No presente ensaio, irei tratar do processo histórico de construção da doutrina do Santo Daime, abordando as influências culturais que desencadearam um processo de ressignificação do chá Ayahuasca. Este processo, que desemboca na constituição de uma nova religião, surge da influência do catolicismo popular maranhense, pajelança e certas linhas religiosas de origem africana. A mudança de perspectiva acerca da Ayahuasca desencadeou uma nova visão nacional acerca do uso ritual da Ayahuasca que deram início ao processo de inclusão do uso ritual do chá como um Patrimônio Cultural Imaterial, título dado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Beatriz Cauby Labate e Gustavo Pacheco falam das influências culturais do Maranhão (local de nascimento do fundador da religião) sobre a religião Santo Daime no artigo “As Matrizes Maranhenses do Santo Daime”. A primeira das influências citadas é do “Tambor de Mina” - prática regional de possessão em cultos afro-brasileiros - e da pajelança - manifestação que engloba o catolicismo popular, práticas indígenas, tambor de mina e outras influências maranhenses.

O primeiro ponto que chamam atenção é o termo “doutrina”, adotado pelos praticantes do Santo Daime ao se referirem à própria religião, além de referir à apresentação dos ensinamentos e preceitos da religião na forma de música. O termo é comumente utilizado no Maranhão para se referir as cantigas do tambor de mina e pajelança. Os termos “balanço” e “firmeza” também presentes no Santo Daime, que dentro da religião dizem respeito à força da bebida do chá e a capacidade do fiel se manter em seu lugar e suportar o poder do chá respectivamente, também estão presentes nestas práticas maranhenses; firmeza seria a habilidade dos curadores executarem seus deveres, e balanço é o anunciamento da chegada dos espíritos nas práticas da pajelança. Também podemos observar a influência de Nossa Senhora da Conceição, muito presente na religiosidade popular (principalmente na pajelança), dentro da doutrina do Santo Daime que a tem em local de destaque.

Labate e Pacheco também falam das possíveis influências que a Festa do Divino Espírito Santo possa ter tido em Irineu da Serra (fundador do Santo Daime). Toda a Festa do Divino gira entorno do grupo de crianças denominado de “império” ou “reinado”, termos também presentes na cosmologia do Santo Daime que toma os fiéis como guerreiros do império de “Juramidam” e a plantação de Jagube (planta utilizada na confecção do chá, Baniseopsis Caapi) como “reinado”. Outro elemento presente na festividade que dialoga com o Santo daime são as músicas cantadas pelas caixeiras do Divino que expressam cada etapa da festividade. Os versos dos hinos que demonstram tal influência (hinos n° 17 e 73, transcritos em parte no artigo de Labate e Pacheco) demonstram semelhança no conteúdo, na métrica e no estilo às cantigas das caixeiras na Festa do Divino. Os últimos pontos que Labate e Pacheco falam das influências maranhenses diz respeito ao baile de São Gonçalo. O baile, que consiste numa representação feita por diversos casais “bailantes” liderados por um “guia”, tem semelhanças estilísticas com o “bailado” (ritual do Santo Daime). A própria disposição espacial das igrejas do Santo Daime possui semelhança com o barracão do Baile de São Gonçalo, que não apresenta paredes inteiras e em sua entrada possui imagens católicas. Outra influência do Baile são as fardas brancas e as faixas coloridas utilizadas por seus praticantes e também presentes nos cultos daimistas.

Esses dados coletados por Pacheco e Labate contextualizam as influências culturais de Irineu da Serra no período que ainda morava no Maranhão, os pesquisadores entrevistaram parentes e conhecidos de Irineu da Serra para poderem chegar a tais conclusões, que na verdade não passam de hipóteses, visto que não tinham acesso a documentos. Mas ainda assim podemos observar que diversos elementos da cultura maranhense estão presentes no Santo Daime, o que legitima as hipóteses apresentadas por Labate e Pacheco.

Para podermos analisar a conjuntura de influências e contextualizá-la na teoria antropológica e depois analisarmos as influências políticas, devemos observar outras características do Santo Daime apresentadas na pesquisa de doutorado de Isabela Oliveira que diz respeito ao processo de ressignificação da Ayahuasca pelo Santo Daime.

A forma que cada usuário tem de ver a experiência é determinada pelos sistemas de símbolos que oferecem para compreensão da realidade, dessa forma, os significados tomados pelos adeptos durante as diferentes etapas do culto são oriundos dos elementos que dão significado e ordenam a prática presentes na doutrina, que como podemos observar, possui diversas matrizes de símbolos.

