Altamente competitiva
Por Ana da Silva | 21/05/2015 | Crônicas“Altamente competitiva.” Essa era a frase que encabeçava o currículo perfeito em cima da mesa.
Ser competitivo virou qualidade na sociedade.
Eu nunca fui uma pessoa competitiva. É algo que não faz parte de mim desde a infância. Sempre fui mais de deixar pra lá, fazer a linha superior.
Acontece que sempre preferi a superação a competição. Sim, porque superação pode se referir a apenas uma pessoa enquanto que para que haja a competição é necessário que duas pessoas queiram ganhar e inevitavelmente uma irá perder – ou no mínimo empatar.
Todos os dias eu percebo que me supero em algum quesito. Seja porque consegui dirigir até uma cidade desconhecida sozinha, seja porque aprendi uma receita nova ou porque me dei bem no trabalho em relação ao dia anterior. E em todas as vezes eu sinto como se tivesse vencido – e venci mesmo, só que de mim mesma.
Acho triste a competição. Tudo bem que ela é necessária e inevitável no mundo dos negócios, mas eu sinto que ela tem se estendido para as nossas vidas de uma forma doentia.
Parece que a gente perdeu a capacidade de separar as coisas, de vibrar pelo outro, de ficar feliz pela simples felicidade alheia.
A gente quer sempre ser melhor, fazer melhor, ser o “top of mind”.
É tão ruim assim não ser o vencedor pra variar? Jura?
Tem uma música que diz o seguinte: “Olha lá quem acha que perder é ser menor na vida, olha lá quem sempre quer vitória e perde a glória de chorar.”
Se você sempre for o vencedor dificilmente vai amadurecer como ser humano. E acho que é isso que a gente busca, não é? E-v-o-l-u-i-r.
Até porque todo mundo sabe que se você é o melhor do grupinho então quer dizer que está na hora de trocar de grupinho, já que a gente só cresce perdendo, caindo, aprendendo e seguindo.
Então relaxa, tem gente que é melhor que a gente e sempre vai ter. Vamos aceitar.