ADAPTAÇÕES CINEMATOGRÁFICAS NO ENSINO DE LITERATURA BRASILEIRA

 

 

Fernanda Lúcia Senna Nascimento¹

Lúcia Daniele Dos Santos Cavalcante²

Natália Passos de Oliveira³

 

 

RESUMO

O objetivo deste estudo é relatar como se dá a interação entres bens tecnológicos e sala de aula, analisar a intersemiótica entre romance e cinema, e expor como tal relação contribui para o ensino da literatura brasileira. Em vista disso, refere-se a uma pesquisa qualitativa e bibliográfica, fundamentada na inspeção de literaturas que aludem ao tema. Os resultados neste presente artigo ilustram a importância do uso das adaptações cinematográficas na escola, e revela que essa é uma forma de potencializar as aulas do docente. Em suma, espera-se que este trabalho contribua para as novas discussões que se manifestem cativadas pelo assunto.  

 

Palavras-chave: Tecnologia. Educação. Intersemiótica. Cinema. Literatura.

 

LÍNGUA MODERNA ESTRANGEIRA

The purpose of this study is identifying the interaction of technological goods in the classroom, analyzing the intersemiotic between novel and cinema and exposing how such a relation contributes to the Brazilian literature teaching. Thus, it refers to a qualitative and bibliographical research, based on literary revision that alludes to the theme. The results in this article illustrate the importance of the use of cinematographic adaptations in school, and reveal that this can act as a way to optimize teacher's classes. In conclusion, we expect that this study can contribute to new discussions about this theme.

 

Palavras-chave: Technology. Education. Intersemiotic. Cinema. Literature.

 

 

 

 

 

1 INTRODUÇÃO

 

              Na concepção aristotélica, Literatura é uma mimese, ou seja, assim como as outras artes, é uma espécie de metamorfose do real. Não necessariamente é uma fuga total da veracidade, todavia, permite ao autor liberdade de expressão, bem como liberdade de interpretação para o leitor. As palavras de um texto literário são mais que amontoados de letras e sinais de pontuação: são formas subjetivas de demonstrar emoções.

             Entretanto não é apenas isso que constitui a Literatura. O Realismo no Brasil, por exemplo, foi um período literário fortemente marcado por críticas sociais. Havia uma preocupação maior em representar mais fielmente a realidade, buscando evidenciar a corrupção e as demais falcatruas da burguesia, além de externar a situação das pessoas mais pobres da época. Em se tratando de sociedade, a Literatura não apenas enriquece cultural e intelectualmente, mas também contribui para a não perpetuação do senso comum, fazendo com que os cidadãos ponderem situações diversas de maneira crítica.

             Voltando à perspectiva artística, o cinema, considerado a sétima arte, está muitas vezes vinculado à literatura, e há muito tempo vem dando às suas obras imagem e som. A transposição de palavras para a tela é resultado de vários processos, e há quem aprecie como também há quem prefira cada linguagem no seu “devido lugar”. A sociedade está em constante evolução, e busca cada vez mais adequar-se, principalmente, às novas formas de telecomunicação. Por conseguinte, o cinema pode ser um grande aliado, especialmente para os professores em sala de aula.

             Assim, o objetivo deste trabalho é reconhecer a inserção de recursos tecnológicos à sala de aula, bem como analisar a intersemiótica entre romance e cinema, tendo como exemplo e base o filme São Bernardo; e de que forma essa relação contribui para o ensino de literatura. Para tanto, é necessário relatar como se dá a incorporação desses recursos, e como o docente pode empregá-los de forma adequada; estabelecer uma relação entre cinema e literatura, que pode ser observada no filme São Bernardo; e exemplificar possíveis contribuições resultantes dessa correspondência para o ensino de literatura. Este estudo trata-se de uma pesquisa qualitativa e bibliográfica, baseada na revisão de literaturas que abordam o tema sugerido, e embasada teoricamente em Barthes (1971), Rojo (2013), Sousa (2011), dentre outros.

