A torre do castelo: dez anos de história

 

Por: Mariane Damke e Edilce Teresinha de Barros Miercalm

 

No ano de 2011 construímos com o auxílio de vários alunos do curso de pedagogia uma torre de um castelo, a partir de caixa de leite vazias. A iniciativa foi de um professor da grade curricular de pedagogia. Esse projeto levou quase dois anos até sua conclusão, foi usado como matéria prima: caixas de leite vazias, jornal velho doado pela biblioteca da universidade e muita cola. Segundo Marodin e Morais (2004, p. 3)

[…] através da reciclagem: o lixo passa a ser visto de outra maneira, não como um final, mais como o início de um ciclo em que podemos preservar o meio ambiente, com uma participação consciente e a transformação de velhos hábitos.

A produção desta obra complexa gerou muitas risadas, ou mesmo tempo em que criava intrigas, pois, algumas pessoas por mais que não compreendessem o processo de montagem insistia em fazer a sua maneira.

Na perspectiva sócio-histórica o sujeito apesar de singular é sempre social e a compreensão se dá na inter-relação pesquisador/pesquisado. Esse movimento interlocutivo é um acontecimento constituído pelos textos criados, pelos enunciados que são trocados. Os sentidos construídos emergem dessa relação que se dá numa situação específica e que se configura como uma esfera social de circulação de discursos. (FREITAS 2003, p. 10)

 

Ao perceber que a estética desse trabalho estava deixando a desejar, foi delegado às alunas responsáveis pela brinquedoteca a finalização do projeto. Pensando em produzir uma estética agradável e que pudesse aguçar a imaginação das crianças que viriam a utilizar aquela obra, revestimos o com papel laminado dourado amassado previamente dando a ela características de ouro batido.

Como já era esperado a primeira reação das crianças ao ver a torre do castelo era de puro encantamento, de imediato a incluíram em suas brincadeiras.

Considerando a criança como ser ativo, autor e ator, capaz de aprendizagem sincrética, que integra todos as facetas do ser, autores como Vygotski, Bruner, Piaget e Wallon destacam a relevância da brincadeira na educação infantil (Kishimoto,1995). KISHIMOTO,1997.

 

No decorrer destes dez anos a torre do castelo passou por algumas reformas, ganhou pintura e mais algumas demãos de cola. O que era esperado de um brinquedo que foi muito explorado por crianças de diversas instituições de ensino e idades variadas.

 

Através do brinquedo, a criança constrói suas relações com o objeto, relações de posse, de utilização, de abandono, de perda, de desestruturação, que constituem na mesma proporção os esquemas que ela reproduzirá com outros objetos na sua vida futura (BROUGÈRE, apud ÁLVARES, p. 37).

 

Mesmo tendo passado tantos anos desde o início do projeto, acreditamos que enquanto houver crianças interessadas neste brinquedo ele terá espaço naquela brinquedoteca.

O imaginário define-se como representação incontornável, a faculdade da simbolização de todos os medos, todas as esperanças e seus frutos culturais jorram continuamente desde cerca de um milhão e meio de anos que o homoerectus ficou em pé na terra. (DURAND, 2001, p. 117).

 

Referencias 

 

ÁLVARES, L. O. O brinquedo em instituições públicas de educação infantil: os significados atribuídos por pais e professoras. 146 folhas. Dissertação. Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Goiânia, 2011. Disponível em: . Acesso em: 07/2013.

 

DURAND, Gilbert. O imaginário: ensaio acerca das ciências e da filosofia da imagem. Rio de Janeiro: Difel, 2001.

 

FREITAS, Maria Teresa de Assunção. Bakhtin e Vygotsky: um encontro possível. In: BRAIT, B. (Org.) Bakhtin, Dialogismo e construção de Sentidos. Campinas: Ed. da Unicamp, 1997, p. 311-330.

 

KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Construir brinquedos e organizar espaços de brincadeiras, como parte integrante do projeto pedagógico. São Paulo, LABRIMP/FEUSP/FUND.ORSA, 1997.

 

MARODIN, V. S, MORAIS, G. A. Educação Ambiental com os temas geradores lixo e água e a confecção de papel reciclável artesanal. Anais do 2º Congresso Brasileiro de Extensão Universitária. Belo Horizonte. UEMS. www.ufmg.br/congrext/educa/. Acesso em 17 de abril de 2015.