Disciplina: Psicologia do Desenvolvimento II

Professor: Helenita

Acadêmicos: Bruna Moraes; Diego Canova; Lucas Hlavac; Matheus Scotton; Vanessa Gregoviski; Vitor Soares

 

 

 

Adolescência

 

ADOLESCERE : do latino, que significa crescer e amadurecer.Período entre puberdade e virilidade.

 

 

Definição de adolescência

 

A adolescência é uma transformação profunda, marcada por conflitos, que impõe ao jovem grandes exigências de adaptação, relacionadas com as novas funções biológicas, novas formas de relação interpessoal e novas responsabilidades familiares e sociais.

            Porém para muitos, tal como Anna Freud, tais conflitos são extremamente normais e são um índice de desenvolvimento normal, visto que estruturas interiores estão sendo constituídas, quanto mais “dóceis” forem os adolescentes mais dificuldades terão de crescer psicologicamente.

            Pode ser vista como: uma etapa, um recorte no tempo, sendo uma fase marcada e delimitada com características típicas da idade; um processo de transição para a vida adulta; uma categoria inerente, inata e inevitável; uma construção social que depende totalmente das relações sociais estabelecidas e do processo de socialização, incluindo fatores econômicos, sociais, educacionais, políticos e culturais.

            A adolescência pode ser classificada entre diversos critérios:

 

  • Critério cronológico: Idade aproximada dos 10/12 anos aos 20/21, dividindo-se em pré-adolescência (10-12), adolescência inicial (13-16) e adolescência final (17-21).
  • Critério do desenvolvimento físico: Período entre puberdade e virilidade, terminando, então, quando o desenvolvimento físico se completa.
  • Critério sociológico: Quando adquire status parcial, não sendo mais tratado como criança, porém também não como adultos.
  • Critério psicológico: Reorganização na personalidade e nas estruturas psíquicas, tentativa de auto-definição perante a sociedade.

 

Segundo Samuel Pfromm Netto, se associa a crises e desequilíbrio, destacando os seguintes fatos: (1) alterações físicas; (2) alterações dos sentimentos vitais (mudanças de humor); (3) erotização e busca por um companheiro do sexo oposto (em casos de heterossexualidade); (4) preocupação com o futuro e com questões relacionadas à vida e à morte; (5) independência dos pais, marcado por oposição e negativismo; (6) papel social.

            Também é importante nessa fase passar por tarefas evolutivas, ou seja, lições que devem ser aprendidas pelo ser humano em tal fase para que possa, posteriormente, realizar-se com o êxito ao invés de sentir apenas a frustração pelo fracasso. São algumas tarefas evolutivas: aprender a utilizar e proteger o corpo; aprender a tratar e socializar com mulheres e homens; ter independência; escolher uma profissão e preparar-se para estar apto para realiza - lá; casar-se; desenvolver o patriotismo; etc.

 

 

Desenvolvimento na Adolescência

 

  • Adolescência inicial (12-16 anos):

 

  1. Crescimento fisiológico e motor: crescimento turbulento e perturbado aproxima-se cada vez mais do tamanho dos adultos;
  2. Dependência/Independência: Nas áreas do comportamento para de depender do adulto;
  3. Dar e receber afeição: Aceita-se como pessoa digna de amor;
  4. Relações com grupos sociais mutáveis: Comporta-se conforme os demais membros de tal grupo;
  5. Desenvolvimento da consciência: -;
  6. Aprendizagem de papel psico-sócio-biológico: Aprende como deve agir em relações heterossexuais;
  7. Aceitação de um corpo em transformações e ajustamento do mesmo: -;
  8. Aprendizagem, compreensão e controle do mundo físico: -;
  9. Desenvolvimento de um sistema de símbolos adequados e de capacidades conceptuais: Expressão pela linguagem;
  10. Relação do indivíduo com o cosmos: -.

