LAIZA ALDRIGUES SANTIAGO


THAIS ALDRIGUES SANTIAGO

ESTELA DE LOUDES LIMA

            O principal objetivo refletido neste trabalho foi o de compreender como está ocorrendo o processo de Alfabetização nas escolas de ensino regular na rede pública e privada, sondando as possíveis dificuldades encontradas pelos educadores e direção pedagógica. Entretanto, é no processo de alfabetização que o educador procura propiciar no educando o gosto pela leitura e o respeito pela língua materna, mas torna-se viável que o professor que alfabetiza seja também um conhecedor das variações linguísticas, da estrutura e do funcionamento da língua e também das variações dialetais que se apresentam em uma sala de aula. Neste sentido, busca analisar possibilidades dos educadores da Educação Infantil no Processo de Alfabetização com o objetivo de compreender e identificar a importância das relações de aprendizagem que se estabelecem entre a criança e os objetos do conhecimento, para que os alunos sejam beneficiados no processo de aprendizado. E a conclusão, portanto, é de relatar as possibilidades advinhas no envolvimento progressivo das relações no processo de Alfabetização para uma aprendizagem mais interessante e significativa.

Introdução

            O homem faz cultura por meio de seu trabalho, com o qual transforma a natureza e a si mesmo. E que o aperfeiçoamento dessas atividades só é possível mediante a educação, fator importantíssimo para a humanização e socialização do homem.

           A Globalização da economia mundial tem afetado vários segmentos da sociedade e se reflete também na educação. Estudiosos da área da educação, têm se preocupado em formas de se contribuir para que essas mudanças possibilitem a diminuição dos problemas educacionais.

            Neste sentido, é a educação que mantém viva a memória de um povo e dá condição para a sua sobrevivência. Entretanto, a educação é, portanto, fundamental para a humanização e socialização do homem. Podemos dizer que se trata de um processo que dura à vida inteira, e que não se restringe a mera continuidade, mas supõe a possibilidade de rupturas pelas quais a cultura se renova e o home faz a história.

            Dessa forma, os profissionais da educação então passaram a buscar novas competências para ensinar. Entretanto, em decorrência disso, a aprendizagem proposta passou a ser a mecânica, fato que foi ocasionado pela angústia da obrigação de se ter que ensinar a ler e a escrever em pouco tempo.

            Nesse aspecto, Ferreiro (2003) muito contribuiu para a mudança de postura do alfabetizador, trazendo a este o entendimento de que a alfabetização envolve um complexo processo de elaboração de hipóteses sobre a representação linguística. Assim, ela deixa claro que alfabetizar deixa de ser apenas a apropriação de um código de forma mecânica, mas que esta perpassa esse conceito, necessitando, então, para sua concretização, acontecer simultâneo ao processo de letramento. Este letramento é capaz de trazer a compreensão da dimensão sociocultural da língua escrita e do aprendizado. Neste sentido, Tfouni (1995, p. 20) afirma que “o letramento focaliza os aspectos sócios históricos da aquisição de uma sociedade”. Afirmando, também, que alfabetizar e letrar necessariamente devem ser simultâneos.

           Ferreiro (2001) ainda ressalta que o processo de alfabetização não depende somente do alfabetizador, deixando claro que o educando deve reconstruir uma relação entre linguagem oral e escrita para se alfabetizar.

           Diante desse contexto, é que os professores da Educação Infantil necessitam melhorar a sua prática para que os alunos sejam beneficiados no processo de aprendizado.

           Presume-se que, o alfabetizador deve buscar, com o seu trabalho, conhecimento sobre a linguagem, pois os alunos fazem parte desse processo comunicativo. Nesse sentido, é fundamental reconhecer que o processo alfabetizador é um processo de interação com a língua, em que os aprendentes tornam-se produtores e realizam ações de reflexão sobre a linguagem.

            No entanto, não se pode pensar que a simples memorização de sílabas, seus conceitos e regras levarão os alunos a lerem e escreverem bem. Daí a necessidade de uma análise e um conhecimento das estruturas da língua, para dar embasamento ao alfabetizador de todas as variações dialetais que se apresentam em uma sala de aula. Sendo o professor conhecedor destas variações linguísticas terá condições de avaliar e respeitar os vários falares regionais, apresentados pela língua a qual vai ensinar. Portanto, um professor tradicional não terá o mesmo manejo com a língua que um professor com preparo linguístico que poderá, através de sua preparação, produzir um ensino mais adequado, incentivando a oralidade e criando o respeito pelos diferentes dialetos existente em uma língua.

