A ÚNICA CIDADE BRASILEIRA FUNDADA POR FRANCESES NO BRASIL - (SÃO LUÍS MARANHÃO).

 

Por: Wilamy Carneiro

 

Século XVII, franceses e holandeses já rondavam pela costa do Atlântico brasileiro para invasão de terras. Por aqui, muito antes no Ceará, anteriormente chamado de Siará-Grande início do século XVII, Diogo Botelho (1603), oitavo Governador Geral do Brasil, para desbravar, colonizar e impedir os estrangeiros no comércio nativo na região, posteriormente a Capitania do Ceará no Período Colonial. Aqui no Ceará pisaram os jesuítas, a mando de Dom Manuel, Bispo Primaz de Pernambuco e Rei de Portugal.

 

Chega em terras cearenses, na praia de Camucim (Camocim), o português da cidade de Açores - Pero Coelho de Sousa dirigindo no dia seguinte para a Serra da Ibiapaba na - Primeira Expedição do Ceará. Naquela época vieram navegando pelo Rio Acaracu - Rio das Garças chamado na língua Tupy Guarani, de nascente na Serra das Matas, no município cearense, Monsenhor Tabosa. O Acaraú como é conhecido, banha a região de Sobral, Varjota, Santana do Acaraú, Cruz, Acaraú, Marco, Bela Cruz e segue para o Atlântico.

Pero coelho chega a Camocim. Ele foi o primeiro representante da Coroa portuguesa, conselheiro do Rei de Portugal, travada pela história no ano de 1604, na tentativa de conquistar a serra da Ibiapaba, ora ocupada por franceses com o auxílio da ajuda e simpatia de um chefe indígena chamado de Diabo-Grande e Mel-Redondo (Urapuã).   

 

Reza a tradição de nossa história, os primeiros europeus que pisaram em terras cearenses foram os (franceses corsários), comandado por “Bombille", que desembarcram, pelo idos de 1590. Já em Camocim embreando-se  nas matas da Serra da Ibiapaba. (Ver Cronologia Sobralense de Padre Sadoc de Araújo, p. 27 ano 1604). 

 

Pero Coelho então, não seguiu sua viagem até o Maranhão – a primeira cidade fundada por franceses, devido uma revolta entre os soldados que pretendia tirar sua vida. Sentindo-se derrotado, Pero coelho volta à Paraíba, em busca de reforço e recursos para conquistar de vez o território cearense.

Três anos mais tarde, somente em 1608, uma caravana dos jesuítas acompanhada por Belchior Rosa, Capitão dos índios de Pernambuco, chefiando em torno de 60 índios e com eles a companhia de dois jesuítas – o Padre Francisco Pinto e padre Luís Figueira. Queriam eles, os jesuítas e o chefe dos indígenas fazer uma jornada de Recife ao Maranhão.   

 

Antes mesmo de chegar ao Maranhão, e Serra da Ibiapaba, os jesuítas e seus comandados atravessaram pela primeira vez o rio Acaracú – Rio Acaraú que corta a região do Baixo Acaraú. A travessia ocorreu entre as cidades que hoje chamamos o municipio de Santana do Acaraú – Antiga Alvaçã, topônimo indígena e o município de Morrinhos. “Foi a primeira vez que o rio Acaraú foi atravessado por homens brancos” (ARAÚJO, p. 28. 2015). 

 

Encontramos esse documentário achado no Curado dessa região, escrito pelo próprio Padre Luís Figueira ao seu superior Padre Cláudio Acquaviva. Padre Luís Figueira foi aquele que atravessou com os índios acompanhados por Belchior Rosa e seus comandados. (Ver Cronologia Sobralense de Padre Sadoc, 2015).

Registros e comentários históricos foram encontrados com um texto ipse lide de Thomaz Pompeu Sobrinho, publicado no ano de 1967, em Fortaleza em “Relação a cidade do  Maranhão” – A primeira cidade brasileira  fundada por franceses. Atualmente para quem conhece os “Lençóis Maranhenses” sabe um pouco dessa história e a invasão dos franceses em terras de São Luís do Maranhão.

Uma tragédia aconteceu nesse percurso. A travessia e conquista em terras do Maranhão por jesuítas e portugueses foi fracassada e interrompida com a morte do Padre Francisco Pinto, assassinado pelos índios no dia 08 de 1608. Contudo, após o assassinato a caravana retorna, desistindo do seguimento à viagem até o Maranhão. Conta que novamente o rio Acaraú foi navegado para esse retorno, devido ao bom inverno na época. O local navegável dessa vez seria onde se encontra o atual município de Bela Cruz - Cidade onde um braço do Rio Acaraú se encontra, desaguando no Oceano Atlântico, na costa cearense.

“Documentos do Ceará Colonial”, págs. 5-157 e foi publicado no ano de 1967 em um volume da Coleção. Nos relatos lidos e descritos conta que os primeiros a pisarem a Ribeira do Acaraú forram estes dois padres que estavam na expedição do Siará–Grande com o Maranhão. Eram eles o Padre Francisco Pinto e Luís Figueira (História e Cultura, nº 08 – (Três Documentos do Ceará Colonial, pág. 5-157) .  

