ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS E A PROPOSTA DA BASE NACIONAL COMUM NO CAMPO DA GEOGRAFIA ESCOLAR PARA O ENSINO MÉDIO      

RESUMO 

O objetivo deste artigo é apresentar a comparação entre as propostas e objetivos dos Parâmetros Curriculares Nacionais  e a Base Nacional Comum para o ensino e aprendizagem da geografia para o Ensino Médio. Para essa finalidade, utilizaremos os referenciais concernentes e a análise da metodologia e da pratica do desenvolvimento da ciência geográfica no ambiente escolar e a sua importância para a formação de um pensamento critico, demonstrando as mudanças e a trajetória do desenvolvimento do currículo dos conteúdos da geografia e a interdisciplinaridade da disciplina dentro do sistema educacional.        

PALAVRAS-CHAVE: geografia; parâmetros curriculares nacionais; base nacional comum; ensino médio; 

OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS E A BASE NACIONAL COMUM 

Os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio foram instituídos como Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio por meio da Resolução CEB nº 3, de 26 de junho de 19981, que foi precedida por debates com setores organizados da sociedade civil e por formulações de consultores e especialistas na área educacional , sendo formada por diretrizes elaboradas pelo Governo Federal que orientam a educação e  que são separados por disciplinas, já a Base Nacional Comum, prevista na Constituição para o ensino fundamental e ampliada, no Plano Nacional de Educação, para o ensino médio, servindo de base para a renovação e o aprimoramento da educação básica como um todo, a Base Nacional Comum assume um forte sentido estratégico nas ações de todos os educadores, bem como gestores de educação do Brasil por indicar o nivelamento e o melhor conteúdo e saberes necessários para cada ano e segmento da educação. 

A GEOGRAFIA NO CURRICULO ESCOLAR 

            A geografia como disciplina escolar tem inicio no século XIX, sendo implantada como disciplina escolar obrigatória pela primeira vez no Brasil em 1837 no Colégio Pedro II (Rio de Janeiro), tendo como principal objetivo, o de instituir tal ciência para a capacitação política de uma camada da elite brasileira que pretendia se inserir nos cargos políticos e nas demais atividades relacionadas através do ensino de uma Geografia Tradicional, como é conhecida entre os profissionais, que valorizava os aspectos físicos onde a dinâmica populacional e os fatores históricos eram praticamente desprezados. No ano de 1966, é publicada por Yves Lacoste sus obra Geografia do Subdesenvolvimento,  a partir dessa publicação tiveram início as primeiras propostas das ideias da Geografia crítica no Brasil e é importante destacarmos que nos anos 70, houve o período no qual o país vivenciou uma ditadura militar onde a Geografia e a História foram unificadas em uma única disciplina chamada de Estudos Sociais, essa iniciativa do Governo Militar tinha como intenção coibir o surgimento de movimentos populares, apoiados na ideia de que a Geografia e a História figuravam como uma ameaça política para o regime da época.

A partir da década de 60 surge a Nova Geografia também conhecida de Geografia Crítica para confrontar a Geografia Tradicional, sendo esta Nova Geografia alicerçada em grande parte  nas análises marxistas em que se focaliza o estudo crítico da sociedade e suas relações, especialmente na análise das classes. Se no passado, a Geografia como disciplina escolar era estreitamente vinculada a conceitos definitivos por causa  dos diversos materiais didáticos que forneciam informações meramente descritivas e que não tinham  ligação entre aspectos naturais e sociais onde a preocupação do ensino se limitava a conhecer, ou melhor dizendo, decorar os dados estatísticos, nome de rios, de países, capitais entre outros , temos atualmente o desafio de desenvolver os conteúdos que possuam perspectivas críticas, onde os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio se apresentam como ferramenta para auxiliar na elaboração de metodologia que propiciem o desenvolvimento de teorias e práticas pedagógicas de ensino tanto de Geografia quanto das outras disciplinas que possam atender as demandas atuais. 

GEOGRAFIA NO ENSINO MÉDIO: PARAMETROS CURRICULARES NACIONAL E BASE NACIONAL COMUM 

A Base Nacional Comum para o ensino e aprendizagem da geografia para o Ensino Médio se apresenta como um esforço coletivo dos especialistas da área de educação para implementação de uma didática que esteja de acordo com os critérios propostos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio, onde o ensino da Geografia assim como das demais disciplinas se apresentam com uma perspectiva inclusiva para a visão critica e interdisciplinar de como a ciência geográfica se tornou um campo de saber interessado nas inter-relações dinâmicas entre elementos humanos e não humanos, materiais e imateriais, em sua distribuição pelo mundo, o que constitui o espaço geográfico, em construção constante, servindo a Base Nacional Comum como um conjunto dos componentes curriculares a serem disponibilizados e utilizados por alunos e professores em sala de aula através dos recursos didáticos disponibilizados.

