INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO ELVIRA DAYRELL

- ISEED-

 

IVANIZE SALUSTIANO DE SOUZA

ALFABETIZAÇAO E LETRAMENTO: UMA APRENDIZAGEM

SIGNIFICATIVA

GUAMARÉ-RN

2019

INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO ELVIRA DAYRELL

- ISEED-

IVANIZE SALUSTIANO DE SOUZA

 

 

Artigo Científico Apresentado ao Instituto superior de Educação Elvira Dayrell - Iseed, como requisito parcial para a obtenção do título de Pós Graduação-Lato Sensu em Alfabetização e Letramento.

 

GUAMARÉ-RN

2019

ALFABETIZAÇAO E LETRAMENTO: UMA APRENDIZAGEM

 

SIGNIFICATIVA

 

Ivanize Salustiano de Souza

RESUMO

Estamos vivendo na era digital com várias tecnologias, e a educação em sua plenitude vem enfrentando diversos desafios no contexto escolar e social, o principal desafio está acerca da alfabetização. Nossas escolas estão reproduzindo uma aprendizagem mecanizada, onde os alunos alfabetizados mal conseguem exercer ações de cidadania e práticas sociais. Mediante esta realidade crescente, tornou – se necessário à realização desta pesquisa, a fim de repensar o processo de alfabetização da escola neste cenário de mudanças aceleradas e tecnológicas da sociedade moderna. A partir das teorias de Magda Soares, Paulo Freire, Vygotsky e Ferreiro, pode-se pensar nas interferências que sofre o processo de alfabetização e propor um novo olhar pedagógico a escola. É nesta perspectiva que entra a importância do letramento como uma via de superar as dificuldades encontradas por alunos alfabetizados. A grande necessidade é alfabetizar – letrando, apontando ao aluno o caminho para superação dos problemas enfrentados nesta etapa de escolarização, onde encontra – se alguns educadores que alfabetizam na concepção de codificar e decodificar os símbolos gráficos. Mas nem tudo esta perdido, existem educadores que alfabetizam na proposta do letrando, considerando os aspectos sociais, culturais, cognitivos e reais importantes para o desenvolvimento global dos alunos.

Palavras-chave: Aprendizagem. Alfabetização. Letramento. Cidadania.

ABSTRACT

We are living in the digital age with several technologies, and education in your fullness has been facing several challenges in school and social context, the main challenge this about literacy. Our schools are playing a mechanized learning, where students can pursue bad actions of literate citizenship and social practices. Through this growing reality, became necessary to conduct this survey in order to rethink the process of school literacy in this scenario of accelerated and technological changes of modern society. From the theories of Magda Soares, Paulo Freire, Vygotsky and Blacksmith, one might think the interference that suffers the literacy process and propose a new pedagogical school look. It is in this perspective that the importance of literacy as a way to overcome the difficulties encountered by students literate. The great need is literacy – letrando, pointing to the student the path to overcoming the problems faced in this stage of schooling, where lies some educators who alfabetizam in the design of encode and decode the graphic symbols. But not everything is lost, there are educators who alfabetizam on letrando's proposal, considering social, cultural aspects, cognitive and real importance for the global development of the students.

 

