A trajetória da vida
Por David Moreno | 17/03/2022 | BíbliaHá marcas, produtos e experiências que nos causam satisfação, conforto, alegria, etc. Vou mencionar algumas experiências pessoais, que talvez não sejam semelhantes as suas. O que para mim pode ser saboroso ou incrível, pode não ser para você. Apenas para ilustração vou descrevê-las.
Experimentei Mauna Loa, do Hawaí, macadâmia tostada, envolvida em chocolate ao leite. Fantástico e suave sabor.
Na Dinamarca tive a oportunidade de comer cerejas maduras, colhidas diretamente da árvore e sem limites. Confesso que comi o suficiente para nunca mais esquecer e não tive novas vontades de comê-las por pelo menos 2 anos.
Experimentei Matcha Green Tea, sorvete japonês cujo sabor é de chá verde, um dos preferidos naquele pais. Totalmente diferente do sorvete convencional brasileiro e italiano. Entre tantas comidas estranhas e coloridas da culinária japonesa, aprovei e virei cliente. Arigatô aisukirimo no otoko. (obrigado sorveteiro)
Degustei Paella, (que se pronuncia paeia), um prato típico espanhol da região de Valência, cuja composição inclui vários tipos de frutos do mar, cozidos no arroz amarelo. Por ser caro e nem sempre disponível em qualquer restaurante, deve ser consumido sem pressa.
Experimentei uma fruta típica do Oriente Médio e Norte da África por nome Tâmara. (Há pessoas com este nome ou similar). Procedente de áreas desérticas é a fruta preferida dos árabes. Quanto maior o tamanho, mais suave é a textura e sabor mais adocicado. O preço também varia segundo o tamanho. Chamam-na de fruta do céu (Fruit of Heaven). Só se for o céu de muçulmano, porque o céu descrito na Bíblia é infinitamente mais saboroso que a fruta descrita.
Aprendi a preparar em casa foundue de queijo, uma especialidade suíça. Preparado num pequeno recipiente de metal, aquecido por uma pequena chama embaixo, derrete o queijo. Como acompanhamento obrigatório – pão caseiro em cubos. Algo apropriado para noites frias e vendo a neve cair pela janela. Na falta de neve, o intenso frio é suficiente para degustá-lo.
A convite de amigos portugueses na África do Sul, almocei num restaurante fino e experimentei pela primeira vez, salada de aspargos levemente cozidos servido com salmão grelhado. Saudável e delicioso.
Quando experimentei trufas Lindt ( receita suíça). Não parei enquanto não esvaziou a embalagem. Felizmente era de apenas 150 gramas. Digo felizmente, porque corria o risco de cometer o pecado da gula. É tão suave ao paladar, que é impossível comer apenas duas, ou melhor três, quatro, etc. Depende do quanto apreciamos um bom chocolate.
Já ouviu falar em Tiramisu? Não é nome turco nem japonês. É uma sobremesa fina italiana. Algo surreal, mas não para ser consumido todos os dias por razões óbvias. A balança vai indicar a diferença no seu (no nosso) peso (para cima, não tenha dúvidas).
Ok. Vamos mudar de assunto senão os leitores vão pensar que sou um comilão, guloso, amante das obras carne, etc. Poderíamos mencionar mais uma dezena de marcas, artes culinárias e alimentos exóticos, mas o objetivo deste artigo é mostrar que é possível desfrutar de alguns prazeres terrenos, sem comprometer nossa comunhão com Deus. É possível, se as condições financeiras permitirem, desfrutar do melhor da terra enquanto temos fôlego de vida. Nem o médico nos proibiu.
Tive oportunidade de contemplar a cordilheira do Himalaia, no Nepal, onde está localizado o Monte Everest. Paisagem digna de ser fotografada com uma câmera da mais alta resolução possível. Inesquecível.
Numa estrada na África do Sul, entre Johannesburg e Bloomfontein (sul) sentado no banco do passageiro, testemunhei o velocímetro do carro marca BMW atingir 180 quilômetros por hora. É de arrepiar os cabelos. Não é o meu caso, por acontecer naturalmente, sem provocá-lo. Quem esteve ou dirigiu na Autobahn, as chamadas estradas expressas da Alemanha, sabe que a velocidade média é de 140 km e não há limite legal de velocidade. Ou seja, se alguém quiser testar uma Ferrari ou Masserati, lá é o local adequado, sem levar multas.
Tenho um relógio da marca Bulova e outro Witnauer. Embora não sejam caros como Rolex, tê-los no braço nos proporciona uma agradável sensação. Aviso - Esta sensação é sentida apenas se mora num país com criminalidade baixa. Se for no Brasil, em certas áreas, a sensação será de que vai ser roubado. Na política estão prendendo os réus da Lava Jato. Nas ruas das grandes cidades, a operação é Leva a Jato. Roubam tão rapidamente que você nem percebe.
