 no consolidado em 31.12.16). Estes valores incluem também as adições e reversões de provisões para perdas nos estoques. Devido a estratégia de abaixar os preços para evasão do acumulado neste.

 

 

5.3CONTAS A RECEBER DE CLIENTES E TÍTULOS A RECEBER

 No que se refere a Clientes por se tratar de uma multinacional, as partes relacionadas de contas a receber de terceiros no país apresentaram uma alta de 80% em 2017 o que demonstra que o Capital de Giro da empresa possui grane parte dependente desses terceiros. Parte do saldo de partes relacionadas no exterior na controladora está vinculada a operação Certificado de Recebiveis do Agronegocio(CRA).

O prazo médio de recebimento por vencimento da empresa em 2017 aumentou significamente e as perdas estimadas em créditos da liquidação duvidosa também, subsequente dos fatores externos que atingiram a companhia.

 

5.4Imobilizado

As movimentações foram:

 

Nota-se uma queda no saldo em 31.12.2017 devido as transferencias para outros ativos a fim de diminuir a depreciação dos imobilizados para garantir a integralização do capital em decorrencia da reorganização societária.

A BRF S.A atrelou a estratégia de aumento do capital social com a diminuição do imobilizada para conseguir manter um ciclo operacional com a adição dos novos negócios e parcerias eficiente.

Os bens do ativo imobilizado que foram oferecidos em garantia de operações de diversas naturezas. É notório que a empresa possui muitos bens e que a depreciação destes ainda se mantem alta.

 

 

5.5Partes relacionadas

 

De um modo mais amplo as partes relacionadas podem ser definidas como entidades seja física ou jurídica, com as quais a Companhia tenha possibilidade de contratar (ajustar trabalho ou serviço, permanente ou temporário) em condições que não sejam as de comutatividade e independência que caracterizam as transações com terceiros alheios à companhia, ao seu controle gerencial ou a qualquer outra área de influência.

As transações com Partes Relacionadas são a transferência de recursos, serviços ou obrigações entre a entidade que reporta informação e uma parte relacionada, indefere da existência de cobrança.

Observa-se que a Companhia apresentou um aumento negativo de fornecedores no período de 2016 para 2017 e uma diminuição nas contas a receber decorrente da politica de novas combinações de negócios e a fim de evitar o conflito de interesses entre as partes relacionadas, que de acordo com a Politica Vigente na BRF são “quando uma pessoa ou um terceiro, mantendo qualquer forma de negócio com uma Parte Relacionada, se encontrar envolvido em processo decisório em que tenha o poder de influenciar e/ou direcionar o resultado deste processo decisório, assegurando um ganho e/ou benefício para si, algum Membro Próximo da Família, sociedade por ele controlada ou terceiro com o qual esteja envolvido, ou ainda esteja em situação que possa interferir na sua capacidade de julgamento isento”.

O que prejudica ainda mais a eficiência da gestão na Companhia. Pois um conflito de interesses no caso de uma subjetividade sobre “valores de mercado” acarreta em uma queda de remuneração de mútuos e em conflitos na compra e venda de produtos, ou seja, os interesses da companhia pode se confundir com a de um controlador. 

 

 

 

 

 

 

6CÁLCULOS DA ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL

6.1Cálculos da Análise Vertical e Horizontal do Balanço Patrimonial

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

6.2Cálculos da Análise Vertical e Horizontal das Demonstrações do Resultado

 

 

 

7CÁLCULO DOS ÍNDICES

 

7.1Cálculo e interpretação dos índices de estrutura de capital

Servem para evidenciar o grau de endividamento da empresa em decorrência das origens dos capitais investidos no patrimônio. Eles mostram a proporção existente entre os capitais próprios e os capitais de terceiros, sendo calculados com base em valores extraídos do balanço patrimonial.

(fonte Moura, Osni Ribeiro livro Estrutura e Análise de Balanços - parte capítulo 10)

 

7.1.1Participação de Capitais de Terceiros

Como o próprio nome sugere, esse índice mostra a proporção de capital de terceiros em relação ao capital próprio. Um quociente maior que um indica uma dependência de capital de terceiros.