              Tendo em vista os avanços tecnológicos e seus benefícios para a sociedade contemporânea, é relevante considerar seu aporte também em termos de educação. O cinema pode desempenhar um importante papel para o ensino de literatura, auxiliando o docente em suas práticas educativas, além de proporcionar abordagens diferenciadas de obras literárias para os alunos.

 

2 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: INTRÍNSECOS OU COMPLEMENTARES?

 

                  A Revolução Industrial foi, indubitavelmente, um marco mundial em todos os sentidos. Embora os números de desemprego aumentassem continuamente devido à substituição do homem pela máquina, a produção aumentou, gerando maiores lucros para a burguesia. A incorporação de máquinas para produzir mercadorias foi o apogeu tecnológico daquela época. Desde então, a tecnologia se expandiu para outros setores como geração de energia e transporte.

                   Segundo Chaves (2007), nem todas as tecnologias propriamente ditas seriam de extrema importância para a educação. Entretanto, as tecnologias que expandem a capacidade humana de sentido, assim como as tecnologias que possibilitam maior comunicação com outras pessoas seriam bem mais relevantes.

                   Há muito se discute o papel da educação em situações diárias. Devido a isso, a preocupação é justamente formar cidadãos aptos para viver e, principalmente, trabalhar na sociedade, levando em conta as exigências do mercado de trabalho. Para a escola, a introdução de novas tecnologias vem sendo de suma importância. Souza (2011) pontua, por exemplo, que a junção da escola e de experiências com multimídia acarreta no desenvolvimento e aumento das habilidades cognitivas e na ampliação da memória. Justifica-se a associação de conteúdos práticos e teóricos à mídia digital pelo fato da mesma possibilitar maior interação, comunicação e abrangência de diversas linguagens (fala, escrita, música etc.).

                  Nesse contexto, há hoje uma grande necessidade de unir educação à tecnologia. Levar diferentes meios de interação para a sala de aula seria um dos métodos para que os alunos tivessem acesso a diversos espaços (indo além do ambiente escolar), apresentando diversos pontos de vista sobre determinados assuntos, e possibilitando a esses alunos diferentes perspectivas com relação ao futuro que cada um pode escolher.

 

                                                                                                  

2.1 MULTILETRAMENTO NA ESCOLA

 

            A pedagogia do multiletramento permite que o aluno tenha contato com uma gama de possibilidades, seja linguística ou culturalmente falando. Pedagogia essa, que Roxane Rojo (2013) em entrevista para ao site do GRIM define como:

 

[...] uma Pedagogia de Multiletramentos é justamente pensar que para essa juventude, inclusive para o trabalho, para a cidadania em geral, não é mais o impresso padrão que vai funcionar unicamente. Essas mídias de massas, mas sobretudo as digitais incorporadas na prática escolar diária. Então, eles vão propor uma pedagogia para a formação, isso lá em 1996, portanto, já há muitos anos atrás. A ideia é que a sociedade hoje funciona a partir de uma diversidade de linguagens e mídias e de uma diversidade de culturas e que essas coisas têm que ser tematizadas na escola, daí multiletramentos, multilinguagens, multiculturas. 

 

               Multiletramento é a união entre linguagem verbal (fala e escrita) com outras linguagens, nas quais o professor utiliza meios digitais que permitem aos alunos se beneficiarem desses de forma responsável e crítica. Lembrando que: essa crítica é resultado do contexto histórico, cultural, social e político de cada um.

              Como mencionado, a literatura é relevante e um bem cultural. Por isso, mesmo que os alunos não demonstrem interesse por essa, é interessante o professor recorrer a outros meios que sejam capazes de despertar a curiosidade para tal (fazendo o uso de obras literárias que foram adaptadas para o cinema, por exemplo). É significativo que os professores façam o uso de diversos suportes em suas aulas, pois possuem cerca de 50 minutos cada, e normalmente não é fácil manter os alunos focados apenas falando ou escrevendo.

             Segundo Foucault (2009, p.332) “atualmente, a literatura barata não é mais suficiente. Há meios muito mais eficazes, que são a televisão e o cinema.” Ou seja, fazer o uso da tecnologia em favor do ensino da literatura é considerável, já que essa se encontra cada vez menos comentada entre os jovens.