 

 

 

 

  • Adolescência final (16-20 anos):

 

  1. Crescimento fisiológico e motor: Equilíbrio bioquímico é restabelecido, aparecem características adultas;
  2. Dependência/Independência: É estabelecido o “eu” adulto;
  3. Dar e receber afeição: Liga-se a outro do sexo oposto;
  4. Relações com grupos sociais mutáveis: Adapta-se às normas pré-estabelecidas pela sociedade;
  5. Desenvolvimento da consciência: Desenvolve o senso de responsabilidade e ética;
  6. Aprendizagem de papel psico-sócio-biológico: Adquire desejabilidade para atrair um parceiro, procura uma ocupação/trabalho e prepara-se para se aceitar como adulto;
  7. Aceitação de um corpo em transformações e ajustamento do mesmo: Utiliza as válvulas apropriadas aos impulsos sexuais;
  8. Aprendizagem, compreensão e controle do mundo físico: -;
  9. Desenvolvimento de um sistema de símbolos adequados e de capacidades conceptuais: Pensamento e raciocínio;
  10. Relação do indivíduo com o cosmos: Crenças e valores.

 

 

Desenvolvimento Emocional

 

Adolescentes estão sujeitos à pressão por parte da sociedade, visto que muitas coisas são cobradas do mesmo. Isso conduz a diversas perturbações da ordem do emocional, principalmente quando levamos em conta que a passagem da dependência infantil à independência adulta não se dá tranquilamente de modo gradual, é súbito e inesperado, muitas vezes marcada por conflitos, restrições e dúvidas.

            Samuel Pfromm Netto cita fatores que interferem na intensidade das emoções adolescentes, entre eles são alguns: restrições advindas dos pais; dificuldades financeiras; novidades às quais o adolescente não está acostumado ou preparado para lidar; expectativa da sociedade para que o comportamento infantil seja deixado de lado; reajustar-se a ambientes que estava acostumado; comunicação com o sexo oposto; fracasso escolar; desavenças com a família ou com colegas e amigos; problemas relacionados ao trabalho (caso já exerçam alguma profissão) ou a escolha profissional futura.

  • Amor: (pais e filhos, amigos, relações com parceiros do sexo oposto, lugares, etc.). Fromm era um dos teóricos que ao falar sobre o amor, disse acreditar que isso não era mais do que a ansiedade na busca de superar a separação e a solidão unindo-se, assim, a outras pessoas do nascimento (experiência egocêntrica de amor desenvolvida entre mãe e bebê) até a morte. No amor é que demonstramos o cuidado, a preocupação, a responsabilidade, o respeito e o conhecer a outra pessoa. O adolescente começa a deixar de buscar no outro a própria satisfação ao demonstrar os sentimentos anteriormente mencionados, sendo que agora as necessidades da pessoa amada passam a ser tão importantes quanto as suas próprias.
  • Cólera: Amor (impulsos positivos) e agressividade (impulsos maléficos, repulsivos e destrutivos) são os impulsos básicos da natureza humana. Porém, mesmo a partir desses conceitos básicos dados por Freud, devemos ter consciência de que nem toda cólera é destrutiva, em certos casos, ela pode ser empregada de forma construtiva (como, por exemplo, em situações de competições esportivas). Na adolescência, a raiva é uma reação normal (lembrando-se que o esperado é o sentimento de cólera, é isso que se entende por normal, e não atitudes violentas aonde tal sentimento não é sublimado) perante experiências frustrantes. A reação física agressiva ou não do jovem diante dessas circunstancias está relacionada ao modo de como os pais tratam a violência e também ao nível de independência que é dado à criança desde cedo (sendo que os dois extremos não são aconselháveis), por exemplo, um jovem cujo pai pune de forma violenta atitudes negativas terá mais tendência a ser um jovem mais “explosivo”, que não enxerga motivos para não manifestar a cólera agredindo os outros. Falando de uma forma de manifestação mais generalizada, é conveniente explicar que existem diferentes jeitos de demonstrar a cólera: agredir fisicamente ou oralmente quem provocou a ira ou alguém que nada tem a ver com este sentimento, reprimi-la, dirigir a cólera para si mesmo (muitas vezes se auto-agredindo), fantasiam em excesso, utilizam o sarcasmo e o negativismo demasiadamente e etc. No físico, a cólera interfere na pressão sanguínea, na pulsação e nos hormônios.
  • Medo e ansiedade: “Rigidez corporal, palidez, reações de fuga, de defesa, de busca de proteção e apoio figuram entre os comportamentos geralmente associados à experiência de medo.” (NETTO, Samuel P., 1968, p.125). A principal diferença entre medo e ansiedade é o fato de que o medo se dá a partir de um perigo real, enquanto a ansiedade são apreensões geralmente sem objetos determinados. Conforme o indivíduo cresce os medos e a freqüência dos mesmos é alterada, sendo que os medos relacionados ao social tendem a ficar mais fortes na adolescência. Em diversas pesquisas realizadas ao longo desses anos, conclui-se que os medos mais frequentemente encontrados nos jovens estão relacionados à escola e carreira profissional futura, ao meio familiar e a busca de um parceiro afetivo-sexual.