            O índice é calculado pela seguinte fórmula:

 

 

 

Sendo que o Exigível total é compreendido pela soma do Passivo Circulante e Passivo Não Circulante.

Cálculo:

 

 

 

A BR Foods apresentou índice de participação maior que um, o que significa que a proporção de capital de terceiros é maior que a de capital próprio. Dada a delicada situação pela qual a empresa vem passando nos dois últimos anos, essa situação pode ser preocupante já que nessa situação espera-se que a empresa apresente lucro para remunerar este capital, o que não aconteceu.

 

 

7.1.2Imobilização do Patrimônio Líquido

Dado pela fórmula:

 

 

 

É um indicador importante pois mostra quanto do patrimônio líquido se encontra no ativo permanente em porcentagem, ou seja, se grande parte do patrimônio líquido for imobilizado, pode ser que a empresa precise fazer empréstimos para pagar suas dívidas de curto prazo, pois sobrará menos recursos para financiar o ativo circulante.

 

 

 

 

Cálculo:

 

 

Do ponto de vista do indicador IPL, a empresa não se encontra em uma situação confortável já que apresentou o percentual de 90,29% em 2016 e 82,04% em 2017 do patrimônio líquido convertido ativo imobilizado.

 

 

7.1.3Composição de Endividamento

Dado pela fórmula: Passivo Circulante / Exigível Total, este índice mostra “qual a proporção existente entre as obrigações de curto prazo e as obrigações totais” (fonte Moura, Osni Ribeiro livro Estrutura e Análise de Balanços - parte capítulo 10). Quanto menor o índice mais confortável é a situação da empresa.

Cálculo:

 

 

Esse índice mostra que, apesar da situação complicada pela qual a empresa passa, ela tentou manter o equilibro de suas dívidas no mesmo patamar.

 

7.1.4Imobilização dos Recursos a Longo Prazo e do Patrimônio Líquido

“Mostra qual a proporção existente entre o ativo Não Circulante – Realizável a Longo Prazo e os recursos não-correntes, isto é, quanto a empresa investiu no ativo Imobilizado + Investimentos + Intangível para cada real do patrimônio líquido mais exigível a longo prazo.” (fonte Moura, Osni Ribeiro livro Estrutura e Análise de Balanços - parte capítulo 10)

Fórmula: Ativo Não Circulante – Realizável à Longo Prazo / Pat. Líquido +P.Exigível L.P.

 

Cálculo:

 

 

Quando esse índice é maior que um tem-se uma situação preocupante. Como o índice não ultrapassa esse valor e o índice se manteve conclui-se que a gestão tem o controle da situação.

 

7.2Cálculo e interpretação dos índices de liquidez

7.2.1Capacidade de pagamento a curto prazo

Marion ensina em seu livro Análise das Demonstrações Contábeis que os índices de liquidez servem para verificar a capacidade da organização de pagar suas dívidas. Essa capacidade pode ser avaliada no curto prazo, no longo prazo ou no prazo imediato.

 

7.2.1.1Índice de liquidez corrente

O índice de liquidez corrente (LC) é o índice que mede a capacidade de pagamento no curto prazo.

É expresso pela formula:

 

Sobre esse índice o autor destaca que há três pontos a serem considerados .

Primeiro, “o índice não revela a qualidade dos itens no Ativo Circulante”, ou seja, não é possível saber, por exemplo, se os títulos a receber são totalmente recebíveis.

Segundo que a empresa pode estar em crise mesmo com um bom índice se os prazos de recebimento não estiverem sincronizados com os prazos de pagamento, ou seja, o índice aponta que a situação é favorável no período, porém dentro do período os prazos de pagamento vencem antes da efetivação dos recebimentos.

Por último, uma avaliação do estoque a custos históricos produz um índice pessimista da realidade já que os estoques não serão realizados a valores de custo e sim a valores de mercado.

Cálculo:

 

 

A empresa BR Foods apresentou índices de liquidez corrente de 1,25 em 2016 e 1,20 em 2017. Isso significa que em 2016, para cada R$1,00 de dívida de curto prazo, ela possuía R$1,25 para pagar. Marion coloca que índices maiores que 1,00 geralmente são positivos, significa que a empresa tem capacidade de pagar suas obrigações de curto prazo. No entanto, ele alerta que essa avaliação não deve ser feita isoladamente pois há aspectos implícitos no índice calculado.

