Por Ludmilla Paniago Nogueira e Maria Zilda da Silva Barbosa

Entende-se por adaptações curriculares, as modificações que são realizadas pelos professores e todas as estratégias que são intencionalmente organizadas pelo grupo de gestores com intuito de responder as expectativas e as necessidades de cada aluno. Trata-se de uma estratégia de planificação e de flexibilidade no planejamento e de uma atuação prazerosa por parte do docente, para que possam oferecer respostas educativas condizentes e adequadas às dificuldades e necessidades do educando.

                  Partindo desse pressuposto, as adaptações curriculares são os ajustes e modificações que devem ser realizadas nas diferentes instâncias curriculares, favorecendo-lhes condições necessárias para que efetive as ações concretizando o máximo de resultado positivo no seu processo de ensino-aprendizagem. Para que haja melhor participação partindo dos alunos portadores de necessidades educacionais especiais, é necessário que sejam oferecidos a eles, ambientes aconchegantes, acolhedor, ricos em oportunidades para que desperte no educando interesse e gosto pela aprendizagem. Pois é o momento de construção do seu próprio conhecimento, sendo ele muito importante e marcante para a vida do aluno. Pois tudo que se faz com prazer é difícil para esquecer.

                  Sobretudo, para que esse trabalho possa dar bons resultados e que aprendizagem seja de forma significativa, é necessário que toda equipe escolar, destacando o grupo de gestores e os docentes, dedique-se o máximo, mergulhando integralmente nesse processo de ensino-aprendizagem. Para a concretização dessas ações é necessário que haja um corporificação por parte de toda equipe educacional e principalmente dos professores, que estão ligados diretamente a esses alunos.

                  Estes alunos devem ter prioridades à sala e materiais de apoio e recursos especializados, caso seja necessário. Uma das adaptações curriculares que contribui para o progresso e evolução no processo educacional é a flexibilidade no momento de execução do currículo, pois cada indivíduo possui suas particularidades e suas diferenças. Sendo que o grau de conhecimento é diferenciado dos demais alunos. Mediante à esses fatores as atividades devem ser diversificadas de modo que venham suprir o grau de dificuldade que cada aluno porventura apresentar, contemplando de forma individual as suas especificidades.

                  Dentro dessa "nova prática" escolar, cabe a unidade buscar meios através de parcerias com as instituições privadas de ensino, filantrópicas, especializadas que deverão possibilitar programas pedagógicos que dêem suporte às necessidades apresentadas pelo aluno além de oferecer os níveis de ensino previsto em seu próprio regimento.

                  Em termos de definição das ações pedagógicas, a escola deverá prever e prover suas prioridades, em termos de recursos humanos e materiais e prática curricular, garantindo sua competência institucional. Visando a melhor forma de atender as necessidades educacionais do aluno em seu processo de aprender, definido ou não pela implantação de serviços de apoio especializado, oferecido preferencialmente no âmbito da própria escola.

                  Os serviços de apoio especializado são os serviços de apoio educacionais oferecidos para responder às necessidades especiais do educando, em turno contrário ao da classe comum, formalmente desenvolvidas em salas de recursos, de apoio pedagógico e serviços de itinerância ou por meio de alternativas encontradas pela comunidade escolar.

                  Caracterizam como serviço especializado, aqueles oferecidos pelas escolas especiais, centros ou núcleos educacionais especializados, instituições públicas e privadas de atuação na área de educação especial, realizadas em parcerias com as áreas de saúde, da assistência social e do trabalho. De modo a garantir a totalidade do processo formativo e o atendimento integral do cidadão.

                  De acordo com o programa de capacitação de recursos humanos do ensino fundamental do MEC, que trata sobre a Deficiência Mental, as adaptações curriculares nessa faixa de escolarização são mais abrangentes e depende das necessidades individuais identificadas dos alunos, o que se faz mediante uma avaliação psicopedagógico eficiente.

                  As adaptações curriculares não visam a adaptação da criança ao currículo, mas o inverso: ajustar o currículo às necessidades especificas da criança.

