ÁGUAS PASSADAS NÃO MOVEM MOINHO...SERÁ MESMO?
Por FRANCISCA DAS CHAGAS | 28/03/2016 | Ambiental
MESTRADO EM EDUCAÇÃO
EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE
PPROFESSOR DANILO OLIVEIRA
ÁGUAS PASSADAS NÃO MOVEM MOINHO...SERÁ MESMO?
Francisca Chagas Sousa Magalhães
São Gonçalo do Amarante ,7 de março de 2016
RESUMO
Não é de se admirar que as primeiras concepções deluta pelo meio ambiente tenham sido pautada em uma visão naturalista do ambiente, através de práticas voltadas para a proteção da vida selvagem e de conservação de áreas verdes urbanas. Essa concepção formou-se a parti das constataçõessobre a evolução e à realocação imaginária do homem no ambiente natural, feitas por Darwin. A Revolução Industrial, também foi um fator determinante na degradação da qualidade de vida. Período quemarcou o surgimento de pressões de grupos sociais sobre os órgãos de governo; do uso do poder do consumidor; das primeiras organizações de defesa do ambiente. Data nessa época divisão entre dois movimentos: o preservacionista e outro conservacionista, que defendia o uso racional dos recursos naturais. Este trabalho vem mostrar o quanto a preocupação com as questões ambientais foi determinante para a construção de nossa história ao longo do tempo. Muitos dos ativistas abandonaram uma carreira bem sucedida , uma vida de conforto e entregou-se de corpo, alma e coração às questões ambientais.Esse tem sido o perfil de muitas pessoas que desde muito tempo têm se preocupado com a relação homem versos meio ambiente. E não é de hoje que essa relação está em conflitos. Há décadas que o mundo vem se tornando palco de grandes movimentos contra a exploração exacerbada dos recursos naturais.
Palavras-chave: Meio ambiente , História, lutas ,conquistas
- 1. ÁGUAS PASSADAS NÃO MOVEM MOINHO...SERÁ MESMO?
Eis a pergunta: É errado retirar da natureza aquilo que ela tem aoferecer? Claro que que não, afinal, é para isso que ela existe, mas para que o meio ambiente se mantenha saudável e continue a servir são necessários certos cuidados, zelo, do contrário o homem terá que enfrentar muitos problemas tais como: desaparecimento de espécies, erosão, inversão térmica, ilha de calor, efeito estufa, destruição da camada de ozônio, as mudanças climáticas entre outros.
Com o objetivo de fazer menção honrosa a todos os fatos que marcaram os movimentos ambientais é que este trabalho se intitula ÁGUAS PASSADAS NÃO MOVEM MOINHO...SERÁ MESMO? de modo a estabelecer uma relação de intertextualidade entre um conhecido ditado popular ,onde quer mostrar que o passado não tem importância nenhuma ,o que passou ,passou... o uso da expressão “SERÁ MESMO?”, vem trazer à tona uma reflexão, estabelecendo um paralelo entre o presente e o passado. Subjetivamente falando, quer dizer que tal interpretação depende do ponto de vista do leitor ,uma vez que os provérbios sempre trazem algum ensinamento. O importante é saber interpretá-los.
O intuito aqui, é exatamente esse, contestar o provérbio” ÁGUAS PASSADAS NÃO MOVEM MOINHO”,não aceitando-o como verdade absoluta .Não se pode seguir em frente ignorando o passado .O passado só será esquecido se não tiver nenhuma importância, do contrário ,ele sempre será visto como um fato marcante e mais uma vez “ moverá o moinho.
Todo este exagero na subjetividade ,é simplesmente na tentativa de resgatar e enfatizar algumas lutas e movimentos ambientais desde a década de sessenta até os dias de hoje, época em que, embora lentamente , o homem de diversos setores da sociedade, começou a adotar novos conceitos, noções e práticas no que e refere a preservação ambiental.
