Por Adilson Motta


É inegável, quando estudamos a evolução epistemológica dos conceitos e nestes, o entendimento sistêmico de como se processou e se ajustou o conhecimento humano aos estágios em que se encontra e percebermos que a construção do conhecimento não se deu de forma isolada, e sim de retomadas de geração a geração ao longo dos séculos de "ombros em ombros", como disse Isaac Newton. Conclui-se também que a humanidade vive em constantes mudanças, principalmente a partir do momento em que o homem se apropria do conhecimento científico, o que lhe propicia construir conhecimento e mais ainda na era da internet.
Nos primórdios, sem a gama de conhecimento que hoje possuímos, o homem se encontrava enclausurado na caverna da ignorância, costumes e tradições. As circunstâncias e necessidades o arrebataram a percepção e procura do conhecimento, do novo. E lá fora, vislumbrou-se o brilho das coisas e do mundo que ia bem além das paredes que a cercava.
Descobriu-se que o mundo não era uma redoma nem um poço cujas águas não fluem nem afluem. Este mundo era um rio a fluir, em contínuo movimento e que este, por séculos estivera preso aos rudimentos das trevas por aqueles que seguravam o candelabro ? que brilhava com as cores do vil metal pelo reino da terra. Acaso mantiveram a escuridão sobre os séculos de gerações por razões ideológicas, temendo perder o cajado e o poder de dominação e usufruição sobre aqueles que temiam o inferno? No fundo do espírito humano, uma centelha clamava pela libertação cuja chave era o conhecimento e esclarecimento dos povos.
Descobriu-se que a caverna vedava e obscurecia os "olhos" e o espírito daqueles que lá viviam. A caverna, que eclipsava o horizonte e freava a ciência, o progresso e retardava a libertação de muitos que não vislumbravam a luz do sol que vinha das "frestas" da verdade que brilhou na razão iluminista e no renascer das idéias luminosas "enterradas" durantes séculos por aqueles que se diziam pregadores da "luz".
Sendo assim, a condição para o progresso e a libertação era sair da caverna, e assim foi.
Até hoje perdura a lição de que, inclusão social e cidadania dependem de um fator: tirar o homem da caverna de suas limitações, que depende dos governos e do próprio homem.
A caverna já existia antes mesmo que Platão dela falasse. ... a caverna na verdade não era uma caverna, era metaforicamente a caverna da condição humana em sua situação existencial imerso na ignorância e falsas crenças que o aprisionava de suas realizações e liberdade.
Foi por mostrar que além da caverna existia um novo mundo e o sol da liberdade a brilhar progresso e mudanças, que muitos, conquistando para todos, perderam a própria vida. Assim foi Jesus, assim foi Gandhi, assim foi o Alferes (Tiradentes) e muitos outros. Desta forma, as conquistas da liberdade, o progresso e a mudança foram adquiridos a custo de sangue e fogo ao longo dos séculos. Em outras palavras, foi a certeza do ombro de todos que nos trouxe até aqui com nossos engenhos.
Ao longo dos séculos, após sistematizar e compreender os sistemas que regem a sociedade, e, epistemologias que definem os conceitos da mesma, tornou-se possível a criação de leis, costumes e regras no sentido de defini-la e organizá-la.
Diante dos acontecimentos sociais e percebendo a necessidade de uma ciência que definisse a sociedade, Durkein determina que o objeto de estudo da sociologia são os fatos sociais. E o surgimento da mesma se deu a partir do surgimento do capitalismo.
Para o mesmo autor (wilkipédia, 2010), é a sociedade, como coletividade, que organiza, condiciona e controla as ações individuais. O indivíduo aprende a seguir normas e regras impostas pela sociedade (as leis, costumes, etc. que são passados de geração em geração. ... e não tem o direito de modificá-las.
Já para Weber, a sociologia é uma ciência que procura compreender a ação social. Por isso, considerava o indivíduo e suas ações como ponto chave da investigação evidenciando o que para ele era o ponto de partida para a sociologia. Ele considera a Sociologia como uma ciência da conduta humana, na medida em que essa conduta é social.
O século XVIII, no entanto, foi marcado por transformações, fazendo o homem analisar a sociedade a sociedade, um novo "objeto" de estudo. Essa situação foi gerada pelas revoluções industrial e francesa, que mudaram completamente o curso que a sociedade estava tomando na época. A revolução industrial, por exemplo, representou a consolidação do capitalismo.
Foi dentro desse contexto que surgiu a sociologia, ciência que, mesmo antes de ser considerada como tal, estimulou a reflexão da sociedade moderna colocando como "objeto de estudo" a própria sociedade, tendo como principais articuladores Augusto Conte e Émile Durkheim.
Entendida e organizada, Weber delineia a famosa descrição da burocratização como uma mudança da organização baseada em valores e ação (a chamada autoridade tradicional) para uma organização orientada para os objetivos e ação (chamada legal-racional).
Émile Durkheim é amplamente reconhecido como um dos melhores teóricos do conceito da coesão social. O mesmo "parte da afirmação de que "os fatos sociais devem ser tratados como coisas", forneceu uma definição do normal e do patológico aplicada a cada sociedade, em que o normal seria aquilo que é ao mesmo tempo obrigatório para o indivíduo e superior a ele, o que significa que a sociedade e a consciência coletiva são entidades morais, antes mesmo de terem uma existência tangível. Essa preponderância da sociedade sobre o indivíduo deve permitir a realização desse, desde que consiga integrar-se a essa estrutura. Para que reine certo consenso nessa sociedade, deve-se favorecer o aparecimento de uma solidariedade entre seus membros. Uma vez que a solidariedade varia segundo o grau de modernidade da sociedade, a norma moral tende a tornar-se norma jurídica, pois é preciso definir, uma sociedade moderna, regras de cooperação e troca de serviços entre os que participam do trabalho coletivo (preponderância progressiva da solidariedade orgânica).
Dentro dessa sociedade politicamente organizada, criou-se uma "incrosta" de políticos tradicionais - que ao modos do que concebe Maquiavel, seria uma espécie de "principado hereditário" moderno, é o que presenciamos na atualidade de famílias que se perpetuam no poder.

