ANALISANDO O LIVRO GUARDIÃO DE MEMORIAS DE KIM EDWARDS

Talvez o guardião de memoria seja um dos livros mais enfadonhos que eu já li em toda minha vida. Basicamente conta a historia de um medico chamado David Henry que após ter feito o parto de sua esposa, descobre que teve gêmeos, um deles, Paul, nasce saudável, porem a segunda, uma menina, Phoebe, nasce com síndrome de Down. David Henry então recorda de suas raízes humildes onde também teve uma irmã com o mesmo problema, Lucy, que morreu muito jovem em decorrência de um problema de coração, muito comum em pessoas com esse tipo de deficiência.

A mãe de David nunca se recuperou da perda. Henry temendo que o mesmo aconteça com Nora Henry, sua esposa, decide mandar a menina para um centro onde são abrigadas pessoas com deficiência mental e dizer para Nora que a menina morreu no parto Acreditando que a pouparia de sofrimentos futuros. No entanto, Nora ainda continua lamentando pela morte da filha cujo rosto nunca viu, decide fazer um funeral simbólico para a Phoebe que no momento estava nas mãos de uma enfermeira chamada Caroline Gil, que ajudou no parto de Nora e foi incumbida da missão dada por David de levar a menina para uma espécie de asilo mental. Caroline a adentrar no recinto fica horrorizada com o local não tendo coragem de deixar o bebe.

O livro não é mal escrito, pelo contrario, a capacidade Kim de ambientar locais e descrever situação é uma aula de literatura, porem, os romances que ocorrem no livro são totalmente descartáveis. Um Capitulo agua com açúcar de como David e Nora se conheceram, um namorico mela cueca entre o Paul e um menina cujo nome é esquecível e pra fechar com chave de ouro, o episodio de como Caroline encontrou o amor de sua vida, animador mas desaconselhável.

O romance dos protagonistas, David e Nora, por um lado é bom por ser muito curto, porem é patético pelo fato de ser ridículo mesmo. Resumindo tudo, ele á vê no shopping, de repente é amor a primeira vista, começa a segui-la até chegar a uma loja de lingerie, ele mente para atendente dizendo que quer comprar algo para irmã, nora acha engraçado um homen ir comprar roupas sensuais para sua irmão, ela lhe dá seu telefone, ele liga pra ela no dia seguinte, saem pouquíssimo tempo depois e em menos de seis meses estão casados, o sonho de todo leitora de romances de banca de revista.

Paul é o adolescente menos carismático que tive o desprazer de ler em uma historia. O moleque passa o livro se lamentando que o pai não reconheça seu talento para musica, mesmo tendo tudo que um adolescente poderia querer, os capitulo onde Paul é descrito são melodramáticos e tristes, nem em momento onde ele é altamente revistado por meninas belas, chegando a uma extremamente sensual ter relações sexuais com ele, nem assim se consegue ver felicidade nos pensamentos desse garoto mimado descritos no livro.

A enfermeira Caroline Gil, talvez seja a única personagem minimamente interessante da trama. Na historia ela é descrita com uma mulher tímida que sonha em encontra um companheiro, porem permanece solteira durante anos, quando conhece o medico novo, uma chama incandescente nasce em sua alma, mas se decepciona quando descobre que ele se casou com Nora. Em um das passagens do livro, Caroline se indaga em como se seria bom ir embora e deixar tudo para trás, começar do zero. Ficamos tão presos aos estereótipos impostos a nos que não conseguimos fugir de seu ciclo vicioso, o único jeito de mudar e recomeçar avida em outro local, onde se possa moldar a própria personalidade, isso foi o que pude sintetizar dos sentimentos de Caroline. O romance desaconselhável ocorre quando Caroline fica presa em um estacionamento quando volta para comprar leite para o recém-nascido em seus braços, mas encontrar a loja fechada e o carro enguiçado devido ao frio intenso. Ela encontra um caminhoneiro desconhecido chamado Al, com o corpo totalmente estereotipado pela sua profissão. Al oferece carona para Caroline que vê nele uma aura doce e angelical, ela oferece hospedagem para o gentil caminhoneiro que aceitou, por que em decorrência da nevasca, todos os hotéis estavam fechados. Nem preciso dizer que abrigar um desconhecido em casa é uma má ideia, porem no romance/ficção de Kim Edwards, isso é visto como um ato de bondade que será recompensado com um homem gentil e carinhoso que não tem onde cair morto, que se apaixonará por você te perseguindo enquanto você foge da cidade, e depois, viverão felizes para sempre numa bela casa dada a ela por uma cinquentona que a tinha contratado para cuidar de senhor de personalidade intragável.