 

Desenvolvimento Social

 

Constitui-se, basicamente, em passar a fazer parte da sociedade como um membro ativo. Inicia-se com a família, que é o primeiro e principal agente de socialização humano, criando os filhos de acordo com o que crêem que eles deverão se tornar, modelando-os.

            O “desmame” psicológico, ou seja, a fase em que os adolescentes libertam-se do controle total dos pais (física e emocionalmente), é uma marca importante que assinala o desenvolvimento social. E, além dessa, outra marca importante é o fato de que na adolescência é que se inicia o período da busca pelo parceiro, namoro, casamento e assim por diante (sendo que é nessa fase do desenvolvimento, a social, é que encontraremos o amor platônico por ídolos e celebridades).

            O desenvolvimento social também é marcado pela formação de grupos de pessoas com gostos semelhantes, as chamadas “panelinhas”. Esse grupo tem influencia direta no comportamento do indivíduo, de forma positiva ou não.

 

Desenvolvimento Físico

 

         Quando nos referimos ao desenvolvimento físico de adolescentes esbarramos irremediavelmente na puberdade, que é a fase das mudanças física propriamente dita. Segundo a pediatra e psicanalista francesa Françoise Dolto (1908-1988), autora de clássicos sobre a psicologia de crianças e adolescentes, os seres humanos têm dois tipos de imagem em relação ao próprio corpo: a imagem real, que se refere às características físicas, e a imagem simbólica, que seria um somatório de desejos, emoções, imaginário e sentido íntimo que damos às experiências corporais.

Na adolescência, essas duas percepções são abaladas. A puberdade faz com que a imagem real se modifique - a descarga de hormônios desenvolve características sexuais primárias (aumento dos testículos e ovários) e secundárias (amadurecimento dos seios, modificações na cintura e na pélvis, crescimentos dos pelos e mudanças na voz).

É comum que aflorem sentimentos contraditórios: ao mesmo tempo em que deseja se parecer com um homem ou uma mulher, o adolescente tende a rejeitar as mudanças por medo do desconhecido.

Isso ocorre porque a imagem simbólica que ele tem do corpo ainda é carregada de referências infantis que entram em contradição com os desejos e a potência sexual recém-descoberta. É como se o psiquismo do jovem tivesse dificuldade para acompanhar tantas novidades.

 

            Mudanças corporais:

 

Feminino:

  • 8 a 10 anos: Não tem ainda seios ou pêlos púbicos, e a maioria das meninas dessa idade não está especialmente interessada em meninos.
  • 11 a 12 anos: Seios começam a se desenvolver. Mamilos tornam-se mais salientes. Pêlos púbicos surgem levemente e seus quadris tornam-se mais largos. Sua voz fica um pouco mais grossa e pode ter menstruação.
  • 13 a 14: Menstruações regulares. O corpo não cresce mais tanto verticalmente. Pêlos púbicos e seios continuam se desenvolvendo.
  • 15 a 16: Os rapazes são sua maior preocupação. Geralmente passa confiar mais em si mesma nessa idade.
  • 17 a 18: Os seios, os pêlos púbicos e os quadris já estão quase completamente desenvolvidos, crescimento físico praticamente completo.

 

Masculino:

  • 8 a 10 anos: Nem sinal de pêlos púbicos. Pênis pequeno. Ombros estreitos e seu corpo não é muito diferente do de uma menina da sua idade.
  • 11 a 12: Hormônio testosterona começa a funcionar. Passa a crescer mais depressa, ombros e peito mais largos. Pênis mais grosso e comprido.
  • 13 a 14: Surgimento dos pêlos púbicos. Polução noturna. Mudança de voz.
  • 15 a 16: Textura da pele muda. Espinhas.
  • 17 a 18: Começa a se barbear, se não todos os dias, 1 ou 2 vezes por semana. Seu interesse pelas meninas poderá agora concentrar em uma só.