- 2. BREVE HISTÓRICO DAS QUESTÕES AMBIENTAIS
Acada dia a humanidade evolui. A ciência e a tecnologia têm crescidode maneira veloz e espantosa e, paralelamente a isso o homem tem encontrados meios cada vez mais modernos, de intervir no meio em que vive em benefício próprio.Por essa razão os recursos naturais passaram a ser explorados de forma abusiva ,sem pensar em futura. Consequências
À medida quea situação do planeta foi se agravando, surgiu a preocupação de que algo precisava ser feito e, logo. A parti de então, com o objetivo de levar a populaçãoa refletir sobre sua relação com o meio ambiente, começou a aparecer manifestações e movimentos alertando a todos acerca dos riscos que a humanidade corria se continuasse a agredi-lo de forma tão violenta.
Devido às circunstancias apresentadas, pesquisadores e estudiosos começaramevidenciar o perigo, principalmente com o fim da Segunda Guerra Mundial. Acontecimento que ocasionou uma deterioração na qualidade de vida da humanidadecolocando em riscos tanto a saúde física quanto psicológica.
Em 1960, com a preocupaçãodos altos índices de poluição e de degradação ambiental em diversas partes do mundo, em decorrência da industrialização, deu-se início a uma incansável luta, aparentemente sem nenhum ou pouco sucesso...Luta esta que emergiu em tempo e lugares diferentes . É importante dizer quenão se sabe ao certo qual o marco inicial desta grande trajetória de luta, mas foi graças ao passado que o homem aos poucos vem tomando consciência e adotando práticas mais saudáveis e sustentáveis. Tudo isso graças à várias iniciativas como algumas das que serão apresentadas à seguir.
1962 -Lançamento do Livro “ Primavera Silenciosa”,onde Rachel Carson faz um alerta aos perigos causados pela industrialização. Na época qualquer indústria química de inseticidapodia lançar seus resíduos no meio ambiente. Esta obrateve influência bastante positiva em muitas pessoas, tornando-as mais conscientes e envolvidas nas questões ambientais.
1968- Época marcada por dois grandes acontecimentos: a criaçãodoConselho para Educação Ambiental, no Reino Unido e do Clube de Roma, fatos que ganharam força quando trinta especialistas de diferentes áreas se reuniram em Roma para discutir a crise atual e futura da sociedade, onde fundou-se o Clube de Roma. O relatórioda referida discussão culminou em um documento chamado “Os Limites do Crescimento Econômico” em 1972, onde faz uma denúncia do crescente consumo mundial ,buscando alternativas para minimizar o problema e tentar equilibrar a situação.
1970- Elaboração do “Manifesto paraSobrevivência”, elaborado com o apoio de cientistas políticose por entidade ligada à revista britânica The Ecologist. Hoje considerado um rico documento histórico, onde vem sugerir soluções para um ambiente mais saudável.
1972-Constituição da “Declaração de Estocolmo” ou Declaração sobre o Ambiente Humano,resultado de um encontroque visavaa necessidade de garantir às gerações futuras um ambiente mais saudável, alegando que o homem tem um poder transformador .Poder este que pode transformar o meio em que vive, todavia cabe ao governo proteger o planeta de diversos danos por ele causados. Ainda sobreesta declaração é importante enfatizar que a mesma ressalta a necessidade de que cidadãos, empresas e instituições de todas as nações deem as mãos nessa empreitada e que cada um assuma a responsabilidade que lhes cabe. Segundo a constituição esta soma deesforços traria ao planeta e, consequentemente a humanidade muitos benefícios.
1975 -Criação do PIEA, Programa Internacional de Educação Ambiental, elaboradoem resposta às recomendações da Conferência de Estocolmo,adotando como princípio que a educação deve ser continuada e multidisciplinar, respeitando as diferenças regionais, levando em conta os interesses nacionais.
1977-AUNESCO, Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, fazendo com que no Brasil, o Conselho Federal de Educação tornasse obrigatória a disciplina Ciências Ambientais em cursos universitários de Engenharia.
1983-Foi criadaa Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento.Época e que os problemas se agravaram, chamando atenção não só para a exploração exacerbada dos recursos naturais, mas também a absorção dos ecossistemas em decorrência dos resíduos produzidos pelas atividades humanas.
