Ainda Ontem Pensei Em Cora...
Publicado em 31 de maio de 2007 por Geórgia Freitas
Ainda ontem pensei em Cora...
Não lembrei de Cora Coralina pela sua obra, embora muitos digam que se vão os homens e ficam os seus feitos. Lembrei de Cora pela simplicidade, humildade, sabedoria que exalam de seus versos. “Versos...Não”/ “Poesia...Não”/ um modo diferente de contar histórias.”
Como falar de Cora sem mencionar suas poesias? Estas são extensão vivificante de sua essência. Cora Coralina fala-nos do seu mundo. Das suas dificuldades. Da rotina de doceira, de poetisa das ruas de Goiás. Poetisa de versos através dos quais se expressam a força da continuidade.
Diz Cora Coralina a cada escrito: ‘Não pare! A vida continua e você também!’
Foi-se a poetisa, ficou sua eterna alegria menina. Cora Coralina escreveu sua primeira obra aos 14 anos. Estudou apenas até a 4ª. série e, na época, com a Mestra Silvina, educadora da região. Casou-se com um advogado, morou em São Paulo, criou seus 6 filhos vendendo doces e livretos. Vinte anos após, retorna para a antiga Vila Boa de Goyas. Doceira, poetisa.
Da janela de sua casa, respira Vila Boa. Vila de gente, vila de tradições. Vila alegre. Aquele era o mundo de Cora Coralina.
Sua casa, hoje, é museu. Lar representativo de uma cidade cantada em seus versos. E, ainda hoje, ressoa saudosa a voz que dizia: ‘(...) todas as vidas dentro de mim: na minha vida (...)’ (Velho Sobrado).
Procuro minha vida em Cora. E, desde então, descobri que Cora mora em mim.