 

 

Desenvolvimento Intelectual

 

            É na adolescência que o potencial cognitivo é aumentado a partir do aumento das atividades mentais e do aparecimento da consciência. Como muitos dizem, é nessa fase em que o indivíduo começa a pensar para além de si próprio. O pensar presente nisso é o que faz com que o sonhar sobre o futuro, o articular planos e hipóteses seja possível. Nasce o sujeito crítico.

Jean Piaget denomina esse período como poder dedutivo da inteligência, que é a fase em que o jovem concentra sua atenção tanto ao grande todo como a pequenos detalhes.

Esse crescimento intelectual facilita a relação do adolescente com o meio em que vive, visto que cada vez as relações se tornam mais complexas enquanto se é esperado atitudes mais maduras emocionalmente desses jovens.

Algumas características essenciais dessa parte do desenvolvimento incluem o pensamento mais amplo e aberto (visto que além de se considerar a realidade, cria-se um intelecto capaz de pensar em soluções através de possibilidades), entendimento do ponto de vista abstrato e do concreto, metacognição (capacidade de reflexão), compreensão mais globalizada, etc.

 

Bullying

 

Núcleos familiares desestruturados com pais opressores, agressivos e muitas vezes violentos produzem adolescentes agressivos e é nessa fase do desenvolvimento que os adolescentes necessitam de modelos com os quais se identifiquem.

 O termo bullying é usado para comportamentos violentos no ambiente escolar, corresponde a um conjunto de atitudes de violência física ou psicológica, sendo intencional e repetitivo contra vitimas que se encontram impossibilitadas de se defender. Na busca de identidade física e psicológica, os adolescentes encontram na agressão uma forma de poder interpessoal, a escola é um dos principais ambientes sociais do adolescente então é fácil acompanhar o surgimento e o fortalecimento do bullying.

Por ter o bullying uma repercussão corporal a terapia psicomotora possibilita através da via motora a expressão da agressividade e de suas angustias relacionadas, ajudando a melhor definir suas emoções, seus desejos e seus medos adquirindo uma melhor expressão destes sem que com isso precise ferir o outro.

 

 

Álcool na Adolescência

 

Os jovens costumam beber por três motivos:

 

  • Por gostar do efeito relaxante da bebida, ou seja, ela automaticamente acaba deixando o adolescente mais extrovertido e desinibido;
  • Porque os amigos, ou o grupo do qual faz parte, bebe com freqüência, então, para sentir-se aceito, o adolescente acaba por aderir a essa prática;
  • Para fugir dos conflitos que os rodeiam, usam a bebida alcoólica como uma forma de escapar ou ocultar a realidade que está se desenvolvendo ao seu redor.

 

São fatores de risco, visto que, futuramente o adolescente pode acabar desenvolvendo certa dependência ao uso dessas substâncias. (Algo semelhante ocorre quando nos referimos ao uso de drogas).

 

 

Maturidade Sexual

 

“Crise da adolescência” esse período nomeado por Erickson (1956), é o período em que o ego da personalidade adolescente tem grande necessidade de apoio, e ele tem que receber apoio dos seus próprios recursos. Ele tem que manter as novas defesas e criar novas, contra esses impulsos recém intensificados. O resultado final dessa luta será uma formação de uma personalidade solidificada e aceita pela sociedade.

            A primeira ejaculação pode se tornar um trauma para o jovem. Primeiramente porque o pega de surpresa, em muitos casos fantasias sexuais e sonhos por eles serem ligados a ejaculação se tornam destrutivos e perigosos. A ejaculação se torna um excremento do seu corpo que ele oculta com vergonha. Um dos outros motivos pelo qual a ejaculação é temida por jovem é pelo fato de que a mesma é um processo fisiológico e que não pode ser controlado, fazendo esse ser recém maduro pensar que não tem mais controle sobre o próprio corpo, e isso o leva a querer recuperar o titulo de “senhor” de seu corpo, mas em vez disso acaba se tornando um escravo. E essa incapacidade de controle pode levar a traumas fortes e às vezes permanentes. Esse medo e tentativas de repressão da ejaculação podem levar mais tarde a impotência.

A última função do ego do adolescente é a integração dos aspectos do ego e psicossexuais da vida do adolescente.

 

 

Adolescência segundo Erik Erikson

 

Erikson destacou que a adolescência é uma crise normativa (conflito normal caracterizada por uma flutuação na força do ego). Existe a consciência de identidade que é base da autoconsciência da juventude. No estado de identidade, o jovem tem que formar a sua personalidade, buscando um sentido para a sua identidade pessoal, sem ter nenhuma forte ligação com nada em específico.