           Nesse sentido, alfabetizar atualmente deve ser muito mais que se aprender um código linguístico, e fazer uso deste. O conceito de alfabetização deve ir além é dotar as pessoas da capacidade de assimilação das letras, sendo isso uma parte deste processo. A aprendizagem das letras e dos números só se faz eficaz quando os sujeitos conseguem utilizá-los de forma própria no seu dia a dia. O conceito de alfabetização, conforme nos apresenta Soares (2003, p. 220) é "o processo pelo qual se adquire o domínio de um código e das habilidades de utilizá-lo para ler e para escrever", ou seja, tem um motivo especial, fazer com que a pessoa aprenda as técnicas de escrita e as utilize na leitura.

            De modo geral, quanto ao entendimento sobre Educação Infantil percebo que há ainda muitos equívocos provocados, principalmente, pela dúbia interpretação da legislação. Na verdade, o binômio cuidar e educar tem funções indissociáveis, porém, ainda constato discrepâncias nas classes e escolas de educação infantil.

“(...) imprecisão que, na literatura educacional brasileira, ainda marca a definição de letramento, imprecisão compreensível se se considera que o termo foi recentemente introduzido nas áreas das letras e da educação.” (SOARES, 2002).

            Portanto, este trabalho tem por objetivo contribuir para a educação através do levantamento de questões para que os professores reflitam sobre a importância da Alfabetização e busca resgatar os estudos teóricos sobre uma prática pedagógica de qualidade.

            Portanto, a hipótese do trabalho é a de propor a valorização dos fundamentos teóricos do letramento e suas contribuições na prática educativa dos professores da Educação Infantil, na qual os alunos possam ter um aprendizado mais prazeroso.

O ato de educar na Educação Infantil

            Os primeiros anos de vida de uma criança são de extrema importância que o professor propicie o desenvolvimento dos aspectos cognitivo, físico, afetivo e emocional. Para tanto não poderá desvincular-se da questão do espaço, tempo, segurança e das brincadeiras, que consequentemente influenciará no desenvolvimento integral da criança. Estes aspectos são a base para a estruturação da personalidade e construção da identidade do sujeito.

           Para o professor J. Carlos Libâneo: “educar (em latim, e-ducare) é conduzir de um estado a outro, é modificar numa certa direção o que é suscetível de educação”. O ato pedagógico pode, então, ser definido como uma atividade sistemática de interação entre seres sociais, tanto ao nível do intrapessoal como ao nível da influência do meio, interação essa que se configura numa ação exercida sobre sujeitos ou grupos de sujeito visando provocar neles mudanças tão eficazes que os tornem elementos ativos desta própria ação exercida. Presume-se, aí, a interligação no ato pedagógico de três componentes: um agente, uma mensagem transmitida e um educando.

            Continuando as explicações, o professor Libâneo diz que o especificamente pedagógico reside na imbricação entre a mensagem e o educando, propiciada pela ação do agente. Enquanto instância mediadora, a ação pedagógica torna possível a ligação de reciprocidade entre individuo e sociedade.

            Presume-se então, que a educação não pode ser comprometida fora de um contexto histórico social concreto, e a prática social é sempre do ponto de partida e o ponto de chegada da ação pedagógica, ou seja, no início do processo, o educando tem uma experiência social confusa e fragmentada que deverá ser levada a um estádio de organização. É nesse sentido que o professor Dermeval Saviani define a educação como um processo que se caracteriza por uma atividade mediadora no seio da prática social global.

As formas de educar e os fins da educação mudam com o tempo de acordo com as exigências da sociedade em que se vive. (Albrecht Durer, século XVI.)

            Nesse sentido, a alfabetização não se dá por uma capacidade motora de escrever e/ou ler, deve ser um processo que envolva sentidos de dentro pra fora e não simplesmente uma coordenação treinada e adquirida pelo aluno por meio da intervenção do professor, não basta que o professor ensine mecanicamente, a leitura deve ser carregada de criticidade, inferência e o aluno deve saber relacionar o que está lendo com o contexto em que está inserido.

