As atenções de todas as pessoas neste momento estão voltadas para o triste episódio da escola Tasso da Silveira, no Rio de Janeiro. Mas lamentar, esbravejar contra o monstro assassino e mostrar o desespero das famílias das vítimas na televisão, nada resolve e não nos leva a lugar nenhum. A sociedade precisa despertar e enxergar mais profundamente até encontrar os motivos que levam alguém a praticar esses atos terríveis, com desfechos tão desastrosos, e elimina-los.
Não sou pedagoga, mas entendo que as tarefas do magistério não deveriam se limitar apenas a ministrar aulas, ensinar matérias seculares e cumprir rigidamente as grades curriculares. O magistério também deveria estar voltado para os acontecimentos do dia a dia entre os alunos dentro das escolas, as quais deveriam admitir pessoas especializadas, psicólogos, a fim de observarem alunos com tais procedimentos e puni-los severamente, penalizando-os, com o devido respaldo do Ministério da Educação, até mesmo expulsando-os da escola sem aceitar nenhum tipo de intromissão das suas famílias.
O bulling ? palavra que não tem uma tradução direta para o nosso idioma, mas que significa abuso, agressão, alienação moral e violência até mesmo física, praticados por colegas inescrupulosos e metidos a valentões, os bully, é uma prática desprezível e que deveria estar constantemente sob a observação dos professores, inspetores e diretores de qualquer estabelecimento de ensino, desde a escola infantil até ao ensino superior.
Não resta nenhuma dúvida de que todos esses lamentáveis atos criminosos foram praticados por adolescentes ou adultos portadores de distúrbios mentais, que nas escolas foram vítimas de bullying. Esses assassinos geralmente eram rapazes de comportamentos estranhos, arredios, retraídos, que não tinham namoradas e como fuga para as suas duras realidades, usavam como divertimento predileto o computador, aonde projetavam os seus anseios mais íntimos, aonde extravasavam as suas mágoas e arquitetavam virtualmente os seus mórbidos desejos de vingança contra aqueles que, com certeza gostariam de ter tido como seus amigos, mas que os rejeitaram, os apelidaram e os feriram profundamente.
Se já nasceram esquizofrênicos ou psicopatas, quanto a isso não posso me pronunciar, mas acredito que se eles não tivessem sido discriminados, se tivessem sido tratados com respeito, se não tivessem sofrido um processo de alienação social pelos colegas, os seus problemas patológicos não teriam evoluído para um quadro de tamanha brutalidade contra a sociedade, o qual se voltou contra eles mesmos.
Longe de estar tentando isenta-los de culpa ou até mesmo de diminuir as suas penas - muito pelo contrário - a minha colocação objetiva serem evitadas novas tragédias do gênero, pois não adianta até mesmo uma prisão perpétua para um assassino desse tipo, ou a sua morte, se o vírus do bulying que origina a tragédia continua circulando dentro das escolas, provocando uma revolta sufocada em crianças que poderão se transformar num futuro serial killer.
O problema, por demais conhecido num dos maiores países do mundo, acaba de bater violentamente às nossas portas, e os bully de hoje, os valentões de hoje, serão os mesmos que participarão dos trotes de amanhã nas faculdades, outra prática também abjeta e desprezível, aterrorizando, batendo, deformando rostos e até mesmo matando.

Júnia - 2011