Os adolescentes que buscam exageradamente a exploração da identidade têm mais tendência a mostrar um padrão de personalidade caracterizado pela insegurança, confusão e pensamento perturbado, impulsividade, conflito com os pais e com outras figuras de autoridade e força do ego reduzida.

Acreditava que durante a adolescência deve ocorrer uma integração da identidade e uma resolução de conflito, que ele dividiu em sete momentos fundamentais. Terá uma “identidade firme” no momento que conseguir resolver esses conflitos.

 

          Sete conflitos da adolescência:

 

  1. Perspectiva temporal frente à confusão no tempo: dar um sentido de tempo e de continuidade na vida é critico para o adolescente, que tem que coordenar o passado e o futuro para formar a noção de tempo que se leva para conseguir os projetos de vida. Isto significa aprender a estimar e colocar-se no tempo. O sentido real de tempo é um aspecto que se desenvolve mais tardiamente.
  2. Segurança própria frente à vergonha de si mesmo: Este conflito implica o desenvolvimento de confiança baseada nas experiências passadas, de forma que uma pessoa crê em si mesma e sente que há uma probabilidade razoável de alcançar os objetivos no futuro. Para consegui-lo, os adolescentes passam por um período em que aumentam o conhecimento de si mesmos e a própria consciência, especialmente no que compete à imagem física que têm de si às relações sociais. Quando o desenvolvimento se produz seguindo um curso relativamente normal, os adolescentes adquirem confiança em si e em suas capacidades. Eles desenvolvem confiança em sua capacidade para afrontar o presente e antecipar êxitos futuros.
  3. Experimentação de funções frente à fixação de funções: Os adolescentes têm a oportunidade de provar as diferentes funções que podem exercer na sociedade. Podem experimentar muitos papéis diferentes, características de personalidade formas de falar e atuar, idéias, metas ou tipos de relações. A identidade provém das oportunidades equilibradas para tais experimentações. Aqueles que desenvolvem demasiada inibição ou culpa internas, no entanto, ou que perdem a iniciativa ou experimentam prematuramente uma fixação da função, nunca encontrarão realmente quem são.
  4. Aprendizagem frente à estagnação no trabalho: o adolescente tem a oportunidade de explorar e provar diferentes ocupações antes de se decidir por um emprego. A escolha do trabalho tem um papel importante na determinação da identidade de uma pessoa. Além disso, uma auto-imagem negativa na forma de sentimentos de inferioridade pode impedir uma pessoa de dispor da energia necessária para ter êxito na escola ou no trabalho.
  5. Polarização sexual frente à confusão bissexual: os adolescentes continuam tentando definir o que significa ser “masculino” ou “feminino”. Erikson (1968) considerava que é importante que os jovens desenvolvam uma identificação clara com um sexo ou com outro como a base da intimidade heterossexual futura e de uma identidade firme. Além disse, destacou que nas comunidades que funcionam adequadamente, os homens e mulheres devem desejar assumir seus “papéis apropriados”; é necessário, portanto, a polarização sexual. Muitas análises de hoje e algumas criticas a Erikson fazem referencia a esta ênfase sobre a necessidade de polarização sexual.

6.Líder e liderado frente a confusão de identidade: à medida que os adolescentes expandem seus horizontes sociais na escola e no trabalho, nos grupos sociais e com os amigos iniciam a aprendizagem da tomada de responsabilidade de liderança, assim como a de seguir os outros. Ao mesmo tempo, descobrem que existem exigências de competência em suas fidelidades. A sociedade, os pais, os amigos, a escola, todos têm suas exigências, o que resulta sentimentos de confusão em relação à autoridade. A quem deveriam escutar? A quem deveriam seguir? A quem deveriam dar prioridade em sua fidelidade? Responder às perguntas requer um exame sobre os valores e prioridades pessoais.

  1. Compromisso ideológico frente à confusão de valores: a construção de uma ideologia guia outros aspectos da conduta. Erikson se referiu a esta luta com a busca da fidelidade. Assinalou que os indivíduos necessitavam algo para crer ou seguir.

 

 

Adolescência segundo Aberastury

 

Adolescer é perder totalmente a condição de criança e o que vem com a mesma. É um momento crucial na vida de qualquer indivíduo.