 

2.2 O PAPEL DO PROFESSOR PERANTE AS TECNOLOGIAS

 

          Embora a sala de aula seja um espaço propício a explorar as mais variadas “técnicas” de aprendizagem e métodos de comunicação, não é o único lugar que proporciona isso aos alunos. Existe, de fato, a concepção de que o contato entre indivíduos e outros meios é importante para a aprendizagem. Os alunos absorvem mais facilmente o conteúdo que advém de meios eletrônicos do que de um jornal impresso, por exemplo.

               No entanto, durante a formação, os professores aprendem a ministrar aulas utilizando métodos convencionais. Ao tentar acompanhar o ritmo e estilo dos alunos, os docentes muitas vezes acabam apenas reiterando métodos tradicionais de ensino, “desconsiderando a transição do paradigma aprendizagem/sala de aula/escola para aprendizagem/redes sociais/sociedade do conhecimento.”. (SOUZA, 2007, p. 27).  Embora a inovação no método de ensino seja estimada e, por diversas vezes, eficaz, cabe aos educadores apropriar-se desses recursos ou não. Tais mudanças ou adaptações devem ser consideradas do ponto de vista não apenas do discente ou da própria escola, mas acatando também ao modo de trabalho do professor; se é condizente ao seu método de trabalho ou se o dificulta.

 

 

3 NARRATIVA, LINGUAGEM CINEMATOGRÁFICA E LINGUAGEM LITERÁRIA

 

                 Histórias são contadas desde o início dos tempos, primeiramente de forma verbal até o surgimento da escrita. Ações sucessivas acontecendo em determinado espaço/tempo são elementos essenciais integrantes de todas as narrativas existentes. Há diversos tipos de narrativa, cercadas por especificidades que as definem e diferenciam uma das outras. De acordo com o que discorre Barthes (1971), a narrativa “está presente em todos os tempos, em todos os lugares, e em todas as sociedades”. Dessa forma, as relações entre cinema e literatura são também influenciadas por outras áreas do conhecimento, dentre elas a filosofia e a psicanálise. A narrativa cinematográfica propõe inúmeras questões, tanto de ordem psicológica quanto filosófica (a imagem e a sua recepção, a dualidade entre o real e o imaginário).

                      A arte cinematográfica traz consigo uma necessidade de representação da realidade, e é estabelecida por uma pluralidade de códigos – o som, a imagem, o próprio movimento. O tempo/espaço da narrativa é representado no cinema através de suas especificidades (plano, sequência, montagem, tratamento da imagem e etc.). O texto narrativo do cinema não difere das demais narrativas existentes, mas a linguagem utilizada é que o especifica, já que se apresenta de forma predominantemente visual e sonora. Como afirma Pasolini (1981, p. 107), o “cinema não evoca a realidade como a língua da literatura; não copia a realidade como a pintura; não mima a realidade como o teatro. O cinema reproduz a realidade na forma de imagem e som”, o texto cede lugar à expressão da personagem, agora materializada, e aos recursos próprios do gênero (câmera, cenário). Os acontecimentos no filme se dão no exato momento em que está sucedendo. Assim, o tempo do cinema não é o mesmo do romance. O texto literário se serve das palavras; sua existência e continuidade estão condicionadas à imaginação do leitor. Já o texto literário se apresenta de forma escrita, e não estando restrito a limitações estruturais para sua implementação (já que se faz necessário apenas caneta, papel e a imaginação do autor), é capaz de criar diversas realidades, a depender da recepção do leitor ao texto. Entre o texto literário e a narrativa cinematográfica há uma distinção marcada pela estrutura temporal da narrativa, já que o tempo de leitura não é o mesmo tempo de projeção. Então, como é possível narrar a mesma história em um romance e em um filme?

