Acabou a brincadeira. Vão-se as pessoas. É hora de arrumar a casa e jogar fora o que não nos serve mais. Os prazeres e as delícias de um mundo qualquer são dissolvidos como açúcar num riacho, cuja correnteza leva o que restou. É hora da limpeza da alma. Expurgar os medos, os traumas e todo o sofrimento impregnado no espírito...
Vem um vazio. O peito enche de ar. A vida tornou-se leve e aquele peso que impregnava o espírito transformou-se na leveza de uma pena. Como uma folha seca que cai de uma árvore, dando lugar a outro brotinho... Logo vem um ciclo. Mas que este ciclo represente não apenas um nascimento e sim uma mudança...
Ao longo dos anos, o homem evoluiu. Aprendeu a andar, a se expressar, a falar... Descobriu coisas que, mais tarde transformaria o mundo. Só não conseguiu se conter. A vontade de crescer e aparecer foram tão grandes que houve um preço caro a ser pago. E ninguém conseguiu ser mais forte ou melhor com isso. Como pagar esse preço? Reunindo forças para lutar, esperança e fé para esperar, gosto para experimentar e sensibilidade para ver e perceber o tamanho das emoções.
Acabou a brincadeira. O homem cresceu e aprendeu. A intolerância cresceu junto a ele, os monstros internos escaparam e a vida aconteceu forte, perigosa e traiçoeira. Meu coração sentiu. A visão abafou os acontecimentos mas o coração sentiu e viu. A morte rondou quieta e silenciosa por todos os lados e repentinamente, levou aquele ar empoeirado e pesado. As estrelas mantiveram o brilho e a firmeza naquele espaço imenso e infinito. Veio um anjo e espalhou sementes se lealdade e sinceridade.
Enfim, continuo a peneirar a vida. Está sobrando muito pouco do que ainda dá para aproveitar. É uma pena, mas não dá mais para aceitar viver assim. Temos que avançar, não dá pra parar no tempo...
Acabou a brincadeira...