À primeira vista percebe-se que houve uma ligeira diminuição do índice de liquidez corrente do ano de 2016 para o ano de 2017, no entanto, nem sempre isso significa uma perda de capacidade de pagamento, muitas vezes pode significar uma administração financeira mais rigorosa, o que é bom. No caso da BR Foods é possível observar através do Balanço Patrimonial uma diminuição de praticamente todos os itens do Ativo Circulante, sendo muito provavelmente o reflexo da diminuição das vendas devido à crise econômica brasileira. É possível perceber uma tentativa de contenção dessa situação pois vários itens do Passivo Circulante apresentaram queda, mas como não diminuíram na mesma proporção, isso acabou refletido no índice de liquidez corrente.

 

 

 

 

Em relação à liquidez, outro ponto a ser considerado é o ramo de atividade do qual a empresa faz parte. Por exemplo, uma empresa de serviços com índice LC 0,9 que tem receitas diárias vendendo somente à vista não necessariamente terá problemas para pagar suas obrigações de curto prazo, pois ela não possui os itens de duplicatas a receber e estoque, itens que favorecem no indicador. Dessa forma seu ativo circulante terá mais liquidez. O mesmo não vale, por exemplo, para empresas industriais que normalmente apresentam grandes estoques, ou seja, por mais que o índice LC esteja alto, não quer dizer necessariamente que será capaz de cumprir com suas obrigações.

Em Análise das Demonstrações Contábeis, Marion sugere como estratégia que o gestor compare o índice com o índice de empresas do mesmo ramo e não buscar um índice ideal universal.

 

7.2.1.2Índice de liquidez seca

O índice de liquidez seca verifica a capacidade da empresa de cumprir com suas obrigações desconsiderando o estoque.

 

 

 

 

 

Cálculo:

 

 

Esse índice mostra que para cada R$1,00 de dívida do Passivo Circulante a empresa dispunha de R$1,06 em 2016 e R$1,01 em 2017 em Ativo Circulante. Ou seja, se a empresa parasse de vender, ela ainda sim conseguiria cumprir com suas obrigações de curto prazo, ainda que não fosse uma situação confortável.

Assim como o Índice de Liquidez Corrente, o Índice de Liquidez Seca não deve ser analisado isoladamente. O primeiro é uma análise global da situação da empresa enquanto o segundo é um indicador conservador que elimina uma fonte de incertezas.

 

 

 

 

7.2.2Capacidade de pagamento a longo prazo

7.2.2.1Índice de liquidez geral

Este índice mostra a capacidade da empresa de cumprir com suas obrigações no longo prazo. O cálculo inclui o Circulante e o Não-Circulante do Ativo e do Passivo. Pode ser calculado através da fórmula:

 

 

 

Cálculo

 

 

Para esse indicador a análise é parecida com as anteriores. Para cada R$1,00 de dívida de curto e longo prazo a empresa dispunha de R$1,37 e R$1,39 em 2016 e 2017 respectivamente, de dinheiro ou valores que se converteriam em dinheiro para cumprir com suas obrigações.

Assim como os demais índices já analisados, o índice de liquidez geral não deve ser analisado isoladamente. Como se trata de longo prazo, a questão da não sincronia entre os prazos dos exigíveis e dos realizáveis se acentua, no entanto, é um índice importe pois sua comparação entre vários anos pode mostrar uma piora ou melhora (tendência) da capacidade de pagamento no longo prazo.