            Para Freire (1996, p. 27), “não se lê criticamente como se fazê-lo fosse a mesma coisa que comprar mercadoria por atacado”, de nada adianta ler muitos livros e não saber relacioná-los com a realidade em que se vive, de nada adianta colecionar obras lidas se estas não serviram para o crescimento ou para formação do sujeito. O ensino da leitura não deve ser um ensino para memorizar o que se lê, mas um ensino que possibilite essa relação com a historicidade do sujeito para que ele possa agregar sentidos ao texto e então haver uma reflexão e uma verdadeira contribuição da leitura para o sujeito.

            O processo de alfabetização e letramento pode ser considerado um processo permanente, segundo Soares (2011, p. 15),

Tem-se tentado, ultimamente, atribuir um significado demasiado abrangente à alfabetização, considerando-a um processo permanente, que se estenderia por toda a vida, que não se esgotaria na aprendizagem da leitura e da escrita. É verdade que, de certa forma, a aprendizagem da língua materna, quer escrita, quer oral, é um processo permanente, nunca interrompido. Entretanto, é preciso diferenciar um processo de aquisição da língua (oral e escrita) de um processo de desenvolvimento da língua (oral e escrita); este último é que, sem dúvida, nunca é interrompido.

                        Dessa maneira, o educar é mais profundo e mais abrangente, é um processo. Ao educar o professor despertará o sujeito a buscar entender certa indagações (por quê? Como? Para quê?) possibilitando assim que este sujeito reflita e construa conhecimentos que vai além do ato de educar. Ressaltando que este "cuidar" apesar de dinâmico não implica em dizer que a criança aprende instantaneamente também tais conhecimentos.

            No entanto, ao tratar da ação instantânea do cuidar, pretendia-se mensurar esta questão, penando que estas relações acontecem dentro de um determinado tempo. Assim sendo caracteriza-se o ato de cuidar como essencial, e não desvincula do ato de educar, mas salientando que é um processo que requer mais elaboração, planejamento etc. Portanto, o ato de educar a criança está inegavelmente integrado ao ato de cuidá-la.

            Além do mais, o problema da separação entre cuidado e educação é uma decorrência da tentativa de superação do caráter assistencial substituindo-o pelo caráter pedagógico. Para confirmar este pensamento, Weis (1999: 108) diz que:

O cuidado na Educação Infantil é uma ação cidadã, onde educadoras pessoas conscientes dos direitos das crianças empenham em contribuir favoravelmente ao crescimento e desenvolvimento das crianças. O cuidar é visto aqui como uma prática pedagógica e como forma de mediação, que se constitui pela interação através da dialogicidade e quer possibilitar à criança leituras da realidade e apropriação de conhecimentos.

            Portanto, na Educação Infantil, o ato de cuidar e educar são indissociáveis, não tem como separar essas duas ações. O cuidar e o educar estão nas coisas mais simples da rotina pedagógica da Educação Infantil; desde a hora em que se está trocando uma frauda, alimentando a criança, no momento da higiene, todos esses aspectos que parecem ser simplesmente "cuidados", eles também podem e devem ser trabalhados dentro do aspecto educativo. Quando realizamos estas atividades é preciso conversar com a criança a respeito da necessidade daquele procedimento e já incentivando que ela tente fazer sozinha, para assim contribuir para a independência da criança.

A alfabetização e os desafios de alfabetizar

           No momento atual, o ensino elementar representa o principal desafio, a descoberta de novos desafios e novas perspectivas de vida na educação.

           Dessa forma, a luta pela universalização de uma escolarização de qualidade tem sido árdua e, entre nós, ainda está longe de alcançar a meta proposta. Exaltada ou fortemente criticada, certamente, as escolas tem sido objeto de muitas análises, reformas, debates, conflitos e sonhos.

            No entanto, é possível afirmar que naturalizamos o modo de pensar e organizar um estudo mais aprofundado na alfabetização. De alguma forma esencializamos a escola e deixamos de visualizá-la como uma construção social, fortemente direcionada pelos diferentes momentos históricos, sociedades e culturais. A educação representa os saberes da sociedade, a prática, valores e uma sociedade mais humanizada.

            Pode-se considerar que a alfabetização tem que levar o sujeito a não apenas escrever e ler, mas também a se expressar por meio da escrita e a compreender o que está lendo. A aquisição da linguagem deve ser carregada de significados e sentidos sempre permeada pela mediação e interação social. Para Zuin (2009, p. 34), “o significado é compreendido como a generalização que permite ao homem conhecer o outro, já o sentido se liga ao contexto vivenciado”. Diante disso, é possível afirmar que a porcentagem de analfabetos está diminuindo, independentemente com o crescimento populacional. É preciso examinar mais criticamente o índice de analfabetos na sociedade.

