ALFABETIZAÇÃO E APRENDIZADO: Muito além da aquisição e domínio das letras do alfabeto

Texto produzido em junho de 2020 e postado-divulgado em 23 de junho de 2020 em Santa Maria do Uruará – Pará

Por: Sydney Pinto dos Santos[1]

Quando falamos em alfabetizar, subentendemos que, a mesma consiste no domínio e apropriação do Sistema Alfabético, assim como seu uso posterior no desenvolvimento da escrita e leitura. Embora, haja apenas nesta colocação, uma ponta de verdade, pois o próprio nome alfabetizar, onde alfa significa primeiro + beto = a segunda na sequência do alfabeto. Logo no meu entendimento seria “a sequência ordenada do aprendizado através das palavras que compõem o alfabeto, dando-se com isto, um aprimoramento sequencial e por etapas”.

Assim, passamos a entender que alfabetizar, significa muito mais do que a estada do indivíduo em sala de aula, lugar este, onde impera significativos controversos e implicadores no ato de aprender. Quando este aprender, além de técnicas que são exigidas nos trabalhos dos docentes, exige-se desde então, algumas ações dos pequenos e da própria família.

Portanto, acredita-se que, não aprendemos por aprender, mas apara uma ou várias finalidades específicas para com a sociedade, e que depende de aprimoramento ao longo do tempo e espaço de vida e de convívio com inúmeros fatores e aspectos intervenientes para a melhoria do processo, o qual às vezes perdura por toda a vida do indivíduo.

Neste sentido, dar para perceber que, existe toda uma estrutura significativa que tem em tese a responsabilidade de aprimorar esta forma de aprender que se inicia em tenra idade do agente social, passando por etapas e momentos, os quais exigirão outros conceitos e intermediações necessárias para se alcançar os objetivos almejados e aos resultados esperados. E nesta sequência devem estar em consonância a ação ordenada e convergente de muitos atores, sejam eles materiais, imateriais, pessoais e impessoais, coordenadas e direcionadas, assim como conscientes e inconscientes.

Entre estes agentes, os mais destacados são: professores, pais, funcionários da escola, materiais, sala de aula, livros, estratégias de ensino, ações pedagógicas, projetos educativos, relação pai X professor, relação aluno X docente, relação aluno X escola, relação aluno x material. Sendo que estas relações, sejam elas atitudinais, comportamentais, cognitivas e emocionais, são as bases formativas da interação e da inter-relação preliminares entre o “tocar”, perceber e compreender, e assim criar, recriar, promover, desenvolver e transmitir os conhecimentos adquiridos.

Alfabetização, não apenas requer livros, materiais, agentes (professor, aluno e família), ferramentas didáticas e apoio pedagógico, requer atenção, sensibilidade, troca, compreensão, postura, harmonia, dedicação, cumplicidade, e troca emotivas, especialmente entendimento para aqueles que estão sob nossos cuidados, orientação e cuidados. São fatores, que precisam ultrapassar quaisquer necessidades de uso brusco de materiais, de procedimentos sejam elas de cunho controlador ou de domínio. Pois, percebe-se que algumas ações advindas do ensinar tradicional, jamais farão com que haja um aprendizado à altura daquilo que esperamos.

Logo, professores, sensíveis, altruístas, compreensíveis e complacentes são mais solícitos no que diz respeito a uma produtividade adequada no processo de alfabetização, pois, ás vezes as crianças já advêm com muitas carências do ambiente familiar, e caso, não sejam suprimidas pelo ambiente escolar, é sinal que estaremos no caminho errado, e suscetível a naufragar no mar da não produção educativa, inclusive nestes primeiros momentos da idade de molde.

Por outro lado, pais e professores, devem entender significativamente que, alunos possuem comportamentos diferentes, ações diferentes, aprendizado diferentes e outros características particulares de cada um, que são os elementos que formam o mundo diferenciado de cada estudante e que ao longo do tempo, ou vão melhorando e aperfeiçoando ou acabam, se não forem percebidos com antecedência, se tornarem uns desafios ou mesmos barreiras ao aprendizado.

Entretanto, pais, professores, especialistas, e outros agentes de observação, devem estar atentos em inúmeros comportamentos, atitudes e hábitos que são desde muito cedo expressos pelos pequenos, e que se não cuidados e tomados ações intervenientes, poderão, no futuro, somar as outros implicativos que devem se direcionar para casos que não venham em nada contribuir com o processo ensino-aprendizagem do indivíduo.

Assim, precisamos ter a percepção, de que é necessário e fundamental, a elaboração de estratagemas educacionais e execuções destas, no sentido amplo, de contorno e melhoria das possíveis dificuldades encontradas em cada agente e em cada situação, as quais venham porventura dificultar ainda mais o desenvolvimento cognitivo e comportamento do cidadão em processo de formação e definição do caráter.

Portanto, alfabetizar, não é apenas aprender as letras e utiliza-las, mas sim dar condições ao longo do processo, para que aqueles sejam capazes de desenvolver habilidades mais precisas, assim como competências mais adequadas para o desenvolvimento próprio do ser e de suas inúmeras particularidades, e assim somando para p cumprimento da missão na sociedade, como ser criativo, dinâmico e participativo.

 

 

[1] Professor efetivo da rede pública de ensino de Prainha – Pará: 1998. Mestrando em Educação (Formação de Professores) UNINI/FUNIBER – 2020.