AMAZONAS –RIO: parte minha, minha vida

Nesta longa e amada trajetória, vi, vivi e convivi de amores naturais, barcos, remos, ondas, todos eles pertencente a um universo que aos poucos vão mudando de faces, faces estas contidas de ternura, feição, afeição, conforto e desconforto. Logo, me percebo navegando num entusiasmo garantido pela imensidão das águas, dos ventos, do vai e vem dos barcos, navios, canoas, rabetando ou não, conduz, produz e reluz um mundo a parte, mas que mesmo assim faz parte de nossa vida como amazônida que não cansamos de curtir e vivenciar as belezas contidas no âmago deste Brasil, deste Pará.

Ó Amazonas, grande rio que se faz florir de águas borbulhantes, de ondas vivas, de redemoinhos aquáticos, que fazem caracterizar o homem que lateja, peleja e mergulha num vai e vem frenético de energia perpetuada pela própria força desenvolvida por este gigante; um colosso não adormecido que ruge nas “trevoadas”, temporais, cardumes e na maresia das embarcações.

Pessoas vão e vem, umas se possibilitam ao retorno de uma viagem que nunca esquecerão, viajada de outras formas pelo mesmo caminho aquático; comandantes repetitivos das trajetórias sem fim, num sobe e desce infinito, pela infinita razão do trabalho e do domínio do espaço ora por aventura e função.

Redes, camarotes, colchões, bancos, cadeiras, todos eles elementos que fazem parte de um convívio diário que se permite na travessia longa do rio-mar, com suas águas barrentas, recebidas e lançadas dos altos Andes, descendo escorrendo, navegando freneticamente e que tem como testemunhas as malhadeiras, redes pesqueiras, tarrafas lançadas no alcançar do pão do dia a dia.

Águas que são levadas pouco a pouco, mas num estalar de mar, são abraçadas pelo Atlântico, depois de Marajó, Mexiana e Caviana; mares que se abraçam fazendo um só ser, de unidade, profundidade e imensidão, solidão, canção de amar.

Sonhos levados pelos barcos, na âncora da solidão; sonhos estes que se lançam para cima e para baixo; para a “Zona”, para o “Equador” e para o “Forte”; espaços que oferecem perspectivas, sonhos e realizações de vida, de caminhada, de anseios; e nós no meio destas “utopias” e conjecturas; fantasias únicas ou diversas; não podemos nos permitir utilizar a indumentária da própria sorte, mas conduzi-la a verdadeiras realizações para gerações futuras que acreditam na possibilidade de mudança, arraigada na fé e na esperança de cada um de nós que sabe e que dar credibilidade naquilo que muitos não dão a ínfima e efêmera importância: o aprender como forma de conduzir o “humano” cidadão, do indivíduo inconsciente, do sujeito não passivo, do agente otimista e futurista, dos tipos diversos.

O que não podemos é negligenciar que o conhecimento, a informação, e as diversas possibilidades do aprender e do apreender não significa nada, que não possibilita mudanças profundas e significativas na vida do outrem, do ente querido. Pelo contrário, as relações entre a natureza, a cultura e o viver de todos, fazem um entrelaçamento que conduz, produz e não reduz o caráter, a personalidade de cada um vivente deste pulsante ambiente que o homem amazônida faz parte.

Assim, Amazonas, não se cale, continue fazendo com que homens, mulheres, crianças e outros seres da natureza se vejam como parte de tu, que muitas vezes se torna impiedoso em suas “decisões” flutuantes; mas que permite a cada dia que passa os sonhos não se acabem, porém se transformem em significados puros e consistentes. Vai lá, leva teus irmãos aos sonhos e anseios tão desejados e elencados ao longo da vida de cada um. Faça com que o mundo enquanto parte de elementos da natureza esteja sempre em harmonia com o desejo de transformação e realização nas águas, nas montanhas do lado esquerdo e dos igapós e várzeas da direita; rios enchidos e preenchidos pelas marés que permitem que a vida não continue como ela é, mas como ela deve ser.

Pois, eu humano, faço parte de ti, porque te admiro, reflito e consisto em dizer que a mãe natureza ao teu lado, façais que o olhar de cada um seja também um olhar de responsabilidade; com suas águas, com seus peixes, suas vidas outras; e, principalmente dos instrumentos que levam e trazem realizações, emoções, decepções, as quais estão em constante transformações e de que outro dia, será ainda um dia muito melhor, construído e constituído na fé do homem, permitida por Deus.

Professor Sydney Pinto em 21 de fevereiro de 2015-02-22

Em Santa Maria do Uruará – Prainha – Pará - Amazônia – Brasil.