A região da Zambézia do Norte, Lago Malaui abrigou várias famílias, clãs, povos vindos de várias regiões da África que de alguma forma contribuíram para uma  formação, econômica, cultural e social da região Norte da Zambézia. Várias etnias e línguas fizeram parte desse contexto. A migração foi de suma importância para a realização desse processo de conquistas, formações de impérios, formulações de normas e condutas bem como de relações comerciais e politicas. Essa migração de acordo com o texto propiciou o desenvolvimento populacional, fundação de Estados, e demais contextos que formaram as relações entre os vários povos do Norte da Zambezia .

Cada povo (etnia) teve sua importância na região dentro de um sistema coletivo ou individual. Como por exemplo: Relação das tradições orais. Os Protochewa eram classificados como aqueles que abrem os caminhos, pelo fato de terem lutado contra os seminômades. Outro fator importante é que os mitos são criados como forma de representação e em uma tentativa de explicar algo desconhecido. Acreditava-se que o homem e os pássaros malawianos foram criados na montanha de Kapirintiwa. Assim como para os cristãos existe a figura da criação do homem por Mm Deus Monoteísta que o criou do barro na região do jardim do Éden, para esses povos existiam também uma explicação para a criação do homem.

Essa região estava repleta de interações e formas diversas de se relacionar e produzir. Fabricavam armas e ferramentas agrícolas. A produção de carvão era muito importante para a fundição do ferro. O texto revela que houve de fato uma enorme migração do sul da Zambézia para o Norte de malaui, formando-se pequenas comunidades de porte pequenas, mas cheias de relações e iterações tanto internamente como para com outros grupos.  Outro fator importante nesses grupos era a questão religiosa. A religião de certo modo mantinha uma força política e econômica sobre as pessoas. Em nível mais local tentava realizar o bem estar para a comunidade visando o lado material e moral. A religião em termos mais abrangentes em aspectos de território ela propiciava acordos culturais e ecológicos, formas de leis e normas.

A religião era cheia de práticas e mitos . Fazia o culto da chuva e feitiçaria, mas tão importante quando o culto a chuva era a veneração aos ancestrais. A ancestralidade era algo respeitável, quase que postulava leis e normas. A função religiosa era para além dos ritos e mitos, desenvolvia sobretudo relações de comunicações e interações entre os vários povos (etnias).

E importante lembrar ainda que cada povo detinha certo poder e formas políticas de viver, como se fosse na atualidade os municípios onde ada um relaciona-se de forma distinta mas no geral com os mesmos interesses. Toda via outros povos chegavam-se nas regiões e lutavam, criavam certas estratégias para dominar o outro (clã) exercendo um poder sobre o outro. O comércio era uma demonstração de força e poder para se manter no topo da hierarquia política, econômica  e social.

A África como um todo foi tida pela sociedade eurocêntrica como um lugar sem história, por não haver segundo eles uma escrita..., interesses outros haviam por trás dessa narrativa, mas o certo é que a África sobreviveu a tudo isso e foi através de uma forte tradição oral que o mundo de hoje conhece esse passado.

Outro ponto a destacar era  a presença de outros artigos na economia da região norte da Zambézia. Economia de sal, do ferro e de tecidos de algodão pelos Lundu. Em relação à dominação de um povo sobre outro os Undi, foram extremamente estrategistas. Como eles detinham certo poder no comércio eles controlavam os alimentos e a fome de uns lhes garantia a força política (venciam os oponentes). Dominando-os e deixavam os mais ricos a atuarem em seus comércios e terras mas cobravam uma espécie de tributo, imposto. Outro povo de muita importância foi os Maravi que com a miscigenação com outros povos deram origem aos Tongas. Esse império não se limitou apenas ao Norte, mas ao Sul da Zambézia em busca de poder e riqueza.

Nesse período o marfim era como se fosse o ouro branco e despertava muitos interesses tanto dos Portugueses como dos vários povos do Norte da Zambézia pelo poder de comércio.  Após a queda do comércio do marfim acentuou-se o comércio de escravos que marcou o continente africano por longos séculos, ocasionado na atualidade problemas imensuráveis de reconstrução e afirmação dos países em formação política e econômica. Em suma o texto nos faz refletir sobre essa África imaginária mas real  onde tanto a região Norte da Zambézia como em toda África havia muitas relações sociais, econômicas, estruturas e formas de poderes que a cada instante iam se modificando, ganhando novas formas de conceder a vida, a sociedade  e as pessoas. A África não era e nunca foi uma tábua rasa por uma visão ocidental do colonizador e sim cheia de sabedoria, vida e relações das mais diversas possíveis.