David é um clássico exemplo de como ser um perfeito idiota. Mesmo sendo um medico renomado que venceu a pobreza e conseguiu ascender na vida tendo tudo que muito ambicionam em ter, o energúmeno passa o livro inteiro se lamentando de ter nascido em família pobre que não via sua ascensão como algo louvável, mesmo tendo uma esposa linda, um casa grande e aconchegante, ele ainda continua remoendo o passado e perdido em suas crises existenciais. Passou anos observando a esposa sofrer com a perda da filha enquanto se decidia se contava a verdade ou não, Caroline também e passou anos esperando o imbecil se decidir, quando ela fugiu para recomeçar uma nova vida, ele resolveu querer a menina de volta, mas Caroline já havia se apegado a Phoebe.

Nora sempre foi muito dependente de David, porem percebeu que o marido só tinha um objetivo na vida, tirar fotos, pode acreditar, são os momentos que se perceber o nível de mediocridade do protagonista que fica tão aéreo que começa a acreditar que o fato da mulher estar o traindo, é culpa sua. Estou falando em ver as roupas da esposa jogadas na praia enquanto ela está completamente nua nos braços de outro homem. Nora comete o mesmo ato diversas vezes enquanto o corno do David Henry fica enfurnado em sua sala escura revelando fotos, não é de se esperar que pouco tempo depois ela se divorcie dele.

O irônico do livro foi o desfecho dele onde David vinha a falecer em decorrência de uma parada cardíaca quando ele mesmo acreditava que Phoebe morreria do mesmo problema, o ultimo ato antes de morte de David foi concertar a pia de Nora, já divorciados, que o chifrou durante anos. Ao saber que David entregou a filha para outra pessoa e mentiu a todos dizendo que ela morreu, Nora coloca fogo em caixas de trabalhos de fotografia de Henry que seriam avaliados por compradores que estavam dispostos apagar muito por elas. No enterro de David, Nora se surpreende com uma igreja cheia de pessoas desconhecidas, muitas delas eram pacientes que David atendia de graça em seu consultório. Olhando a multidão, nora comenta com sua irmã rebelde cuja presença é descartável na trama:

-as pessoas deveriam achar que ele era um santo

- não eram casadas com ele- comentou nora

Phoebe mesmo com a deficiência consegue um emprego e até mesmo alguém que a ame e que pretende se casar com ela. Existe uma passagem no livro onde Phoebe está abraçando e beijando outro rapaz em um nível que precede ao sexo. Caroline fica completamente horrorizada com a cena, mesmo que tenha lutado anos para colocar a filha numa escola normal e gritado aos quatro ventos que apesar da deficiência ela poderia fazer tudo que os outros fazem, quando a garota chega a um nível que normalmente compete à idade dela, Caroline vê todos seus argumentos irem ao chão. Os comentários de Phoebe sobre se casar e ter filhos faz Caroline se dá conta que a filha amadureceu, decide então conta quem são seus pais biológicos.

Desse momento em diante nada de relevante acontece no livro, nora conhece a filha, Paul conhece a irmã e Phoebe fica com medo de nora a levar embora. Nora se casa com outro homem e Paul namora uma menina que apesar de ser descrita pouquíssimas vezes, é bem mais interessante que ele.

Se eu fosse indicar uma leitura, com certeza não seria essa. Os personagens são entediantes, nada que acontece na historia me causa impacto, o roteiro é pobre e muito pouco elaborado, a escolhas e sofrimentos dos protagonistas não convencem, não se sente o sofrimento deles. Excluindo os prêmios que a escritora ganhou com o livro, as descrições acuradas e os diálogos resistíveis, nada se salva nesse livro.

O mais estapafúrdio foi a origem no nome do livro, guardião de memorias, cuja única explicação foi um câmera fotográfica que Nora comprou para Henry onde havia uma dedicatória escrita guardião de memorias, mas para ser justo o nome original era algo como “aquele que mantem a memoria da filha” Apesar dos problemas, o livro pode ter o seu publico. Leitores assíduos de tramas como Crepúsculo e cinquenta tons de cinza podem gostar deste Best Seller do new York times. Se você curte livros onde não acontece quase nada e os sentimentos dos personagens são os únicos motores das historias, o guardião de memorias é pra você.

Paulo Henrique Alves fialho Critico literario