 

7.2.3Capacidade de pagamento em prazo imediato

Mostra quanto de recurso imediato a empresa tem para pagar suas dívidas de curto prazo. É dado pela fórmula:

 

 

 

 

 

 

Cálculo:

 

 

Do ponto de vista da análise de situação financeira, esse índice não é tão importante já que analisa a capacidade de pagamento de exigíveis de várias datas (ainda que sejam de curto prazo) com recursos imediatos, portanto, não quer dizer que a empresa esteja em situação complicada se o índice não for tão satisfatório. No entanto “sucessivas reduções na Liquidez Imediata, com constantes e crescentes atrasos no pagamento a fornecedores já são um indicador relevante de dificuldades financeiras”.(Marion, 2013)

A empresa BR Foods apresentou em 2016 e 2017 baixos índices de liquidez imediata, porém vale observar que o índice praticamente se manteve, o que pode caracterizar uma política mais rígida de disponível e não uma crise. É importante ressaltar também que um grande montante de disponível pode não ser interessante devido ao efeito inflacionário que causa desvalorização desse ativo. Uma margem de segurança, no entanto, deve ser respeitada.

 

7.3Cálculo e interpretação dos índices de rentabilidade

Os índices dessa seção, também chamados de índices econômicos, são voltados à capacidade de geração de lucro da empresa. Para essas análises são utilizados principalmente os dados da Demonstração do Resultado do Exercício.

 

7.3.1Taxa de Retorno Sobre Investimentos

A taxa de retorno sobre investimentos (TRI) estima a quantidade de tempo em que a empresa conseguirá ter de volta o investimento realizado.

 

 

 

 

 

 

Cálculo:

                                                 

 

A taxa de retorno de investimento é um índice muito usado pelo investidor para saber se vale a pena investir naquele negócio. Ele fornece quanto tempo levará para que o investimento traga retorno. Dessa forma, não faz sentido, do ponto de vista do investidor, trabalhar com uma taxa de retorno negativa, pois  indica que o negócio traz prejuízo ao invés de lucro. A empresa BR Foods (BRF) apresentou nos dois últimos anos resultados negativos, o que pode levar à conclusão de que a companhia não tem potencial ou tem sérios problemas de gestão. Nesse caso é aconselhável verificar resultados anteriores a fim de compreender a atual situação da empresa. Em 2015 a BRF parecia um ótimo negócio, apresentou lucro líquido de R$2,93 bilhões, já em 2016 apresentou prejuízo de R$372 milhões. O que aconteceu foi que, assim como a grande maioria das empresas no Brasil, a BRF foi afetada pela maior recessão da história do Brasil. Vendo a demando por seus produtos diminuir a empresa foi obrigada a trabalhar com grandes estoques e abaixar os preços de seus produtos. Segundo a própria gerencia da empresa, a competição com empresas menores também afetou o resultado. Como resposta à nova situação os diretores prometeram melhorar o fluxo de informações dentro da organização para melhorar os resultados. No entanto, ao fim de 2017 a companhia apresentou um resultado ainda pior, um prejuízo de R$1,12 bilhão. O resultado reflete o envolvimento da companhia em uma operação da Polícia Federal denominada “Carne Fraca” que investigou um “suposto esquema de liberação de licenças e fiscalização irregular de frigoríficos. A operação fez com que vários países suspendessem a importação de carne brasileira”.(G1,2018)

 

 

 

 

 

7.3.2Taxa de Retorno sobre o Patrimônio Líquido

A taxa de retorno sobre o Patrimônio Líquido segue a mesma lógica da TRI porém estima o tempo de retorno para os proprietários.

 

 

 

Cálculo:

 

 

8PRINCIPAIS ÍNDICES DA ANÁLISE DINÂMICA E SUAS APLICAÇÕES

Diversos indicadores operacionais da avaliação da liquidez são utilizados com a finalidade de analisar a capacidade financeira de uma empresa em liquidar compromissos passivos no prazo, como liquidez corrente, liquidez seca, giro circulante entre outros.

A utilização dos conceitos dinâmicos do capital de giro é premissa fundamental na gestão de empresas. A avaliação dos índices de liquidez é de suma importância, já que a correta interpretação de seus resultados fornece base necessária para uma análise adequada da situação financeira da empresa.

8.1O Modelo de Fleuriet

O Modelo Fleuriet se propõe a analisar o investimento em capital de giro e sua administração, com base nas informações obtidas nas demonstrações contábeis das companhias.

Para isso, este modelo acrescentou ao conceito clássico de Capital de Giro Líquido (CCL = Ativo circulante – Passivo circulante), os conceitos de Necessidade de Capital de Giro (NCG) e de Saldo de Tesouraria (ST).

