Crianças brincando com galinhas

Sempre morei em cidade grande, São Paulo, tudo muito moderno, em uma apartamento em uma boa localização em Sampa e nunca tive nenhum bichinho de estimação. Sempre fui muito assustada e, por não conviver com com animais, sempre tive aquele receio com os bichos. Certo fim de semana fui visitar meus primos no interior do Rio de Janeiro. Quando estávamos chegando, eu e meus pais, a estrada de barro já foi me causando um estranhamento com aquela poeira vermelha toda dançando atrás do carro.

Quando entrei na casa dos meus tios e meus primos vieram correndo me receber eu adorei, abracei e  fiquei muito contente. Enquanto os adultos estavam na cozinha 'passando um café' nós crianças estávamos brincando no quintal e quando dei por mim vi uma galinha passando com 6 pintinhos seguindo-a. Achei a coisa mais fofa: onde um ia todos iam e fiquei decorando aqueles movimentos por extensos segundos. 

Depois quando a família galinha se foi vi uns cachorros brincando uns com os outros enquanto outros comiam matos. Os gatos trançavam em nossas pernas e o porco com seus filhotes porquinhos rosas faziam barulhos altos em meio a amamentação. Era tudo tão novo e diferente para mim que eu estava anestesiada. Quando fui deparada com um sininho tocando que era o sinal do lanche para nós crianças. Fomos correndo: eu e meus 4 primos e mais 3 crianças vizinhas que vieram para brincar com a gente. Sentamos na mesa de madeira irregular e porosa e nos foi servido canecas de plástico com asa para segurar de cores diferentes, bolo de laranja ainda quente, uma broa de milho caseira e um queijo branco todo furadinho que, diferente do da minha casa, não minava água. Comemos aquele lanche e eu adorei aquele gosto diferente de tudo que eu já tinha comido.

Voltamos a brincar no quintal quando meu tio me chamou para andar de cavalo. Não tinha sela e não tinha bota nem chapéu. Ele ia puxando o cavalo com uma corda esfiapada que se o cavalo quisesse arrebentava-a em um galope, mas até o cavalo daquele lugar tinha paz e não tinha porque sair correndo de nós.

Quando nos chamaram de novo já era início da noite e estava exausta. Tomei banho. Ou melhor, tomamos banho, as crianças lá tomam banho juntas, economizamos água e só podia passar shampoo uma vez. Coloquei um pijama e dormi um pouquinho antes da janta. Quando levantei vi que meu cabelo estava ótimo, apesar de não ter lavado como sempre lavei no meu apartamento, dormi sem ventilador, apesar de não conseguir dormir sem ar condicionado em meu apartamento e acordei sorrindo e disposta, como não acordo em meu apartamento. 

Aprendi muito naquele fim de semana e naquele momento aprendi que coisas simples as vezes são melhores do que as coisas complicadas. Aprendi gostar da natureza e entender e respeitar os animais que são seres vivos como nós e possuem os nossos instintos de cuidar dos filhos, de se alimentar, de precisar descansar e também ser respeitado.