ABORDAGENS REFERENCIAIS EM TORNO DA ALFABETIZAÇÃO...
Por ELISON FERREIRA ALVES | 05/10/2016 | EducaçãoABORDAGENS REFERENCIAIS EM TORNO DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NO ÂMBITO DA LÍNGUA PORTUGUESA
*ELISON FERREIRA ALVES
RESUMO
Objetivo desse artigo é expor e analisar os conceitos de Alfabetização e Letramento, no processo de aprendizagem de habilidades necessárias aos atos de ensinar a ler e a escrever, já que representa um dos principais objetivos das instituições escolares, além de se constituir como um de seus maiores desafios, porém, já há muitas décadas, discussões sobre a formação de sujeitos que sejam capazes de lidar de maneira competente com as situações sociais que envolvem a leitura e a escrita permeiam espaços de formação inicial e continuada de profissionais que atuam na educação. Pode-se dizer que tanto o letramento e a alfabetização possuem várias para exemplificar, como também de conceituar. Demonstrando um posicionamento sempre social ou pedagógico. Entretanto, com a realização deste trabalho teórico percebe-se que a alfabetização e o letramento são elementos um tanto complexos como multifacetados. De forma geral, educadores não possuem a clareza conceitual sobre a alfabetização e o letramento, o que por consequência reflete negativamente na prática cotidiana. Durante anos a alfabetização tem-se bastantes controvérsias teóricas e metodológicas, exigindo que a escola e os educadores se posicionem em relação às mesmas. Tais mudanças nas práticas de ensino podem acontecer tanto nas definições dos conteúdos a serem desenvolvidos como na natureza da organização do trabalho pedagógico. No entanto, este trabalho tem com base conceituar abordagens para considerar que a alfabetização não é apenas pré-requisito para o domínio da leitura e escrita, não deve haver uma dicotomia entre a alfabetização e o letramento em termos unificados. Já que por haver certa ideia semelhante, muitos confundem como a mesma ideia. São processos que caminham juntos, porém, com partes bem distintas, mas que devem ser ensinados acoplados no âmbito escolar, ou seja, é preciso que os educadores não apenas alfabetize o educando, e sim ‘alfabetize com letramento, para que possa orientar o mesmo, o ato de ler e de escrever no contexto das práticas educacionais e sociais.
PALAVRAS-CHAVE: Alfabetização; Letramento; Leitura; Escrita.
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*Graduado em Licenciatura Plena em Letras.
*Pós-graduado em Metodologia de Língua Portuguesa e Literatura
*Pós-Graduado em Práticas Pedagógicas Aplicadas a Pessoas com Necessidades Educativas Especiais com Ênfase em LIBRAS.
E-mail: elison.letras@hotmail.com
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho abordará a ideia de que a alfabetização deve acontecer em um ambiente letrado e que o nível de letramento é determinado pela variedade de gêneros de textos escritos que a criança ou adulto reconhece. O educando que vive em um ambiente em que se leem livros, jornais, revistas, bulas de remédios, receitas culinárias e outros tipos de literatura, apresenta nível de letramento superior ao de uma outra cujos pais não são alfabetizados, como também de outras pessoas de seu convívio que não lhe favoreçam contato com a leitura.
Desta forma, o profissional de língua portuguesa como uma base teórica aprofundada, assim quanto sua prática textual e suas implicações com o letramento - palavra que é usada há pouco mais de duas décadas- ressalta à condição que adquirir um grupo social ou um indivíduo como consequência de se ter apropriado da leitura.
Conforme Freire (1989, p. 9):
A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a leitura posterior desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquela. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto.
Como citado, a leitura é um instrumento imprescindível na construção do saber, não somente para a construção de um texto, mas também para construção do indivíduo, para a promoção de sua ampliação de visão de uma maneira que saiba equilibrar os saberes populares e acadêmicos.