Algumas contas, quando analisadas isoladamente ou em relação a outras contas, apresentam movimentação tão lenta que, em uma análise de curto prazo, podem ser consideradas como permanente ou não cíclicas.

Dessa forma, o Modelo Fleuriet defende uma nova configuração dos ativos e passivos circulantes no balanço patrimonial, dividindo-os em dois grupos: ativos circulantes financeiros (ACF) ou erráticos, e ativos circulantes operacionais (ACO) ou cíclicos. A mesma classificação seria utilizada para os passivos circulantes, transformando-os em passivos circulantes financeiros (PCF) ou erráticos, e passivos circulantes operacionais (PCO) ou cíclicos.

Contas

Classificação

Definição

 

 

Ativos e Passivos 

Circulantes

Contas Erráticas

São contas de curto prazo não necessariamente renováveis ou ligadas à atividade operacional da empresa.

Contas cíclicas

São contas de curto prazo, renováveis e ligadas a atividade da empresa. São conhecidas como cíclicas por girarem muito rápido.

Ativos e Passivos não

Circulantes

Contas não cíclicas

São contas que apresentam aplicações por prazo superior a um ano.

 

Essa reorganização das contas resultou em uma análise dinâmica voltada para real situação da liquidez da empresa e a partir da reclassificação do balanço patrimonial proposto pelo modelo de Fleuriet, extraem-se três variáveis: necessidade de capital de giro (NIG), capital circulante líquido (CCL) e saldo disponível (SD).

O modelo de Fleuriet foi estruturado para realizar um diagnóstico da situação financeira da empresa com foco na gestão de capital de giro e na liquidez empresarial. Trata-se de um modelo que pode ser utilizado tanto para análise do CCL quanto como instrumento de análise financeira empresarial. Dessa forma, o modelo se mostra simples e objetivo para análises de desempenho e capital de giro com resultados satisfatórios quando comparado a análise tradicional. Isto decorre do fato de o modelo estar estruturado na análise de apenas três variáveis. Para isto, pressupõe-se uma reclassificação do balanço patrimonial em função dos ciclos das diversas contas e subgrupos que o compõe, chegando a um balanço funcional, onde a preocupação básica é relacionar as diversas contas, considerando seu relacionamento com as atividades da empresa além da dimensão temporal.

O foco do Modelo de Fleuriet está na separação dos ativos e passivos circulantes ligados as operações da empresa daqueles ligados as decisões financeiras, partindo da interação entre esses subgrupos é possível calcular as variáveis do modelo, conforme quadro:

                                             Variáveis do Modelo Fleuriet

Variável/ Sigla

Cálculo

Interpretação Teórica

Necessidade de Capital de Giro (NIG)

NIG = ACC – PCC

Mostra a defasagem de tempo e valor entre as operações que as contas cíclicas do ativo e do passivo representam. Mostra assim, o descompasso entre as contas do ativo e do passivo, ligadas às atividades da empresa, estando, assim, diretamente relacionada ao ciclo financeiro.

Capital Circulante Líquido (CCL)

CCL = (PL + ELP) – (AP + RLP)

Representa a diferença entre as contas permanentes do passivo (PP) e as contas permanentes do ativo (AP), ou seja, as contas não circulantes, que, em geral, renovam-se no seu vencimento. Sob a ótica do equilíbrio financeiro destina-se a financiar o AP e parte da NIG.

Saldo Disponível (SD)

SD = ACF-PCF

       ou

SD = CCL-NIG

É mensurada a partir do confronto entre as contas financeiras do ativo (ACF) e passivo (PCF), podendo ser também obtida pela diferença entre o CCL e a NIG. Mostra a dependência da empresa em relação às instituições financeiras (quando negativa) ou a folga de liquidez da empresa (quando positiva)

 

ACC = ativo circulante cíclico; PCC = passivo circulante cíclico; PL = patrimônio líquido; ELP = exigível a longo prazo; AP= ativo permanente; RLP = realizável a longo prazo; ACF = ativo circulante financeiro; PCF =passivo circulante financeiro.