Introdução

Sabe-se que os primeiros contatos da criança no mundo letrado iniciam muito cedo, antes mesmo de entrar na escola, onde será alfabetizada. Esta familiaridade com todo tipo de produção escrita vai estimulando e preparando a criança para o processo de alfabetização. Embora a escola conheça as necessidades de um aluno alfabetizado, ainda sim, tem deixado a desejar em suas práticas pedagógicas de alfabetização.  É na infância que se inicia as produções escritas, e ao longo da escolaridade vai ampliando essas produções.  De acordo com o desenvolvimento da criança e sua interação  social, ela vai elaborando conceitos. Aprende o alfabeto, e começa dominar as diversas formas escritas, e utiliza o saber ler e escrever em seu dia a dia. Portanto este saber não é suficiente para esta criança exerça sua autonomia nas variadas situações sociais. O Letramento é uma necessidade ao ato de ler e de escrever, que proporciona uso das funções da leitura e escrita na vida social, onde se utiliza a leitura ampla, muito mais do que a decodificação de palavras e a escrita delas. Magda Soares em uma especialista em alfabetização, ela defende que alfabetização e letramento são duas aprendizagens distintas, mas que devem acontecer de forma articulada, alfabetizar letrando. Além disso, a professora alerta para a falta de propostas coerentes em salas de aula, em conhecimentos construídos a respeito da alfabetização e letramento. Temos uma triste realidade na educação, ver as escolas de ensino fundamental nas séries iniciais, contribuindo para a formação de analfabetos funcionais, alunos que mal sabem ler e interpretar um texto e suas funções. Pesquisas que têm indicado as mazelas nos processos e nos resultados da alfabetização de crianças, e também as insatisfações e as inseguranças entre professores alfabetizadores, por perceberem que alunos alfabetizados não demonstram habilidades para exercerem sua cidadania. Assim neste artigo pretende-se retomar a fundamentação que apóia as práticas na perspectiva da alfabetização com o letramento.

 

Desenvolvimento:

Alfabetização e Letramento segundo as teorias de Magda Soares, Paulo Freire e Vygotsky

Segundo Magda Soares a alfabetização é um processo em que o indivíduo aprende o alfabeto e a sua função como código de comunicação. Ela afirma que esse processo não deve ser apenas em adquirir habilidades mecânicas como codificação e decodificação, no ato de ler, mas deve ser além, deve ter a capacidade de interpretar, compreender, criticar e produzir conhecimento. A alfabetização significa o desenvolvimento da compreensão e uso da linguagem de uma maneira geral.  Portanto, alfabetizado é aquele que lê e escreve.

A alfabetização é um processo inacabado, não há um ponto final, não se conclui.  Ela é ampla e extensa, está sempre presente nas práticas sociais através da leitura e da escrita, proporcionando um constante processo de transformação no indivíduo.

Na teoria de Paulo Freire o conceito de alfabetização tem um significado mais amplo, muito mais que saber os códigos escritos, para ele a alfabetização proporciona uma leitura crítica da realidade, um resgate da cidadania e fortalece o papel do individuo na sociedade, buscando uma qualidade de vida e transformação social. Em sua visão, a leitura do mundo contribui na leitura da palavra, um processo que acontece há muitos anos atrás, quando o individuo  lia o seu mundo.

Para Vigotsky, o aluno aprende a partir do resultado da interação do com o ambiente através da sua experiência, levando em conta histórico as culturas particulares. E acrescenta que essa aprendizagem, partindo da experiência do aluno não acontece de forma de mecânica, mas através da interação desse aluno com o mundo material e social. Vygotsky afirma que o aluno é resultado do processo histórico e social, porem, em sua teoria o conhecimento é um processo de interação entre o sujeito e o mundo letrado e sua contextualização.

O conceito de letramento atualmente vem sendo abordado por vários estudiosos, que afirmam ser um processo de desenvolvimento das habilidades de leitura e de escrita nas práticas sociais e profissionais, de acordo com as novas concepções da sociedade, que esta muito voltada para a escrita, a qual vem obrigando o indivíduo aceitar as mudanças aceleradas, procurar por atualização, a fim de ocupar bons cargos no trabalho e participar efetivamente na sociedade. Estudiosos afirmam que o termo letramento é mais amplo do que a alfabetização e eles são equivalentes.

Letramento surgiu há pouco mais de duas décadas, e partiu da necessidade de descrever comportamentos e práticas sociais a partir da leitura e da escrita. Esses comportamentos e práticas sociais em uso da leitura e da escrita tornaram – se cada vez mais importantes na vida do individuo, que trabalha e participa de vários grupos sociais em suas comunidades, portanto fica óbvio que não se deve apenas alfabetizar o aluno, seja criança ou adulto.

Contudo é necessário que o processo de alfabetização ocorra numa perspectiva de letramento.

 

A pessoa letrada já não é a mesma que era quando analfabeta ou iletrada, ela passa a ter outra condição social e cultural – não se trata propriamente de mudar de nível ou de classe social, cultural, mas de mudar seu lugar social, seu modo de viver na sociedade, sua inserção na cultura – sua relação com os outros, com o contexto, com os bens culturais torna-se diferente (SOARES, 2003, p. 37).

