Que não seja uma dúvida para ninguém quando o momento de ajudar ao próximo se torne algo questionável. Compreendo que hoje em dia vivemos em um mundo, uma sociedade, onde a maldade humana ainda insiste em nos colocar frequentes armadilhas para que nossa bondade seja testada como uma fraqueza, ou vista simplesmente como um ponto fraco abrindo caminho para que golpes diários possam ter sucesso. Infelizmente, muitas pessoas cientes de tais armadilhas do mundo onde vivemos se tornam um pouco mais resistentes. E ao nos tornarmos resistentes e duvidosos acabamos muitas vezes fazendo ou tendo que fazer uma “tela imaginária” para cobrir nossos rostos para evitar olhar, ou melhor, enxergar a necessidade alheia. É algo muito triste, quando se percebe tais atitudes, pelo menos eu fico. Porém, cada vez mais essas telas imaginárias são visivelmente notadas. Nós, humanos sensíveis que somos, após tantas coisas ruins que vemos, acabamos nos tornando cada vez mais fechados e, como mencionei acima, mais resistentes ao mundo no nosso redor. Ainda assim, e mesmo sendo tão contraditório aos valores que aprendemos, talvez seja simplesmente uma reação de autoproteção, maneira em que tento considerar tais atitudes.

Agora, quando ajudamos ao próximo, estamos colaborando e transformando o mundo em um lugar mais justo. Isso sim é demonstrar que valores e sentimentos nobres são princípios básicos e simples que nos acompanham há milhares de anos por intermédio de culturas milenares, e que devemos sempre que possível nos espelhar, nos inspirar e demonstrar o quanto ainda existe nos tempos atuais.

Um dia destes li em algum local uma pequena frase que com certeza cabe perfeitamente neste texto e complementa este tema, era algo assim: “Ter um coração do bem, nesse mundo cruel, não é fraqueza e sim coragem”. É ter sim coragem de demonstrar que somos humanos e que sentimentos nobres ainda brotam dentro de nós.

Outro dia caminhando por um parque nas redondezas onde moro em Nova York, percebi de longe um rapaz se levantando de uma bicicleta em um local bem movimentado em uma esquina perigosa. O que era estranho porque ali não era uma área comum para o tráfego de ciclistas. Eu me aproximei e percebi que era um rapaz bem jovem, de origem oriental, e perguntei se precisava de ajuda. Ele me olhou e não conseguiu responder com exatidão, aparentando estar confuso, pálido e visivelmente machucado.

Carros passando, pessoas caminhando por perto com olhares curiosos, mas ninguém se aproximou para prestar auxílio ou sequer perguntar o que estava acontecendo. Assustado, o rapaz me perguntou se eu tinha visto o carro que lhe havia jogado contra a calçada. Eu disse que infelizmente não. Tinha visto somente o momento em que estava se levantando. Perguntei se havia alguém que eu pudesse ligar para recorrê-lo e ele palido quase desmaiando me disse que não. Bem, resumindo a situação, percebi a gravidade da situação e imediatamente não hesitei em proceder com o que deveria ser feito.

Decidi compartilhar essa cena que ocorreu para demonstrar que bom senso é sempre possível, e buscar um equilíbrio para que possamos viver em harmonia e respeito, sem negligenciar outros seres que encontramos no caminho. Somos todos, sem exceções, dignos de uma palavra amiga, de um conforto, de uma ajuda, de uma mão para nos levantar.

Não quero dizer para sermos usados, não é isso. Porém, sempre utilizar o bom senso e nossos bons princípios sim.  Cautela, bom senso e princípio podem ser nossas maiores ferramentas de autoproteção e também nossos maiores aliados para que possamos ser mais justos e fortes.

O bom senso em ter equilíbrio entre aprender com o passado e ter cautela em como aplica-lo no futuro. Portanto gente, o simples fato de auxiliar quem precisa é como um dom que não te deixa nunca. E parte de nossa Moral.

Muitas vezes se não podemos transmitir algo com palavras, certamente o nosso comportamento sim fará essa função. Então uma dica milenar de maneira simples e direta é “sim podemos ajudar ao próximo, sendo quem somos”.

Nosso comportamento é certamente capaz de demonstrar e tocar o próximo, tanto positivamente como negativamente, a escolha é nossa. Muitas vezes pela falta de tempo, estresse ou simplesmente por assumir que alguém está fazendo algo a respeito ou não, é algo que deveria importar. Não podemos deixar de ajudar, ou simplesmente ignorarmos algumas situações que saltam aos nossos olhos.

Este texto não é para servir como um conselho, longe disso. Este texto é baseado na minha experiência e observações que me chamam à atenção no dia a dia, e que muitas vezes não damos a mínima importância. É como um pequeno lembrete de que devemos sempre fazer escolhas diariamente, algumas às vezes de forma inconsciente. Não importa como sua decisão é tomada, mas uma coisa é certa, ela reflete não só na sua vida como no seu legado, e estar ciente disso terá um efeito enorme ao seu redor.

Assim sendo, represente você da melhor maneira que gostaria também de ser tratado. E como dizia um dos meus favoritos pensadores, filósofo e escritor comentando sobre ensinamentos:  “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”, Carl Jung.

Com um sorriso ao mundo e gratidão no coração. Adriana Maluendas