Na concepção cristã de sacramento, este pode ser compreendido como um ato simbólico observável que detém qualidades sagradas, sendo um meio de se estabelecer contato com o universo mítico presente na religião, que engloba o seu sistema simbólico. No caso específico do Santo Daime, o sacramento é o próprio chá da Ayahuasca, que estabelece o contato com o “astral” (termo utilizado pelos praticantes ao falarem do mundo espiritual). Nota-se que a visão do Santo Daime para com o chá da Ayahuasca é nitidamente uma perspectiva cristã de sacramento, sendo esta maneira de pensar o início do processo de ressignificação da Ayahuasca. Oliveira comprova esse argumento quando, a partir de entrevistas com adeptos, demonstra que os próprios vêem a ingestão do chá como uma forma de comunhão como o corpo e sangue de Cristo, mesmo não sabendo definir o conceito de sacramento. O próprio ato da ingestão do chá demonstra essa influência cristã, fato observado pela presença do Cruzeiro e do ato de fazer o sinal da cruz quando for ingerir a bebida, ou após.

Outro ponto que Oliveira nos traz, e que demonstra a influência cristã, são as datas comemorativas. Celebram os dias de Nossa Senhora da Conceição (padroeira da religião), Natal, dia de São Sebastião, Santo Antônio dentre outros. Datas estas amplamente celebradas na cultura popular brasileira. Além das influências cristãs, Oliveira fala das influências culturais do pensamento esotérico e espírita, observáveis em hinos que falam de entidades não cristãs, tais como: pretos-velhos, orixás e caboclos.

Segundo Christian Frenopoulo, comentado na tese de Oliveira, o consumo da Ayahuasca dentro do contexto do xamanismo é voltado para o restabelecimento de laços sociais (assim como manter uma relação com o mundo espiritual), sendo utilizada pelos xamã tanto para cura quanto para estabelecer um contato com o paciente e poder compreender a origem da doença. Já no contexto das religiões ayahuasqueiras cristãs, a bebida passa a ser ferramenta sacralizada para exploração pessoal, através da mente, do universo religioso sistematicamente cristão. Sendo assim, as causas das doenças, antes vistas como consequência de algo que diga respeito à relação com o mundo espiritual e com o próximo, passa a ser compreendida como originadas de vivências pessoais. Para Frenopoulo, esta mudança é conseqüência da influência do pensamento esotérico, cristão e espírita presentes nestas religiões, como o Santo Daime.

“Assim, na compreensão de Frenopoulo, a partir do Santo Daime e de outras “religiões ayahuasqueiras”, o consumo da Ayahuasca passou a ser um exercício religioso por si só. Por sua vez, a cura das doenças, passou a ser percebida como um acontecimento interior, que envolve a reconfiguração da identidade do doente, por meio da “iluminação interna”, de uma transformação psicológica, que acontece durante o processo de ingestão da Ayahuasca, percebida como um veículo de exploração psíquica.” (Oliveira, 2007:69)

Segundo os adeptos do Santo Daime, a doutrina, os elementos ritualísticos e o nome da religião foram designados a Irineu da Serra através do encontro deste com a própria Virgem Maria. Porém, como podemos observar nas tradições nativas da Amazônia, é comum dentro deste pensamento religioso o encontro com entidades espirituais que são reflexos das influências culturais que envolvem o indivíduo na experiência. Desta maneira, podemos observar a importância que a influência cultural (visto que Irineu da Serra, em sua juventude, teve uma vivência cristã) é importante na construção dos significados das experiências que se tem.

Dessa maneira, podemos tomar o Santo Daime como fruto da dinâmica religiosa contemporânea, que, de acordo com Alberto Groisman, pode ser compreendido a partir do conceito de “ecletismo evolutivo”, que justifica e representa a coexistência de diversos sistemas cosmológicos em um só. Sendo mais um conjunto de valores para a aceitação de diferentes tradições espirituais que dialogam na mesma prática, a ingestão da Ayahuasca.

Os cultos ayahuasqueiros do Santo Daime, da Barquinha e da União do Vegetal (ramificações do Santo Daime) são compreendidos por Sandra Lúcia Goulart como reelaborações do curandeirismo amazônico e surgem em momentos de transformações históricas e sociais na região, podendo ser ressaltado que na literatura antropológica e histórica é evidente que o efeito de psicoativos, além das questões bioquímicas, também é influenciado pelo seu contexto sociocultural.

Este contexto inicial onde se da o surgimento da doutrina do Santo Daime é registrado como um momento de grande troca cultural entre populações indígenas e nordestinas que entraram em contato devido à emigração de nordestinos à região para a exploração de látex. Foi neta situação que Irineu da Serra conheceu a Ayahuasca, e destacando-se nos aprendizados espirituais, não somente aprendeu a utilização nativa da bebida, mas desenvolveu o conhecimento acerca da mesma, sendo mais uma evidência da influência de saberes amazonenses antigos no pensamento daimista. Dentro deste saber nativo, é aceito que a origem da Ayahuasca remete à civilização Inca, “fato” aceito pelos adeptos do Santo Daime, o que demonstra que a sua doutrina represente uma continuidade de saberes culturalmente distintos.