Conclusão

A dialética de Karl Marx aponta que o eixo das transformações históricas são alimentadas ou produzidas a partir da dinâmica das contradições que permeiam os acontecimentos sociais e leva a seus opostos e mudanças. Já outros autores apontam que as ações próprias do homem ? passadas, presentes ou futuras - se lhe aparecem sob o manto da necessidade e que o indivíduo pode ser uma grande força social de transformação. Principalmente numa sociedade onde exista pessoas informadas de direitos e deveres, enfim dotadas de espírito crítico. É nesse sentido que é válida a afirmação de que as particularidades das personalidades determinam o aspecto individual dos acontecimentos históricos. É dessa forma que o indivíduo vai cumprir o seu papel na história ? enquanto conhecedor e participante no processo (Plekhanov, 2002, p.110 a 118 e 152).
Na atualidade, a política, é o instrumento central onde se desenvolve todo cenário de acontecimentos que se constitui o fazer histórico. Segundo Creusa Capalbo (apud SANTOS, 2000, p.98), "a conscientização utilizará uma pedagogia que proporcionará ao homem condições para descobrir-se, conquistar-se, formar-se como sujeitos de sua própria história". Em consonância com o que foi afirmado, veja o que diz Marilena Chauí (1980, p. 114): " Enquanto não houver um conhecimento da história real, enquanto a teoria não mostrar o significado da prática imediata dos homens, enquanto a experiência comum de vida for mantida sem crítica e sem pensamento, a ideologia de dominação se manterá."

Cada sociedade é, pois, um espaço de vida, no qual a sua própria história se vai escrevendo..., acontecendo...
Para Comte, "as idéias conduzem e transformam o mundo e é a evolução da inteligência humana que comanda o desenrolar da história".

REFERÊNCIAS

PLATÃO. O mito da caverna. Vilkipédia, 04/2010; CHAPLES, Charles. Tempos modernos. Internet, 04/2010; COMTE, Augusto. Positivismo. 04/2010; DURKEIN, Émile. Socialismo científico. 04/2010; MACHIAVELLI, Nicoló. O príncipe. Livro extraído da Internet, 04/2010.