Há situações que experimentamos justamente o oposto. Pensamos que teremos uma grande experiencia, mas torna-se em tragédia de pequenas proporções.
Viajando de primeira classe num voo internacional , imaginei que a comida de bordo seria fabulosa. Ofereceram-me de introdução três opções de queijos - Blue, Camembert e Roquefort. Como eu não os conhecia nem por nome, aceitei todos de bom grado, crendo piamente que deveriam ser extraordinários. Redondamente enganado! Embora os nomes fossem bonitos, ao experimentá-los, confesso que senti como se estivesse numa tribulação aérea, meu paladar rejeitou mas como estava num ambiente de gente fina, tive que me comportar como tal e a contragosto engoli. Que saudade da mussarela e do queijo prato, pensei.
Gosto e não se discute como dizem, mas o tal queijo Blue é intragável. Dos três o menos pior foi o Camembert (variação do Brie). Não tive coragem de perguntar ao comissário de bordo como comê-lo. Inteiro, sem a casca branca, comer só a casca? Bem diz a Palavra de Deus, os que desejam ser ricos entram em problemas . Se você almeja um dia ser rico, vá se preparando para certas experiências horríveis.
O caviar é outro mito. A mídia cria fantasias de que é algo espetacular, finíssimo, etc. Há uma mistificação entre os pobres que comer caviar é coisa chique. Dizem os críticos gastronômicos que o russo é um dos melhores.
Se você não sabe, caviar não passa de ovas de certas espécies de peixes em tamanho pequeno. Pode chique, mas minha experiência não foi agradável. Matei a curiosidade e não quero nem de graça.
A simplicidade que satisfaz
Agora vamos tratar justamente de situações opostas. Nada de ingredientes caros, esquisitos e importados. Nada que necessite de cozinheiro profissional para prepará-lo. Às vezes nos sobressalta uma súbita vontade de comer arroz branco com ovos fritos (dois de preferência) com uma pitada de sal.
Se comer ovo é a alegria do pobre, alguns especialistas tentaram destruir esta alegria. Estraga prazeres! Disseram que consumi-los aumentava o colesterol, etc, e que fritos, no máximo três vezes por semana. Finalmente outros especialistas vieram socorrer os pobres e espremidos. Se frita-los com óleo de coco poderão ser consumidos todos os dias, sem problemas. Os amantes de ovo frito aplaudiram e se emocionaram com a novidade.
Apenas quem morou em fazenda, que não é o meu caso, poderia descrever o que é degustar um café preparado a moda antiga, no coador, cujos grãos foram plantados, colhidos, torrados e moídos no próprio local. Para completar, adoçar com açúcar natural (mascavo).
Às vezes queremos sair das grandes cidades em direção ao interior para um merecido retiro. Para aperfeiçoar o sentimento eremita, se possível, desligar telefone, desconectar a internet, manter distância da TV e passar o dia em contato com a natureza. Beber água direto da bica, fresca e sem cloro, passear de cavalo, escalar um monte, etc.
Principalmente aqueles que cresceram em áreas urbanas, onde o ambiente pichado nos traz um sentido de submundo e poluição visual, não param para prestar atenção quando a chuva cai, no espetáculo ao ver a neve cair, ouvir o barulho da cachoeira, o canto dos pássaros, o barulho dos grilos, o show noturno dos sapos na lagoa, na trajetória incansável da formiga, admirar o sorriso de uma criança.
Muitas vezes não VEMOS nem compartilhamos a dificuldade que os cegos enfrentam e reclamamos de tudo e de todos, não dando graça a Deus por nosso órgão perfeito. Ou quase perfeito, quando temos que usar óculos ou lentes de contrato. (Se o cliente não pagar, a ótica manda devolvê-las)
A pressa urbana e a pressão de horários para serem cumpridos a risca, não nos deixa ver a imobilidade dos aleijados e cadeirantes. Pelo contrário, às vezes nos causa irritação quando estão em nosso caminho, justamente quando estamos com mais pressa. Nesta hora é que conhecemos o verdadeiro cristão.
Nunca imaginamos a dimensão da fome do mendigo. Estamos sempre deduzindo que ele optou por esta vida miserável, e que o destino vai ajudá-lo a contornar a situação. Neste mundo de desigualdade social, há um paradoxo cômico - Há pessoas que religiosamente praticam ginástica para manter ou perder peso, enquanto outros estão tentando ganhar um quilinhos.
