Academias de ginástica e musculação: Origens

Segundo Capinussú & Costa (1989), Platão criou em 387 a.C. uma escola em homenagem ao herói ateniense Academus, onde havia o ensino de práticas esportivas e lúdicas entre outras, e esse local recebeu o nome de Akademia. As academias, conhecidas como ginásios de esportes, existem desde o século passado quando o alemão, professor Attila, montou em 1867, em Bruxelas, uma instituição destinada ao ensino da cultura física com aparelhos. Novos estabelecimentos, onde se praticava atividades físicas em salas fechadas foram surgindo progressivamente na França e, posteriormente, nos Estados Unidos onde marcaram época, principalmente com a atividade de halterofilismo. As academias foram se espalhando por todos os continentes e são hoje uma presença marcante na sociedade. No Brasil, foi em 1914, em Belém, que surgiu a primeira academia em moldes comerciais, com a atividade de jiu-jitsu ensinada pelo japonês Conde Koma. Em 1925, no Rio de Janeiro, o português Enéas Campello montou um ginásio onde era oferecido halterofilismo (levantamento de peso e culturismo) e ginástica olímpica.

Posteriormente as academias foram se espalhando por todo o país oferecendo diversas atividades, entre elas ginástica (e suas variações) e musculação (halterofilismo) (Capinussú & Costa, 1989; Costa & Palafox, 1993).

Contudo, os principais locais onde se praticava atividades físicas eram nos clubes esportivos e nas escolas. Foi apenas a partir da década de 60 que as academias começaram a ser uma boa opção para a prática da atividade física e ter importância, tanto nas capitais dos estados como nas principais cidades do interior. Além das atividades tradicionais como halterofilismo, culturismo (musculação), surgem vários tipos de ginástica, balé, dança e artes marciais (Capinussú & Costa, 1989).

Segundo Pereira (1996), as academias devem ter se originado devido à necessidade de maior segurança, pois os parques, praças e ruas tornavam-se perigosos, além do grande crescimento populacional que impedia a livre movimentação. A autora afirma ainda que, a atividade física em academias tem origem na calistenia que, posteriormente, passou a utilizar a música para acompanhar o movimento e motivar os clientes. Foi, também, a partir do interesse pelos exercícios cardiorespiratórios (aeróbios), desenvolvidos por Cooper, que as academias multiplicaram-se. No Brasil, (1982/83) os programas aeróbios despertaram o interesse da população e dos profissionais de Educação física que atraíram empresários que investiram na construção de academias de ginástica e musculação. Também, os Campeonatos de Aeróbica deram ênfase à essa atividade, pois eram televisionados e paralelamente eram divulgadas aulas de ginástica, incentivando assim a procura pelas academias. Apesar da ginástica aeróbia ter sido a mola propulsora da atividade física em academias, hoje existem diversos programas como musculação e outras variações da ginástica.

Segundo Novaes (1991) e Novaes, et.al. (in: Rezende & Votre, 1994), os objetivos da ginástica e musculação de academia nas décadas de 30 a 90 foram predominantemente estéticos com direcionamentos sociais, recuperativos, fisiológicos, corretivos, higiene mental e manutenção da saúde. Porém, a ginástica de academia pode ter objetivos de competição, de profilaxia, terapêutico, recreação/lazer e preparação física além do estético-corporal. A musculação também pode ter esses objetivos (Bittencourt, 1986; Rodrigues & Carnaval, 1985; Godoy, 1994).

As primeiras academias necessitaram de um período de adaptação e maturação entre a década de 30 e 80, quando começou a se expandir por todo o Brasil,atingindo hoje um ponto de destaque na sociedade, tornando-se uma instituição reconhecida de prática de atividade física e nova opção no mercado de trabalho para o profissional de Educação Física, absorvendo hoje, um significativo número desses profissionais (Novaes, 1991; Barros, 1996).

Atualmente, apesar do grande número de academias e da regulamentação da profissão, ainda existem muitos problemas como falta de infra-estrutura física satisfatória e ausência de profissionais capacitados.

Porém, a Educação Física acadêmica (presente nas universidades) passou por várias discussões, modificações e avanços que interferiram e interferem de maneira positiva no seu desenvolvimento científico e, consequentemente, no profissional auxiliando na melhoria da qualidade dos serviços prestados pelas academias de ginástica e musculação.

REFERÊNCIAS

BARROS, J.M.C.Educação Física e esporte: Profissões? Revista Kinesis, Rio Claro, v.11, p. 5-16, 1993.

BITTENCOURT, N.Musculação: uma abordagem metodológica.

Sprint, Rio de Janeiro, 1986.

CAPINUSSÚ, J.M., COSTA, L.P.Administração e marketing nas academias de ginástica e musculação.São Paulo, Ibrasa, 1989. 78p.

COSTA, S.B., PALAFOX, G.H.M.Características especiais da ginástica de academia no seu processo evolutivo no Brasil.Revista da Educação Física/UEM, Maringá, v.4, n.1, p.54-60, 1993.

GODOY, E. S.Musculação e fitness. Rio de Janeiro: Sprint, 1994.

NOVAES, J.S.Ginástica em academia no Rio de Janeiro: uma pesquisa histórico-descritiva. Rio de Janeiro: Sprint, 1991. 100p.

NOVAES, J.S.; NOVAES, G.S.; LOVISOLO, H.R.Metáforas gímnicas e valores orientadores da educação física em academias. In: RESENDE, H.G., VOTRE, S.J. Ensaios sobre educação física, esporte e lazer: tendências e perspectivas. Rio de Janeiro: SBDEF: UGF, 1994. p. 103-14.

NOVAES, E.V.Qualidade de vida, atividade física, saúde e doença. In: VOTRE, S.J. (Org.) Cultura, atividade corporal e esporte. Rio de Janeiro: Ed. Central da Universidade Gama Filho, 1996.p.175-186.

PEREIRA, F.M.Dialética da cultura física: introdução à crítica da educação física, do esporte e da recreação. São Paulo: Ícone, 1988. p.148-156.

PEREIRA, M.M.F.Academia: estrutura técnica e administrativa.Rio de Janeiro: Sprint, 1996. 200p.

RODRIGUES, C. E. C., CARNAVAL, P. E.Musculação: teoria e prática. Rio de Janeiro: Sprint, 1985.