A UTILIZAÇÃO DE JOGOS NA ALFABETIZAÇÃO MATEMÁTICA COMO UMA NOVA PERSPECTIVA PARA O ENSINO DA MATEMÁTICA

Autor: Marisa Beilke Jung *

Prof° Orientador: Jonas Krause **

Resumo

Este trabalho tem como tema o estudo da utilização de jogos na Alfabetização Matemática. Seu objetivo é demonstrar que é possível superar antigas concepções e metodologias herdadas historicamente, contribuindo para a formação ou alfabetização matemática e integral dos educandos e promovendo a socialização dos conhecimentos matemáticos construídos socialmente e historicamente. Esse trabalho é de suma importância, por isso justifica-se por suas reflexões acerca dos benefícios oriundos da utilização de atividades lúdicas e jogos matemáticos ressignificando a prática pedagógica do ensino da Matemática. Para a realização deste trabalho utilizou-se como metodologia a pesquisa bibliográfica, embasada em autores renomados na área como D’Ambrosio, Kamii, Borin, Devries, entre outros. Inicialmente, será apresentado um breve panorama histórico da Matemática, com o intuito de compreendermos o percurso do ensino da Matemática até a atualidade, para posteriormente tecer reflexões acerca da importância da utilização dos jogos no processo de ensino e aprendizagem, bem como no desenvolvimento integral dos alunos. Com este estudo pudemos perceber a potencialidade dos jogos na construção de conhecimentos e conceitos matemáticos, bem como na incorporação de atitudes sociais e relacionais no âmbito escolar. Os jogos são atividade intrínsecas ao desenvolvimento humano, assim como a Matemática está presente nas relações cotidianas das pessoas. Neste sentido, uma complementa e abre um leque de possibilidades para o desenvolvimento da outra. Sabemos que durante muitas décadas o ensino da Matemática ficou relegada ao rigor e sistematização, sendo desconectada da realidade. Neste sentido muitas barreiras foram sendo criadas com relação a aprendizagem dos conceitos matemáticos, prejudicando o processo de ensino e aprendizagem. Atualmente, com o desenvolvimento de estudos na área Educacional e Matemática surgiram muitas possibilidades para a superação desta dicotomia. Entre elas está a utilização de jogos que contribui efetivamente para a aprendizagem e construção de conceitos matemáticos. Neste contexto, é de extrema relevância para a alfabetização matemática o planejamento, discussão e utilização dos jogos no âmbito educacional, desmistificando a ideia de que os jogos não contribuem para a melhoria da educação.

Palavras-chave: Educação. Alfabetização Matemática. Jogos.

Introdução

A Matemática é uma das disciplinas escolares mais antigas, sendo ensinada em praticamente todos os lugares do mundo. Durante muitas décadas a Matemática tem sido ensinada sempre da mesma forma, sendo seus conteúdos considerados por muitas pessoas extremamente complicados e difíceis de serem aprendidos, ou seja, próprios de apenas alguns indivíduos especiais “muito inteligentes” ou de pessoas que sabem utilizar fórmulas complicadas.

Apenas recentemente, com o movimento da Educação Matemática, esta realidade vem sendo gradativamente modificada possibilitando a superação de velhos traumas e temores, passando a serem inseridas no âmbito escolar metodologias diferenciadas possibilitando ao aluno deixar de ser um “depósito” de conteúdos para assumir o papel de construtor do seu próprio conhecimento.

Mesmo antes de entrar na escola ou que um professor as ensine as crianças já têm contato com inúmeras experiências matemáticas, quantificando ou observando as formas das coisas ao seu redor, nas brincadeiras das quais participa e nas suas rotinas. Nesta perspectiva o conhecimento matemático faz parte do cotidiano das crianças e neste sentido torna-se extremamente relevante para o exercício da cidadania.

Vale ressaltar que é consensual entre especialistas que a Matemática é um importante instrumento de leitura e intervenção no mundo em que vivemos. Na sociedade atual, ler e escrever com compreensão inclui ler o mundo com lentes matemáticas.

