A ÚLTIMA OBRA, MAS NÃO É O FIM

Por Evanio Araujo | 14/02/2009 | Poesias

PELA MADRUGADA,  ELA,  A INSPIRAÇÃO APARECEU À MIM DIZENDO, 

ESCREVE  A TUA ÚLTIMA OBRA

A PARTIR DESTA,

FAÇA DE CONTA QUE A TUA  CANETA SECOU

E NÃO TENS DINHEIRO PARA COMPRAR

E  QUE NÃO SABES MAIS DIGITAR

POIS NADA MAIS ESCREVERÁ

É SÓ POR UM POUCO DE TEMPO

DISSE-ME ELA

PERGUNTEI-A, E SE ALGUÉM  ME PERGUNTAR

QUANTO TEMPO SERÁ ESSE POUCO DE TEMPO?

ELA ME RESPONDEU

PODE SER A UM MINUTO,

UMA HORA

UM DIA

UM MÊS OU UM ANO

PODE SER UM DIA DO HOMEM  OU UM DIA DE DEUS

CALA-TE

DISSE-ME A INSPIRIÇÃO

ESTE É O ÚLTIMO DOS TEUS ESCRITOS

MAS NÃO É O FIM

A CANETA SECARÁ

OS DEDOS NÃO MAIS TOCARÃO AS TECLAS

CALA-TE

EM TEMPO OPORTUNO VIREI A TI

E VOLTARÁ A ESCREVER

ASSIM COMO TEVE A ÚLTIMA

HAVERÁ  A PRIMEIRA,  APÓS A ÚLTIMA

AGUARDE, DISSE-ME A INSPIRAÇÃO

CALA-TE

É SÓ UMA FASE GESTACIONAL

E DEPOIS DARÁ  A LUZ

A NOVOS ESCRITOS

QUE FICARÃO REGISTRADOS, NOS ANAIS DA HISTÓRIA

CALA-TE, DISSE-ME A INSPIRAÇÃO

DESSA FORMA, PAREI POR AQUI

OBDECENDO AQUELA QUE  ME INSTRUI PELAS MADRUGADAS

AGUARDO SEGUNDAS ORDENS

PRA RECOMEÇAR

NADA MAIS ESCREVEREI

A CANETA SECOU

OS DEDOS FICARAM OCIOSOS

A MENTE DEU-SE AO ESQUECIMENTO

ESTA É A DERRADEIRA,

A ÚLTIMA DAS MINHAS OBRAS

MAS NÃO É O FIM

GARANTIU-ME A INSPIRAÇÃO

AINDA HAVERÁ A PRIMEIRA

APÓS A ÚLTIMA.