A trajetória da vida é repleta de experiências diversas, como as extravagâncias culinárias, citadas no principio deste artigo, e da simplicidade que as vezes não desfrutamos.
Viver é experiência única. Ninguém vive duas vezes, a não ser que acredite nas teorias espiritas kardecistas da reencarnação. Na Índia os miseráveis e da casta baixa, são consolados por esta doutrina, crendo que na próxima reencarnação nascerão com mais sorte.
A Bíblia é taxativa ao afirmar que ao homem (e a mulher, também) - E, como aos homens está ordenado morreram uma vez, vindo, depois disso, o juízo. (Hb 9.27)
Nossas atitudes, comportamento podem atrair ou afastar pessoas. Há pessoas que têm uma centena de amigos e uma dezena de inimigos (ou supostos). Estes são os pacificadores citados em Mateus 5.9.
Outros têm uma centena de inimigos e uma dezena de inimigos. Entre as obras da carne citadas em Gálatas 5. 19 ao 21, nos alerta para pecados que cometemos contra outras pessoas, que compartilham a mesma cidade, vizinhança, ambiente de trabalho, igreja, etc. Inimizades, porfias, dissensões, iras, discórdias, facções, inveja.
Há pessoas tão reservadas que o círculo de amigos é mais fechado que condomínio de luxo. Para fazer parte tem que frequentar a mesma igreja e estar de acordo. Se discordar não serve para fazer parte da panelinha.
– Tá repreendido! Dizem aos tais.
No meio evangélico infelizmente nossas amizades são as vezes norteadas pela crente e estilo de vida do outro. Você conhece um crente adventista ter um amigo que é crente pentecostal? Você conhece um crente da Congregação Cristã ser amigo de um crente batista?
O dia tem 24 horas (óbvio, mas tem que ser dito). Geralmente passamos 8 horas dormindo, 8 trabalhando, e oito fazendo outras coisas. Há extremistas - Trabalham 16 horas por dia, dormem 6 e sobram 2 horas para outras coisas. Reclamam que lhes falta tempo, como o relógio fosse o verdadeiro culpado.
Estes querem formar um patrimônio que lhes garanta uma velhice tranquila. Encher o Baú da Felicidade, até transbordar. Agora com ameaças da reforma da Previdência e o aumento da idade mínima, eles estão ainda mais preocupados com o futuro.
Este grupo de pessoas passa a vida fazendo dividas e pagando. Os anos vão passando e deixaram de desfrutar momentos agradáveis, que afinal, nem custam muito. Nunca vão ao restaurante, a não ser que sejam convidados e alguém pague a conta. Quando planejam comer fora, colocam a mesa no quintal.
Dizem que viver é uma arte. Infelizmente muitos partem desta vida sem terminar o monumento. São aqueles que com dinheiro ou sem, não veem razão para viver. No Japão, onde as pessoas estão cercadas de bens materiais e novas tecnologias, os índices de suicídios são altíssimos. Enquanto isto, no continente africano as pessoas estão lutando para sobreviver.
Conta-se que no interior, numa área rural, um funeral seguia para o cemitério. O suposto defunto pediu que lhe enterrassem vivo, pois dizia estar cansado de viver. No meio do caminho um fazendeiro resolveu oferecer um incentivo, a fim de que o suposto defunto mudasse de atitude. Ofereceu um saco de 50 quilos de arroz. O candidato a defunto perguntou se o arroz estava descascado. Como a resposta foi negativa, desanimadamente ordenou aos que o carregavam – Toca o enterro!
Viver não é tão complicado. Há pessoas que complicam sua forma de viver. Na Bíblia há orientações importantes que podem ajudar. No livro de Provérbios, cap. 30, versículo 8 nos dá um parâmetro perfeito, se quisermos ter uma vida sossegada. Sossegada, não significa inatividade ou esperar que as bênçãos caiam todas dos céu sem nossa intervenção. Não me dês nem a pobreza, nem a riqueza, mantem-me do pão da minha porção acostumada.
Traduzindo para nosso contexto ocidental - Procuremos viver com simplicidade, mas ao mesmo tempo desfrutando de tudo que está ao nosso alcance. Evitemos dívidas desnecessárias e ficarmos nas mãos de agiotas e financeiras, como um pássaro na gaiola.
Desfrutar o fruto do trabalho - Nada mais justo que desfrutar o resultado do trabalho honesto. Experimentar o melhor da terra não é pecado, nem compromete nossa comunhão com Deus. Eis aqui o que eu vi, uma boa e bela coisa: comer, e beber, e gozar cada um do bem de todo o seu trabalho, em que trabalhou debaixo do sol, todos os dias da sua vida que Deus lhe deu, porque esta é a sua porção. (Eclesiastes 5.18) .
Viva a vida!