A TRADIÇÃO DO MANUTEGIUM- DO LATIM “MANU” E “TERGIUM” – TOALHA DE MÃO

 “EU DE TEI A VIDA. E “EU TE DOU MEU FILHO COMO SARCERDOTE

De família numerosa, meus pais tiveram 12 filhos. Eram tantos que minha mãezinha ao chamar um dos seus soletrava dois ou mais nomes para escolher qual seria o premiado para fazer suas tarefas.  Achava engraçado e ás vezes ignorava com certa descrição. Depois de crescido vi que isso não só acontecia com nossa família. Outras mães, porém, faziam o mesmo. Uma tradição da época.

A outra era oferecer um filho à Cristo para ser padre.  Eu te dou meu filho como sacerdote!

Muitos optavam por nossas vocações. Já diziam o que seriamos no futuro bem próximo. Em outrora, até os amigos e vizinhos optavam por nossa profissão e ou vocação. Lembro-me que ainda menino com apenas nove anos apareceu em minha casa uma freira carmelita muito amiga de nossa família chegou de supetão e, com olhar indiferente disse-me: “Esse menino vai ser padre”. Naquele dia não dormi direito. Ela, vinha de longe, residia no Belém do Pará, pois, fora destinada a uma ação social na comunidade carente da Zona Norte.  Depois veio morar na Capital cearense, a bela terra do Sol, de José de Alencar onde encantou Iracema, a índia com seus lábios de mel pelo branco guerreiro português Martin Moreno que a encontrou banhando-se na Bica do Ipu no Ceará e por ela se apaixonou.

O tempo é o melhor remédio. Ele cura tudo! Deixemo-nos que ele se encarrega de tudo e nos entrega de moa beijada. É como diz: “A vida é o dever que nos trouxemos para fazer em casa. Quando se vê, já são seis horas, quando se vê,  já é sexta - feira. Quando se vê, já é natal.” (Mário Quintana).  

Ademais, muitos dos filhos, ainda jovens eram escolhidos pelos pais indicados para a vida religiosa. Vários jovens entravam no seminário de sua cidade para estudar latim e ser um bom cristão. Tradição que as famílias escolhiam naquele tempo. Uma delas era entrar na vida eclesiástica. Estudar em Roma até sua formação. Assim aconteceu comigo, entrei, mas, logo percebi os designíos de Deus que me levou ao Matrimônio. O tempo me mostrou outro caminho.  

A palavra manutergium – do latim “Manu” que significa toalha e “Tergium” outro significado de mão. Assim as duas traduzidas na Língua Portuguesa – “Toalha de Mão”.

Manustérgio é um pano de linho branco, para melhor descrição, uma toalha de mão onde reza a antiga tradição usada para limpar o óleo crismal ungido pelo Bispo passado na mão de um sacerdote no dia de sua ordenação. Esse pano de mão é entregue pelo sacerdote à sua matriarca para ser guardado como lembrança nesse dia tão sublime.  

Muitos pais têm orgulho desse tão sonhado e sublime dia. Muitos penduram em uma parede de sua casa colocando-as numa moldura o pano embebecido do óleo crismal enxugado pelas mãos de seu filho no dia da ordenação sacerdotal.

O manustégium, pano branco é guardado com a mãe toda sua vida e ser enterrada segurando em suas mãos.  A tradição consagrada na fé da Mãe de Jesus, segundo conta a Sagrada Escritura quando Jesus na cruz pronunciou par Maria e disse-lhes: “Mulher eis aí o teu filho”. Onde Nossa Senhora se levantou, recebendo estas palavras de Jesus.

Diante disso, quando a mãe do sacerdote se apresentar diante de Deus o Criador, ele lhes-dirá “Eu te dei a vida”. E pergunta a mãezinha. O que você me deu? Ela entregará o manustérgio.

- Ela o responderá:

- “Eu te entreguei o meu filho como sacerdote”. E afirma confiada na sua fé.

- Com isso posso conseguir entra no paraíso, segundo reza a tradição.

De um modo celestial, lembremo-nos que o que salva não é o costume e tradição, mas, porém, os atos e ação diária feita por cada um isso está incluso o trabalho árduo do sacerdócio.  

A representatividade religiosa está quando Maria, mãe de Jesus, o olha e fita seu olhar para o filho crucificado. Assim, é feito no momento da ordenação sacerdotal com seu filho e ela, a mãe, entrega à igreja de Cristo seu filho amado para seguir seus designíos, junto com a sabedoria e vocação que o Criador lhe oferece.

Assim a tradição do masntérgium torna-se possível n vida do sacerdote com sua ordenação e um privilégio para sua mãe em guardá-lo até sua morte.

Aqui, deixo a tradição católica e louvo ao Deus Criador, todas as tradições sem medo de opção para um mundo melhor.  Cada povo tem a sua: o ortodoxo, o cristão, o semita, os judeus, os evangélicos, budistas...

Todos somos irmãos e devemos nos unir para um mundo melhor. Carpe Diem!

______________________

Wilamy Carneiro é professor palestrante, escritor, poeta, cronista, pesquisador. Membro da ALMECE – Academia de Letras do Munícipio do Ceará. Patrono da Cadeira nº 97 do município de Forquilha. Bacharel em Direito e Especialista em Meio Ambiente. Pós – Graduado em Matemática. Autor de Tempo de Sol, Os Estados Unidos de Sobral. Em Maio de 2019 escreveu o livro Einstein e Sobral – A cidade Luz no centenário da Relatividade. Colaborador de artigos jurídicos e de opinião na web. Possui cordéis e crônicas escritas.