Por mais que seja aceito que a origem da Ayahuasca remete aos Incas, o significado original da Ayahuasca é alterado de modo a valer aos daimistas. Na concepção do Santo Daime, o consumo nativo da Ayahuasca é dado como “primitivo” e fora “aprimorado” por Irineu da Serra. Esta dicotomia entre “primitivo” e “aprimorado” evidencia a sobreposição do valor dado à Ayahuasca pelo Santo Daime ao valor atribuído ao uso nativo, sendo o primeiro “superior” ao segundo. E, de acordo com relatos tomados por Isabela de Oliveira, o processo que ressiginifica este uso da Ayahuasca é a doutrinação (daimista) da bebida. De acordo com informantes de Oliveira: “O nome doutrinado é Daime”. Neste momento abandona-se o termo “Ayahuasca”, que indica a origem nativa, e usa-se o termo “Daime”, que conceitua o chá ressignificado. O processo de resignificação da Ayahuasca, além das questões doutrinárias, também ocorre para expandir o consumo do chá. Desta maneira, a ressignificação da Ayahuasca é um meio de construir referências culturais que pudessem atingir indivíduos que não compartilhassem da cultura nativa amazonense.

De acordo com a pesquisa de Isabela de Oliveira, o compromisso que Irineu da Serra tomou em trazer o chá para o povo brasileiro, foi feito também para enobrecer a pátria. Nas palavras de Irineu: “Se tu for valorizar o Brasil, eu te levo para o meu Brasil. Mas se tu for me desmoralizar o Brasil, tu ficas aqui.”. Sendo assim, Irineu da Serra, para enobrecer o Brasil, “especializa” a Ayahuasca instituindo o uso religioso da mesma. Este espírito nacionalista pode ser entendido como fruto da conjuntura social e histórica da época, onde havia conflitos entre Brasil, Peru e Bolívia oriundos da atividade econômica dos seringueiros que foram influenciados pelo imaginário nacionalista propagado pelo Estado Novo e na idéia de ocupação das fronteiras nacionais.

O contexto nativo do uso da Ayahuasca é compreendido pelos daimistas como fonte de lazer, não sagrado. Visto que, nos relatos tomados por Oliveira, não é atribuído aos índios o desejo de uma experiência transcendental ao se ter o uso da Ayahuasca. Ademais, o uso nativo era associado à sociabilidade humana e práticas satânicas, caracterizando um meio não cristão. O uso do chá passa a ser visto por Irineu da Serra como potencialmente cristão na sua experiência com o mesmo onde ele obteve visões estritamente cristãs, dando início ao processo de ressignificação, do chá para o sacramento. Há assim uma clara distinção entre o uso nativo e o da religião que passa a ser dado como sagrado, especializado e cristão. Essa distinção também pode ser compreendida como uma alteração da perspectiva da Ayahuasca como uma “droga” que passa a ser interpretada como um “enteógeno”, ou seja, aquilo que manifestaria o divino. Estando isso claro na perspectiva que toma a Ayahuasca como um veículo sacramental cristão.

Como podemos perceber, o Santo Daime é o resultado do contato entre diferentes manifestações socioculturais na perspectiva de um indivíduo que carregava em si tais manifestações. Poder-se-ia dizer que o Santo Daime é um dos resultados de um processo de aculturação centralizado em Irineu da Serra, que fundou uma nova perspectiva religiosa da realidade.

Fica claro que os contatos culturais não eliminam, necessariamente, a cultura “primitiva”, pois tal contato possui diversas características complexas que também levam em conta a forma que a cultura “popular” maranhense fará o processo de aculturação. Este processo é o conjunto dos fenômenos que resultam de um contato entre grupos de indivíduos de culturas diferentes, o que provoca mudanças nos modelos culturais iniciais de um ou dos dois grupos. No caso específico do Santo Daime, esse processo de aculturação não ocorre em grupos de indivíduos, e sim centralizados em um indivíduo que, ao longo de sua vida, aglutinou diferentes características culturais de grupos diversos, culminado na criação de uma manifestação cultural singular que não irá interferir nas suas culturas de origem (maranhense e amazonense).

Esse fato é observado no momento em que os fundamentos e estruturas presentes no Santo Daime são explanados nos hinos de Irineu da Serra (referência para o discurso de legitimação da doutrina) que contém elementos estilísticos em comum com cantigas maranhenses e enuncia diferentes entidades. Também podemos observar o resultado deste processo nas características que o Santo Daime tem em comum com atividades religiosas maranhenses (principalmente o tambor de mina, a pajelança e o catolicismo popular) e amazonenses (uso ritual da Ayahuasca).

