Escrito clandestinamente durante os anos da ditadura militar, a mão invisível de Maciel Aguiar faz parte de uma coletânea de 80 volumes sendo esse da qual vos escrevo a edição numero 49. O livro com aproximadamente 10 poemas relatam basicamente o suplicio daqueles que caiam nas mãos dos carrascos do governo repressor e dos parentes que nunca terão o direito de enterrar seus entes queridos.

Antes de tudo, quero informar que não sou de esquerda e muito menos acho que os militantes socialistas eram guerreiros que lutavam pela liberdade, muitos pelo contrario, ela lutavam contra a ditadura militar para por no lugar uma ditadura do proletariado. Houve sim torturas durante a ditadura durante o governo militar, mas sejamos justos, a militância armada cometia os mesmo crimes, estamos falando de ataques à bomba em locais onde havia civis inocentes e ondas de crimes inclusive entre os próprios integrantes como de uma jovem de 16 anos chamado Elza que foi morta acusada de ter abrido à boca durante interrogatórios, mesmo tudo levando a crer que ela não tinha dito nada.

Mas fora as razões distorcidas da militância, eu tenho que lhes dizer que o livro é muito bem escrito. Os poemas necessitam de pouco de reflexão, porem são curtos e se você ler devagar não precisar fazê-lo pela segunda vez. Um problema que me incomodou um pouco foi que foi a repetição de palavras e frases que foram escritas no poema interior, mas se tratando que livro tem a premissa de contar o sentimento de uma pessoa que é torturada diz após dia através de simples poemas que não ultrapassam duas paginas, as repetições são até justificáveis.

Se tratando do titulo “a mão invisível” o livro nos dá algumas intepretações para o titulo, umas bem obvias e outras nem tanto. A explicação que faz mais sentido, e até uma criança chegaria a mesma conclusão, se trata basicamente que os poemas distribuídos eram anônimos, as pessoas liam, mas não sabiam que os escrevia e isso fica bem claro em vários versos como esses por exemplo:

“os meninos que deixaram de crescer seu sentimento de poeta, agora escondem seus versos como um menestrel invisível/ pagina 11”.

“sob a túnica do medo a mão do poeta escreve canções que nunca serão lidas........a mão invisível escreve para o séculos lerem um dia/pagina 22 e 23”.

O livro trata muito habilmente sobre o martírio de esconder um talento que pode lhe custar um sofrimento infernal graças a aqueles que não suportam pessoas que divergem de sua linha ideológica, como se o dom se transformasse em maldição apenas pela conveniência de uma minoria dominante, mas com muito poder de fogo. Porem um dos temas abordados que mais me chamou a atenção no livro, foram aqueles que tratavam sobre os presos que eram torturados, impedido de acabar com o próprio sofrimento, tendo que suplicar ao carrasco para que os matassem, recorrendo às formas mais doloridas de suicídio.

O poema intitulado “o suicida e sua dor” tem um trecho bastante interessante da qual finalizo minha analise com ele:

“no entanto a dor do que mata a si mesmo é maior do que a dor dos que são eliminados pelas mãos dos assassinos, a provação é maior, a desgraça é maior, o sentimento é maior, e ele em sua angustia trama com a precisão de uma tragédia solitária/ pagina19”.

Paulo Henrique Alves Fialho/escritor independente