ALMAS GÊMEAS – TODO MUNDO TEM UMA

            Não adianta falar que não existem almas gêmeas, porque todos têm uma. Acontece que nem sempre estão juntas. Uma pode se afastar da outra, até se refazerem para terem novamente o merecimento de estarem unidas. Estas separações são doloridas e cada uma das partes não se sente feliz, por mais que tenha tudo de que precisa. Vai existir sempre um vazio, falta-lhe alguma coisa e a pessoa não sabe explicar. No fundo, no fundo sente a falta do outro.

            Segundo a doutrina espírita, não existe alma gêmea como uma metade da outra. Isto é claro, todos concordam. Todos os espíritos são individualizados. Mas existem espíritos que foram criados praticamente juntos e estão sempre juntos desde o momento da criação. Reencarnaram sempre juntos, foram felizes, cometeram deslizes e não se largam.

            A própria Bíblia diz que Deus criou o homem e a mulher para que andassem um ao lado do outro, para que um ajudasse o outro: “Criou Deus, pois o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” – Gênesis 1-27. Noutra passagem da Bíblia diz: “Não é bom que o homem esteja só: far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea” Gênesis 2-18.

            Acontece que não é qualquer auxiliadora que satisfaz o homem, é preciso ser uma em especial, aquela que foi criada mais ou menos junto daquele. Há um ímã todo especial que os unem e eles se reconhecem e acabam se reencontrando nascendo longe ou perto um do outro.

            Mas o que seria alma gêmea – são espíritos afins, que compartilham praticamente as mesmas idéias, os mesmos pensamentos e agem praticamente da mesma forma. É aí que pode estar o perigo das separações. Como possuem mais ou menos os mesmos pensamentos, as mesmas idéias, vão agir com as mesmas semelhanças. Se forem espíritos mais ou menos evoluídos, esforçados, trabalhadores, sérios, honestos – vão agir de forma muito boa. Um vai ajudar o outro para o progresso de ambos e ajudam na evolução de seus semelhantes.

            Mas se forem espíritos atrasados, com pensamentos ruins, autoritários, charlatães, mentirosos, falsos, desonestos, violentos, viciados, muito sensuais, vão cair em erro e se deturparem muito. Vão cometer absurdos. Na próxima reencarnação vão nascer separados (em corpos) para que ambos se refaçam e  retornem ao caminho traçado.

            Uma das partes terá uma evolução maior para que puxe o outro. Podem se reconhecer, mas haverá impedimentos para a união e se houver união entre os dois será catastrófica, pois cometerão aqueles mesmos erros do passado e então as coisas ficarão ainda mais complicadas.

            Renascendo nesta terra, as almas gêmeas se procuram. Quase sempre se unem através do matrimônio, mas podem vir também como mãe, pai, irmãos, tios e outros parentes mais afins. O importante é que estejam juntos, pois estes espíritos se amam intimamente. Um amor enorme, fora do tamanho. Não há nada a comparar o tamanho deste amor.

            Quando ambos se encontram na ventura do trabalho humano, ambos se sentem extremamente felizes e não trocariam esta felicidade por todos os impérios do mundo. Sentem-se aterrorizados pela dor da separação da morte.  Quando um parte para o além, o outro se sente arrasado e não há dor no mundo maior do que esta separação. O Espiritismo nos conforta, pois sabemos que esta separação é temporária.

            Não existe explicação plausível ainda no mundo para Alma Gêmeas. Ninguém pode afirmar que não existem almas gêmeas, pois só terá certeza plena aqueles que convivem com sua alma gêmea. Este segredo está reservado a Deus e é um mistério ainda para os seres humanos.  Separadas ou unidas, nas experiências do mundo, as almas gêmeas caminham, ansiosas, pela união e pela harmonia supremas, até que integrem, no plano espiritual, onde se reúnem para sempre na mais sublime expressão do amor divino, finalidade profunda de todas as cogitações do ser.

            Na terra os corpos podem estar separados, podem até mesmo renascerem em países diferentes, mas ao dormirem eles se encontram e confabulam os conhecimentos adquiridos no decorrer da existência.

            Os que foram casados em várias existências, quando dormem e se encontram, quase sempre se tratam como verdadeiros esposos e muitas e muitas vezes dormem juntos na mesma cama. É uma marca indelével que já existem neles e a tendência é permanecerem sempre juntos. Não há quem os separe. Nem a morte separa este amor, pois assim que um desencarnar, continuará ao lado do outro e muitas vezes reencarnam e voltam para a mesma pessoa.

            “As almas que, sem estarem exatamente no mesmo nível mental e moral, estiverem repletas de amor mútuo, não podem jamais ser realmente separadas. As considerações de tempo e de espaço impedem-vos de compreender o nosso estado. Não podeis adivinhar como os Espíritos possam permanecer a uma grande distância, conforme a vossa noção de espaço, sem cessar de estar, como o diríeis, intimamente unidos. Não conhecemos nem tempo nem espaço. Só podemos viver em união íntima com um Espírito no mesmo nível mental e progressivo. Na verdade qualquer outra união ser-nos-ia impossível. Uma alma pode estar ligada, por afeição, a uma outra, sem a íntima relação que temos em vista, falando do mesmo nível de desenvolvimento. O amor une os Espíritos a qualquer distância. Em vosso baixo estado de existência o vedes. O irmão ama o irmão, apesar dos oceanos que os separam, dos longos anos decorridos sem se verem nem se falarem. Suas ocupações podem ser inteiramente diferentes, é possível que não tenham nenhuma idéia em comum, e entretanto se amam. A mulher ama ao bruto degradado que lhe mutila o corpo e esforça-se para esmagar-lhe o espírito. A hora da dissolução a libertará do jugo e da dor; ela se elevará, ele cairá; mas o laço do amor não será ainda quebrado, posto que os seus espíritos não possam mais viver em comum. Mesmo aqui, o espaço é nulo, inexistente para nós.

            Assim podeis vagamente compreender o que entendemos por união, identidade de desenvolvimento, comunidade de interesses, progressão mútua e afetuosa. Não conhecemos os laços indissolúveis de que se ocupa esse mundo.

            William Staiton Moses (1839-1892)