                  Por um lado podem não constituir alterações expressivas na programação regular, de tal modo que todos os alunos da sala possam delas se beneficiar, portadores ou não de deficiência.

                  Por outro lado, podem ser adaptações significativas, para permitir a participação do aluno nas atividades curriculares comuns e possibilitar o alcance dos objetivos definidos em cada etapa educativa.

                  Essas adaptações curriculares e de acesso ao currículo podem incluir:

                  - A criação de condições físicas, ambientais e materiais para o aluno na sua unidade escolar de atendimento;

                  - A propiciação de melhores níveis de interação e comunicação com as pessoas com as quais convive na comunidade escolar;

                  - As adaptações metodológicas e didáticas: situar o aluno onde possa melhor trabalhar adotar métodos e técnicas de ensino-aprendizagem especificas para o aluno, quando necessário, sem prejuízo para as atividades curriculares.

                  - A introdução de atividades complementares para o aluno alcançar os objetivos comuns dos demais colegas. Essas atividades podem ser realizadas na própria classe, na sala de recursos ou por meio do professor itinerante. (BRASIL. Secretaria de Educação Especial Deficiência Mental, 1997, p. 97).

                  De acordo com as afirmações feitas por KIRK & GALLAGHER,

(...) As crianças portadoras de deficiência mental, pode-se dar lições que se relacionem com as suas experiências imediatas, a respeito de coisas ligadas aos seus lares, famílias e vizinhanças. Ao invés de estudar as civilizações do passado ou países distantes da Ásia ou da América do Sul podem-se ensinar as crianças deficientes mentais fatos relativos às suas próprias cidades. Assim, não somente o rítimo das aulas muda para atender as necessidades das crianças, como também o próprio conteúdo pode ser modificado no sentido de tornar as lições mais adequadas. Os alunos deficientes mentais podem aprender a respeito das oportunidades específicas de emprego, como parte de seu treinamento vocacional na escola secundária, enquanto as crianças superdotadas podem estudar matérias que as ajudarão a se adaptar á educação superior. (KIRK & GALLAGHER, 1997, p. 54).

 Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs – as adaptações curriculares apoiam-se seguindo pressupostos para atender às necessidades educacionais especiais dos alunos, objetivando estabelecer uma relação harmônica entre essas necessidades e a programação curricular. Estão focalizadas, portanto, na interação entre as necessidades do educando e as respostas educacionais a serem propiciadas.

                  Devem ser destinadas aos que necessitam de serviços e/ou situações especiais de educação, realizando-se, preferencialmente, em ambientes menos restritivos e pelo menor período de tempo, de modo a favorecer a promoção do aluno a formas cada vez mais comuns de ensino.

                  As necessidades especiais revelam que tipos de ajuda, diferentes das usuais, são requeridos, de modo a cumprir as finalidades da educação. As respostas a essas necessidades devem estar previstas e respaldadas no projeto pedagógico da escola, não por meio de um currículo novo, mas da adaptação progressiva do regular, buscando garantir que os alunos com necessidades educativas especiais participem de uma programação tão normal quanto possível, mas considere as especificidades que as suas necessidades possam requerer.

                  Diante dessa visão, o currículo é um instrumento muito útil, uma ferramenta que pode ser alterada para beneficiar o desenvolvimento pessoal e social dos alunos, resultando em alterações que podem ser de maior ou de menor expressividade.

                  Grande parte das adaptações curriculares feitas nas escolas são consideradas menos significativas, pois constituem modificações pequenas no currículo regular e são facilmente realizadas pelo professor no planejamento normal de suas atividades e constituem pequenos ajustes dentro do contexto normal da sala de aula. (PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS – PCNS – 1999, p. 34).

            A formação dos professores estuda os processos por meio dos quais os professores em formação ou em exercício se implicam individualmente ou em equipe, em experiências de aprendizagem por meio dos quais adquirem ou melhoram os seus conhecimentos, competências e disposições, e que lhe permite intervir profissionalmente no desenvolvimento do seu ensino, do currículo e da escola, com o objetivo de melhorar a qualidade da educação que os alunos recebem.