As mudanças psicológicas que se produzem neste período, e que são a correlação de mudanças corporais, levam a uma nova relação com os pais e com o mundo. Isto só é possível quando se elabora, lenta e dolorosamente, o luto pelo corpo de criança, pela identidade infantil e pela relação com os pais da infância.

Quando o adolescente se inclui no mundo com este corpo já maduro, a imagem que tem do seu corpo mudou também sua identidade, e precisa então adquirir uma ideologia que lhe permita sua adaptação ao mundo e sua ação sobre ele para mudá-lo.

É um período de contradições, confuso, ambivalente, doloroso, caracterizado por fricções com o meio familiar e social.

 

 

Síntese das características da adolescência:

 

  • Busca de si mesmo e da identidade;
  • Tendência grupal;
  • Necessidade de intelectualizar e fantasiar;
  • Crises religiosas. Que podem ir desde o ateísmo mais intransigente até o misticismo mais fervoroso;
  • Deslocalização temporal, onde o pensamento adquire as características de pensamento primário;
  • Evolução sexual manifesta, que vai do auto-erotismo até a heteros sexualidade genital adulta;
  • Atitude social reinvidicatória com tendências anti ou associais de diversa intensidade;
  • Contradições sucessivas em todas as manifestações da conduta, dominada pela ação, que constitui a forma de expressão conceitual mais típica deste período da vida;
  • Uma separação progressiva dos pais;
  • Constantes flutuações do humor e do estado de Ânimo.

 

Os lutos básicos da adolescência:

 

  1. a) Luto pelo corpo infantil perdido – as alterações biológicas se impõem ao indivíduo sem que ele possa fazer nada para diminuir ou impedir tal processo. Algumas vezes isso pode ser vivenciado como algo externo.
  2. b) Luto pelo papel e identidade infantis – nessa etapa da vida, o sujeito se vê obrigado a renunciar a identidade infantil para aceitar a responsabilidade e a obrigação de fazer uma espécie de estágio para se tornar adulto.
  3. c) Luto pelos pais da infância – como vimos anteriormente, na adolescência púbere, o jovem retira os pais do lugar de idealização. Começa a perceber que eles têm defeitos, não são onipotentes e donos da verdade e estão sujeitos a falhas. Aquela imagem anterior perde seu lugar, porém a vivência dessa perda é acompanhada de um processo de luto que pode ser doloroso, principalmente, se os próprios pais não aceitam que seu filho não é mais uma criança.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS

 

 

ABERASTURY, Arminda; KNOBEL, Maurício. Adolescência normal: Um Enfoque Psicanalítico. Artmed, 2003.

 

DEUTSCH, Helene. Problemas psicológicos da adolescência: com ênfase especial na formação de grupos. Rio de Janeiro: Zahar, 1977.

 

ERIKSON, Erik. Identidade, juventude e crise. Tradução de Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Zahar, 1968.

 

MACHADO, Iara da Silva. O Desenvolvimento Intelectual na Adolescência. Disponível em: <http://garimpandopalavras.blogspot.com.br/2010/10/o-desenvolvimento-intelectual-na.html>. Acesso em: 20 out. 2012.

 

MAIA, Catarina S. S. Bullying. Disponível em: <http://www.aceav.pt/blogs/Adolescencia/Lists/Categorias/Category.aspx?Name=Bullying>. Acesso em: 20 out. 2012.

 

MARQUES, Raphaela. Bullying na Adolescência: A Terapia Psicomotora Como Forma de Intervenção. Disponível em: <http://www.slideshare.net/raphaelaqm/bullying-na-adolescncia>. Acesso em: 20 out. 2012

 

MAYLE, Peter; ROBINS, Arthur; WALTER, Paul. O que está acontecendo comigo? Nobel, 1984.

 

NETTO, Marilena. O adolescente e o álcool. Disponível em: <http://artigosdepsicologia.wordpress.com/2012/06/06/o-adolescente-e-o-alcool/>. Acesso em: 30 out. 2012.

 

NETTO, Samuel Pfromm. Psicologia da Adolescência. São Paulo: Biblioteca Pioneira de Ciências Sociais, 1968.

 

Psicologia do Desenvolvimento. Desenvolvimento Físico na Adolescência. Disponível em: <http://psicofadeup.blogspot.com.br/2011/05/desenvolvimento-fisico-na-adolescencia.html>. Acesso em: 30 out. 2012.