                     Como já visto anteriormente, a literatura e o cinema constituem dois campos de produção sígnica distintos, porém, passíveis de adaptação, já que certos textos literários possuem narrativas capazes de serem transformadas em películas, dependendo de seu conteúdo e das intenções do diretor. Respeitada a linguagem e peculiaridades de cada meio, a possibilidade de transformação de um romance para o cinema é uma forma de interação entre mídias, o que abre espaço para interpretações, apropriações, redefinições de sentido. Diante disso, Bazin (1991) crê que afinidades entre cinema e literatura acontecem em razão da convergência estética existente entre esses meios de expressão. Para o crítico, ainda que existam adaptações absurdas, estas não são capazes de causar danos ao original junto à minoria que o conhece e / ou os ignora, pois ou irão se contentar com o filme ou surgirá a vontade de conhecer o modelo, e isso implicaria num ganho para a literatura (BAZIN, 1991).

 

3.1 O “PROBLEMA” DA ADAPTAÇÃO

 

                 Existem diversas maneiras de realizar a transposição de uma obra literária ao cinema. Ela pode ser adaptada fielmente (com voz em “off” marcando monólogos); acrescentando elementos visuais ao texto, por vezes modificando aparência de personagens, de locais, criando um objeto híbrido; ou, por iniciativa pessoal do diretor, que impõe seus valores pessoais ao texto literário, a produção cinematográfica se distancia da obra literária. Não se trata de simples reprodução, mas de criação de outra forma artística. O romance, ao limita-se por um tipo de linguagem, possui um público mais específico. Já o filme, combinação de diversas formas de linguagem, possui uma audiência ampliada.

                    Resta claro então que, para a transformação de um texto literário em roteiro cinematográfico, há que se levar em consideração uma série de questões formais. Mas, e a fidelidade ao texto? A tradução intersemiótica conduz à perda de parte do signo o qual se deseja adaptar, na maior parte das vezes não é possível reproduzir integralmente o texto presente no romance para o roteiro de cinema. Dessa forma, se faz impossível determinar o grau de fidelidade no decorrer desse processo, uma vez que há diferenças marcantes entre os sistemas de signos e sua recepção (texto literário / autor / leitor, roteiro / diretor / espectador). O que está em jogo é o grau de sucesso, e não de fidelidade, a nova leitura que será feita do texto-fonte, o contexto em que a comunicação se estabelecerá entre emissor e receptor. Pode ser que a mensagem proposta não alcance seus destinatários da mesma forma.

 

3.2 USO DE ADAPTAÇÕES CINEMATOGRÁFICAS BASEADAS EM OBRAS LITERÁRIAS BRASILEIRAS NA SALA DE AULA

 

                         A transformação do signo verbal em signo visual ou vice-versa, é mais comum do que se pensa. Textos, sejam eles literários ou não, terminem por ser transformados em filmes, peças teatrais, séries ou até novelas de televisão. As possibilidades de relações intersemióticas são diversas. A transposição de um texto literário para a linguagem cinematográfica tem sido observada de forma corrente; o que ainda é recente, e de certa forma, subaproveitado, é o uso de adaptações cinematográficas de textos literários integrantes currículo presente no sistema educacional. As escolas, bem como o professor, devem se valer de meios que estimulem a iniciativa dos alunos, se fazendo então oportuna a utilização dos recursos audiovisuais como parte do currículo a ser cumprido. A utilização em sala de aula de filmes com finalidade educativa, com real conteúdo formativo, contribui para o aprendizado, inclusive, tal perspectiva é corroborada pelas OCEM (Orientações Curriculares para o Ensino Médio) quando dispõe que “[...] material didático é um conjunto de recursos dos quais o professor se vale na sua prática pedagógica, entre os quais se destacam, grosso modo, os livros didáticos, os textos, os vídeos, as gravações sonoras (de textos, canções), os materiais auxiliares ou de apoio como gramáticas, dicionários, entre outros.” (OCEM, p. 154). Ainda sob esse viés, fica claro que ao trabalhar com diferentes tipos de tecnologia na escola é oportunizado ao aluno a inclusão. O cinema funcionaria não só como meio transmissor de conhecimento, é também de abertura a um contexto novo.

