A VITÓRIA CABAL DAS "AGÊNCIAS INEXISTENTES"

De como a organização e a eficiência das Três Armas conseguiu abafar de tal modo o estardalhaço da Ufologia, ao ponto de conquistar até mesmo o apoio dos ufólogos em sua campanha de acobertamento.

Até 1947 a humanidade gozava de liberdade irrestrita em seus avistamentos e contatos com o desconhecido que a fustigava nas aparições de objetos voadores não identificados, e a infindável série de registros históricos prova isso sobejamente. Porém a partir daquele ano, mais precisamente, dois ou três dias após o 4 de Julho americano (no Dia da Independência algo caiu do céu nas proximidades da cidade de Roswell, Novo México), uma compulsória e eficientíssima política de acobertamento foi implantada pelos militares da época, fiando-se no resultado e nas conclusões da transmissão radiofônica de Orson Wells, em 1938. A seriedade com que os militares trataram a questão foi tão profunda que em curtíssimo prazo foram fundadas instituições especializadas em desinformar e contra-informar, tornando-se elas o modelo da maior eficiência organizacional do mundo, em todos os tempos.

Foi um tento tão triunfal que desqualificou, para todo o sempre ("si omnia suo statu manere"), até o registro despretensioso de estranhos fenômenos aéreos (doravante "EFA"), seja feito por leigos ou 'experts', de tal modo que a mera menção do nome "Roswell" se faz hoje sob olhares desviados e risadinhas debochantes, e acreditamos mesmo que nem os "inventores" da Campanha imaginaram um dia chegar a tanto sucesso!... Sem dúvida, eles ganharam o irônico prêmio do mais perfeito silêncio em plena "Era das Comunicações".

Eis que tal sucesso perfaz plenamente a justificativa para chamarmos de "inexistentes" as agências responsáveis pelo silêncio peremptório e universal em torno do assunto Ufologia, tal como poderíamos chamar de "inexistente" a cachaça no sangue de quem pode embriagar a outros por uma simples baforada!... Trata-se da velha figura lingüística da ironia, por um lado, e do sarcasmo, por outro, como cabe em momentos de humor ou revolta contra injustiças irrecorríveis. E então, neste mesmo sentido, se todas as provas 'presumíveis' foram surrupiadas, que direito tenho eu de falar em silenciamento e agências silenciadoras? Aposto na ironia: nenhum. Porém, num último estertor (aqui já é pleonasmo), permita-me o leitor um esboço do que acredito ter ocorrido e estar ocorrendo, na obrigatória franqueza de se basear exclusivamente numa crença pessoal, como corro a advertir a quem se aventurou nesta leitura.

Antes porém, é bom dar alguma luz sobre esta história de crença pessoal. Porquanto o bom leitor pode perguntar: "Se restaram as crenças pessoais para fuçar o Cover-up, por que as tais agências inexistentes não se voltaram contra a fé?"... (É uma pergunta muito mais abrangente do que podemos supor). Porque além da fé ser um elemento vazio de comprovação – segundo as tais agências – e de sentido, é aliada delas em relação à paz social, pois mantém vivas as igrejas, que são o grande obstáculo ao pânico, com seus freios morais e conscienciais. Ai do mundo sem as igrejas, verdadeiras oficinas da alma, que impedem o ócio mental de quem não tem dinheiro, instrução, emprego ou família... (pelo menos assim as agências pensam).

Não sabemos direito – ninguém sabe – o motivo pelo qual as agências inexistentes julgaram tão perigosa a divulgação dos fatos por elas encobertos (os tais 'EFA'). E pior; devido ao silêncio universal alcançado sob o crivo da violência (seja física ou moral), não foram capazes de impedir a inevitável conclusão que qualquer inteligência bem informada alcançaria, a saber: "Se a divulgação disso os assusta tanto, então só pode ser algo que, em 1o lugar, ponha em risco a população – e o país – ; ou, em 2o lugar, algo que poderia munir o indivíduo mal-intencionado de poderes iguais ou superiores aos do Governo, ensejando a criação de um poder paralelo hitlerista ou paranóico; ou, em 3o lugar, e muito pior, algo que de tal modo compromete o(s) Governo(s) com atos tão hediondos de crueldade e vergonha que encorajariam uma revolta popular incontrolável!"... (Este parágrafo foi longo e deve ser relido).