Ao mesmo tempo em que pensamos a Matemática em seu aspecto científico como capaz de representar e resolver problemas, também é relevante considerá-la no seu contexto social. Entre os saberes socialmente construídos pelo homem, o saber matemático contém elementos que auxiliam o indivíduo a se ver como integrante do mundo em que vive, a compreender a realidade natural e social na qual está inserido e a se colocar de forma ativa nas relações sociais.

De acordo com diferentes autores renomados na área da Matemática, os jogos vem sendo considerados, entre as mais diversas possibilidades metodológicas, um caminho que contribui significativamente para a construção do conhecimento matemático.

Neste contexto apresentaremos neste trabalho discussões relevantes sobre a inserção dos jogos na alfabetização matemática pautados em autores renomados na área como D’Ambrosio, Kamii, Borin, Macedo, Devries, Ana Ruth Starepravo, entre outros, pois acreditamos que o jogo é um poderoso recurso pedagógico quecontribui, efetivamente e em diferentes dimensões, com o processo de ensino e aprendizagem.

Quando voltamos nosso olhar para o cotidiano infantil, com todas as brincadeiras e jogos típicos desta fase, percebemos que grande parte destas atividades envolvem procedimentos matemáticos variados o que nos leva a concluir que as crianças utilizam o pensamento lógico matemático em situações do seu cotidiano.

No contexto infantil, o brincar e o jogar são relevantes para o desenvolvimento e aprendizagem, já que estes possibilitam às crianças adquirir habilidades e construir conhecimentos acerca da linguagem, da cognição, dos valores e da sociabilidade.Ou seja, quando as crianças brincam e jogam são corresponsáveis pela construção de sua própria experiência social, desenvolvendo sua autonomia na organização de suas ações e interações com seus pares, sendo capaz de formular planos e ações, além de criar regrasde convivência e participação a serem utilizadas durante a realização da atividade.

De acordo comBorin (2007) e Macedo (2000) o jogoé considerado um meio de diversão que acaba por motivar, desenvolver habilidades,estimular o raciocínio, a capacidade de compreensão dos conteúdos matemáticos, bem como de outras áreas do conhecimento. Ainda afirmam que a sua utilizaçãopropicia ao educando a compreensão de regras a serem utilizadas no processo deaquisição e construção do conhecimento, além de contribuir para a assimilação deconteúdos considerados abstratos.

Ainda, sabe-se que,com relação à utilização dos jogos nas aulas de matemática, destaca-se sua relevância, principalmente, devido à sua potencialidade para o desenvolvimento do pensar matemático, da criatividade e da autonomia dos educandos.

Neste contexto, o papel do professor e a qualidade pedagógica das atividades propostas tornam-se elementos fundamentais para a constituição de experiências significativas de ensino e aprendizagem em Matemática.

Com relação a isso, Macedo (2000) e Kishimoto (2001), destacam que é de extrema relevância que o professor analise e escolha bem os jogos que serão utilizados no âmbito da salade aula, testando-os antecipadamente e definindo os objetivospara os quais serão utilizados, evitando que se desvie do objetivo principal que é o conteúdo e a aprendizagem.

Isso contribui na compreensão de que nem todo jogo configura-se como uma atividade de ensino significativa para a construção de conhecimentos nas aulas de Matemática, revelando a importância do aprofundamento teórico acerca de propostas pedagógicas que envolvam a utilização de jogos matemáticos e, além disso, ampliando a importância das intervenções pedagógicas do professor no processo de ensino e aprendizagem através da utilização dos jogos.

O presente e o futuro da Educação Matemática, efetivamente de qualidade, está pautada em uma escola mais arejada, dinâmica e problematizadora, na qual as crianças são sujeitos matematicamente pensantes, propondo problemas autênticos e desafiadores, em situações contextualizadas, realistas e significativas capazes de instigar as crianças a desenvolverem estratégias, procurarem soluções, discutirem situações, tornando-se agentes de construção de seu próprio conhecimento.