                         Quando se discute a adaptação fílmica de uma obra literária, é necessário levar em conta que o roteiro surge como mediador entre os dois signos (verbal e visual), e que este não é fim em si, mas passagem, um caminho para a realização de uma obra audiovisual. A tradução intersemiótica (do romance para o cinema) é por vezes vista, erroneamente, como um trabalho de fácil execução. Todavia, para realizar essa tradução, faz-se necessário interpretação, seleção e capacidade de lidar com os mais diversos signos semióticos típicos das técnicas cinematográficas (iluminação, planos, movimentos de câmera). Quando um diretor de cinema opta por reconstruir o significado de um texto literário, assume uma difícil tarefa que nem sempre resulta em um produto final positivo.

                 A adaptação cinematográfica de obras literárias brasileiras aconteceu, em grande parte, graças ao movimento Cinema Novo. Dentre suas propostas estava a de adaptar romances modernistas imbuídos de uma mensagem social; seria a forma de denunciar ao grande público as mazelas do país, que trazidas para a tela grande, alcançariam um público maior. Desta época, nos fixaremos na análise do filme São Bernardo, de 1972. Em 2001, com uma proposta diferente, mais ligada ao entretenimento, foram lançadas outras adaptações, dentre as quais citamos Memórias Póstumas de Brás Cubas. Discorreremos adiante sobre o possível uso das citadas adaptações de forma a contribuir para o ensino de literatura na sala de aula.

                    O cinema é dinâmico, dispensa longos diálogos, pois, sendo uma arte imagética, sempre está pronto recriar situações advindas do texto através de imagens que dialoguem diretamente com o espectador; o som atua como coadjuvante. A representação fílmica da obra de Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas foi bem recepcionada pelos espectadores. Se trata de um filme marcado por flash backs e pela voz em off do personagem principal, também narrador, e apela para o uso de atores conhecidos pelo grande público. Apesar de possuir um roteiro adaptado, se aproxima bastante do conteúdo literário, parafraseando o texto original.

                     Na adaptação cinematográfica da obra São Bernardo, de Graciliano Ramos, é mantida a mesma secura da visão de mundo do autor, representada no filme não só pelos diálogos – retirados na íntegra do texto original, pois o diretor Leon Hirszman sequer elaborou o roteiro para traduzir o livro em imagens – como nas imagens e passagem do tempo, representadas na forma de longos plano-sequência. O estilo sóbrio do autor e a objetividade quase rude do protagonista são mantidas.

                  Dessa forma, se apreende que o trabalho literário não invalida o trabalho do cineasta, e vice-versa, as diferentes linguagens podem ser trabalhadas sem prejuízo do conteúdo e compreensão do aluno. A literatura alimenta a produção cinematográfica, que, por conseguinte, produz a imagem sugerida pelo texto, levando à reflexão.

 

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

                   Em virtude dos fatos mencionados, entendemos que os avanços tecnológicos, dentre outros, ratificam a evolução da sociedade. Surge então a necessidade de adaptação ao meio em que se vive, sendo significativo o uso da tecnologia também em favor da educação. Sabemos, entretanto, que tal incorporação à sala de aula depende da aceitação de ambas as partes: discente e docente.

                      Cinema e literatura, artes da ilusão, são sistemas que tentam reproduzir o real. São capazes de conviver em harmonia, iluminar um ao outro, e mostrar novos ângulos aos nossos discursos. Palavra e imagem são forças criadoras que podem ser utilizadas em benefício do aprendizado.

                 Ainda existe uma dificuldade e até resistência quando se fala em trabalhar/discutir filmes que são adaptações de obras literárias brasileiras nas escolas, em razão do antigo argumento de que a imaginação tem maior liberdade quando se lê. Contudo, com a análise feita sobre a obra São Bernardo, estabelecendo uma relação entre livro e cinema, fica explícito o quanto os alunos teriam a ganhar com a interposição desses dois veículos, uma vez que é válido incentivar o aluno a investigar, criticar e refletir sobre o que lê e assiste em perspectivas diferentes.

5 REFERÊNCIAS

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