                  A necessidade de estudar e compreender a formação dos professores em intima relação epistemológica com quatro áreas da teoria e investigação didática, quais sejam: a escola, o currículo, o ensino e os professores.

                  A formação dos professores tem a ver com o desenvolvimento profissional inter-relacionado:

* Escola – gestão escolar, liderança, etc.

* Currículo – orientação do currículo, processos de mudanças, etc.

* Ensino – atividades, métodos, etc.

* Professores – carreira docente, cultura profissional, etc.

                  Para a escola inclusiva, e mais, justificam a articulação dos conhecimentos e competências dos professores com a reestruturação da escola num esforço conjunto para alcançar um ensino de qualidade a todos os alunos.

                  Segundo GAIO, Roberta Meneghetti, ROSA apud MANTOAM, 2004,     p. 92:

Os professores estão continuamente se atualizando para conhecer cada vez mais de perto os seus alunos, em suas peculiaridades de desenvolvimento, para promover a interação entre as disciplinas escolares, para reunir os pais, a comunidade, a escola em que exercem suas funções, em torno de um projeto educacional que estabeleceram juntos.

                  A formação continuada desses profissionais é, antes de tudo, uma auto formação, pois acontece no interior das escolas e a partir do que eles estão buscando para aprimorar suas práticas. Estudam e trocam experiências de trabalho e vão atualizando seus conhecimentos, dirimindo dúvidas, esclarecendo situações e, cooperativa e coletivamente, delineando teorias próprias para explicar o modo como ensinam e as crianças aprendem.

                  Nessa formação geral dos profissionais da educação, deverão estar previstos componentes curriculares que contemplem estudos e conteúdos acerca da realidade, trabalhando as necessidades e desenvolvendo as potencialidades dos alunos educandos.

                  Os conhecimentos profissionais dos professores estão divididos em grupos de conhecimento de conteúdo, e conhecimento didático do conteúdo que compõem a formação inicial do professor e contribuem para as ações a serem implementadas na prática e deve considerar que a profissionalização implica autonomia, mas também responsabilidades e riscos assumidos pessoalmente e, portanto, uma ética; exige uma capacidade para reconstruir e negociar uma divisão do trabalho flexível com outros profissionais.

                  Saber trabalhar em equipe e passar pela atualização constante dos saberes e das competências implica que os professores atualizem continuamente os conhecimentos e competências que já possuem e que adquiram novas competências.

                  Segundo PERRENOUD (1998) define competência como uma capacidade de agir eficazmente em um determinado tipo de situação, apoiada em conhecimentos, mas em limitar-se a eles.

                  Uma competência é formada a partir da reunião de um conjunto de esquemas, que são adquiridos pela prática. Sob essa definição, propõe que devem ser competências do professor, dentre outras: criar ou utilizar outros meios de ensino, adotar um planejamento flexível, improvisar, programar e explicitar um novo contrato didático.

                  E isto não é tão difícil quanto pode parecer, pois a maioria dos educadores já tem muito do conhecimento e das habilidades que eles precisam para ensinar de forma inclusiva. O que lhes falta é confiança em sua própria competência e ampliar suas habilidades sobre as experiências que já possuem com o objetivo de alcançar suas necessidades de aprendizagem.

      REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GAIO, Roberta Meneghetti; Rosa G. Krob. Caminhos Pedagógicos da educaçãoespecial. Vozes, 2004.

HORKHEIMER, Max, & ADORNO, T.W. Dialética do Esclarecimento: Fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.

KIRK, A. Samuel, & GALLAGHER, J. James. Educação da Criança Excepcional. Vozes, 1987.

Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNS – Adaptações Curriculares, EstratégiasPara A Educação de Alunos com Necessidades EducacionaisEspeciais. Brasília, 1999.

PERRENOUD, Philippe. A Pedagogia na Escola das Diferenças. Fragmentos de uma sociologia do fracasso. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2001.

Por Ludmilla Paniago Nogueira e Maria Zilda da Silva Barbosa.