Em outros pesquisadores que arriscam procurar as razões da impotência de iniciativas voltadas à alfabetização e à leitura, Zilberman, (1995: 126-127) diz:
As causas do fracasso talvez não estejam nos próprios projetos, e sim em circunstâncias bem mais amplas, incontornáveis por quem propõe/ aquelas iniciativas: um modelo econômico que se apoia na concentração de renda, extremando a polarização da estrutura de classes da sociedade brasileira e deixando grande parte da população sem condições de sobreviver, nem de comprar livros.”.
Assim, a falta de leitura é uma das razões que levam um educando a não adquirir uma produção escrita bem sucedida. A educação brasileira preocupa-se e objetiva a alfabetização, o que acarreta ao aluno apenas se tornar um decodificador de símbolos gráficos, não o permitindo às entrelinhas do texto e fazer uma leitura mais aprofundada.
Conforme relata Yunes, 1990. p.8.):
A crise da leitura não se origina unicamente nos problemas relacionados com os métodos educativos, produção de livros infantis e circulação, e sim é fruto de uma crise geral de uma sociedade discriminatória que não fornece igualdade de oportunidade e acesso à cultura e da situação de dependência em que se encontram os países latino-americanos. Logo, esta crise não é mais que um dos efeitos de um problema social de aspecto mais amplo.
Isto se torna um problema não apenas na escola, mas afeta todas as outras áreas da vida do indivíduo que em decorrência de não ser “letrado”, aceitará sofrer por falta de senso crítico, impedindo-o de viver sua cidadania de maneira plena.
Sendo assim, um indivíduo que escrever com maior facilidade e ao ler consegue ter uma facilidade de entendimento e compreensão, tenha tido um maior contato com o hábito de ler e sempre orientado a posicionar-se com a maneira compreendida da leitura. Ou até mesmo, imposto a desenvolver uma escrita a partir de tal leitura, facilitando assim suas competências para filtrar e desenvolver conhecimentos a cerca daquilo que se ler e entender.
Portanto, diante deste trabalho bibliográfico fara-se as abordagens que compreenderão as mais diversas formas de assumir um posicionamento diante das concepções que se envolve sobre a alfabetização e letramento, para de fato subsidiar a escrita e a leitura por partes dos indivíduos, e propriamente dizendo, os educandos.
2 A DIFERENÇA ENTRE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
O que é a alfabetização? O que é letramento? Um questionamento de cada função na escrita dentro de uma sociedade? Estas e outras questões serão abordadas a seguir.
2.1 O QUE É ALFABETIZAÇÃO?
O processo de alfabetização deve se envolver em um contexto, onde é preciso o contato necessário com a escrita, onde o desenvolvimento para a assimilação da leitura irá ampliar as habilidades para que se envolvam a escrita e o caminhar da relação com a leitura.
Segundo o dicionário Aurélio (2010, p.32), alfabetização - substantivo feminino - é o ato ou efeito, modo ou processo de alfabetizar. Entendendo que a alfabetização e letramento devem ter tratamento metodológico diferentes e com isso alcançar o sucesso no ensino aprendizagem da língua escrita, falada e contextualizada nas nossas escolas.
Conforme Soares (2004, p.90):
Alfabetização e letramento são conceitos frequentemente confundidos ou sobrepostos, é importante distingui-los, ao mesmo tempo em que é importante também aproximá-los: a distinção é necessária porque a introdução, no campo da educação, do conceito de letramento tem ameaçado perigosamente a especificidade do processo de alfabetização; por outro lado, a aproximação é necessária porque não só o processo de alfabetização, embora distinto e específico, altera-se e reconfigura-se no quadro do conceito de letramento, como também este é dependente daquele.
Visto que a alfabetização não pode ser encarada apenas como o processo de ler um livro. Mas também, pode-se envolver com a própria leitura, conhecendo os seus personagens, suas características, ou até mesmo, como tais personagens sentem. É poder viver como se estivesse lá.
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