            No entanto, cada criança em particular já vai para a escola com uma história e um saber, muitas vezes adquirido pelo senso comum, sobre a linguagem escrita, e essa bagagem pode ser relevante na continuação desse desenvolvimento que se dá a cada dia na vida do sujeito. Segundo Luria (1988 apud REYES et al., 2010, p. 47),

[...] quando as crianças entram na escola já dominam técnicas que preparam para a escrita, o que ele chama de pré-história individual.

Entender essa pré-história significa um instrumento importante para os professores, ou seja, conhecer o que as crianças já sabem e assim possibilitar diferentes meios para que se desenvolva o que elas ainda não sabem, conforme demonstramos ao discutir os níveis de desenvolvimento real e potencial.

            Dessa forma, precisamos destacar ao que se refere ao conteúdo a ser transmitido. É preciso levar em conta a herança cultural que o próprio aluno traz do ambiente em que vive o que inclui a aceitação e a não discriminação da sua linguagem e do seu saber. Isso propõe a possibilidade de levar o educando a dominar a norma culta, bem como a ter acesso ao saber acumulado pela humanidade. Dessa forma, considerar a bagagem histórica e o cotidiano dos alunos permite um trabalho eficaz e uma aprendizagem mais significativa para o professor e para os alunos norteando, ainda, os planejamentos das aulas a partir do que os alunos já sabem.

            De acordo com Luria (1988 apud REYES et al., 2010, p. 47), para atingir a etapa alfabética as crianças passam por fases/estágios que começam com traços até atingir o desenho das letras por completo:

[...] realizou experimentos para descrever tais estágios de desenvolvimento da escrita, e apresenta uma maneira que se traduz em uma diferenciação dos símbolos. Os estágios da aquisição da escrita que Luria (1988) descreve são apresentados em quatro etapas: fase pré-instrumental, fase-topográfica, fase pictográfica e a fase simbólica.

            Para o autor, a aquisição da escrita é um processo que se dá por meio de evoluções do desenho, então no primeiro ano do ensino fundamental o desenho deve, ainda, fazer parte das atividades como meio da criança se expressar considerando essas evoluções para o desenho das letras.

            Assim, entendemos que para alfabetizar o professor precisa conhecer a língua que ensina sua estrutura e seu funcionamento. Para que possa produzir mudanças, ele precisa buscar esse conhecimento e aplicá-lo em sua sala de aula. Percebemos que os professores da zona rural não têm esses conhecimentos, mas conseguem alfabetizar.

                     Além do mais, nem mesmo os programas de alfabetização propostos pelo MEC orientam nessa lógica, de que a ênfase dada pela leitura técnica vai ajudar o educando a se comunicar “melhor”. Atualmente, os programas de alfabetização orientam de acordo com as propostas trazidas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (1998, v. 2, p. 21) que diz que:

[...] a alfabetização não é um processo baseado em perceber e memorizar (isso não significa que não haja lugar para a percepção e a memória, mas que elas não são o centro do processo), e, para aprender a ler e a escrever, o aluno precisa construir um conhecimento de natureza conceitual: ele precisa compreender não só o que a escrita representa, mas de que forma ela representa graficamente a linguagem.

            Por isso, é importante que os professores que atuam em classes de alfabetização busquem conhecimentos linguísticos. Assim, poderão contribuir para que o mundo letrado seja inserido em sua sala de aula, de forma a promover a formação de cidadãos críticos.

            De acordo com Vygotsky (1991, p. 121), a linguagem escrita é um simbolismo de segunda ordem, pois para atingir esse a criança passa pelo simbolismo de primeira ordem que são o gesto, o brinquedo, o desenho e a fala. A apropriação da escrita é um processo que emana do “gesto, o signo visual inicial que contém a futura escrita da criança, assim como uma semente contém um futuro carvalho”.

            Portanto, os professores perdem quando não utilizam os temas transversais para alfabetizar. As crianças são capazes de aprender com mais facilidade que o adulto, pois estão iniciando o seu estágio de desenvolvimento. Assim, a abordagem dos temas transversais é um interessante meio de propiciar ao aluno uma aprendizagem pela vida escolar/para a vida escolar e pela vida cotidiana/para a vida cotidiana.