 

Como o trabalho de Alfabetização e Letramento torna – se uma Aprendizagem significativa

Para falarmos de aprendizagem significativa, primeiro é preciso compreender que a Alfabetização e letramento são processos que se completam, mas a alfabetização inicia desde a primeira infância e vai avançando cada etapa na vida escolar.

O letramento, significa o domínio do código escrito, em situações da vida do indivíduo nas práticas sociais, que se inicia em paralelo com a  alfabetização, em ato contínuo nas relações humanas.

Destaco a diferença fundamental, que esta no grau de ênfase posta nas relações entre as praticas sociais de leitura e de escrita e aprendizagem do sistema de escrita, ou seja, entre o conceito de letramento e o conceito de alfabetização (SOARES, 2003, p.36).

A Escola tem a função de favorecer ao aluno caminhos para ter acesso à leitura e a escrita formalizada. Este processo é longo e demorado, e cada aluno se desenvolve em tempos diferentes, levando em conta o conhecimento de senso comum que o aluno trás consigo para a instituição. Através do conhecimento adquirido na escola, o aluno terá oportunidade de uma ascensão social, mas para que isso aconteça, este aluno não pode ser apenas alfabetizado, ele necessita passar por um processo de alfabetização, numa perspectiva de letramento.

Durante o trabalho de alfabetização e de letramento desenvolvido pelo professor, é necessário que o mesmo tenha clareza dos objetivos e dos caminhos que precisa trilhar com seus alunos para que eles apropriem - se da leitura e da escrita. Para que isso aconteça, este professor deve ter em mente  a importância do planejamento pedagógico, a organização dos conteúdos e dos recursos, a organização do tempo e do espaço em sala de aula, deixando claro ao aluno áreas a serem trabalhadas, também uma didática adequada a cada conteúdo e oferecer diversos tipos de  textos e várias  atividades.  Ainda nesta fase de alfabetização é indispensável que o professor, estimule a criança ao ato de ler, ofertando diferentes materiais escritos.

A pessoa letrada já não é a mesma que era quando analfabeta ou iletrada, ela passa a ter outra condição social e cultural – não se trata propriamente de mudar de nível ou de classe social, cultural, mas de mudar seu lugar social, seu modo de viver na sociedade, sua inserção na cultura – sua relação com os outros, com o contexto, com os bens culturais torna-se diferente (SOARES, 2003, p. 37).

Para a escola propor uma aprendizagem significativa, primeiramente ela deve ser comprometida com a forma de alfabetizar e de letrar, uma forma que a consciência crítica dos alunos seja paralelamente construída, e assim poderem atuar na construção da sua própria história e da sua realidade social. Para o sucesso nesta prática, o professor precisa fazer a medição da aprendizagem, criando clima de confiança e de diálogo entre ele e os alunos, para que os mesmos participem das reflexões em sala de aula, aprendendo a respeitar as diferenças culturais, a vida de cada um e a partir daí refletir sobre a importância da leitura e a da escrita em sociedade e como a mesma é tão necessária a sua formação.

Por volta de quase quatro décadas, precisamente, nos anos 80, a alfabetização seguia por métodos sintéticos e métodos analíticos, com o objetivo principal de que a criança aprendesse o sistema de escrita, elas eram estimuladas sempre ao mesmo objetivo, dominar esse sistema e em seguida avançar em habilidades necessárias para o uso da leitura e da escrita. Inicialmente a criança ou adulto, primeiro aprendia a ler e a escrever, e depois desta etapa vencida, o aluno avançava para complementos como ler textos, livros, escrever histórias, cartas e outros. Era um processo de aprendizagem sem significado social e sim totalmente abstrato.

Após tantas décadas, viu – se a necessidade de dar significado às aprendizagens, através de propostas de contextualização da língua escrita, através de atividades de letramento, prevale­cendo, sobre as atividades de alfabetização.

