A exceção do escritor dinamarquês Christian Jungersen, conta a historia de cinco pessoas que trabalham no centro dinamarquês de informações sobre genocídio ou CDIG para abreviar. Entidade humanitária que reúne informações sobre massacres e expurgos que aconteceram ao longo da historia.

 Iben é a analista de informações, responsável por reunir dados sobre genocídios e transpô-los para o jornal do centro em artigos bem detalhados, além disso, também escreve sobre os perpetradores das chacinas e criminosos de guerra procurados pela policia. Para tal trabalho ela chegou a fazer jornalismo investigativo conversando com testemunhas que conheceram esses criminosos procurados quando eles eram muitos jovens, em determinada trama do livro, Iben conversa com uma mulher que conheceu Mirko Zigic no colegial, segundo seu relato, Zigic tinha uma personalidade doce e gentil, nunca imaginaria que ele se tornaria uma assassino frio inclinado a todo tipo de perversidade.

 Iben é uma mulher solitária dedicada ao trabalho que apenas sorria em raras ocasiões. Apenas passou a ser conhecida por outras pessoas e pela mídia quando ela e outros integrantes da ajuda humanitária foram mantidos reféns numa choça africana em algum lugar de Nairóbi. Mesmo recebendo elogios que a caracterizavam como uma verdadeira heroína, Iben nunca se sentiu bem com a exposição, talvez pelo fato que não houve nenhum ato de coragem, mas de uma mulher que queria sobreviver a qualquer custo. Em nenhuma parte do livro fica bem claro se a coragem de Iben foi legitima ou simplesmente para salvar a própria pele, no que concerne o deleite do texto, fica a crivo do leitor chegar uma conclusão.

Malene trabalha no centro com gerente de projetos, é a melhor amiga de Iben, talvez seja única, conclusão essa que você irá perceber ao longo do texto, mas como eu havia mencionado antes, isso fica ao crivo do leitor, o que não estraga de forma nenhuma sua leitura. Malene conseguiu o emprego para Iben no centro, já que uma vaga nesse local é muito concorrida com milhares de graduados e formados muito mais experientes que Iben que tentam todo dias ocupar uma vaga no centro nem que seja para recolher papel. Porem como será citado no texto, Malene não mexe os pauzinhos para que Iben tenha a vaga simplesmente pela amizade, mas também pelo fato que Malene tem artrite que lhe causa dores terríveis nas articulações deixando ela indisponível para qualquer tipo de trabalho, fazendo assim que Malene precise de ajuda constante, Iben foi à única que sempre esteve ao seu lado ajudando a leva-la no hospital quando as crises da doença se tornam severas e por mais que ela faça isso de boa vontade, Malene sempre sentiu que tinha uma divida com Iben e a vaga no centro pagaria a retribuição.

Malene é uma mulher bonita aos olhos de qualquer homem, simpática e engraçada, porem carrega o fardo de ter uma doença que vai incapacita-la ao longo dos anos e o fantasma da total dependência alheia lhe assombra todos os dias.

Anne-lise é uma bibliotecária de meia idade que trabalha no centro e sente que suas habilidades estão sendo mal aproveitadas. Por vezes se sente rejeitada pelas demais e a companhia das outras lhe faz muita falta. Anne-lise tem o péssimo habito de colocar as opiniões alheias acima do seu bem estar, sofre calada e somente os confessa ao seu marido. Os problemas de relacionamento passam a se tornar insuportáveis para essa tímida bibliotecária quando Iben e Malene recebem um e-mail com ameaças de cunho neonazista. Anne-lise passar a ser a alvo da desconfiança das colegas depois de descartarem os outros possíveis suspeitos.

Malene e Iben percebem que quem escreveu as mensagens parecia conhecê-las, ao conversarem com uma amiga psiquiatra que lhes aconselhou que a pessoa que escreveu a carta pode ter um distúrbio psicológico, Iben passa a ficar obcecada pelos estudos da mente humana. Após descobrirem mensagens em que Anne-lise confessava odiar as colegas de trabalho que estariam transformando sua vida em um inferno. Com o decorrer do livro outra pessoa passa a ser suspeita, Iben faz de tudo para coagir e descobrir que é o autor das ameaças.

O interessante do livro são os artigos que Iben escreve para o jornal do centro; todos totalmente verídicos temos como exemplo o massacre de Josefow na Polônia, onde o comando nazista deu ordem para eliminar todos os habitantes da aldeia. Os tratados de psicologia intitulados “a psicologia do mal” tem bastante embasamento cientifico e mostram como até a pessoa mais honrada, se sofrer as lavagens cerebrais típicas de regimes ditatoriais, pode se tornar um assassino em serie pronto a cometer as piores atrocidades.

O livro trata basicamente sobre como a politicagem no trabalho pode ser mortal, como em determinados lugares as amizades se desfazem e se unem ao sabor das conveniências, como um chefe obcecado por status e lutando contra uma possível fusão que o colocaria subordinado a outra pessoa pode colocar seus funcionários em meio ao fogo cruzado. Sobre uma mulher que acredita que sua colega tenha transtornos psicológicos sem saber que ela mesma possa ter um problema de dupla personalidade.

Christian Jungersen é um escritor dinamarquês que ganhou o premio “meu primeiro romance” em 1999 com o livro “Krat”. Ele mesmo trabalhou como analista de informações em um centro onde testemunhou varias formas de assedio moral o que deu origem ao seu segundo livro “a exceção”.

A exceção é um thriller psicológico que vai lhe prender até a ultima pagina. Com um enredo instigante e agradável mostrando o comportamento humano nas formas mais improváveis e no final vai de qual dos seis personagens é a exceção, isso mesmo dois personagens morrem, mas apenas um deles foi a pessoas que escreveu a mensagem. Que forjou as provas e provocou a morte de uma pessoa inocente.

Eu sempre gosto de atiçar a curiosidade dos meus leitores com um critica leve e embasada. aconselhando que alguns livros se exige diferentes formas de ler para que não se estrague a experiência. Contudo, esse livro não exige uma meditação tão intensa no que tange historias onde há descrições tão longas quanto à ambientação que o leitor acaba se perdendo quanto ao enredo. Todas as historias paralelas deste livro, como experiências de vida dos personagens, não são uma perda de tempo cujo único objetivo e fazer o livro a chegar á um numero absurdo de paginas, no caso de a excessão, servem para torna-los mais humanos mais palpáveis, fazendo assim que a historia respire a cada pagina lida, fazendo você esquecer que são apenas personagens criados pela imaginação do escritor. Siga a minha dica e tenha uma boa leitura.

Paulo Henrique Alves fialho Critico literário independente