Tornamo-nos cada vez mais objeto de reprodução do que de transformação. Pense em sua trajetória escolar, tanto como aluna como quanto professora; veja se alguma vez, nesses anos todos, você teve a sutil sensação de ser como aqueles bonecos marionetes... manipulada?

Tão dedicada, tão obediente, tão sem identidade! Seja sincera e diga se alguma vez você sentiu que faria a diferença? Resposta: Sim! Nova pergunta: deixaram você fazer a diferença? Você se acomodou depois das várias tentativas frustradas? Afinal, nada mais natural, pois, fomos educados para a submissão, a aceitação sem questionamento, para a docilidade, para a heteronomia. Por que incomodar os outros então?!

Dessa forma, continuamos esperando que ocorra uma revolução cósmica e que os anjos desçam à Terra anuanciando que Deus em sua infinita sabedoria e bondade, mandará "Papai Noel" trazer de presente a solução para nossos problemas mais complexos e irresolvíveis! E de quebra, como um brinde celestial, Curupira de mãos dadas com o Leprechau do final do arco íris trarão respectivamente: a consciência ecológia e a fortuna para todos os seres humanos! Há! Mas aviso: continuem sentadas à espera de um milagre!

Mas que palavras agressivas, que causam revolta, que fazem a gente se sentir indignada, que desconfortam nosso ego... afinal, isso não é verdade! Será?!

É... quem sabe, talvez, seja dessa agressividade que estejamos precisando. E lembre-se, agressividade não é sinônimo de violência, aqui é tratada como sentimento de decisão, de novidade, de transformação, de ir além...

Ei, será que seus alunos não estão sofrendo o mesmo reproducionismo que nós sofremos 20, 30 anos atrás na escola? Marionetes, bonecos de argila, o cachorrinho do Pavlov, talvez... Mas é tão mais fácil trabalhar assim, sempre foi assim, por quê temos que mudar?!

Mudança dói, fica tudo fora do lugar, aquela bagunça, perdemos o controle das coisas! Mas, peraí, não é da bagunça que pode surgir a arrumação, a organização?! Se tudo já estiver certinho, arrumadiho, prá o que é que a gente serve então?!

Precisamos desestabilizar, para podermos encontrar novamente a harmônia; e essa harmônia não será a mesma de antes, pois teremos crescido, devido aos tombos, acertos, desacertos, percalços da nossa pretença arrumação. Estaremos enxergando com outros olhos o que nos parecia antes imutável.

Isso não é maravilhoso?! Vão ocorrer perdas sim, nem tudo é perfeito! Mas o melhor de tudo é que, o balanço final, será mais positivo que negativo (experiência própria!) tanto para professoras quanto alunos. Como dizia uma propaganda qualquer aí: "Não há aprendizado sem manchas". E que graça teria se tudo sempre fosse do mesmo jeito, como muitos pensam que a vida é?

Mudar não significa se transformar na "mulher maravilha" e sair por aí no avião invisível, procurando aqueles que estão tirando a ordem e a paz do nosso planeta!

Mudar é transcender o que te cerca, sem precisar sair do lugar; é ver onde muitos simplesmente olham; é encarar sua própria ignorancia perante muitas coisas que você acha que não deveriam fugir do seu controle; é saber que o outro é extensão de minha própria existência, assim, somos todos responsáveis pelo bem estar e crescimento de todos. Meu meio é o que eu fizer dele!

Mudar é ser você mesma de outro jeito! Complicado e simples, ao mesmo tempo, né?!

Assim, podemos formar tanto patifes papagaios como transformar crianças em cidadãos que se reconhecem como sendo os atores principais de sua própria história (lembre-se, alguns autores afirmam que: o homem não nasce humano, ele se torna humano!).

Nem tudo compete a nós, reles e mortais professoras, mas compete a nós fazermos nossa parte, e diga-se de passagem, bem feita. Será que estamos enxergando nossos alunos com olhar de reprodução ou de transformação? Patifes ou cidadãos conscientes?

Discurssos são bonitos, papel aceita, com o perdão da palavra, até excrementos... tivemos aqui um momento de reflexão (ou não!), mas nossa vida é feita de ações, intervenções, de movimento; e de preferência daquilo que nos é mais significativo, assim como para nossos alunos. Precisamos construir e reconstruir a nós mesmos todos os dias. Dar de cara com nossas limitações, ser humilde, pedir socorro, afinal somos humanas!

Estudar, ignorar, cansar, enjoar, tropeçar, esbravejar, desejar, sonhar, desanimar, incomodar, querer... todos verbos a serem conjugados e por quê não reinventados?!

Sejamos nós mesmas, mas sem carregar nas costas o peso de saber tudo e toda vez que perguntarmos aos nossos alunos: "Alguma dúvida?!" e eles responderem com milhões de questionamentos, nós ficaremos contentes; porque é da dúvida que nasce o primeiro passo para a transformação.

Alguma dúvida?! ou Alguém duvida?!