A TRADIÇÃO DA COLHEITA DA MACELA

 

PROF. Me. CIRO TOALDO

 

            Caros amigos leitores, nossa vida ganha sentido, quando conseguimos viver intensamente cada momento. Aproveitando o feriado da Semana Santa, novamente nos dirigimos a nossa terra natal, Capinzal, no meio oeste catarinense; lá ficamos a  quinta e sexta-feira santa e, conseguimos reviver uma tradição do passado longínquo, há mais de trinta não acordávamos de  madrugada, na sexta-feira santa,  para colher macela; ao subir a serra em direção ao campo na busca da macela, veio em nossa mente o tempo de guri, quando com nossos amigos da Rua Carmelo Zocoli íamos aos campos do senhor Adelino Suzim e, lá disputávamos quem iria colher o maior volume de ramos de macela.

A macela é uma pequena planta, cuja flor é amarela e tem poder medicinal; também é conhecida por macela-do-campo, macelinha, macela de travesseiro, camomila nacional, ente outros. Popularmente, em algumas regiões é chamada de "marcela". Como é possível que o cheiro dessa  planta faz-nos voltar ao tempo e rememorar  bons tempos? Assim, enquanto fazíamos à colheita, ainda na escuridão a lembrança tomava conta de nossa mente e, grande foi a surpresa em ver que essa tradição continua muito viva em Capinzal, pois, onde nos encontrávamos fazendo a colheita, inúmeras pessoas lá também se dirigiam, ainda no breu da madrugada a pé, de carro, de moto e, até de bicicleta, todos querem levar para casa um pouco de macela.

Em Naviraí, no sul do Mato Grosso do Sul, onde residimos, não temos notícias da existência dessa tradição, aliás, cremos que não exista a macela por essa região, mas, sabemos que nos supermercados a macela é vendida; inclusive na escola onde trabalhamos, os alunos pedem para ser feito chá dessa erva para sentir alivio da má digestão ou dor de cabeça. Na escola e em nossa casa, nunca falta a macela, pois, sempre trazemos do sul ou, então, nossa mãe nos envia: o importante é que mesmo com gosto não muito  bom,  importa é saber que sempre temos em mãos esse “um santo e milagroso remédio”.

Esse assunto chamou-nos a atenção, resolvemos fazer uma busca na internet e, encontramos o Jorge Massarolo, no blog - http://baraodecotegipe.blogspot.com – onde escreve sobre essa colheita e, expressa um sentimento existencial a respeito dessa tradição. Nesse belo artigo do blog do Jorge fica salientado que a macela tem nome científico de achyrocline satureioides, trata-se de um arbusto que costuma florescer no mês de março. Somos da opinião que essa temática deveria ser estudada com profundidade, especialmente nos lugares, como no sul do Brasil, onde existe a  tradição de coletar a macela na sexta-feira santa, sabendo que se trata de tradição que passa de geração para geração. 

Importante dizer nesse artigo sobre a tradição da colheita da macela, é que a vida para ter sentido, ela precisa ser regada do ‘reviver’ alguns bons acontecimentos marcados positivamente. Nesse sentido, somos gratos ao Pai Celestial, por ainda fazermos parte de uma geração que tem muitas histórias bonitas para contar. Foi emocionante participar, mesmo de dois dias, do ritual da semana santa, na terra onde nascemos e vivemos algum  tempo e, com certeza, poder retomar a tradição da colheita da  macela, na madrugada fria da sexta-feira santa, demonstra que a vida tem sentido ao se permitir a prática de pequenos gestos.