CONCLUSÃO

Pode-se concluir que aprender e ensinar somente são possíveis pela intervenção do outro. São atividades que se desenvolvem por meio de uma relação. No caso do saber, ela é ao mesmo tempo relação consigo próprio, com o outro e com o mundo, na medida em que ajudam a construir a identidade do sujeito.

            Entretanto, também fica claro que a trajetória história do conceito de educação nos leva a perceber que ela está intimamente ligada com as questões políticas que ditam a forma do trabalho pedagógico como mantenedor da ideologia do momento.

            No entanto, como se percebe a profissão em questão não é bem remunerado e nem dotada de grande status ou de reconhecimento pessoal e muitas pessoas ainda assim optam pela docência. Nesse sentido, cabe ao professor refletir e tentar responder: por que ele vai para a escola? Será que eu gostaria de ser aluno de mim mesmo? O bom professor deve estar em constante questionamento sobre suas ações profissionais para reavaliá-las e atualizá-las de acordo com a realidade local.

            Desta forma, a nossa alfabetização é vista mais sobre os olhos do voluntarismo do que qualquer outra coisa. Os professores de alfabetização são vistos como benfeitores mal remunerados e com precárias condições de trabalho e formação profissional. Costuma-se empurrar a educação “com a barriga”, sem esforço algum, num processo de osmose, onde o principal foco é conhecimento científico e o texto tipo ensaio, instrumentos validados e prestigiados pelo ensino elitista e excludente. A escola brasileira alfabetiza o indivíduo, mas não o torna letrado. Há no pensamento mais íntimo de grande parte dos governantes e diretores educacionais a ideia de que a alfabetização, por si só, é capaz de garantir acesso a melhores condições de vida e oportunidades para que o indivíduo insira a sua identidade no mundo globalizado e capitalista em que vive.

            Além do mais, o professor alfabetizador precisa ter claro em suas ações os objetivos que pretende alcançar, como concebe a alfabetização e o letramento, a importância das atividades lúdicas e a melhor maneira de utilizar o livro didático. Muitas vezes, as ações dos professores acabam ficando engessadas com tantos guias, livros e currículos que devem seguir, no entanto cabe ao professor saber adaptar as atividades que lhes são propostas à realidade da sua sala de aula, visando sempre à formação do sujeito letrado, pois o professor é responsável pela verdadeira aprendizagem do aluno. O professor deve ter consciência que alfabetizar não é apenas ensinar a ler e escrever, o aluno precisa sair da escola, sabendo ler, escrever, inferir, se expressar, compreender, fazer uso social da escrita. Apropriar-se da língua não é um processo fácil, por isso o professor deve lançar mão de todas as estratégias que conhece e, se necessário, buscar outras, para que o aluno saia da escola dominando leitura e escrita.

            Nesta perspectiva, foi constatado que afetividade e educação estão Intrinsecamente ligadas à aprendizagem. A afetividade influencia de maneira significativa a forma pela qual os seres humanos resolvem os conflitos de natureza moral. A organização do pensamento prepondera o sentimento, e o sentir também configura a forma de pensar. Nesse sentido, a afetividade perpassa o funcionamento psíquico, assumindo papel organizativo nas ações e reações.

          É fundamental que os professores saibam que toda a criança tem o potencial de gostar de si mesma, e que aprende a ver a si mesma tal quais as pessoas importantes que a cercam a veem, pois, ela constrói sua autoimagem a partir das palavras, da linguagem corporal, das atitudes e dos julgamentos dos outros. Assim, vem a importância de valorizar a atividade docente como um ato de amor e competência. A formação pela vida e para a vida perpassa caminhos complexos.

          Diante de todas as reflexões que foram possíveis durante a pesquisa, cabe ressaltar que outros questionamentos surgiram e que partindo da pesquisa relatada nesse artigo é possível dar continuidade às discussões e observações das práticas a respeito do material didático e do trabalho docente na etapa da alfabetização a fim de entender os processos que envolvem a aprendizagem das crianças para que se possa ter um processo de ensino e aprendizagem mais significativo.

            Assim, precisamente em razão dessa característica e por meio dessas reflexões, entende-se por fim, que o trabalho docente dá significado à discussão sobre essa atuação no mundo em que vivemos e no qual o professor deve situar sua atividade pedagógica como uma ação antes de tudo política. As normas educativas, os padrões e o próprio planejamento da escola originam-se da necessidade de uma organização da vida, cujo objetivo é alcançar a realização dos homens de bem comum.

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