“Introdução à obra de Freud – Definições do inconsciente”

Conforme Nasio,  é de extrema importância considerar a singuralidade de cada tratamento psicanalítico, onde o psicanalista deve repensar a teoria  em sua prática, sendo que essa primeira é inalterável quando se considera os princípios fundamentais da psicanálise. Um dos temas fundamentais apontados pelo autor é o inconsciente, que é definido levando em consideração os seguintes pontos de vista: descritivo, sistemático, dinâmico, econômico e ético. O inconsciente do ponto de vista descritivo pode ser definido como os atos inesperados, que surgem repentinamente na nossa consciência, e ultrapassam nosso saber e intenções, como os atos falhos, esquecimentos, sonhos, entre outros. No ponto de vista sistemático, leva-se em consideração uma rede de representações (conjunção de um traço de acontecimentos reais, e investidos de energia), onde a fonte de excitação chama-se representação de coisa (por elas consistirem em imagens visuais, acústicas ou tácteis de coisas ou pedaços de coisas impressas no inconsciente), e os produtos finais são as manifestações deturpadas do inconsciente, dando como exemplo os sonhos, nesse caso. No ponto de vista dinâmico, ou seja, a luta da ação que impulsiona e o recalcamento que impede, a fonte de excitação é chamada de representantes recalcados, e os produtos finais são considerados produtos do inconsciente, estes que surgem sutilmente na consciência, devido a ação do recalcamento. Os sintomas neuróticos são os exemplos clássicos nessa situação. Salienta o autor que, esses produtos inconscientes podem ainda sofrer nova ação do recalcamento quando na consciência, mandando-os de volta ao inconsciente. O inconsciente do ponto de vista econômico pode ser definido pelo autor onde a fonte de excitação chama-se representante das pulsões, e os produtos finais do inconsciente são as fantasias ou comportamentos afetivos e escolhas amorosas inexplicáveis. E, por último, no ponto de vista ético, o inconsciente pode ser definido como desejo (movimento de uma intenção inconsciente com o objetivo de satisfação absoluta). Os produtos finais são realizações parciais do desejo, nesse caso, ou seja, satisfações parciais do desejo diante da satisfação ideal, que nunca é atingida. Para finalizar, o autor salienta dois fatores que fazem parte da vida psíquica: o tempo e os outros. O tempo para explicar que o funcionamento psíquico se renova ao longo de toda a vida do individuo, ou seja, o inconsciente é extratemporal. E, por último, salienta que a vida psíquica está imersa na vida dos outros, estes que nos ligam pela linguagem, fantasias e afetos, ou seja, o nosso psiquismo prolonga o psiquismo do outro que nos relacionamos.