A TRANSPOSIÇÃO EXPLICA O INEXPLICÁVEL

Trecho de um texto do século passado explica tudo o que se refere a ocorrências inexplicáveis, ou para as quais a coleta de provas é impossível

Creio que o último argumento utilizado pelos céticos de nosso tempo está baseado numa falha de raciocínio que não condiz com a lógica que eles mesmos dizem seguir para refutar o teísmo, o Cristianismo e todos os "ismos" onde a fenomenologia do insólito se imiscui desde que o mundo é mundo. Trata-se de um injustificável reducionismo de visão na defesa de um universo sem qualquer ser vivo fora da Terra, mormente quando alguém escreveu ou contou algo a respeito de alguma entidade "superior", como anjos, espíritos ou coisa que os valha.

Qual é a falha no raciocínio do cético? Veja no exemplo seguinte. Todos os automóveis do mundo, sobretudo os mais modernos, comportam sinalizadores de problemas no painel frontal, os quais avisam ao condutor que alguma coisa não está funcionando a contento. Contudo e com efeito, dada a infinidade de problemas (mecânicos, hidráulicos, eletrônicos, etc.) que um veículo pode apresentar, e os modernos até mais, os sinalizadores internos não podem abarcar a origem de todos eles, no sentido de indicar cada detalhe específico de cada falha, servindo apenas como sinal para o proprietário levar o carro para a oficina investigar o que está acontecendo. Assim, se a luz vermelha do sinalizador de bateria acende, o proprietário sabe que alguma coisa está errada na parte elétrica do seu carro, mas só a oficina poderá dizer se o sinal era da bateria, do alternador, do gerador, do relé, do painel, da fiação, etc. Dizem que o mesmo ocorre com navios e aviões, mesmo os jatos mais recentes lançados no mercado. A Medicina parece endossar o mesmo ponto-de-vista em relação à sintomatologia e o diagnóstico preciso de uma patologia.

O que tal exemplo tem a ver com o assunto do título? Ora; a relação aqui é líquida e certa, e a resposta é até óbvia: "a quantidade de problemas é SEMPRE muito maior do que a capacidade de identificá-los", e esta realidade se reflete aonde quer que alguém tente descobrir a origem exata de um sintoma. I.e, o número de fenômenos extrapola a possibilidade de serem apontados por "dedos" humanos, aqui entendidos como os instrumentos dos painéis de controle, pelos quais pilotos e motoristas dirigem seus respectivos veículos. Grosso modo, a quantidade de luzes e leds indicativos não é suficiente para detectar com exatidão a falha sofrida pelo sistema, pois a profusão destas necessitaria de um "painel" com tantas luzes que impediria a fabricação do console frontal de um automóvel (como disse, nem o console dos grandes jatos é capaz de abarcar todos os problemas que um avião pode apresentar em vôo, apesar de todos os controles automáticos de substituição dos sistemas defeituosos).

Aqui chegamos ao título deste artigo: O console do jato ou o painel do automóvel é a mente humana, condicionada pela filtragem obrigatória dos cinco sentidos do corpo. A Realidade que quer (ou não) manifestar-se à nossa mente é infinita, isto é, mal comparando, equivale à infinidade de problemas que um carro, avião ou corpo pode apresentar. Ora, como uma infinidade de coisas pode se expressar para uma mente que só dispõe de cinco sentidos para captá-la? Como o Infinito poderia ser apreendido pelo finito? Somente uma técnica chamada "Transposição", que opera o "afunilamento" de todas as informações até um nível capaz de ser captada, pode permitir a descoberta da Realidade Superior e a certeza de que algo não vai bem em nós.

Esta técnica de puro bom senso, bastante conhecida dos matemáticos, torna incompreensível a exigência de provas concretas "inéditas" pra determinados fenômenos, como se uma simples fatia do 'bolo infinito', que lutou muito para conseguir ser fatia, pudesse evitar as suas limitações óbvias no tempo e no espaço, ainda tendo que comprimir-se ao máximo para caber na mente humana, após passar pelo filtro dos cinco sentidos! É por isso que vemos tantos céticos, principalmente quando confrontados com casos ufólogos, desprezarem determinadas "evidências", alegando serem velhas, repetidas ou interpretadas por ufólogos "crédulos", e esquecendo-se de que aqueles sinais foram os únicos possíveis de se obter com a mente e os recursos tecnológicos humanos.

Da mesma forma, quando a Realidade Superior vier até nós, "nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em equipamento ótico algum" (I Co 2,9) aquilo que o Infinito preparou para que O conhecêssemos no Grande Dia! I.e, o mistério que até aquele dia havia apenas se insinuado aos nossos cinco sentidos, continuará invisível para as mentes cuja miopia as tenha emperrado na busca de provas literalmente impossíveis.

Prof. João Valente de Miranda.

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