No ano de 1612, em pleno mês de julho uma expedição francesa chega á costa brasileira, pelo lado do Ceará, ancorando no “Buraco das Tartarugas” – Ponta de Jeriquaquara - com três navios de nome: Regente, Carlota e Santa Anna.  O nome Jericoacora se originou da palavra tupi-guarani yuruco (buraco) + cuara (tartaruga) que significa buraco das tartarugas, numa referência ao fato de Jericoacoara ser uma praia onde ocorre desova de tartarugas marinhas.

A expedição e navios franceses permaneceram por mais de 12 dias desfrutando da pesca e caça na região do Baixo Acaracu em Jericoacora. As caravelas de francesess seguiu viagem rumo a Baía do Maranhão. “Foi a primeira vez que corsários estrangeiros pisaram em terras no litoral da Ribeira do Acaraú”. (ARAUJO, Cronologia Sobralense, p.29 - 2015).

Também encontramos registros  nos livros de frequências, batizados, casamentos nos curatos desta região com padres e jesuítas que estavam a serviço da Coroa portuguesa e posteriormente da Capitania de Pernambuco a pedido do Bispo Primaz. Por muito tempo,  o estado do Ceará petenceu à Capitania de Pernambuco - (1789). O Ceará e seu vizinho; o estado do Maranhão eram grande produtores de carne de chargue e algodão. A expoetação para Pernambuco era frequente naquela época. (Ver nossa história nos curatos).    

No ano de 1613, parte de Recife, Jerônimo de Albuquerque numa missão em viagem para o Maranhão, com a finalidade de expulsar os franceses de São Luís. Após alguns dias navegando e antes de chegar ao Maranhão, aporta na praia de Jericoacoara, construindo ali, naquele local um pequeno forte que seria chamado mais tarde de – Fortim de Nossa Senhora do Rosário – Hoje visitados por brasileiros e  muitos turistas estrangeiros. (Ver nossa história).

Junto com Jerônimo de Albuquerque estava sob o comando do soldado português Marins Soares Moreno e alguns soldados da tropa. Dias depois após ter cumprido a missão na Ilha do Maranhão em São Luís, seguiram viagem a Jericoacoara, não obtendo sucesso na travessia, pois ventos fortes vinham da parte contrária em sua navegação. Dali foi parar na Espanha, atacados por franceses e feridos e presos na França. Jerônimo de Albuquerque preocupado com o desaparecimento de Martin Moreno deixa o fortim de Nossa Senhora do Rosário em Jericoacoara e segue viagem para Recife, deixando o forte sob comando de seus sobrinho de mesmo nome Jerônimo - Era não de 1614 quando Jerônimo chega à Recife no dia 26 de maio deste, segundo relata o historiador Sadoc de Araújo.

Abro um parêntese na história de nosso povo com o guerreiro branco português Martin Moreno – Martin Moreno é tema do romance do escritor cearense José de Alencar – IRACEMA – MARTIN – o grande guerreiro branco onde Iracema se apaixona por ele o encontra ferido. A história conta e fala da Bica do Ipu, Serra da Ibiapaba onde era nossos ancestrais predominavam toda a região – As tribos indígenas. A ficção e realidade se encontrando em nossa história.

No dia 08 de Setembro de 1612, a cidade do Maranhão foi fundada por franceses, e, posteriormente invadida por holandeses. Por fim, foi tomada e colonizada pelos portugueses. O nome da cidade é uma homenagem dada pelos franceses ao rei da França Luís XIII, conforme registrou o cronista da França Equinocial o Capuchinho Claude D'Abbeville.

 

Hoje, dia 08 de Setembro de 2020, São Luís do Maranhão completa 408 anos, com a fundação dos franceses. No ano de 1997, a cidade do Maranhão foi declarada Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO.

 

 

Fontes e Pesquisas:

 

ARAÚJO – Fco. Sadoc de (Padre). CRONOLOGIA SOBRALENSE – Séc. XVII e XVIII. 2ª ed. Volume 1 – Edições ECOA, 205. 500 p.

 

Revista do Instituto do Ceará; op. Cit. Araújo – Cronologia Sobralense. 2015. 

 

Francisco Pinto e Luís Figueira (História e Cultura, nº 08 – (Três Documentos do Ceará Colonial, pág. 5-157). Apud. ARAUJO. 2015, p. 29.  

 

TEXTO DE WILAMY CARNEIRO.

 

Wilamy Carneiro é historiador, escritor, cronista e poeta. Bacharel em Direito pela flf - Faculdade Luciano Feijão. Especialista em Meio-Ambiente pela UVA – Universidade Estadual Vale do Acaráu. Membro da ALMECE - Academia de letras dos Municípios do Ceará. Autor do livro histórico – “Os Estados Unidos de Sobral” e EINSTEIN e Sobral – A Cidade Luz, publicado no dia 29 de Maio de 2019 – Ano do Centenário da Relatividade de Einstein.