I - INTRODUÇÃO

Guisa ao  Conceito 

           O trabalho escolar é uma ação de caráter coletivo, realizado a partir da participação conjunta e integrada dos membros de todos os segmentos da comunidade escolar.  Portanto, afirmar que sua gestão pressupõe a atuação participativa representa um 
pleonasmo de reforço a essa importante dimensão da gestão escolar. Assim, o  envolvimento de todos os que fazem parte, direta ou indiretamente, do processo  educacional no estabelecimento de objetivos, na solução de problemas, na tomada de  decisões, na proposição, implementação, monitoramento e avaliação de planos de ação, visando os melhores resultados do processo educacional, é imprescindível para o sucesso da gestão escolar participativa, (Luck, Freitas, Girling, Keith, 2002).

                A participação dá às pessoas a oportunidade de controlar o próprio trabalho, sentirem-se  autoras e responsáveis pelos seus resultados, construindo, portanto, sua autonomia. Ao mesmo tempo, sentem-se parte orgânica da realidade e não apenas um simples  instrumento para realizar objetivos institucionais. Mediante a prática participativa, é possível superar o exercício do poder individual e de referência e promover a construção do poder da competência, centrado na unidade social escolar como um todo.Aa 

A participação em seu sentido mais epistemológico

            A participação, em seu sentido pleno, caracteriza-se por uma força de atuação consciente pela qual os membros de uma unidade social reconhecem e assumem seu poder de exercer 
influência na determinação da dinâmica dessa unidade, de sua cultura e seus resultados. 
             Esse poder é resultante da competência e vontade de compreender, decidir e agir sobre  questões que lhe são afetas, dando à unidade social vigor e direcionamento firme. 
Conforme indicado por Marques (1987 : 69), “a participação de todos, nos diferentes níveis  de decisão e nas sucessivas faces de atividades, é essencial para assegurar o eficiente desempenho da organização”.

            No entanto, a participação deve ser estendida como 
processo dinâmico e interativo que vai muito além da tomada de decisão, pois é caracterizado pelo inter-apoio na convivência do cotidiano da escola, na busca, pelos seus agentes, da superação das dificuldades e limitações e do bom cumprimento da sua 
finalidade social.

Da participação ao significado de variações educativas

          o processo de participação tem sido evocado na escola em várias circunstâncias, 
das quais serão ressaltadas algumas, apenas para exemplificar a limitação das práticas levadas a efeito sob essa denominação, em seu alcance e sentido.É importante ressaltar que essas circunstâncias deixam de caracterizar a participação efetiva dos professores, uma vez que eles se sentem usados – e se deixam usar -, no primeiro caso como simples mão de obra, e no segundo como sujeitos manipuladores por concordar em realizar o que, de antemão, já foram determinado por um grupo restrito. Essa prática embora pareça oferecer alguns resultados positivos, do ponto de vista de quem conduz, a médio prazo, produz resultados altamente negativos, que deterioram a cultura organizacional da escola, por destruir qualquer possibilidade de colaboração benéfica; promover o descrédito nas ações de direção e nas pessoas que detêm autoridade; gerar desconfiança, insegurança e destruir as sementes e motivações de participação efetiva das pessoas que, ao se sentirem usadas, passam a negar o processo e sua legitimidade.

Os três pontos importantes da ação participaticva: 

         A ética é representada mediante a ação orientada pelo respeito ao ser humano, às nstituições sociais e aos elevados valores necessários ao desenvolvimento da sociedade com qualidade de vida, que se faz traduzir nas ações de cada um.

           De acordo com esse valor, a ação participativa é orientada pelo cuidado e atenção aos interesses humanos e 
sociais como valor. 
          A solidariedade é manifestada pelo reconhecimento do valor inerente a cada pessoa e o 
sentido de que os seres humanos se desenvolvem em condições de troca e reciprocidade, 
em vista do que são necessárias redes abertas de apoio recíproco. 
            A equidade é representada pelo reconhecimento de que pessoas e grupos em situações  desfavoráveis necessitam de atenção e condições especiais, para igualar-se a seus semelhantes no processo de desenvolvimento. Vale dizer que os benefícios da atenção são distribuídos de forma diferente, de modo a possibilitar aos que apresentam maior dificuldade de participação condições favoráveis para superar essa dificuldade.

           Portanto, a ação participativa hábil em educação é orientada pela promoção solidária da participação por todos da comunidade escolar, na construção da escola como organização 
dinâmica e competente, tomando decisões em conjunto, orientadas pelo compromisso com valores, princípios e objetivos educacionais elevados, respeitando os demais participantes e aceitando a diversidade de posicionamentos.