Essa transformação no processo de ensino aprendizagem contribui para que a criança construa o conceito de língua escrita e domine as práticas e materiais de leitura e escrita, com objetivo de que o processo de conceitualização da língua escrita seja compreendido pelo aluno e assim ele tenha capacidade e autonomia. Nesta perceptiva, o aluno alfabetiza-se, constrói seu conhecimento torna – se alfabético e ortográfico, todo esse aprendizado através de práticas de letramento, através do contexto e por meio de material escrito sobre a realidade e de sua participação em práticas sociais de leitura e de escrita; também desenvolve habilidades e comportamentos de uso eficiente da língua escrita nas práticas sociais.

Uma aprendizagem significativa parte do pressuposto que o aluno compreenda todo tipo de escrita e de leitura, sendo capaz de interpretar situações diversas descritas em vários gêneros textuais, ter significado, é uma associação aos saberes de mundos contextualizados, onde esse aluno sente segurança em participar de discussões sobre determinado assunto, buscando algumas vezes até em defender determinada idéia diante de um grupo.

A Alfabetização e o Letramento ao longo do processo de escolaridade prepara o aluno para o exercício da cidadania, para um conhecimento formalizado que faz total sentido na prática social desse aluno, que pode interagir em diversos grupos com autonomia. O simples fato de ler e escrever  não favorece ao aluno, segurança para exercer sua cidadania, esta, é a razão do processo de alfabetização evoluir e se relacionar com o letramento, somente assim a escola não estará formando alfabéticos funcionais, inseguros e sem capacidade de raciocínio social.

Desta maneira, para Vigotsky, o sujeito do conhecimento não é passivo, e nem ativo, sofrendo mudanças por forças internas; ele é um sujeito interativo, que tem capacidade de criar relações intra-pessoais.

"O aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e põe em movimento vários processos de desenvolvimento que , de outra forma, seriam impossíveis de acontecer."(Vigotsky, 1987:101) .

 

Conclusão

            De acordo com o que foi registrado até aqui, conclui – se que o processo de ensino aprendizagem na Alfabetização sem contextualizar as atividades para os alunos e utilizar textos de conteúdos abstratos, não contribui para uma aprendizagem significativa.  O processo de alfabetização tem como objetivo apenas a aprendizagem da leitura e escrita. Sendo assim, o aluno alfabetizado aprende as capacidades básicas para fazer uso da leitura e da escrita de forma mecânica. De acordo com os autores citados nesta pesquisa, para que o aluno tenha uma aprendizagem significativa, ele precisa passar pelo processo de alfabetização e letramento.

Então, os professores precisam compreender que a alfabetiza­ção e letramento devem ser inseparáveis, pois, a alfabetização desenvolvida no contexto de práticas sociais de leitura e de escrita são aprendizagens significativas.

Por fim, acredita-se que é possível, atingir a uma aprendizagem significativa e de qualidade na educação em turmas de alfabetização, através práticas pedagógicas que utilizem diversas atividades contextualizadas, que favorecem o desenvolvimento da alfabetização e o desenvolvimento do letramento de cada aluno, assim ele se torna autor de sua vida e agente de  transformações na sociedade.

Aprendizagem significativa é aquela em que o aluno compreende a relação entre a prática pedagógica e a realidade, é aquela que prepara o aluno para as mais diversas situações no exercício da cidadania, também é aquela que o aluno aprende a ler, a escrever, a interpretar, a calcular, levantar hipóteses e debater fazendo comparações e criticas quando for necessário.

REFERENCIAS

Artigo publicado pela revista Pátio – Revista Pedagógica de 29 de fevereiro de 2004, pela Artmed Editora.

FERREIRO, Emília. Reflexões Sobre a Alfabetização. 24. Ed. São Paulo: Cortez, 2001.

FREIRE,P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1970. ______ Pedagogia da autonomia: saberes necessários a uma prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

SOARES, Magda Becker. Alfabetização e letramento. São Paulo: Contexto, 2003

SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.

Vigotsky L.:

A formação social da mente. SP, Martins Fontes, 1987.

Pensamento e linguagem. SP, Martins Fontes, 1988.

Psicologia e Pedagogia. Lisboa, Estampa, 1977.

Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. SP, Ícone, 1988.