AMBIÊNCIA E GENÉTICA

Jamil F. H. Guedes; José Renato Silva; Roberto R. Sobreira; Jean Gualberto R. S.;

A visão da sociedade com relação ao bem-estar animal está mudando, e isso tem ocorrido, principalmente, devido à rápida urbanização durante o último meio século, que, combinada com o aumento do poder aquisitivo, demanda ações específicas com relação ao ambiente e às condições dos criatórios dos animais alojados para consumo; dentre essas, destaca-se o bem-estar animal. Ainda é universalmente aceita como medida de bem-estar animal, segundo DAWKINS (2003), a sua saúde física. Com a produção brasileira de carne de frango, em 2006, atingiu cerca de nove milhões de toneladas, com o crescimento de 4,1% acima da produção de 2005 e ainda, além de movimentar uma receita anual de cerca de 30 milhões de dólares, a cadeia de produção de frangos de corte cria aproximadamente cinco milhões de empregos fixos e representa em torno de 6% do comércio exterior brasileiro, com um total de exportação da ordem de três milhões de toneladas, incluindo produtos in natura, industrializados e cortes Dentre os destinos da carne de frango brasileira, encontram-se países da União Européia (14%) e Japão (18%), que possuem legislação restrita de condições de alojamento com relação ao bem-estar das aves (OWADA, et al 2007).
Entretanto, o que ainda é considerado controverso é se somente essa medida seria suficiente, já que indicadores fisiológicos de bem-estar podem, eventualmente, ser uma resposta natural a atividades ou excitações naturais do animal, ao invés de indicar, especificamente, o seu bem-estar. Recente literatura sobre as questões de bem-estar na produção de aves indica que os temas relacionados à ambiência térmica e aérea, bem como à quantidade e intensidade de luz dos galpões, são abordados nas pesquisas isoladamente, sendo, entretanto, mais influentes na resposta das aves quando os extremos ocorrem simultaneamente ( LIMA, et al 2003).
A qualidade do ar em ambientes de produção animal vem sendo referenciada como ponto de interesse em estudos de sistema de controle ambiental, focando tanto a saúde dos animais que vivem em total confinamento, quanto a dos trabalhadores que permanecem de 4 a 8 horas por dia nesse ambiente de trabalho. Dentro do contexto da avicultura moderna, pesquisas mostram a influência direta do ambiente inadequado de criação como um dos fatores que predispõem a Ambiência aérea em alojamento de frangos de corte: poeira e gases (NÄÄS, et al 2007).
Um dos poluentes aéreos freqüentemente encontrados em altas concentrações nos aviários, principalmente em ambientes fechados, é a amônia. O maior problema nas áreas tropicais quentes e úmidas é o excesso de umidade relativa do ar. Esse excesso impossibilita que a ave elimine calor através da respiração. Quando a temperatura ambiental alcança 25 °C, essa temperatura acarreta um maior ofego pela ave. A temperatura e a umidade relativa altas fazem com que a ave não consiga respirar suficientemente rápido para remover todo calor que precisa dissipar de seu corpo. Conseqüentemente, com a umidade relativa muito alta, a ave não suporta a mesma temperatura ambiental, afetando o intercâmbio térmico, e a temperatura corporal pode elevar-se, ocorrendo a prostração e morte, quando a temperatura ambiental alcançar 47 °C, que é o limite máximo fisiológico vital da ave. Isto é mais preocupante à medida que a ave se desenvolve, especialmente nas linhagens mais pesadas, pois a área superficial necessária para a dissipação de calor diminui proporcionalmente com a idade e com o seu peso corporal (LAGANÁ; 2009)
Quando expostas ao estresse por calor, todos os tipos de aves respondem pela diminuição na ingestão de alimentos. A redução de consumo alimentar diminui os substratos metabólicos ou combustíveis disponíveis para o metabolismo, reduzindo dessa forma a produção de calor. Drásticas diminuições no consumo de alimento e no crescimento foram relatadas sob circunstâncias de estresse por calor. A eficiência alimentar também pode ser reduzida significativamente (OLIVEIRA et al, 2006).


REFERENCIAS TEÓRICAS

LIMA K. R. S. el al; Avaliação do Ambiente Térmico Interno em Galpões de Frango de Corte com Diferentes Materiais de Cobertura na Mesorregião Metropolitana de Belém. Rev. ciênc. agrár., Belém, n. 51, p.37-50, jan./jun. 2003.
LAGANÁ C. Influência de altas temperaturas na alimentação de frangos de corte. Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios - Apta Regional, 2009.
OLIVEIRA G. A. et al, Efeito da temperatura ambiente sobre o desempenho e as características de carcaça de frangos de corte dos 22 aos 42 dias. Revista Brasileira de Zootecnia., v.35, n.4, p.1398-1405, 2006
OWADA A. N. et al. Estimativa de bem-estar de frango de corte em função da concentração de amônia e grau de luminosidade no galpão de produção. Eng. Agríc., Jaboticabal, v.27, n.3, p.611-618, set./dez. 2007