1988- Foi determinado pelaConstituição da República Federativa do Brasil,ao Poder Público, promover aEducação Ambiental em todos os níveis de ensino...” Ainda no mesmo ano aconteceu no Rio Grande do Sul o primeiro Congresso Brasileiro de Educação Ambiental.
1992 – Aconteceu a Segunda Conferência das Nações Unidas (ONU) sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento no estado do Rio de Janeiro, fatomarcante na construção histórica da Educação Ambiental no Brasil e no mundo, ECO -92..Este encontro, visando uma proposta de desenvolvimento sustentável, deu origem a alguns importantes documentos, dos quais se destacam a “Carta da Terra” (Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento),a Convenção sobre Diversidade Biológica, a Convenção Marco sobre Mudanças Climáticas, a Declaração sobre Florestas e a Agenda 21, que em sua amplitude aborda algumas diretrizes a fim de validar a proposta de melhorar as atividades humanas no planeta.
Ainda neste encontro ficouestabelecido como meta reduzir pela metade, até 2015, o número de pessoas sem acesso a saneamento, equivalente hoje a cerca de 40% da população mundial. Sobre a biodiversidade, decidiu-se que vão ser instituídos mecanismos para evitar ou reduzir a extinção de peixes e recuperar os estoques pesqueiros internacionais a níveis sustentáveis até 2015.
1995- Criação doConselho Nacionalde Meio Ambiente - CONAMA, fato que determinou o fortalecimento quanto à educação ambiental.
1997-Surge o Protocolo de Kyoto,na cidade de Kyoto no Japão,componente da Convenção Marco sobre Mudanças Climáticas, um protocolo onde contém assinaturas dos responsáveis pelas nações mais industrializadas, assumindo o compromisso a reduzir no período de 2008 a 2012 as emissões de componentes que interferem no clima da Terra em 5,2% em relação aos índices de emissões de 1990.
2002 – Mais um encontro internacional, aConferência de Johannesburgo, a famosa “Rio+10”, que culminou na formação da “Cúpula Mundial de Desenvolvimento Sustentável”.Esta conferência tinha como propósito avaliar as metas , determinada na ECO 92 e questões concernentes à Agenda 21,afim de ver os avanços e até propor alterações,se preciso fosse. Época em que surge a ideia impor limites às indústrias em relação aos danos por elas causadas.
- 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tomando como base tudo que foi explicitado, percebe-se o quanto já se discutiu acerca dos problemas ambientais que afetam,desde muito tempo,o Brasil e mundo. E que muitas das inúmeras tentativas de fazer com que a humanidade atente para os perigos que o planeta vem enfrentando tiveram bom êxito.Embasada no título deste trabalho pode-se dizer que,verdadeiramente muitas” águas já passaram por este moinho”.
Em contra partida ,apesar de tanto esforço,por parte dos ativistas,em querer mudar esta realidade,não se pode negar o fato de que os problemas ambientais ainda existem,porém,não se sabe ao certo a proporção da gravidade.Isso prova que,apesar das lutas em defesa pelo meio ambiente arrastar multidão em toda parte do mundo,há uma contradição entre a preocupação existente e o comportamento de fato das pessoas. Se apega ao velho ditado ”faça o que eu digo e não o que eu faço".
Partindo desses pressupostos, conclui-se que muito já se fez ,mas ainda há muito por fazer em defesa do planeta. É preciso continuar insistindo,sensibilizando a humanidade quanto a importância de adotar atitudes ecologicamente correta.E nada impede que as ações,as lutas,os movimentos ,os gritos de socorro ...sejam repetidos por inúmeras vezes,o quanto for preciso para que toda a humanidade acorde .Por esta razão acredita-se que “Águas passadas podem sim mover moinhos.”
BIBLIOGRAFIA
Ambientalista. Rio de Janeiro: RelumeDurmará, 1992.
São Paulo: Cortez, 2009.
Loureiro, Carlos Frederico Berna. Trajetória e Fundamentos da Educação Ambiental. 3ª ed. 4- MCCORMICK, John. Rumo ao paraíso.A História do Movimento