A VERDADE e "outras verdades"
Joacir S. d?Abadia*

Em um determinado dia um jovem levou sua colega que desmaiara para um hospital. Logo que chegaram, por incrível que pareça, sem demora, como se costuma acontecer por vários anos e em diversas ocasiões, sua colega foi atendida, sendo encaminhada da emergência pra uma internação urgente. Isso foi algo que ? inicialmente ? causou espanto desde ao que lhe acompanhara como aos próprios médicos. Ao saber que em um simples desmaio se precisava ter tamanha cautela. Em contraste a tudo aquilo se revelava algumas dúvidas: "o que era aquele desmaio? Qual a verdade que ele revelava?".

Para tentar responder tais desconfianças o médico que lha atendeu quis saber seu quadro clínico investigando o jovem, o qual lhe expôs tudo que sabia sem usar de sofismas, mas revelou-lhe a síntese mais orgânica do que sabia.

Contudo, o jovem ficou surpreendido com a manifestação daquele Médico porque anotava o que lhe colhia de informação. Pra ele anotar aquela sabedoria existencial que obtinha de sua mais nova paciente fez uso de uma pasta. Foi interrogado pelo adolescente: "O que ela tem é grave?" Ouvindo isso, o Médico parou de escrever e fitou-lhe os olhos. Respondeu: "não digo somente que seja grave, senão que é gravíssimo seu quadro clínico".

Deste modo, o Médico deixou-o e partiu o mais depressa possível para fazer o pedido de todos os exames. Ela, com efeito, fez todo tipo de exame, porém não voltava do desmaio.

Uma equipe médica foi montada. Cada médico, atuando em sua área específica, corria contra o tempo. No entanto, vendo tudo aquilo acontecendo o jovem se perguntou: "qual é a VERDADE que todos olham?". Sabia mesmo que a verdade não seria forjada dos resultados daqueles exames, ao passo que a apreendia não no resultado, antes na própria coisa, em sua colega.

Sim. Acreditava que a verdade estava dentro daquela paciente, no fundo do seu existir. Nenhuma tendência daqueles médicos seria capaz de uma "outra verdade". Isso se fosse admissível seria a miscelânea da verdade e da falsidade.

A verdade que permanecia na paciente e, por outro lado, a falsidade que poderia se demonstrar nos professos resultados dos exames seria, sim, "outra verdade", mas não a verdade existencial que se encontra, de forma viva e concentrada, dentro da paciente.

Reconhecia, com isso, o alcance universal da verdade partindo do próprio sujeito detentor dela, que na sua intrínseca existência se revela. Assim, para se conhecer a verdade que se acha na paciente era imperioso que ela lhe desvendasse. Caso isso não acontecesse o que se conhecia dela era somente a "outra verdade"; a verdade de outrem, não a verdade exprimida a partir de verdade existencial.

Enquanto isso, os médicos buscavam nos exames os critérios que estivessem relacionados a ela. O critério foi de grande assimilação para os médicos, tirando várias ideias diferentes. Mas pode perguntar: tiveram os resultados dos exames? Os médicos antes dos resultados, e "já com eles" (pois pela devida circunstância já estavam quase cônscios de ser uma doença séria, a qual lhes era desconhecida) se reuniram. Assim, fica claro que a VERDADE existencial se encontra dentro de cada pessoa e as "outras verdades" são tramadas usando critérios que de longe, uma vez ou outra, tocam os existentes.

*Joacir S. d?Abadia é diácono da Diocese de Formosa-Go; cursou Filosofia e está terminando teologia no SMAB; é autor dos livros: "Opúsculo do conhecer" (Cidadela), "A caridade e o problema da pobreza na periferia" (Agbook) e "A Igreja do ressuscitado" (Virtual Books); escreve para os jornais: "Alô Vicentinos" (Formosa-GO) e "Carta de notícias" (Posse-GO); participou, por três anos, de Concurso Internacional de Filosofia além de manter um Blog de textos Filosóficos.