Estas características culturais de Irineu da Serra possibilitaram a ele uma reinterpretação do significado do consumo da Ayahuasca. Sua bagagem claramente cristã lhe possibilitou analisar a experiência enteógena da Ayahuasca sob o prisma cristão introduzindo o chá num sistema de significados onde tal experiência passa a ser observada como um ato sacramental de contato com a força divina cristã.

 Também devemos levar em consideração que no momento em que Irineu da Serra faz esse processo de ressignificação do chá, ele o fazia no intuito de “enobrecer” o Brasil. Sua visão, um tanto quanto política, advinha dos conflitos sociais e econômicos que ocorriam na região, sendo influenciados inclusive pelas idéias divulgadas pelo Estado Novo.

Meu intuito com este ensaio era deixar claras as evidências de um processo aculturativo que desencadeou uma visão estritamente nacional acerca da Ayahuasca. Essa visão nacionalista e cristã possibilitou ao Santo Daime expandir-se pelo Brasil e pelo mundo. É importante comentar que o Santo Daime foi a primeira forma de religião não indígena autorizada formalmente a consumir a Ayahuasca no Brasil, mesmo que exclusivamente na prática religiosa.

Reconhecido o Santo Daime, o ex-ministro da cultura, Gilberto Gil, da início ao processo de inclusão do uso ritual do Santo Daime como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. Podemos verificar que este processo esta levando em consideração a utilização da Ayahuasca sob o prisma da tradição cristã e nacionalista, visto que o nome que utilizam é Santo Daime, e não o seu original Ayahuasca.

Somente a partir do momento que o chá, que vem de uma tradição milenar, passa a ser considerado como um elemento cristão voltado para a nação (visão esta difundida somente a partir do surgimento do Santo Daime) que ele passa a ser visto como manifestação cultural do Brasil, mesmo que seu uso seja anterior a constituição do Brasil como um país.

É interessante observar que os processos de aculturação podem fazer surgir novas interpretações de questões comumente pensadas por diferentes manifestações culturais. Esse contato entre diferentes é visto pela antropologia como fundamental para a constituição da idéia de nação brasileira, sendo esta idéia originária de uma construção cultural e não de acordo com a história política nacional.

Apesar da influência que as idéias do Estado Novo possam ter tido em Irineu da Serra, o processo por ele desencadeado representa puramente uma manifestação cultural que esta aquém das questões políticas propriamente ditas. Representa como o contato com a alteridade é fundamental de ser compreendido para que se possam analisar as construções sociais e culturais que influenciam a cultura nacional. Nação essa que passa a poder observar o fruto do contato com a alteridade como fruto de sua cultura, pensamento este que poderia ser compreendido pela tradição francesa que busca entender a sociedade através dos elementos que a conecte a outras sociedades, e no estudo específico do Santo Daime, poderíamos arriscar a compreender a Ayahuasca como este elemento que conecta as diferentes manifestações culturais.

Temos assim no Santo Daime o resultado de um processo que envolve a experiência de vida de Irineu da Serra, a emigração nordestina à Amazônia para exploração comercial do látex, elementos culturais maranhenses e amazonenses e a constituição de um pensamento nacional. Repercutindo na aproximação entre diferenças culturais de modo a produzir uma significação a um elemento que conecte tais diferenças e a enquadrem na concepção nacional de produto cultural da nação.

Referência Bibliográfica

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GROISMAN, Alberto. Eu venho da floresta. Um estudo sobre o contexto simbólico do uso do Santo Daime. Florianópolis: Editora da UFSC, 1999.

GOULART, Sandra Lúcia. Contrastes e continuidades entre os grupos do Santo Daime e da Barquinha. In: IX Jornada Sobre Alternativas Religiosas Na América Latina, Fórum Sociedades e Religiões, Instituto de Filosofia e Ciências Sociais. Rio de Janeiro: UFRJ, 21 a 24 de Setembro de 1999.

OLIVEIRA, Isabela. Santo Daime: Um sacramento Vivo, Uma Religião em Formação. Tese (Doutorado). Universidade de Brasília, Brasília, 2007.

RIBEIRO, Darcy. Os índios e a civilização - A integração das populações indígenas no Brasil moderno.

VELHO, Otávio. A antropologia e o Brasil, hoje. RGBS. Vol. 23, n.66 fev/2008.

Sites consultados:

LABATE, Beatriz C. & PACHECO, Gustavo. As matrizes maranhenses do Santo daime. - http://www.aguiadourada.com/pdf/matrizes.pdf

www.iphan.gov.br