Com a reclassificação das contas do Balanço Patrimonial e de acordo com o modelo dinâmico, o quadro 2 retrata a estrutura financeira e também a situação de liquidez e solvência da empresa em determinado período, baseado nos saldos obtidos e na união das três variáveis: CCL, NIG e SD.

 

 

 

                                  Tipo de Estrutura e Situação Financeira

Tipo

CCL

NIG

SD

Situação

I

+

-

+

Excelente

II

+

+

+

Sólida

III

+

+

-

Insatisfatória

IV

-

+

-

Péssima

V

-

-

-

Muito Ruim

VI

-

-

+

Alto Risco

Nota: (+) indica valor positivo e (-) indica valor negativo

 

Tipo I: empresas que apresentam a NIG negativa, ou seja, possui fonte de recursos onde o passivo cíclico é superior ao ativo cíclico, a empresa recebe antes de pagar seus fornecedores, nessa estrutura a empresa também apresenta SD positivo retratando recursos do ativo errático aplicados a curto prazo e apresentando uma excelente situação financeira, devido a elevada liquidez;

Tipo II: empresas com situação financeira sólida apresentam as três variáveis positivas, significa que o CCL é suficiente para cobrir a NIG e demonstra folga financeira;

            Tipo III: empresas com essa estrutura apresentam o saldo do SD negativo, demonstrando que o CCL não é suficiente para cobrir a NIG e ocasionando procura por financiamento de curto prazo (passivo errático) para garantir a cobertura da NIG, assim explicita situação financeira insatisfatória.

Tipo IV: nessa estrutura estão empresas com saldos negativos do CCL e SD, demonstrando aplicação de recursos erráticos para cobrir a NIG e também ativos de longo prazo, nesse caso a situação financeira é péssima e de difícil recuperação em tempo de saldar as dívidas;

Tipo V: empresas nessa estrutura podem ser caracterizadas como situação muito ruim, pois mesmo com a NIG negativa podendo dispor de recursos cíclicos a situação financeira apresentada é limite, já que o CCL negativo demonstra a utilização de fundos de curto prazo para financiar ativos de longo prazo, onde pode-se concluir que os empréstimos de curto prazo são alocados em investimentos de longo prazo;

Tipo VI: por fim nesta estrutura estão empresas que utilizam fundos de terceiros para financiar seus ativos de longo prazo ao mesmo tempo em que mantém recursos erráticos investidos, em uma situação de alto riso demonstrada por CCL e NIG negativos, porém com o valor da NIG inferior ao CCL em uma circunstância onde o SD permanece positivo.

 

8.1.1Capital de Giro Líquido – (CCL)

Capital de giro normalmente representa uma fonte de recursos de fundos permanente da empresa com o objetivo de financiar a necessidade de capital de giro. Significa a parcela dos recursos próprios da empresa que se encontram disponíveis para investimento e é definido pela expressão:   CCL = Passivo Permanente – Ativo Permanente

O CCL diminui quando a empresa realiza novos investimentos em ativo imobilizado ou qualquer outro bem não circulante, mas investimentos realizados por autofinanciamento ocasionam o aumento do capital de giro, o que compensa a diminuição proporcionada pelos novos investimentos. Já o CCL positivo demonstra que os recursos de longo prazo financiam o ativo não circulante e também o ativo circulante.

A necessidade de investimento em capital de giro não se apresenta de todo diferente do conceito de capital circulante de giro líquido (CCL), onde o CCL é mais diretamente obtido pela diferença entre o ativo circulante e passivo circulante.

O CCL reflete a folga financeira da empresa e também representa o volume de recursos de longo prazo, ou seja, as exigibilidades e patrimônio líquido que se encontram financiando os ativos correntes de curto prazo.