Se por um lado os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio para o ensino de geografia enfatizam a interdisciplinaridade e o reconhecimento da importância da geografia e que objetivos da disciplina devam orientar a formação de um cidadão para aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser, ou seja,  buscar um modo de transformar indivíduos tutelados e infantilizados em pessoas em pleno exercício da cidadania, cujos saberes se revelem em competências cognitivas, sócio-afetivas e psicomotoras e nos valores de sensibilidade e solidariedade necessários ao aprimoramento da vida neste País e neste planeta1,por outro, a Base Nacional Comum estabelece estratégias e materiais de apoio aos profissionais com definição dos componentes curriculares a serem utilizados nas diferentes séries do ensino básico e médio. É importante destacar que os Parâmetros Curriculares Nacionais apresenta uma distinção onde não se deve compreender o Ensino Médio apenas dentro da ótica de simples continuação do Fundamental ou da redução de um curso de graduação, destacando o Ensino Médio como o momento de ampliação das possibilidades de um conhecimento estruturado e mediado pela escola que deve conduzir à autonomia necessária para o cidadão do próximo milênio e seguir seguintes três princípios filosóficos da concepção curricular, princípios estéticos, políticos e éticos, onde a Geografia deve contribuir junto as outras disciplinas para esta formação, proporcionando ao aluno a oportunidade o acesso ao conhecimento e seu desenvolvimento para a compreensão das questões contemporâneas, tais como crise econômica, globalização do sistema financeiro, poder do Estado e sua relação com a economia e as novas resultantes espaciais das desigualdades sociais, que  podem ser tratadas pela Geografia em diálogo com a Economia e a Sociologia, de forma integrada com a espacialização dos problemas ambientais e da biotecnologia que favorece a interação com a Biologia, a Física, a Química, a Filosofia e a Economia1.

Assim sendo, podemos afirmar que o ensino e aprendizagem da geografia aliada às outras disciplinas do Ensino Médio deve orientar a formação de um cidadão para aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser, auxiliando de forma a possibilitar a transformação dos indivíduos em pessoas com pleno exercício da cidadania, aos quais os saberes se revelem em competências cognitivas, sócio afetivo e psicomotores e nos valores de sensibilidade e solidariedade necessários ao aprimoramento da vida social, onde os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio e a Base Nacional Comum se apresentam como ferramentas importantes para a realização destes objetivos.

CONCLUSÃO 

            Mediante o exposto, devemos destacar que a análise teórica e a comparação dos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio e a Base Nacional Comum para o ensino de geografia muitas vezes apresenta relevante discrepância entre a teoria e a prática do ensino da disciplina e dos conteúdos propostos, devido a questões relativas as especificidades sócio-culturais, econômicas e politicas em que as escolas onde os alunos e professores não conseguem alcançar de forma efetiva o desenvolvimento pleno das potencialidades possibilitadas pelo conhecimento, o que reflete e é ao mesmo tempo reflexo das dificuldades da reprodução de diversos problemas socioeconômicos que resultam na desvalorização do ensino, falta de infraestrutura das escolas e materiais didáticos mal utilizados, desvalorização, sobrecarga  e condições precárias de grande parte das  salas-de-aula das escolas públicas brasileiras resultante de uma politica insuficiente sobre a educação, onde os professores e alunos acabam não desenvolvendo todo seu potencial devido a tais dificuldades. 

1 Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino Médio. Portal mec. Acesso em 08/08/2016

2 Base Nacional Comum Curricular. Portal mec. Acesso em 08/08/2016 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

COLESANTI, M. T. M; O ensino de Geografia através do livro didático no período de 1890 a 1971. Rio Claro: UNESP. 1984.213p. 

HARVEY, D. Condição Pós-moderna. Tradução: Adail Ubirajara Sobral e Maria Stela Gonçalves, São Paulo: edições Loyola, 1993. 

MELO, A.A; VLACH, V.R.F; SAMPAIO, A.C.F;  História da Geografia escolar Brasileira: Continuando a Discussão Disponivel em: < http://www2.faced.ufu.br/colubhe06/anais/arquivos/239AdrianyMelo_VaniaRubia.pdf

> Acessado em: 15/08/2016 

MINISTERIO DA EDUCAÇÃO Base Nacional Comum Curricular Disponível em:  http://basenacionalcomum.mec.gov.br/documentos/BNCC-APRESENTACAO.pdf > Acessado em : 15/08/2016 

MINISTERIO DA EDUCAÇÃO Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/cienciah.pdf > Acessado em : 15/08/2016 

MOREIRA, S.A.G;  ULHÔA, L.M;  Ensino em geografia: Desafios à pratica docente na atualidade  Disponivel em: < http://www.catolicaonline.com.br/revistadacatolica2/artigosv1n2/06-GEOGRAFIA-01.pdf  > Acessado em : 14/08/2016 

PEREIRA, E.R.de M; FERREIRA, G.H.de A; Ensino de Geografia e o desafio didático-pedagógico: possibilidades de ação para o professor Disponivel em: <  http://www.unifalmg.edu.br/simgeo/system/files/anexos/Eduardo%20Rafael%20de%20Moura%20Pereira.pdf > Acessado em : 14/08/2016