Se qualquer dessas hipóteses for verdadeira, então pensar na velha tese do "Aprendiz de Feiticeiro" – ilustrada em todos os contos infantis de magia – vem a calhar com exatidão jamais verificada em outras respostas sobre mistérios da humanidade. Pois ali a premissa lógica sempre foi a do risco inexorável de um poder superior cair em mãos erradas, ou seja, em mãos de indivíduos cruéis e inescrupulosos, que não recuem em absoluto diante da possibilidade de ver a sua vontade frustrada, lançando mão desse poder de qualquer modo (ainda que isto signifique a própria morte). Convenhamos, nenhum de nós iria querer dar a um novo Hitler uma arma capaz de colocar em risco toda a biosfera terrestre. Certo?...

Entretanto o mesmo raciocínio que usamos para rejeitar a "hipótese-hitler", digamos assim, nos capacita a pensar se o próprio gênero humano, isto é, se a Humanidade inteira merece confiança para receber um poder desses, e se no meio daqueles que estão guardando o segredo a 7 chaves não haveria também um novo Hitler. Portanto, se este argumento é válido, a única hipótese que resta é ainda mais assombrosa: "Quem teria entregue esse poder à Humanidade? E se o fez, então é também um ser extremamente maligno, do mesmo modo que é cruel o pai que entrega um revólver a um filho adolescente". Isto basta.

O fato é que, seja lá qual for a tese vencedora neste arrazoado, o silêncio alcançado em torno do assunto revela-se perfeito demais para esconder o nada, e por isso pode-se pensar com razão que tais agências estão mesmo escondendo alguma coisa (o riso dos céticos agora engasgou feio). A contrapartida histórica de revelação capaz de confrontar e até desmoralizar o silêncio das agências e a risada dos céticos deixa uma sensação ainda maior de abandono da Humanidade à própria sorte, pois o único fato concreto que trouxe salvação deste caos ilusório do mundo não pôde nem pode dar qualquer prova de sua concretude, exigindo apenas a fé e a confiança no testemunho daqueles que, direta ou indiretamente, travaram contato com o objeto da revelação.

O nível é mais alto. Se o próprio Deus (aqui em suposição) julgou a Humanidade indigna de receber uma prova de Sua existência e passagem pela Terra, por que haveríamos de pensar numa prova ufológica concreta entregue de mão beijada a quem não mereceu sequer uma prova de Deus? Logo, não seria nada surpreendente o silêncio generalizado em qualquer busca pela comprovação científica de tais mistérios, o que nos aproxima perigosamente da hipótese de que o próprio Deus (em suposição) estaria, por assim dizer, "mancomunado com o fenômeno UFO", desmoralizando-o por falta de provas!

É o fim da picada, e de uma picada sem antídoto. Fomos bisbilhotar no que não cabia a nós, e por isso perdemos o direito de saber. Além do mais, fomos arremessados num planetóide onde podemos ser ludibriados a vida toda, sem jamais comprovar o que haverá depois da vida. E se as tais agências inexistentes existirem? Por que elas merecem saber o que a nós foi negado? Seriam agências constituídas de anjos e por isso não destruíram as igrejas? Puxa! Dói só de pensar...

Resta incólume a fé a nós mortais. Parece uma conclusão triste, mas não é. E ninguém se desespere: a fé não é essa coisa reles difamada pelos céticos. Ela é dom gratuito e universal, além de poder ser lógica e indestrutível pelo lado de fora. Mas por que cargas d'água ela não consegue brotar em algumas almas e satisfazer certas pessoas? Só ela responde: "sou um dom, e dons são doações do Alto, e o Alto sabe escolher bem a quem doar". Doa a quem doer.

Prof. João Valente de Miranda

([email protected])