O entendimento correto do CCL processa-se através da parcela de recursos de longo prazo que excede as aplicações da mesma maturidade, como demonstrado nas fórmulas a seguir:

CCL = Ativo Circulante – Passivo Circulante ou CCL = (Patrimônio Líquido + Passivo Não Circulante) – Ativo Não Circulante 

O CCL constitui-se importante fonte de financiamento de longo prazo do investimento necessário em giro de uma empresa, enquanto engloba os elementos ativos e passivos circulantes, na conceituação apresentada da necessidade de capital de giro somente itens circulantes operacionais é que são considerados, ou seja, pode se compreender o CCL como a soma do investimento necessário em giro (NIG) e o saldo disponível mantido por uma empresa, como demonstrado a seguir: Capital de Giro (Circulante) Líquido = NIG + SD

 

8.1.2Necessidade de Capital de Giro – (NIG)

Necessidade de capital de giro é a diferença entre as contas cíclicas do ativo e as contas cíclicas do passivo, que medem a defasagem de tempo e valor das operações que as contas representam.

            Quando no ciclo financeiro as saídas ocorrem antes das entradas de caixa, a operação da empresa cria uma necessidade de aplicação permanente de fundos. Apurando um resultado positivo pela diferença entre as contas mencionadas, se identifica uma necessidade permanente de investimentos em seu giro que se denomina necessidade de capital de giro. Os resultados negativos, apesar de raros na prática, demonstra a existência de excesso de recursos em determinado ciclo financeiro.

A necessidade de capital de giro é definida pela expressão: NIG = Ativo cíclico – Passivo cíclico

8.1.3Saldo Disponível – (SD)

O saldo de disponível é a diferença entre o CCL e a NIG ou pela diferença entre o ativo e o passivo erráticos. Ambos representam contas dos circulantes que não estão diretamente ligadas a operação da empresa e cujos valores não possuem constância de circulação.

Quando o saldo disponível é negativo, significa que o capital de giro é insuficiente para financiar a necessidade de capital de giro e indica utilização de recursos de terceiros para financiar operações.

O SD é definido pela expressão: SD = CCL – NIG

É necessário o acompanhamento constante do SD da empresa, para evitar que permaneça negativo e/ou crescente. Caso seu autofinanciamento não acompanhe o crescimento da NIG pode ocorrer o chamado efeito tesoura, quando a maior parte de seu NIG é financiado com recursos de curto prazo.

Investimentos adicionais em giro de longo prazo devem ser financiados com passivos de maturidade compatível, para não reduzir assim a margem de segurança da empresa.

8.1.4Necessidade de Investimento em Capital de Giro e Saldo Disponível

Ativos circulantes operacionais representam os investimentos que a empresa deve efetuar em itens operacionais de giro (valores a receber, estoques e despesas operacionais incorridas). Subtraindo desse total os respectivos financiamentos operacionais (passivo de funcionamento como fornecedores e salários) se chega ao valor ao valor do ativo circulante operacional líquido, o que representa a efetiva necessidade de investimento em capital de giro – NIG.

NIG = Ativo Circulante Operacional – Passivo Circulante Operacional

 

 

 

 

 

 

9CONCLUSÃO

Em 2017, a empresa da indústria de carnes BR Foods que já não vinha de um ano satisfatório com um prejuízo de R$ 442 milhões em 2016, apresenta um prejuízo líquido ainda maior no exercício de 2017, nada menos que R$1,1 bilhão de reais. Muito desse resultado se deve a operação da Policia Federal denominada Carne Fraca, que investigou casos de corrupção na empresa.

            Segundo a empresa cerca de 50% do resultado do balanço das operações teria sido afetado pela operação.

            O resultado das receitas também apresentou queda, mesmo apesar do aumento das vendas no último trimestre do ano devido às compras de natal.

            Em relação aos custos o cenário foi muito desafiador. Gastos com advogados, gastos com armazenagem e fretes além de devoluções e queda nas exportações.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

10REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  1. MARION, José Carlos. Análise Das Demonstrações Contábeis: Contabilidade Empresarial. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2013 ISBN 9788522478002.
  2. MOURA, Osni Ribeiro. Estrutura e Análise de Balanços.  São Paulo: Saraiva
  3. ROLAND, Otavio. Elementos das Demonstrações Contábeis – Definições. São Paulo: IBRACON, 2011.
  4. SANTOS, Glaucia Teixeira; FRANCISCO, Roberto de Souza. Indicadores De Liquidez Versus Modelo Dinâmico: Aplicação No Período Pré E Pós-Crise No Segmento Bancos.